Vongola Sky escrita por Selene L Tuguert


Capítulo 6
Arco Reunião - parte 3


Notas iniciais do capítulo

Ciao minna-san ^^
Sei que aqueles que não me add no face devem estar um pouco confusos por VS estar recebendo outra atualização em tão pouco tempo, mas saibam que eu fiz uma 'votação' no meu face deixando que os leitores que são meus amigos lá escolhessem qual das duas fics eu deveria atualizar, e Vongola Sky venceu!
Deixando isso de lado, eu não tenho uma música específica para este cap. Na verdade eu ouvi algumas que eu extrai de alguns vídeos pois não consegui descobrir quem cantava ou o nome das mesmas -.-')
Mas, eu tenho uma pequena surpresa - novamente meus amigos do face já conhecem - eu fiz um vídeo de divulgação para esta fanfiction. Espero que gostem!
http://www.youtube.com/watch?v=GcRB7WZFRok
E também há um belo poema que minha querida obaa-chan fez baseado em VS: https://picasaweb.google.com/lh/photo/JGkv8HmK_pRlAInEL2_6WtMTjNZETYmyPJy0liipFm0?feat=directlink (eu simplesmente amei o poema!)
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Então, sem mais enrolação, KHR pertence a Akira Amano-sensei, apenas o enredo é meu!
Enjoy!!!!



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SEM PERSPECTIVAS I

Quando as relações não são construídas sob uma base forte e sólida, as mesmas estão fadadas ao fracasso desde o momento de sua fundação, e é apenas uma questão de tempo até que desmoronem.

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Com a diferença de fuso horário, quando Dino chegou ao aeroporto de Palermo ainda era de tarde, por volta das quatro horas. Assim que o jato pousou o loiro desceu seguido por Romario e alguns dos seus subordinados. Para não chamar muita atenção o Don Cavallone sempre assume sua postura de empresário quando em público, nunca se sabe quando as autoridades estão por perto, além disso, devido ao Omertà, nenhuma Famiglia que queira prosperar no submundo é tola o bastante para mover seus negócios obscuros à vista de civis em plena luz do dia, o que significa que a chance de ser pego em uma emboscada é relativamente pequena quando em um local cheio de pessoas – é claro que, em se tratando do submundo, você nunca deve baixar a guarda, sempre há aqueles dispostos a arriscarem seus pescoços e atacarem independente do lugar e hora, afinal mesmo com regras a máfia ainda é uma organização criminosa, e para criminosos a lei pode ser quebrada.

Com a mente perdida em pensamentos, Dino avança rumo ao saguão do aeroporto. Mesmo cansado da longa viagem ele ainda tem uma parada para fazer antes de ir para a sede Cavallone – ele precisa comprar flores. Rosas e lírios, ambos brancos. Seu irmãozinho era tão puro mesmo neste mundo manchado que apenas o branco pode representa-lo com perfeição. Sim, apenas flores que simbolizam a pureza devem ser oferecidas ao jovem Don Vongola - ao menos é a opinião do loiro e em parte de um certo viciado em marshmallows.

“...Ah. Adeus.”

Dino enrijece. Seu sangue gelando em suas veias, enquanto seu coração acelera descompassado em seu peito. O loiro dispara a cabeça ao redor ansiando pela fonte desta voz. A voz ecoando em seus ouvidos o faz sentir o corpo tremer. Seus olhos imediatamente desembarcam em pessoas usando o celular. Um homem em seus quarenta anos, barba ruiva, terno marrom e uma barriga bastante saliente. Um adolescente com um moicano colorido, cheio de brincos, e, por fim, um jovem, casaco preto, chapéu de fedora também negro de onde despontam fios a meio caminho entre o loiro e o castanho, de costas, o corpo prestes a virar-se para ele.

— Boss?!

A voz de Romario o arranca do seu torpor, só então seus pulmões gritam por ar. Dino não percebeu que havia trancado a respiração, ou que seus dedos se fecharam em um punho quase cavando em sua carne. Sua mente está uma completa bagunça de pensamentos e emoções.

— O que foi Romario? – indaga em um quase sussurro, encarando o seu braço direito, sua garganta estranhamente ressequida o que só demonstra a extensão do seu choque, seu coração ainda descompassado no peito.

— Você ficou pálido, Boss. Está tudo bem? Parece que viu um fantasma.

Ao comentário, Dino sente seu corpo enrijecer novamente, seus olhos ampliando ligeiramente.

— Eu pensei... Pensei ter ouvido... – faz uma pausa liberando um suspiro na tentativa de assumir o controle sobre si mesmo.

Dino sente seu olhar vagando uma vez mais ao redor, por alguma razão atraído para o jovem cujo rosto não pode ver, mas não é capaz de encontra-lo, apenas o adolescente com o moicano ainda permanece no mesmo local.

— Não é nada. Acho que só estou cansado. – completa, voltando a caminhar; eles já estão começando a chamar a atenção dos transeuntes e, para um mafioso, atenção não costuma resultar em algo bom.

— Boss, talvez devêssemos ir direto para a mansão para que você descanse um pouco. Esta data sempre pesa sobre você. – argumenta Romario, soando claramente preocupado, enquanto os outros subordinados balançam a cabeça em concordância.

— Não. Primeiro quero comprar algumas flores. Depois vocês podem me arrastar para casa. – fala, abrindo um sorriso que sai mais forçado do que pensou que seria.

Talvez ele esteja mais cansado do que pensou, caso contrário, por que outro motivo ouviria aquela voz? Sim, definitivamente seus nervos estão lhe pregando peças. E com esses pensamentos, o loiro deixa o aeroporto.

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Foi cerca de uma hora e meia após a confusão com Yamamoto e Ryohei, e a chegada da dupla da Névoa, que a BMW negra parou em frente à sede Vongola. Reborn está uma vez mais no escritório de Tsuna, ele é um dos poucos que ainda vem a este cômodo em tons de verde escuro com detalhes em dourado. Quem diria que dame-Tsuna pudesse realmente adquirir algum estilo, como ficou claro quando ele assumiu a Vongola e foi decidido que deveriam redecorar o espaçoso escritório para receber a nova e jovem liderança. Mesmo o Nono foi surpreendido quando viu as muitas melhorias feitas a pedido de Tsuna, no final todas as aulas com Bianchi foram bem empregadas, pois o Don Vongola tornou-se referência de bom gosto no submundo.

Subitamente o silêncio no escritório é quebrado quando as portas duplas se abrem com um baque e Iemitsu faz seu caminho para dentro da sala, com Lal Mirch em seus calcanhares. Um breve olhar nos orbes avermelhados da agente do CEDEF, aliado a aura pesada emanando do loiro, dizem ao Hitman que esta não é uma visita amistosa, assim como tantas outras que recebeu do homem nestes três irritantes anos.

— Quem é ele? – rosna Iemitsu entre dentes sem perder um segundo, encarando o Arcobaleno, sua voz vazando angústia e dor, seus olhos claramente refletindo traição.

— Então o Nono falou com você. – comenta Reborn, não abalado pelo olhar furioso do loiro a sua frente.

O Hitman sabia que algo como isso eventualmente iria acontecer. Nono não deveria ter dito nada se não pretendia dar a informação completa. Conhecendo Iemitsu, ele nunca se contentaria com meias respostas, e goste disso ou não, o homem realmente está em seus direitos. Ainda assim, o Arcobaleno esperava não ter de lidar com isso justo nesta maldita data, se qualquer coisa, talvez com o avançar da idade o Novo esteja perdendo seu tato para medir a situação, só isso explicaria o que o levou a despejar uma bomba dessas sobre o ex-Conselheiro Externo em tão impróprio momento. Não admira que o homem esteja em frangalhos, ainda mais do que sempre fica nessa data.

— Quem é ele?! – exigi novamente, elevando o tom da voz, enquanto Lal decide fechar as portas e evitar que a discussão alcance ouvidos desnecessários, com a situação atual da Famiglia todo cuidado é pouco.

— Se o Nono não lhe disse, então eu também não direi. – a resposta seca só serve para irritar ainda mais o loiro.

— Eu quero saber quem é ele! Eu tenho direito! Tsuna era meu filho! – a voz falha no fim da sentença, sua garganta doendo, as bordas dos olhos ficando cheias de lágrimas.

— Eu não estou autorizado a dizer. – sibila o Arcobaleno de volta.

Reborn sente sua paciência começando a corroer lentamente, ele já tem problemas o suficiente tendo de lidar com seis Guardiões estúpidos que não conseguem permanecer sob o mesmo teto sem pular um na garganta do outro ou chorar os olhos para fora, no caso da vaca adolescente, acrescentar à sua lista de dores de cabeça um pai enlutado e na borda de seu autocontrole definitivamente não é uma opção.

Com a resposta pouco satisfatória, Iemitsu cerra os punhos, um suspiro frustrado e ao mesmo tempo resignado escapa de seus lábios. No fundo ele não tinha muitas esperanças de arrancar algo do Hitman, mas a raiva o arrastou até aqui. Atrás dele, Lal lança um olhar significativo para o tutor espartano, que apenas encobre seus orbes negros com a fedora do chapéu, não disposto a discutir esses detalhes com a agente do CEDEF, ao menos não agora.

— Não é justo... Um pai não deveria ter de enterrar seu filho. – murmura o homem após alguns segundos, as lágrimas finalmente correndo livres pelo seu rosto, frustração e dor fluindo em ondas do seu corpo muito mais magro do que era, olhando-o agora Iemitsu vagamente lembra o homem que carregava o honroso e merecido título de Leão da Vongola.

— O mundo nunca é justo. Como um mafioso você já deveria saber disso há muito tempo. – comenta, ainda não erguendo o olhar - Vá para casa, Iemitsu. Nana está esperando por você. – prossegue fazendo sinal para Lal, parada junto à porta observando tudo sem mover os olhos do Hitman e com uma carranca em sua face.

— Vamos, Iemitsu. Reborn está certo, sua esposa está lhe esperando no Japão. – fala a agente, descansando uma mão sobre o ombro de seu ex-chefe, uma vez que Basil é o novo líder do CEDEF.

— Nana... – murmura o loiro debilmente enquanto o olhar triste de sua esposa, devido à ausência e falta de notícias do filho, pisca em sua mente, é simplesmente doloroso de mais vê-la esperando por alguém que jamais irá voltar sem poder dizer a verdade, e isso o corrói por dentro, o mundo definitivamente não é justo.

— Além disso, não há nada que você possa fazer nesta situação. – acrescenta o Hitman, e instantaneamente o corpo de Iemitsu enrijece, sua expressão endurecendo enquanto uma vez mais fixa um olhar raivoso sobre o tutor.

— Parece que você aceitou isso facilmente. Depois de todos esses anos eu cheguei a pensar que você tivesse se ligado ao meu filho. Mas é por isso que você é o maior Hitman do mundo, por ser capaz de substituir algo sem piscar um olho. – rosna o loiro entre dentes, cerrando os punhos novamente.

— Para alguém que passou anos sem se dignar a visitar o próprio filho, você não está no direito de me julgar. Diferente de você eu o assisti crescer e tornar-se alguém digno e respeitável. E eu estava ao seu lado quando seu coração parou de bater, caso tenha esquecido. – sibila Reborn, o brilho em seus olhos escurecendo.

— Vocês dois, já chega! – ruge Lal engatilhando sua arma – Iemitsu, você já falou o que queria e descontou sua raiva, agora mova o seu traseiro de volta para o carro que eu vou leva-lo ao aeroporto.

Soltando um suspiro irritado, o ex-CEDEF aflouxa a pressão sobre os punhos e desliza uma mão sobre a face cansada. Ele não dorme uma única noite corretamente há três anos, e isso aliado às pilhas de problemas que ameaçam soterrar a Famiglia tem apenas destruído ainda mais seus nervos, e não raro ele despeja sua ira sobre o Hitman.

Talvez no fundo ele sinta um pouco de inveja do Arcobaleno, pois como o próprio disse, ele viu seu filho crescer, ele esteve lá sempre que seu filho precisou, enquanto ele apenas acompanhava de longe. Não foi atoa que seu ‘Tuna’ respeitava e apreciava mais o tutor do que seu próprio pai. E o fato de que foi o Hitman quem sempre tomou as decisões importantes - mesmo no momento da morte de seu filho, escolhendo cremar seu corpo - só serve para minar ainda mais sua relação com o tutor, que ele mesmo pediu ao Nono para que enviasse para treinar Tsuna no líder formidável que o jovem Décimo acabou por tornar-se. E saber que foi ele quem escolheu arrastar seu precioso, desajeitado e inocente filho para este mundo sangrento que acabou por ceifá-lo tão jovem, também não ajuda a aliviar sua dor, impotência e frustração. No final, também foi sua culpa que o Céu os deixou e isso é algo que o apunha-la no peito dia após dia, ainda mais que ele nunca verdadeiramente participou da vida de seu filho, e agora só lhe sobrou sua dor e seu remorso.

— Eu estarei de volta em duas semanas. – resmunga, virando as costas e deixando o escritório sem poupar um único olhar para o Arcobaleno, batendo a porta no processo, afinal essa não foi a primeira vez que os dois passaram por uma discussão acalorada, embora dessa vez houvesse um assunto que sem a presença de Lal certamente não acabaria bem.

— Não se exceda, Reborn. Não esqueça que você também é humano. – alerta Lal, lançando um olhar plano e levemente preocupado para o amigo de longos anos, assim que os dois se veem sozinhos na sala.

— Você já falou com Colonnello? – indaga, assumindo sua postura e expressão habitual, como se nada tivesse acontecido, enquanto Lal contrai uma sobrancelha em irritação com a mudança brusca de atitude e troca súbita de assunto, independentemente do que aconteça Reborn será sempre Reborn.

— Sim, ele me contou. – resmunga decidindo ir junto com o assunto, de qualquer forma a questão é importante - Você tem certeza de que é a hora para isso? Esse pode não ser o melhor momento, considerando a data.

— Foi a decisão do Nono. E como eu disse antes à Iemitsu, não há muito que se possa fazer. – responde em seu tom plano, mas para os ouvidos de quem o conhece há muito tempo há uma sutil nota de desacordo.

— Ainda assim, nessa situação todos nós sabemos a quem a última palavra realmente pertence. – argumenta fitando-o.

— Ah. Mas a decisão já foi tomada. – há um duplo significado por trás de sua afirmação, e Lal rapidamente compreende, como o brilho de reconhecimento em seus orbes avermelhados indica - Resta apenas esperar e ver o que acontece. As coisas estão prestes a tomar um novo rumo. – completa erguendo o olhar para a mesa vazia.

— Eu me pergunto o quão traumatizante isso será.

— É por isso que é melhor que Iemitsu não esteja aqui quando começar. Já vai ser ruim o suficiente só com os Guardiões estúpidos. – comenta com um pequeno suspiro irritado.

— De qualquer maneira, lembre-se que estamos todos envolvidos nisso. Se algo acontecer, você não vai ser o único a enfrenta-lo. – fala, virando as costas e caminhando rumo à saída – Ah, Colonnello mandou avisar que Zero entrou em contato esta tarde. Parece que ele já chegou. – prossegue, parando com a mão sobre a maçaneta da porta sem se virar - Estarei aqui amanhã, tente não matar os pirralhos até lá. – completa, saindo e deixando para trás o Hitman com um brilho escuro no olhar; as engrenagens finalmente começaram a se mover.

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Chrome olha pela janela no grande corredor. Um iluminado céu azul a olha de volta, como se escarnecendo da sua dor. Como se a natureza quisesse dizer-lhes que uma vez inalcançável, o céu está melhor, mais vivo do que estaria se eles pudessem alcança-lo, e isso só faz seu coração apertar ainda mais. Ter seus erros esfregados na sua face nunca aliviou a culpa de ninguém.

Desviando o olhar a metade feminina da Névoa volta a andar, seu vestido negro movendo-se graciosamente com cada passo que dá. Após dobrar um novo corredor ela finalmente chega ao seu destino. Tempestade-san a havia pedido para ficar próxima do adolescente enquanto ele verificava os últimos preparativos para a data. Ela hesita um pouco antes de bater suavemente na porta.

— Lambo-kun, está quase na hora. – avisa alto suficiente apenas para que sua voz atravesse a porta e alcance o interior do quarto, um soluço abafado indica que suas palavras foram compreendidas.

Não demora e a porta se abre apenas o suficiente para o adolescente, enfiado em um terno negro, sair. Os cabelos foram penteados numa tentativa de mantê-los organizados e os chifres que costumava usar foram há muito guardados em algum lugar dentro de seu espaço privado. Uma vez que ele não é envolvido em qualquer tipo de missão, descartou-os, muito a contragosto de Tempestade-san que alegou que o jovem Trovão iria ficar sem meios de se defender em caso de um possível ataque, mas o Bovino ignorou. ‘Sem Tsuna-nii, não tenho por que lutar’ – foi a resposta que conseguiu dar antes de desaparecer pelos corredores da mansão chorando. Desde então apenas o Anel Vongola permanece em seu dedo junto com o seu Anel da arma Box – igualmente não usados por longos três anos.

Em um silêncio respeitoso, cada um mergulhado em seus próprios pensamentos, os dois caminham pelo corredor indo na direção contrária da percorrida anteriormente por Chrome, momentaneamente congelando ao passarem pelas portas duplas lacradas. Uma vez mais um soluço escapa dos lábios do adolescente, enquanto Chrome sente seu coração apertar dolorosamente. Era para o Boss que ela ia quando estava com problemas, independentemente de qual fosse a natureza dos mesmos. Seu lugar junto a Mukuro-sama já não era mais como no tempo em que ele precisava dela, uma vez livre de Vindicare ele a empurrou para uma vida individual e se não fosse pelo Boss e o Arcobaleno-san, Chrome estaria perdida sem ter para onde ir. Isso a fez se aproximar do seu Céu. E consequentemente, sua timidez vinha regredindo lentamente desde que deixara Kokuyo, e por isso ela havia escolhido viver na mansão quando o Decimo avisou que se mudaria para a Itália.

Boss sempre a recebeu com um sorriso. Ele sempre ouviu seus problemas e afugentou seus medos – principalmente nas noites em que sua vida como Nagi, voltava para assombra-la em forma de pesadelos que a arrancavam da cama e a faziam vagar pelos corredores vazios da mansão como um fantasma sem rumo. Nas primeiras vezes ela ia para a cozinha ou qualquer outra sala para onde seus pés a conduzissem, ficar em seu próprio quarto escuro a fazia sentir-se ainda mais abalada. Mas o Boss logo a descobriu – a Hiper Intuição Vongola, ela suspeitou. E ele a fez prometer chama-lo quando os pesadelos voltassem. E duas noites depois ela se viu de pé, hesitante, diante da porta do quarto do Céu.

Ela não chegou a bater nas portas e elas se abriram. Em situações normais ela teria corado furiosamente ao ver a bela face sonolenta de seu chefe, usando um pijama simples e verde – mesmo tendo se tornado extremamente rico, Boss ainda usava roupas comuns em seus momentos particulares. Mas ao vê-lo sorrir enquanto tentando não bocejar, obviamente exausto de trabalhar até muito tarde, ela sentiu o calor de um pai, ou talvez de um irmão mais velho. Ela sentiu-se bem-vinda quando ele despejou uma coberta sobre ela, enquanto a conduziu para a cozinha vazia onde preparou duas canecas de chá. Ele a fez companhia até que ela se sentisse tranquila o bastante para voltar a dormir, mesmo que já fosse quase amanhecer. Esse ritual se seguiu por quase um mês, até que os pesadelos desapareceram.

Boss era gentil. E mesmo assim ela alimentou as dúvidas em seu coração ao ponto em que sentiu medo dele e o abandonou. Ironicamente no mesmo dia em que ela virou as costas para o seu Céu, os pesadelos retornaram. E naquele dia, quando ela se encontrou na enfermaria da mansão, após quase dois meses sem vê-lo pessoalmente, quando ela perdeu as forças e consequentemente a consciência, os seus pesadelos começaram a não girar apenas entorno do passado de Nagi, eles adquiriram tons vermelhos. Eles retratavam a morte de seu Boss de formas diferentes, sangrentas e dolorosas a cada noite. Ser a Névoa capaz de criar algo do nada acabou se voltando contra ela, intensificando a culpa que sentia corroer-lhe por dentro. E mesmo que Mukuro-sama passou a estar ao seu lado sempre, ele não transmitia o mesmo calor que seu Céu.

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Arrumando a gravata uma vez mais, Ryohei encara seu reflexo no espelho do banheiro. Mesmo que sua aparência não tenha mudado muito nos últimos três anos, ele quase não se reconhece. Seu rosto possuiu uma expressão fechada e seu olhar já não tem o brilho que costumava ter. Ele, o Sol, não consegue brilhar com todo seu extremismo desde aquele dia. E mesmo que ele continue treinando incansavelmente, mesmo que seu corpo ainda transborde de energia, ele não consegue canaliza-la de forma correta e com frequência acaba se excedendo. Como na discussão com Yamamoto. Talvez por ser, junto com Hibari, o mais velho entre os Guardiões, para ele seja mais difícil admitir seus graves erros, afinal ele deveria ter servido de exemplo para os mais jovens e ele não o fez.

Sasagawa sabe que nunca foi, e provavelmente jamais será, o mais inteligente da família, ele é um extremista amante do boxe, e por ter dificuldade em se expressar usando palavras, sempre preferiu resolver seus problemas usando os punhos. E a única vez em que não o fez acabou lhe custando extremamente caro.

Ele jamais vai esquecer o dia em que seus mundos desmoronaram. Assim como todos os outros, o Sol também esteva evitando o chefe, ele simplesmente não era capaz de entender e aceitar, Ryohei nunca esperou que Sawada fizesse algo tão não extremo como aquilo. Era errado e para ele imperdoável, e afastar-se pareceu lógico. E desta forma ele começou a se voluntariar para missões. Naquele dia completava um mês que ele não ia à mansão, porém eles se falaram ao telefone - mais como Sawada questionar sobre sua missão e ele resmungar qualquer coisa em resposta.

Ele pode ser estúpido e cabeça dura, mas mesmo ele percebeu que havia algo estranho com seu chefe. O jovem Don parecia mais vago, e durante a breve ligação ele espaçava com uma certa frequência, como se sua mente estivesse ocupada com alguma coisa. Mas Ryohei não deu importância, até pouco mais de vinte e quatro horas depois, quando mestre Pao-Pao lhe ligou.

O Sol estava em uma missão no norte da Itália, auxiliando uma Famiglia aliada que havia sido atacada dias antes, e imediatamente largou tudo e regressou para a sede Vongola. Mesmo que o outro Sol havia sido extremamente direto, ele ainda não conseguia entender corretamente o que tinha acontecido, ou sua mente simplesmente recusava-se a assimilar a verdade óbvia. Mas mesmo seu cérebro teve de processar os fatos quando chegou à mansão e encontrou Gokudera e Yamamoto caídos na frente da porta da enfermaria com olhos sem vida e expressões de dor e culpa. E logo após tomar na mesma visão da dupla, ele também compartilhava deste mesmo olhar. Enquanto uma única coisa ecoava em sua mente - as últimas palavras de seu Céu:

“Tenha cuidado, onii-san.”

Curiosamente ele foi o último Guardião a ouvir a voz do Céu, e ironicamente eram palavras carregadas de amor e preocupação. Sem dúvidas Kyoko iria odiá-lo se soubesse que ele havia abandonado seu precioso Céu, indiretamente causando a morte de seu irmãozinho. E isso só acrescentou outro item a sua lista de ‘coisas não extremas e sem volta’.

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Um a um os carros dos mais próximos da família vão chegando. O primeiro é Enma, mesmo morando na Ilha Shimon, todos os anos ele e alguns de seus Guardiões voam para Palermo apenas para dizer um ‘Ciao’ para o Decimo e trazerem algumas flores para depositarem junto a lápide, de mármore com a crista Vongola e um grande ‘X’, localizada na parte mais profunda e bela do jardim da propriedade. O carro seguinte é facilmente reconhecível, trata-se de Dino, a última pessoa a estar com Tsuna poucas horas antes do Céu deixar a mansão para onde não retornaria com vida. Em seguida há Basil e Lancia, mais atrás Colonnello e sua esposa Lal Mirch, os dois imediatamente se reúnem com Reborn, assim como Uni, que chegou pouco depois junto com Gamma.

Desde que o jovem Don se foi, os Arcobaleno parecem ainda mais unidos, e rumores que circularam pelo submundo diziam que desde que tiveram a maldição quebrada, eles teriam um novo Céu, mas como Uni continua carregando a pacifier laranja, todos desconsideraram os boatos, embora apenas os Arcobaleno, os Vindice e o próprio falecido Décimo sejam os únicos que sabem o que aconteceu no final da batalha do Arco-íris, há quase sete anos atrás. Seja o que for que houve, Checker face devolveu os corpos originais aos antigos bebês e por algum motivo eles ainda mantêm tanto as chupetas quanto suas posições como Guardiões do Trinisette, apenas Lal foi dispensada, no entanto ela ainda é considerada um membro dos Arcobaleno e respeitada e temida como tal – depois de tudo ela foi a escolhida para a posição da Chuva, agora ocupada por Colonnello.

Como nos anos anteriores, nenhum membro da Varia veio, Xanxus até chegou a comparecer no funeral junto com Squalo, Mammon e Lussuria – que chorou enquanto murmurando coisas que soaram suspeitosamente como ‘um belo desperdício’, mas logo o Boss do esquadrão de assassinato foi embora, pouco depois de uma breve reunião com Reborn - o assunto ninguém nunca soube, da mesma forma ninguém teve estômago para questionar o tutor. Na época o Hitman não estava em seu melhor humor e, ainda menos, disposto a discutir com quem quer que fosse.

Representando o Nono, cuja saúde está claro para todos está quase por um fio, vieram seus Guardiões da Tempestade e da Chuva. O último a chegar é Byakuran, carregando um exagerado buquê de rosas brancas, narcisos e outras flores que muitos desconhecem a nomenclatura, mas, uma vez que o amante de marshmallows é um grande conhecedor de flores, as mesmas devem possuir algum significado, igualmente desconhecido. Junto com o Boss Gesso, está seu braço direito Kikyo, carregando algo que todos suspeitam sejam marshmallows.

Apesar de todos os problemas que a Millefiore causou no outro futuro, um onde o Don Vongola não esteva realmente morto, mais precisamente um onde seus Guardiões não haviam-no abandonado e consequentemente causado sua morte real, agora Byakuran, líder da Gesso – que apenas se ‘funde’ com a Giglio Nero em situações de emergência – é um poderoso aliado da Vongola, alguém que assim como Dino, visitava o Decimo com uma certa frequência, principalmente quando os rumores da ruptura na família começaram a se espalhar por entre as Famiglias da Aliança central. Quando a caçada aos culpados pela morte do Céu teve início, Byakuran como tantos outros ofereceram ajuda – foi como se o submundo queria sangue, o sangue de quem matou o herdeiro da maior potência nesse lado oculto da sociedade. Infelizmente todos os esforços acabaram por serem em vão, os culpados permaneceram incógnitos espreitando-os das sombras.

E com todos presente, a pequena multidão se reúne no jardim - é hora de mais um encontro com o Céu.

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Rokudo Mukuro sempre se considerou alguém livre de sentimentos como amizade, companheirismo e toda essa horda de emoções inúteis. Para ele as pessoas eram meras ferramentas que poderia usar para alcançar seus objetivos. Da mesma forma, o ilusionista odiava a máfia, principalmente devido ao que passou em sua infância excessivamente conturbada. Logo, as pessoas só serviam para que pudesse destruir a maldita máfia. Foi com esse propósito que viveu, foi com tais ambições que criou sua gangue. Tudo era escuridão em seu mundo, e Mukuro estava bem com isso, pois o mundo era escuridão. Foi quando um raio de luz laranja iluminou o breu que o cercava na forma de um Sawada Tsunayoshi, com potencial para dominar o submundo ou mesmo o mundo inteiro, porém com um coração mole e ingênuo de mais para seu próprio bem.

Mirando suas ambições o ilusionista aceitou compartilhar a posição de Guardião Vongola da Névoa, junto com a doce Chrome. E antes que Mukuro percebesse, ele se tornara parte da família, como Sawada tão orgulhosamente os considerava, mesmo a cotovia irritante, que como uma verdadeira nuvem odeia se ligar a qualquer coisa, acabou de alguma maneira aceitando tal título. Embora o ex-prefeito se mantivesse ignorando os demais Guardiões para a maior parte do tempo, ou isso ou mordendo-os até a morte por ‘aglomeração’ – não que o ilusionista se importe, Hibari Kyoya era apenas divertido de irritar, embora o chefe não gostasse de tais travessuras. Porém Mukuro, no fundo de seu coração - porque sim, ele possui um - continuava acreditando que as pessoas eram apenas ferramentas, e que ele só estava ao lado de Tsunayoshi porque o Don estava destruindo a máfia como ele sempre desejou.

Sua relação com a Vongola era essa, no entanto, com o avançar dos anos, com sua liberdade de Vindicare, com as lutas ao lado da família, ele se viu aceitando mudar-se para a Itália junto com sua gangue. Ele se viu divertindo-se com as brigas estúpidas entre o boxeador idiota e o cão-braço-direito - como carinhosamente considera Gokudera Hayato; envolto pela aura calmante das risadas de um irritantemente sempre sorridente amante de baseball, suportando as infantilidades do pirralho vaca, e eventualmente tornando-se o parceiro de xadrez de um chefe seu chefe, algo que morrerá antes de admitir – o mesmo que sempre o recebia com um sorriso caloroso, como se ver um de seus Guardiões voltar inteiro de uma missão fosse a melhor coisa que aconteceu no seu dia, ainda mais do que não ter de enfrentar a papelada maldita que o jovem Don tanto odiava.

E com isso seu mundo de escuridão foi lentamente ganhando cores, além do laranja, havia o amarelo, vermelho, azul, verde, o outro índigo e mesmo o roxo. Ainda assim, Mukuro acreditava que nada realmente houvesse mudado em sua mente, ele ainda odiava a máfia, e ele certamente ainda via as pessoas como ferramentas. Foi por isso que ele não sentiu nada quando o Céu escureceu. Ele não estava sentindo-se incomodado por coisas como o sentimento de traição, isso era algo que alguém como ele jamais sentiria. E afastar-se do Céu foi algo realmente simples e fácil de fazer.

Mas então por que aquele telefonema do Arcobaleno fez seu estômago embrulhar? Por que ele sentiu seu sangue gelar quando tudo o que viu foi uma cama manchada com sangue? Dos dois Chrome sempre foi a parte da Névoa ligada aos outros, especialmente a Sawada, desde que o jovem Don se esforçou para fazê-la se abrir mais para a família. E ainda assim foi perturbador quando ele pegou seu corpo inconsciente quando ela desmaiou, o choque foi grande de mais para Chrome. Foi ainda mais perturbador quando ele não conseguiu rir de toda a situação, sua risada não foi mesmo se formar em sua garganta.

Então, naquela tarde cinzenta e sem vida, de pé apoiando sua doce Nagi, diante de uma lápide vazia – uma vez que o Céu havia se tornado nada além de cinzas– e cercado por tantos outros mafiosos, Mukuro lembrou-se o porquê dele realmente considerar as pessoas como ferramentas: porque não dói, não machuca quando uma mera ferramenta deixa de existir. Você apenas a substitui por outra. Naquele mesmo dia ele também percebeu, com um misto de amargura e auto repúdio, que Sawada Tsunayoshi não era uma ferramenta, porque em algum lugar dentro dele, mesmo que jamais irá admitir, algo estava doendo, estava machucando.

E mesmo agora, três anos depois, diante da mesma lápide, algo ainda machuca.

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Exatamente como nos anos anteriores, Reborn permanece em completo silêncio, a fedora do chapéu encobrindo sua expressão, ao seu lado os Arcobaleno que puderam comparecer apenas observam, é como se há uma espécie de bolha que os separa dos demais, mas ninguém tem interesse em discutir isso, muito menos se dão ao trabalho de prestar atenção nas figuras vestidas de preto mais ao fundo, todos se reuniram por um único motivo – visitar o Céu, e é a ele que todos prestam atenção.

Um a um eles se aproximam da lápide, depositam flores, murmuram algumas palavras. Enma se permite chorar enquanto resume rapidamente os eventos mais relevantes desde a última vez em que esteve aqui, sobre como sua Famiglia tem crescido, sobre Julie começando a importuná-lo para buscar uma esposa – algo que lhe arranca uma risada com um pouco mais de humor, apesar das lágrimas. Com um ‘sinto sua falta, amigo’ o Shimon se despede. Após trocar algumas palavras com os Guardiões, uma vez que sua raiva contra os mesmo já passou, e oferecer sua Ilha para Lambo passar alguns dias para se distrair um pouco, além de compartilhar um olhar significativo com os Arcobaleno, especialmente o tutor, os Shimon tomam sua licença, o jato os espera para regressarem a sua própria sede, a visita a Itália foi apenas por causa de Tsuna, nada além disso.

Seguindo o exemplo de Enma, Dino se aproxima. Romario de pé mais atrás, olhar solene, observa seu chefe, ele acompanhou todo o sofrimento de seu patrão desde a ligação de Reborn-san até nos meses que se seguiram aquele dia. O Don Cavallone chorou quase como uma criança pequena com a perda do seu ‘otooto’, foi doloroso para todos assistir impotentes o sofrimento do seu próprio Céu.

Diferente da maioria, Dino visita seu irmãozinho com uma certa frequência. Sempre que ele vem à mansão ele separa alguns minutos especialmente para vir até esta parte isolada do jardim trocar algumas palavras com uma das poucas pessoas que aqueceram seu coração com uma rapidez avassaladora. Ele nunca mentiu quando disse que Tsuna era como seu irmão, ele realmente cresceu ligado ao garoto, e saber que ele poderia de alguma forma ter impedido sua morte se decidisse ficar na mansão Vongola naquela manhã ao invés de regressar para a sede Cavallone, faz seu coração doer.

— Estou aqui outra vez, Tsuna. Trouxe flores novas, espero que goste. – começa o loiro, um pouco vacilante com as palavras, depositando as rosas brancas junto à lápide - Sabe aquele negócio com a empresa Francesa que eu havia mencionado antes de viajar? Eu consegui fechar. Eu não cheguei a encontrar o chefe porque ele não é dado ao público, mas falei com um assessor. Vai ser um bom empreendimento. De qualquer forma, desculpe ficar sem visita-lo por tanto tempo. Eu acabei ficando mais no Japão do que imaginei. Ah, falando nisso, eu encontrei Kyoya. Ele parece estar indo bem. E você tinha razão, ele virou mesmo um workaholic. – comenta balançando a cabeça um pouco exasperado, sentindo as lágrimas se juntarem na borda de seus olhos.

O loiro se permite tomar uma respiração profunda enquanto uma brisa bagunça seus cabelos suavemente, quase como se tentando dar-lhe forças para continuar falando.

— Você sabe, ontem aconteceu algo estranho. Por um momento... Por um momento eu pensei ter ouvido... – as lágrimas finalmente fogem de seu controle e correm livremente por sua face – Eu não sei se eu apenas... Apenas imaginei... Mas, de alguma forma, foi bom e nostálgico. Eu não sei se foi o cansaço ou não, mas eu sonhei com o passado. Com a primeira vez que nos encontramos. Mesmo Enzo destruindo seu banheiro estava em meu sonho... – prossegue em um fio de voz, um murmurar quase incoerente, até Romario descansar uma mão sobre seu ombro, arrancando-o de seu pequeno mundo, em algum momento ele havia parado de falar e não percebeu – Desculpe Tsuna. Eu realmente sinto sua falta, irmãozinho. – completa, virando-se para os Guardiões e lançando-lhes um pequeno sorriso, assim como Enma ele já perdoou-os, afinal eles são aqueles que mais estão sofrendo.

Seguido por seu braço direito, o Don Cavallone faz o trajeto de volta para a mansão, não sem antes trocar um olhar de entendimento com seu antigo tutor, ele pretende ficar um pouco mais, sua presença pode ser necessária, afinal a situação entre os Guardiões está mais quebrada do que nunca e independentemente de que dia seja, as brigas podem sempre surgir e Reborn obviamente não está no seu melhor humor.

Com a saída do Cavallone, os outros também apresentam suas palavras para o Céu. Basil informa uma versão resumida da situação atual da Famiglia, derramando apenas informações que não podem causar problemas - todo cuidado é pouco em tempos de crise. Ele também fala sobre Iemitsu, como o homem tem sofrido e se afundado em trabalho e ainda faz o possível para visitar Nana-san o máximo que pode, geralmente as visitas são bimensais, ou trimensais em último caso. Uma mudança gritante de quando ele era o líder do CEDEF e não se deu ao trabalho de acompanhar o crescimento de seu próprio filho. Lancia também murmura algumas palavras antes de seguir Basil de volta para a sede do Conselho Externo. Assim como os outros o novo cabeça do Conselho troca um olhar com os Guardiões e com os Arcobaleno, detendo-se mais em Reborn, um brilho estranho engolindo seus orbes azuis, uma mensagem silenciosa sendo transmitida entre eles, e o pequeno aceno com a fedora do chapéu é toda a resposta que Basil recebe. Depositando um pouco mais de pressão sob seus punhos, o Conselheiro Externo se retira. A partir de amanhã as coisas estão indo para mudar bruscamente, e ele tem preparativos próprios para fazer.

Dos visitantes Byakuran é um dos últimos a se apresentar diante da lápide, Um sorriso de esfinge em sua face, enquanto deposita o exagerado buquê junto aos outros.

— Você sabe Tsu-chan, geralmente uma troca de jogadores no meio do jogo é considerada uma falta grave. Mas você sempre foi a exceção que faz tudo mais divertido. – com tais palavras enigmáticas o amante de marshmallows toma sua licença piscando um sorriso um pouco brilhante de mais para os Guardiões, e um olhar travesso para os Arcobaleno, recebendo olhares afiados dos mesmos, exceto de Uni que já se adiantou rumo à lápide, e o albino prontamente ignora a aura escura, quase assassina, lançada pelo trio em sua direção em favor de devorar um pouco mais do doce branco que Kikyo lhe alcança; de fato eram marshmallows que o braço direito carregava.

Juntamente com Gamma, Uni para diante do mármore com a crista Vongola, um sorriso característico dos Arcobaleno do Céu enfeitando seus lábios, enquanto as mangas de seu vestido estão úmidas, hábito passado entre as Bosses da Giglio Nero. A pequena limitasse a cumprimentar o outro Céu, depositando as rosas brancas e lírios do vale. Escolha que despertou a curiosidade de Gamma, uma vez que a sua Hime sempre trouxe apenas as rosas, e ainda mais depois de pesquisar um pouco sobre o significado de tais flores – parece que a convivência um tanto forçada com o devorador de marshmallows acabou passando alguns hobbies novos para a princesa Arcobaleno, e como protetor leal da jovem ele também se informou um pouco do que exatamente ela estava aprendendo. Independentemente disso, ele não a questionou, é um fato que ela deve saber algo que ninguém mais sabe e se ela não quer dividir o assunto, não cabe a ele força-la a fazê-lo.

Depois de Uni, Colonnello e Lal também se manifestaram, a agente do CEDEF apenas rosnou um cumprimento e depositou uma rosa junto às outras, enquanto a Chuva murmurou algo incompreensível e logo se retiraram, restando apenas os Guardiões e o tutor, e a Décima Geração não se perturbou em esperar pelo Hitman, Reborn nunca diria nada na frente de ninguém. E desta forma, Lambo foi o primeiro a se aproximar, por uma vez tomando a frente, provavelmente aproveitando a súbita coragem que inundou seu corpo e a breve trégua que o choro deu.

— Tsuna-nii... – começa o jovem Bovino com a voz trêmula e um tanto esganiçada, enquanto uma vez mais os outros sentem seus corações afundarem a menção do apelido seguido do sufixo– E-eu estou indo bem no colégio... Tirei outro A em matemática... Eu estou me esforçando... Eu quero fazer você orgulhoso... – faz uma pausa sentindo as lágrimas começarem a correr novamente, um soluço vazando de seus lábios – T-Tsuna-nii... Eu sinto... Sinto sua falta... – uma mão é depositada sobre o ombro trêmulo do Trovão, que não se dá ao trabalho de virar, ele não consegue mesmo lutar contra as lágrimas.

— Jyuudaime... – inicia Hayato parando ao lado de Lambo, a garganta estranhamente seca - Eu sinto muito por desapontá-lo outra vez... Eu falhei novamente. Eu não consegui manter todos unidos. Mesmo que eu soubesse que sem você seria impossível... Eu falhei em impedir que outra Famiglia deixasse a Aliança... Eu falhei completamente em protegê-lo... Eu falhei como seu braço direito... Falhei como um amigo... Eu espero que onde quer que esteja, você possa nos perdoar... – completa depositando uma rosa sobre a lápide e guiando o Lambo desorientado de volta para a mansão, sem se preocupar em esconder as próprias lágrimas, outra mudança em sua personalidade.

— Sawada... Foi outro ano nada extremo. – comenta o boxeador, em um tom estranhamente calmo - Kyoko... Ela continua perguntando sobre você. Mesmo Hana me questionou sobre sua ausência... E... Eu não sei o que fazer, Sawada... – fala o Sol, arriscando um olhar para a lápide como se esperando uma resposta, qualquer palavra que possa guia-lo novamente, coloca-lo em sua órbita correta, mas apenas o silêncio o retorna.

Cabisbaixo e por uma vez completamente drenado de energia, o Sol deposita sua própria flor e como os outros retorna para a mansão. Com a saída de Ryohei, é a vez da dupla da Névoa se aproximar.

— Boss... Gomen. – é tudo que deixa os lábios de Chrome, enquanto as lágrimas silenciosas correm de seu único olho visível, caindo sobre a rosa em suas mãos que logo é deixada sobre as outras.

— Você continua fazendo Chrome chorar, Sawada Tsunayoshi... – comenta o ilusionista, sua risada nem mesmo surgindo em sua garganta, para sua maior frustração – E você ainda me deve uma revanche, Vongola. Você sabe que eu não gosto de perder. Mas acho que só em outra vida poderei ter meu check mate. Isso se você realmente voltar, e estiver disposto a tolerar minha presença outra vez. Ou será que você levou rancor contra nós para o outro lado?

— Mukuro-sama. – a voz suave seguida de um leve aperto em sua mão enluvada arranca um pequeno suspiro dos lábios do ilusionista.

— Você está certa, doce Chrome. Sawada Tsunayoshi era gentil de mais para carregar rancores. – prossegue após um breve olhar para a jovem - Até nos encontrarmos novamente, Decimo. – completa enquanto a névoa envolve a dupla que desaparece por completo.

— Tsuna... – Yamamoto pronuncia o apelido dolorosamente, aproximando-se mais da lápide - Mesmo que você não possa ver, eu estou cada vez mais manchado de sangue. Eu não consigo mais lavar nem mesmo minhas próprias atribulações. Eu nem mesmo sei pelo que ainda estou lutando... Gokudera pode se culpar por termos nos separado, mas eu sei que a culpa foi apenas minha... Eu sou uma chuva seca desde que você se foi. Nem mesmo chorar eu consigo... Eu só... Espero que você realmente não me odeie... Porque eu já me odeio o suficiente por ter deixado você morrer. E... Eu sinto muito... Saiba que se eu pudesse eu trocaria de lugar com você sem pensar um único segundo... Eu realmente... Sinto muito... – completa repetindo as mesmas ações dos outros, a expressão sombria permanentemente em sua face.

Uma brisa suave revolve a grama verde e despetala algumas das flores. Um silencio tranquilo cai no jardim, enquanto uma sombra solitária para diante da lápide. Uma sombra vestindo um chapéu de fedora com um camaleão.

“Continue me orgulhando, dame-Tsuna.” – as palavras sussurradas são levadas pela brisa, enquanto a sombra se afasta.

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— É bom vê-lo, Dino. – ao som da voz, o Don Cavallone encontra o olhar parcialmente encoberto de seu antigo tutor, já de volta a mansão; atualmente apenas o loiro permanece na sede Vongola além dos Guardiões, embora esses tenham se dispersado à medida que retornaram – Soube que fechou um bom negócio. – prossegue o Hitman, um muito sútil toque de interesse em sua voz, que passa despercebido pelo Boss Cavallone.

— É bom vê-lo também, Reborn. E como esperado do maior Hitman do mundo, você sempre sabe o que acontece. – responde com um pequeno sorriso – Eu fechei uma parceria com uma empresa especializada em tecnologia, a Liens Technologie. Imagino que também já soubesse. – um sorriso presunçoso é resposta suficiente para o loiro - Eu também encontrei Kyoya na sede da Fundação, até tentei convencê-lo a vir, mas ele se recusou. – informa assumindo uma postura mais séria.

— Isso não é uma surpresa. Hibari não suporta multidões, como seu tutor você já deveria ter aprendido isso. Tsuna sabia. – comenta o Arcobaleno com um olhar afiado.

— Ah. Mas seria bom se por uma vez ele abrisse uma exceção. Serviria para apagar um pouco dos rumores sobre a situação da Vongola. – argumenta dando de ombros - Falando nisso. Eu soube sobre o Nono. O que vai acontecer agora? Iemitsu pode não ser capaz de conduzir a Famiglia uma vez que o Nono... Também nos deixe. – prossegue lançando um olhar indagador e apreensivo para o Hitman.

— Tivemos uma reunião anteontem. Mas este não é o lugar para discutir isso. – avisa o Arcobaleno, a fedora encobrindo sua expressão e dando-lhe um ar ainda mais pesado – Mais importante. Dino, tenho um pedido para lhe fazer. – prossegue o tutor, ignorando o olhar surpreso do loiro.

— Re-Reborn-

— Vamos ao escritório de Tsuna. – interrompe antes que o loiro prossiga – As paredes possuem ouvidos. – completa recebendo um aceno de entendimento do Don, ainda um pouco perturbado com a nova situação.

Dino ainda se lembra da última, e única, vez que seu antigo tutor lhe pediu um favor. Afinal o orgulhoso Arcobaleno do Sol, o maior Hitman do mundo, não é alguém que goste de dever algo ou depender da ajuda de outros. Aquela ocasião, há quase sete anos, acabou por virar quase uma guerra quando o Vindice decidiu se juntar. Foi também quando os Arcobaleno recuperaram seus corpos adultos. Na época o Don Cavallone tentou arrancar algo sobre aquele dia de seu otooto, uma vez que ele foi o único que participou da luta final, cujo verdadeiro resultado é desconhecido por todos. Mas Tsuna apenas escovava o assunto. Mesmo as portas de completar dezoito anos, o ainda-a-ser empossado oficialmente como Boss Vongola já havia aprendido alguns truques para mudar de assunto sutilmente, algo que muitos mafiosos levam anos para aprender – certamente fruto das muitas horas de tortura/treinamento espartano. E desta forma, Dino acabou desistindo de obter qualquer informação do outro Céu.

— O que você quer que eu faça, Reborn? – indaga quando finalmente encontram-se a portas fechadas no escritório vazio; a tensão fazendo seus pelos arrepiarem em uma estranha antecipação.

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— Boss, está tudo bem? – indaga Romario assim que embarcam no carro negro, percebendo a face mais pálida do loiro e a falta de expressão em seu rosto.

— Ah. Mas há um lugar onde eu quero passar antes de voltarmos para casa. Eu realmente preciso de uma bebida. – responde distraidamente, fechando os olhos e massageando as têmporas, sentindo uma muito forte dor de cabeça se formando e que provavelmente não vai deixa-lo em paz pelos próximos dias – Tsuna... O que vai acontecer com esta família...? – murmura debilmente, ignorando o olhar lançado por seu braço direito através do espelho retrovisor.

Com a saída do Don Cavallone, logo a noite chega mergulhando a mansão em um silêncio melancólico. Ninguém se importou em comparecer a sala de jantar, uma vez que Hayato já tinha informado Pizio que não havia necessidade de preparar a refeição, pois nenhum deles possuía apetite, mas pediu ao chef que fizesse Gelato de uva e o avisasse quando a sobremesa estivesse pronta - ao menos o doce o Ahoushi não rejeita completamente.

Vagando pelos corredores, Gokudera se encontra na sala do piano novamente. Mas desta vez ele não é o único no local, Yamamoto está de pé escorado na parede ao lado da porta, e sentado em um dos sofás está Sasagawa arrumando as faixas ao redor de seus punhos. Hayato não consegue evitar um olhar surpreso para a dupla silenciosa. Depois de tudo o aviso de Reborn-san parece ter surtido efeito. Ignorando a estranheza da situação e sem muito ânimo para ir para outra sala vazia, deixa seu corpo afundar na outra poltrona, inconscientemente ficando entre os dois idiotas.

— Oya! Parece que todos tiveram o mesmo pensamento. – uma voz ecoa na sala antes que o ilusionista abacaxi surja da névoa, um olhar ligeiramente divertido no rosto ao perceber que nenhum dos outros moveu um único músculo com a sua chegada.

— Onde está Dokuro? – Hayato é o primeiro a se manifestar ao perceber a ausência da mulher, ele pretendia pedir-lhe para levar o doce para Lambo e faze-lo comer, uma vez que o pirralho ainda parece ouvi-la um pouco.

— Kufufufu. Interessado em Chrome, Gokudera Hayato? – diferente do passado, o ilusionista não recebe uma resposta, apenas um olhar impassível – Chrome está no banho. – responde deixando sua expressão divertida diluir-se e escorando-se no grande piano negro – Então, o cuidado de dizerem o que o Arcobaleno quer reunindo todos nós? – prossegue correndo o olhar bicolor sobre os três.

— Nós extremamente não temos informações. – comenta Ryohei, ainda não retornado ao seu usual tom de voz alto.

— Tch. Pelo jeito sabemos tanto quanto você. – estala Gokudera sem muito interesse, se mesmo o abacaxi não sabe nada, então não há muito que eles possam fazer sobre o assunto além de criar teorias – Mas imagino que seja sobre a saúde do Nono. – resmunga ajeitando a almofada da poltrona.

— Hun. Então o velho está finalmente próximo de uma aposentadoria forçada. Suponho então que o ex-chefe do CEDEF irá assumir completamente. – fala Mukuro estreitando os orbes bicolores.

— Não acho que seja só isso. – comenta Yamamoto, finalmente se manifestando.

— O que você extremamente quer dizer?

— Vai começar com a maldita coisa dos anéis outra vez? – estala Hayato novamente.

— Vocês também devem ter percebido ontem, quando o pai de Tsuna veio. – prossegue a Chuva encarando os outros três, um olhar afiado em seus orbes caramelo.

— Ah, ele estava extremamente furioso.

— Kufufufu. Ingênuo de você, Sunny. – ri o ilusionista recebendo uma carranca de Ryohei, que demora um pouco até perceber o significado do termo, enquanto a Tempestade apenas revira os olhos – Não era apenas fúria que emanava de Sawada Iemitsu, havia mais por trás daquele olhar.

— E você virou leitor de mentes agora?! – resmunga Gokudera, sentindo a súbita vontade fumar, desde que o Céu se foi ele acabou voltando ao velho vício, que de alguma forma acabou por ser útil agora que os Gears se desfizeram e ele tem de usar algo para acender suas dinamites.

— Oya! Estressado já, Gokudera Hayato?

— Eu extremamente não estou entendendo! – exclama o Sol, elevando o tom da voz e provocando caretas na Tempestade e no ilusionista.

— Percepção não é mesmo o seu forte, não é mesmo Sunny. – Mukuro observa venenosamente, recebendo uma carranca de Ryohei.

— O pai de Tsuna parecia frustrado com algo. – comenta a Chuva, recordando a expressão que viu no rosto do loiro quando voltava do dojo, Iemitsu nem mesmo reconheceu sua presença.

— Eu não diria que foi apenas frustração. Ele tinha um olhar mais familiar para mim do que só isso. – resmunga Hayato, desviando o olhar do ilusionista para a pequena mesa de centro.

— Kufufufu. Então você também percebeu algo. E o que você viu, cão leal? – indaga divertido ao perceber que desta vez conseguiu provocar alguma reação na Tempestade, como o olhar afiado lançado em sua direção indica.

— Parecia traição. – responde com um rosnado, ainda encarando a Névoa.

— Isso é extremo!

— Kufufufu. Parece que esta reunião vai ser mais interessante do que eu imaginei. – comenta com sua risada assinatura, enquanto a névoa envolve o seu corpo e desaparecendo completamente, deixando para trás um Hayato resmungando algo que soa suspeitosamente como maldições em outro idioma.

Seguindo o exemplo de Mukuro, Ryohei deixa a sala restando apenas Chuva e Tempestade.

— O que você pensa sobre isso, Gokudera?

Hayato lança um olhar para Takeshi analisando sua expressão em busca de qualquer hostilidade. Tirando a expressão séria por uma vez ele não encontra nada. Estalando a língua o braço direito volta a sua postura anterior fechando os olhos.

— Eu não sei o que pensar. Mas tenho a sensação de que não vou gostar do que quer que seja que Reborn-san tem para nos dizer. – responde finalmente.

— Parece que ao menos uma vez nestes três anos nós dois concordamos em algo. – murmura a Chuva também deixando a sala sob o olhar atordoado de Hayato.

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Lambo corre pelas calçadas sem prestar atenção em sua volta. Seus pulmões imploram por ar e seus músculos por um pouco de descanso, mas o jovem Bovino se recusa a parar, apenas forçando seu corpo a correr ainda mais. Em sua fuga desenfreada ele esbarra nas pessoas, ignorando os xingamentos e não parando para se desculpar. Ele apenas quer desaparecer. Ir para o mais longe que puder. Talvez fugir a pé da mansão não tenha sido a melhor escolha, mas ele simplesmente parou de raciocinar após tudo o que ouviu durante a reunião. Ele só queria escapar de lá e esquecer tudo. Esquecer cada palavra que ouviu, mas elas persistem em ressoar em sua mente. Batendo. Machucando. Fazendo seu coração doer.

Em seu torpor ele ignora completamente a cor do sinal e se lança para a rua movimentada sem um segundo pensamento. Ele só percebe seu erro quando se depara com um carro quase em cima dele. Fechando os olhos ele aguarda o impacto da batida. Em sua mente um único título ecoa:

“Neo Vongola Primo”.

Então seu corpo bate com força no chão.

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Notas finais do capítulo

Eu tenho de admitir, eu chorei horrores escrevendo algumas cenas deste capítulo T^T
Não que eu não tivesse chorando nos outros, é só que após escrever o Especial escrever este cap. foi mais 'pesado'. Ç.Ç
Enfim, digam o que acharam. Me contem sobre suas teorias. Deem dicas, sugestões. E se virem o vídeo, digam o que acharam!
E eu sei que não tenho respondido os comentários, mas eu leio todos, e pretendo tirar algumas horas apenas para respondê-los!
Ah, se tudo der certo este primeiro Arco deve acabar em mais dois cap. E para os leitores de Cielo, GOMEN! Sinto muito pela demora, já estou trabalhando nisso e prometo um capítulo 'estendido' para recompensá-los pela longa espera!
Então, não esqueçam dos comentários! Ciao, ciao!