Desde que a colheita ocorrera um estudante da Etec número quatro, Klaus, tentara criar rebeliões contra Os Jogos, inutilmente. De principio ele conseguira apoio de seus colegas de classe, mas logo os protestos foram reprimidos. A maior parte do distrito tinha medo do Centro, e a outra parte se sentia grata à ele, ignorando a crueldade dos Jogos.

De qualquer forma, Klaus não conseguia se conformar, pois seu amor platônico neste momento estava lutando pela vida na Arena. Klaus sempre fora um garoto bonito, e por conta disto as garotas se jogavam aos seus pés, sem nunca receberem mais do que um olhar de indiferença em troca.

Klaus conhecera Dylan antes de ambos ingressarem na Etec, e desde então nutria sentimentos por ele. Nunca foram mais do que colegas, pois Klaus tinha medo de se declarar e ser rejeitado. Quando Dylan fora selecionado para Os Jogos Klaus sentira como se tivesse tido uma parte de si arrancada à duras penas.

Agora, enquanto assistia aos Jogos, ficava impotente, tendo como única opção alimentar suas poucas esperanças de que Dylan fosse vencer.

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Medo. Era a única coisa que eu sentia nesse momento. Os outros três tributos estavam em cantos opostos do pavilhão de entrada da Etec número quatro, da minha Etec. Como era possível?

Malick, o garoto da Etec número um, estava desarmado e mantinha uma expressão de incredulidade em seu rosto. Era um rapaz moreno e tinha o cabelo em corte militar, suas roupas estavam desalinhadas e ele apertava um corte em seu braço direito, de onde um filete de sangue escorria.

Eleonora, a outra finalista da Etec número um, tinha duas adagas em posição nas mãos. Seus olhos, que eram torneados por uma cabeleira ruiva, mostravam sagacidade e determinação.

Pedro matinha a aparência costumeira, porém parecia abatido. Carregava uma enorme espada de duas mãos, que me remeteram as minhas horas de lazer no distrito. Eu costumava jogar com meus amigos um jogo de mesa, em que os guerreiros usavam espadas daquele tipo. Daikatana era o nome daquela monstruosidade, e eu sabia o quão mortífera ela poderia ser.

Tudo aconteceu muito rápido. Eleonora saiu em disparada para a parte de trás da escola, Pedro partiu para cima de Malick com um olhar sanguinário e eu recuei pra escada principal, que se encontrava atrás de mim.

Subi pulando e tropeçando os degraus, pensando em um lugar seguro pra me esconder. Parei no terceiro andar para tentar encher meus pulmões de ar e esperar que a ardência em minhas pernas diminuísse. Estava me perguntando o porquê de os Idealizadores terem escolhido minha Etec como arena final quando me dei conta de que estava em um ponto estratégico. Desta parte da escada eu podia observar as duas escadas de incêndio e o elevador, no corredor do terceiro andar, que eram as únicas formas de chegar até onde eu estava além da escada principal da qual viera. Poderia cravar uma flecha na testa de qualquer um que subisse ao terceiro andar, embora intimamente não acreditasse que fosse capaz de fazer isto.

Um grito sufocado chamou minha atenção para o pavilhão, que eu podia observar de onde eu estava. O garoto da Etec número um jazia morto no meio do pavilhão de entrada, e a porta do andar térreo que dava para a escada de incêndio acabara de ser fechada. O tiro de canhão soou.

"Bum"

Quem estava subindo a escada de incêndio? Estaria vindo ao terceiro andar? Senti medo. Procurei minhas flechas em minha alijava e encontrei apenas uma. Droga, devo ter perdido todas as outras na hora em que cai do aerodeslizador, ou então isso fora uma gracinha dos Idealizadores, previamente pensada. Que épico. Dois tributos vivos e eu tinha apenas uma flecha.

Preparo minha última flecha, disposto a utiliza-la antes de me entregar sem resistência à morte certa. A porta da escada de incêndio se abre e eu disparo.