Vongola Sky escrita por Selene L Tuguert


Capítulo 5
Especial de Natal/Ano Novo - parte 2


Notas iniciais do capítulo

Happy New Year, minna-san ^^
Bem, eu sei que prometi postar a 2ª parte do cap. só amanhã, mas eu acredito que ninguém vai se importar muito que eu estou adiantada >.



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ESPECIAL: CHANCES PERDIDAS II

A vida é feita de momentos, tanto alegres quanto tristes. E de uma forma ou de outra, nossas escolhas moldam esses instantes preciosos que teremos. É por isso que uma escolha mal feita pode significar um momento a menos ao lado de quem é importante para nós. Pois nunca se sabe quando nossas chances terão se esgotado e o que amamos partido.

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Véspera de Ano Novo – Namimori

Passava pouco das duas da tarde de um domingo repleto de neve. Havia tido uma forte nevasca três dias após o Natal e as camadas brancas continuam a cobrir o chão como um imaculado manto branco. No parque, cercado por árvores quase ou completamente sem folhas, ou simplesmente cobertas de gelo, uma figura solitária caminha sem rumo, os fofos cabelos castanhos, sem ao menos uma toca para protegê-los, são eventualmente revolvidos pela brisa gelada.

Parando um pouco de andar, Tsuna tira as grosas luvas de couro negro que mantinham suas mãos aquecidas e imediatamente o frio penetra sua pele. Fechando os olhos e inclinando a cabeça para cima em direção ao céu parcialmente coberto por nuvens cinzentas, o jovem Boss toma no ar gelado. Por algum motivo o frio lhe lembra do vazio instalado em seu peito, que faz seu coração pesado e dolorido desde que seus Guardiões, sua família decidiu que sua presença os incomoda e lhe viraram as costas deixando-o sozinho.

No passado ele era nada além de um completo perdedor solitário. Tsuna era consciente de que mesmo sua carinhosa mãe já estava perdendo suas esperanças de que ele pudesse fazer algo com sua vida, afinal ele era um fracasso incapaz até mesmo de fazer um único amigo. Ele era uma vergonha, fadado a viver sozinho. Mesmo ele havia aceitado esse fato. Até Reborn invadir sua vida e explodir qualquer resquício de normalidade de seus dias entediantes, sem aviso arrastando-o para lutas perigosas e treinamentos espartanos. E antes que ele percebesse a insanidade e o caos haviam se tornado sua nova e apreciada rotina, e com a vinda do tutor sádico ele também ganhou amigos. Logo, ele já não era mais a desculpa patética de um ser humano, ele era alguém e tinha uma família para cuidar e proteger e que estava disposta a apoiá-lo em qualquer que fosse o caminho que ele escolhesse – ou foi o que ele pensou.

Por que eles o deixaram? Por que os laços, que deveriam resistir a tudo, começaram a se romper? Onde a confiança que deveria ser mútua foi parar? O que mudou desde aquele tempo em que se conheceram, no qual promessas foram feitas? Por que eles pararam de vê-lo como um amigo e sua família, como alguém que os ama e está disposto a protegê-los com tudo que tem, e que sem hesitar abriria mão de sua própria vida se esse fosse o preço para mantê-los seguros?

Por que eles começaram a trata-lo como um estranho a ser desprezado, algo a ser temido e um incômodo a ser evitado? Se eles não planejavam estar ao seu lado para sempre através do que fosse, por que prometê-lo em primeiro lugar? Ou isso era só para que a punhalada em seu peito doesse mais? Se eles não estavam dispostos à aceita-lo e compreendê-lo, por que segui-lo? Por que dar-lhe o calor e alegria se pretendiam abandoná-lo no frio vazio? Será que eles nunca perceberam que o maior medo de seu chefe não é realmente morrer ou qualquer outra coisa que o submundo ou a vida possa infringi-lo, e sim a amarga solidão? Pois até descobrir como alguém que tem amigos e uma família realmente se sente, ele nunca havia percebido o quão solitário ele havia sido. E ser lançado na solidão novamente machuca. Machuca muito. Faz seu coração sangrar.

Uma vez mais o vento gelado bagunça seus cabelos castanhos, enviando um calafrio por todo seu corpo, mas Tsuna não se perturba, sua mente está muito nublada com pensamentos para se importar com a temperatura. Com seu coração afundando dolorosamente um pouco mais com cada pergunta sem resposta, que insistem em afogar seu cérebro sobrecarregado de problemas, o jovem Don pressiona as mãos em punhos ao sentir as lágrimas reunirem-se na borda de seus olhos novamente, enquanto um nó se forma na sua garganta começando a ficar ressequida.

Ele não sabe quanto tempo se passou desde que chegou aqui. Perdido em seus pensamentos ele também perdeu completamente a noção do tempo. Da mesma forma, ele não sabe ao certo quando o frio começou a engolir seu corpo expulsando o fraco aquecimento que as poucas peças de roupa que vestiu lhe fornecem. Tsuna apenas precisava de ar, de espaço, por isso saiu sem um cuidado maior sobre o que usava. O jovem Don não conseguia mais ficar em sua antiga casa se forçando a estampar uma fachada tranquila, a mascarar sua dor usando uma expressão suave e alegre quando por dentro seu peito estava doendo e suas emoções uma bagunça completa.

Além disso, mesmo que sua mãe não fosse capaz de perceber seu desconforto – e nem devesse – seu pai esteve lançando-lhe irritantes olhares de soslaio desde que se encontraram no aeroporto pela manhã. Iemitsu pode ter sido uma negação como marido devido às prolongadas ausências, e pelo mesmo motivo ser tudo menos o modelo ideal de pai, mas o homem foi o líder do CEDEF e o segundo em comando na Famiglia por anos, e também possuí a Hiper Intuição dos Vongola, embora a sua como a do Nono e dos outros chefes antes dele não chegam nem aos pés da intuição de Tsuna, classificada como tão ou mais elevada do que a do próprio Primo. Logo, era óbvio que o homem iria perceber a tensão emanando de seu filho. E tudo isso só minou ainda mais seu estado psicológico, levando-o ao lugar em que se encontra agora - após vagar sem rumo pelas ruas menos movimentadas de Namimori até parar no parque.

Ainda afogado em seu oceano de pensamentos, subitamente sente um reconfortante calor envolver sua mão direita, estranhamente enviando uma onda de conforto até seu peito, algo que ele já não sente há um bom tempo, na verdade, tempo de mais para seu coração dolorido. Imediatamente estalando os olhos abertos, Tsuna volta-se para a fonte do calor, e inclinando a cabeça para baixo seus orbes castanhos-avelã se reúnem com caramelo-mel que refletem preocupação, enquanto os pequenos dedos quentes pressionam os seus gelados. Ele não precisa olhar para saber que suas unhas já devem ter adquirido um tom escuro devido à queda da sua temperatura corporal - não é como se ele se importasse com isso depois de tudo, caso contrário teria mantido as luvas que Reborn lhe lançou, quando passou pela sala onde o Arcobaleno e Bianchi estavam enfiados sob o kotatsu devorando algo que sua mãe preparou e bebendo café expresso.

— Kyoko-chan. – o nome sai quase num sussurro de seus lábios, enquanto seu olhar instantaneamente suaviza um pouco, ele estava tão perdido em seu próprio mundo que mal havia registrado a presença iluminada da jovem, Reborn certamente o torturaria mais em seus treinos se soubesse que estava de guarda baixa mesmo que por um único segundo.

“Nunca baixe a sua guarda, dame-Tsuna. Você nunca sabe quando um inimigo pode atacar.” – uma vez mais a advertência do Arcobaleno soa em sua mente.

— Tsu-kun, você não deveria ficar aqui fora no frio com pouca roupa e sem luvas. Sua mão está gelada. Você pode pegar um resfriado por ficar assim! – repreende a jovem, enquanto uma leve coloração avermelhada começa a cobrir suas bochechas, se devido ao frio ou não Tsuna realmente não sabe, tudo o que importa é que a bela e doce Kyoko continua gentil.

— Desculpe, eu vou colocar as luvas novamente. – avisa, abrindo um suave sorriso tranquilizador e mascarando suas emoções conflitantes, ele não quer preocupa-la com seus problemas, afinal foi exatamente para mantê-la longe deles que ele se afastou indo morar na Itália; arrastá-la para seu mundo escuro só irá macular sua bondade e isso ele jamais se permitiria fazer, ao menos seu amor deve ser capaz de fugir do submundo, mesmo que lhe seja doloroso não poder ficar ao lado dela.

Com a resposta, Kyoko assente com um sorriso de sua própria autoria, sentindo as bochechas corar um pouco mais e, finalmente, percebendo que suas mãos ainda envolvem a dele. Com delicadeza ela solta a sua mão e o observa colocar as luvas negras. Ele está ainda mais alto do que da última vez em que se viram, um ano atrás. Atualmente ela mal atinge a altura de seus ombros, que também se tornaram mais largos. Seu rosto também amadureceu um pouco mais, embora ele já não fosse o garoto fofo desde o ensino médio, agora os traços haviam se tornado ainda mais nítidos.

Hana uma vez havia lhe dito que se as garotas fossem espertas iriam capturar Sawada enquanto ele ainda era jovem e passava despercebido pela população feminina, pois ele sem dúvidas seriam um ‘destruidor de corações quando adulto’. Kyoko se lembra de não entender o que sua melhor amiga queria dizer, afinal era estranho de mais ouvir alguém que sempre se referia aos meninos como macacos dizer que um deles destruiria corações. Mas desde aquela época ela começou a prestar ainda mais atenção, não apenas na forma de agir de Tsuna, algo que por si só já a encantava e a atraía para ele como um Sol para o Céu, e começou a realmente vê-lo, e então lhe bateu como uma poderosa rocha o significado daquelas palavras – Tsu-kun estava se tornando um homem deslumbrante, alguém que facilmente arrancaria o fôlego das mulheres.

Porém, não foram apenas os belos traços mais maduros que chamaram sua atenção. Assim que o avistou - no frio congelante, de pé, sozinho no meio do parque, cercado de neve e usando apenas um casaco longo e negro por sobre uma camisa fina cinza quase chumbo, com um colete branco e calças igualmente negras - algo em sua expressão parecia gritar dor, abandono. Mas tão logo ele a viu, aquela expressão sumiu como se jamais estivera lá e ele sorriu como sempre faz. E isso a fez pensar que talvez aquele olhar triste que brilhou naquela bela face foi apenas sua impressão. Embora algo em seu coração pareça querer discordar de sua mente.

— Estou feliz que eu o achei, Tsu-kun. – comenta quando ele a oferece o braço, que ela prontamente aceita e os dois começam a caminhar pela neve.

Com o passar dos anos eles haviam se aproximado muito, logo, ações como essa já não era algo estranho ou constrangedor para ambos. Talvez fosse o fato de que Tsuna não parecia mais tão nervoso ao seu redor, e sua aura agora fosse confiante ao contrário da timidez retraída que ele tinha quando começaram a conviver, que o fez se abrir mais para ela. Ou talvez fosse porque ela mesma havia tentado se aproximar dele sempre que podia, que os levou a tais liberdades tão apreciadas. Era engraçado quando se lembrava do passado, dos tempos de escola, se não fosse por aquela estranha declaração que levou seu antigo senpai e Tsu-kun a duelarem por ela, Kyoko talvez jamais tivesse se aproximado do garoto desajeitado que era desprezado por todos, e ela teria perdido a chance de conhecer essa pessoa incrível que faz suas pernas sentirem-se levemente bambas sempre que pensa nele, ou seu coração aquecer e acelerar sempre que o vê.

Da mesma forma, se ela nunca tivesse se aproximado dele naquele dia, ela não teria sentido seu peito apertar dolorosamente quando ele lhe disse que iria morar na Itália junto com os outros, incluindo seu irmão. Ela não sentiria tanta tristeza por só vê-lo uma vez ao ano, ou um aperto no coração sempre que ele vai embora e a deixa para trás, mesmo que no fundo ela saiba que ele está fazendo isso para protegê-la. Se apenas Tsuna pedisse, Kyoko deixaria tudo, sua vida pacata, sua rotina entediante, seus sonhos bobos, sua segurança, e iria junto com ele sem pensar duas vezes. Ela sabia que Hana estava certa em dizer que Tsu-kun se tornaria um destruidor de corações, ela só não havia percebido que já naquela época ele havia conquistado o seu coração.

— Você estava me procurando? – indaga lançando-lhe um olhar levemente curioso, enquanto a conduz rumo à saída do parque.

— Sim. Eu soube pelo onii-chan que você estava na cidade e fui até a sua casa, mas você não estava. Então Reborn-san me disse que você deveria estar por aqui. Parece que Reborn-san realmente conhece você bem, Tsu-kun. – comenta abrindo um sorriso divertido para o jovem Don.

— Ah, como típico de Reborn para saber onde eu estou mesmo sem que eu o avise. – fala liberando um suspiro resignado com o pensamento de seu tutor espartano, sádico e também seu conselheiro, por quem tem mais consideração do que seu classificado biológica e legalmente pai, mesmo que Tsuna jamais vai admitir em voz alta seu carinho pelo Hitman, e o mais próximo de uma figura paterna que possui, Reborn o encheria de buracos de balas por ser um chefe da máfia tão coração mole – O que você queria falar comigo? – questiona, enquanto deixam o parque ganhando as calçadas igualmente cobertas de branco.

— Eu queria agradecer pelo presente. Onii-chan me entregou e me ajudou a montar. Eu realmente gostei muito. – responde abrindo um sorriso ainda maior – E eu também queria lhe entregar o seu. Feliz Natal atrasado, Tsu-kun! – completa estendendo uma pequena sacola de papel com decorações natalinas para o jovem Boss.

Tsuna pisca olhando entre o rosto sorridente e levemente avermelhado de Kyoko e o pacote que lhe é entregue. Os dois haviam parado de andar, já próximos ao centro comercial de Namimori, instantaneamente atraindo olhares curiosos dos transeuntes – não é todo dia que uma moradora local é vista com um deslumbrante estrangeiro com porte elegante e finamente vestido, afinal, Namimori ainda é uma cidade pequena, mesmo com todos os novos investimentos vindos do exterior feitos na área, principalmente nos últimos três anos.

Abrindo a embalagem com cuidado, Tsuna sente seus lábios formarem um sorriso, um como há dois longos meses ele não se encontrou sendo capaz de sorrir.

— Obrigado, Kyoko-chan. É lindo.

— Parece que eu acertei em lhe dar este presente, pois está frio e você está com pouca roupa. Isso deve ajuda-lo a ficar mais quente. – fala, tomando o cachecol das mãos do Don Vongola e colocando-o ao redor do pescoço do mesmo – Eu estava certa, laranja combina mesmo com você, Tsu-kun! – exclama feliz observando-o, enquanto Tsuna sente o calor da lã aquecer um pouco mais seu corpo.

— Deve ter dado muito trabalho para você fazê-lo. – comenta encontrando os orbes caramelo-mel da jovem, que imediatamente fica um pouco mais corada.

— Moo, Tsu-kun, deveria ser um segredo! Foi o onii-chan quem lhe contou? – reclama ela desviando o olhar, e perdendo o brilho doloroso que perpassa o rosto do Décimo com a menção de seu extremo Guardião do Sol, que em dois meses não trocou mais do que um punhado de frases forçadas com ele.

— Desculpe, foi apenas um palpite. De qualquer forma, ele é lindo e eu me sinto muito mais quente. Obrigado. – ouvindo-o, Kyoko sorri uma vez mais desde que se encontraram, e Tsuna tem certeza de que embora o céu esteja nublado, ele tem o seu próprio sol ao seu lado – Agora, o que acha de eu pagar-nos um chocolate quente? – questiona apontando para uma das muitas lojas na rua.

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Enquanto esperam as bebidas quentes, Kyoko aproveita para pedir uma fatia de um dos muitos bolos disponíveis para os fregueses. Sentado sozinho, e como sempre ignorando os olhares e suspiros que lhe são lançados tanto pelas freguesas quanto pelas funcionárias, Tsuna vagueia os orbes para fora do vidro, uma vez que a mesa escolhida pela jovem fica junto à frente do café. Lá fora as pessoas passam de um lado para o outro, sozinhas, acompanhadas, aproveitando o ar gelado ou com pressa para sair do frio. Ainda observando, seu olhar para sobre um grupo de adolescentes. Há um mais alto com um sorriso bobo estampado no rosto, um dividido entre uma carranca e uma expressão radiante, enquanto parece ralhar com o mais alto, que apenas ri alegre e alheio. No meio dos dois há outro garoto, o menor de todos, ele parece um pouco exasperado com a discussão, mas em seus lábios há um sorriso e seus orbes refletem pura felicidade.

— Tsu-kun? – a voz de Kyoko o arranca de seu torpor.

Piscando e fixando seu olhar sobre a garota, Tsuna encontra um rosto preocupado o encarando. A bela jovem já estava sentada do outro lado da mesa, a sua frente há um prato com uma fatia de bolo, até as bebidas já foram servidas e ele nem mesmo havia percebido a presença da atendente. Só o quanto ele havia espaçado? Ele havia baixado sua guarda novamente. Mesmo que Namimori seja uma cidade quase excessivamente tranquila devido a presença de um certo ex-prefeito, isso não muda o fato de que ele ainda é um chefe da máfia, o Don da maior e mais poderosa Famiglia do submundo, o que, inevitavelmente, coloca sua cabeça no topo da lista de todas as outras Famiglias rivais, e ele está vagando pelas ruas sem manter devidamente a sua guarda e sem um único Guardião para ajuda-lo em caso de problemas. Com tais pensamentos sombrios enchendo sua mente novamente, ansiosamente o olhar de Tsuna busca o grupo de adolescentes outra vez, só para deparar-se com o vazio.

Talvez eu esteja apenas alucinando... – pensa, enquanto seus olhos perdem um pouco mais do fraco brilho que ainda mantêm.

Subitamente uma mão quente e reconfortante é depositada sobre sua testa lembrando-o de sua companhia atual. Estalando sua atenção de volta para a bela jovem, Tsuna não consegue evitar um leve rubor de surgir em sua face ao perceber a situação em que se encontra. Kyoko estava inclinada sobre a mesa checando a sua temperatura. O jovem Don pode jurar que ouviu suspiros e gritinhos vindos de algum lugar no café.

Apenas o que parecemos para o público?– o pensamento só faz piorar seu rubor.

— Você não está com febre, mas está gelado, Tsu-kun! – afirma ela soando como uma mãe ralhando um filho, só então Kyoko parece perceber suas ações e, com um tom de vermelho mais escuro do que o de Tsuna, volta a sentar-se, imediatamente enfiando um pedaço de bolo na boca tentando disfarçar seu embaraço, porém, não desviando seu olhar reprovador do jovem Don.

— Desculpe? – mentalmente o Décimo se contrai, suspirando exasperado, afinal agindo desta forma estúpida ele quase parece seu eu da época em que Reborn entrou em sua vida e literalmente atirou para fora dele tais ações.

— Neh, Tsu-kun. O que está acontecendo? – ela rompe o breve silencio que se formou entre os dois, depois de tudo parece que eles ainda não superaram totalmente a barreira dos constrangimentos.

Ao ouvi-la Tsuna encontra seus orbes caramelo-mel, e instantaneamente sua Hiper Intuição chuta sua cabeça reconhecendo o real significado por trás desta simples pergunta. Em seu estômago o nó só aumenta um pouco mais. Ele realmente esperava não ter de responder este tipo de pergunta.

— Onii-chan parece distante e mais fechado. Mesmo que ele finja que não há nada o incomodando, eu ainda consigo ver que ele não está me dizendo a verdade. E Yamamoto-kun, ele também parece um pouco estranho. Quero dizer, talvez seja só a minha impressão, mas o sorriso dele não parece corresponder ao olhar que ele tem. Haru-chan concorda comigo sobre isso. E também, vocês passaram o Natal separados, não foi? Antes vocês nunca ficaram separados. – prossegue ela, enquanto Tsuna luta para não deixar sua fachada serena quebrar-se em incontáveis pedaços – E agora a pouco... – ela hesita mordendo levemente o lábio inferior – Agora a pouco você tinha este olhar. Só... O que está acontecendo, Tsu-kun?

Por alguns segundos Tsuna analisa a garota a sua frente, ele pode ver no brilho de seus olhos a necessidade dela de ouvi-lo dizer a verdade. Necessidade que está além de suas capacidades no momento.

— Não se preocupe Kyoko-chan. Nós somos uma família, então nós somos capazes de resolver qualquer que seja o problema. – responde sentindo uma pontada de amargura apunhalar seu coração, mesmo ele já não tem tanta certeza sobre suas próprias palavras.

É em momentos assim que sua fachada de chefe, que Reborn com tanto empenho cravou em sua mente nas muitas horas extras de treinamento espartano, torna-se útil, pois ela serve para encobrir toda a massa de emoções conflitantes dentro dele e dá-lhe uma aparência externa serena; mas às vezes também o faz odiar-se por saber que está inegavelmente mentindo. Porém a resposta parece servir ao seu propósito, uma vez que o sorriso retorna aos lábios de sua doce Kyoko, que assente com a cabeça e volta a desfrutar do seu bolo.

Sorvendo de sua bebida, que envia uma onda agradável de calor para seu corpo, Tsuna decide guardar toda a confusão de emoções oprimindo o seu peito no fundo da sua mente, e tentar concentrar-se apenas em aproveitar tão rara oportunidade que é a chance de passar algum tempo ao lado de sua amada. Afinal ele perdeu seu sorriso e sua companhia ensolarada quando mudou-se para a Itália. Às vezes a vida só não é justa.

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Após cerca de meia hora de uma agradável conversa no café, Tsuna encontra-se acompanhando Kyoko até a sua casa. Está mais frio do que antes e alguns flocos de neve começam a cair, piorando a sensação térmica ao ponto em que o jovem Don começa a ter dificuldade para continuar ignorando. Se ele não se agasalhar logo, um resfriado vai ser o menor dos seus problemas quando comparado ao que Reborn fará com ele caso fique doente. O Décimo já teve uma febre no Natal, se tiver outra agora ele certamente vai ter seu treinamento/tortura duplicado – escusado dizer que o simples pensamento lhe envia um calafrio pelo corpo, obviamente não devido ao frio.

— Eu me divertir bastante, Tsu-kun. – comenta a jovem sorrindo, quando alcançam o portão de sua casa.

— Ah, eu também Kyoko-chan. É sempre agradável passar algum tempo com você. – fala com um olhar suave, a presença dela parece ter entorpecido um pouco o caos na sua mente e ao mesmo tempo aqueceu seu coração, mas se o chute de sua Hiper Intuição significa qualquer coisa, sua súbita calmaria não vai durar.

— Kyoko, você extremamente voltou! – exclama Ryohei surgindo na porta, usando um dos seus uniformes esportivos ao contrário do terno que costuma vestir, sua expressão imediatamente escurecendo um pouco ao seu olhar tomar na companhia de sua irmã.

— Onii-chan, como foi sua corrida? – questiona ela voltando-se par o Guardião, alheia a atmosfera mais pesada envolvendo Sol e Céu.

— Ah, foi uma corrida extrema! – responde bombeando um punho no ar – Agora, Kyoko, por que não faz um pouco de chá? – pede em um tom mais calmo.

— Claro. Tsu-kun, o que acha de ficar para tomar um chá? Está tão frio aqui fora, vamos entrar. – convida com um olhar levemente esperançoso, encarando os orbes castanhos-avelã de Tsuna.

— Kyoko, estou certo de que Sawada deve ter outras coisas extremamente mais importantes para fazer. – fala Ryohei não dando espaço para o Décimo responder, enquanto lançando um olhar para o chefe, que Tsuna dolorosamente compreende o significado.

— Eu agradeço o convite Kyoko-chan. Mas já está ficando tarde, e eu ainda tenho algumas coisas para fazer. – agradece, forçando um sorriso nos lábios, que espera não traia suas emoções, ele não sabe até quando vai ser capaz de manter a sua fachada intacta.

— Está bem então. – concorda ela, e antes que Tsuna possa reagir, o jovem Don encontra-se preso em um suave e quente abraço - Adeus Tsu-kun! Vemo-nos amanhã. – despede-se ela, afastando-se e corando ao perceber o que fez de impulso, ainda assim feliz pelo sentimento que a levou a abraça-lo.

— Adeus, Kyoko-chan. – responde abrindo um pequeno sorriso, desta vez um que não é forçado, ao mesmo tempo em que sua Hiper Intuição chuta a sua cabeça um pouco mais forte, de alguma forma esta despedida soou desagradavelmente definitiva aos seus ouvidos.

Com um aceno a jovem adentra a casa deixando chefe e Guardião sozinhos. Um breve silencio se forma entre os dois. Um silêncio desconfortável como todos os outros que tem surgido quando Tsuna fica próximo a seus Guardiões, principalmente quando se trata do seu Sol. Irônico que Sasagawa, que sempre foi o mais barulhento entre todos, é agora o mais silencioso ao seu redor e isso só o apunhala ainda mais.

— Okaa-san quer saber se vamos nos reunir lá em casa, como nos outros anos. Eu já pedi a Reborn para não fazer nenhum evento estranho desta vez, já foi suficiente aquele concurso ridículo durante a festa de Natal. – o moreno é o primeiro a quebrar o silêncio, enquanto arriscando um olhar para Ryohei, cuja expressão permanece neutra e distante, seus olhos nunca encontrando os seus, embora sua postura diga mais do que o suficiente – Feliz Ano Novo, onii-san. – prossegue após mais alguns segundos, que mais parecem uma eternidade, enquanto forçando um sorriso nos lábios ao perceber que seu Sol também não estará ao seu lado na passagem do ano, e, sem um segundo olhar, vira-se e vai embora.

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Dói. Seu coração dói.

Dos seus sete Guardiões, tudo que sabe sobre Chrome e Mukuro resume-se a um recado, deixado na caixa de mensagens do seu telefone pela metade feminina da Névoa, alegando que iriam passar o Ano Novo com Ken, Chikusa, Fran e MM, sem mais detalhes. Gokudera, que havia se encarregado de uma missão logo após o Natal, ligou avisando que devido a uma nevasca muito forte os aeroportos na Rússia foram todos fechados e não havia previsão de quando as pistas seriam liberadas, logo, ele não poderia vir. Ao menos desta vez Hayato não teve de arrumar uma desculpa para evita-lo. Lambo, por sua vez, aceitou vir com ele e Reborn para o Japão para poder ver a ‘mama’, Fuuta e I-pin, uma vez que os dois ainda residem em Namimori a pedido de Tsuna, em outras palavras, eles estão ignorantes ao que vem ocorrendo há cerca de dois meses dentro da família. Quanto a Ryohei, este já deixou claro a sua posição. Aquele olhar que o Sol lhe deu na porta de sua antiga casa significava apenas uma coisa: ‘você não é bem-vindo’.

Ah, como dói.

Tomando uma profunda respiração, enquanto luta para impedir que as lágrimas começando a acumular na borda de seus olhos corram por sua face, Tsuna lança um olhar para a tão familiar loja de sushi. Pressionando os punhos, ao mesmo tempo em que sente um arrepio de frio percorrer seu corpo, o Don hesita em entrar. Talvez ele devesse apenas ligar ao invés de vir pessoalmente, já foi ruim o suficiente com Ryohei.

Assim eu não preciso ver o olhar sombrio em seus rostos ao me verem chegar. – pensa amargamente.

Com outra longa respiração, Tsuna adentra a loja. Lá dentro tudo está exatamente como da última vez em que estivera aqui, mesmo a decoração não foi alterada. Há cerca de cinco fregueses, sendo três uma única família, com o frio as pessoas tendem a ir a locais que ofereçam outros tipos de pratos ou então ficam em suas próprias casas, ainda mais as vésperas do Ano Novo.

— Oh, Tsunayoshi-kun! – exclama o velho espadachim com um sorriso, ao vê-lo ainda na porta, o mesmo sorriso que há semanas não enfeita os lábios de sua Chuva, ao menos na sua presença Takeshi não sorri dessa forma mais.

— Ciao, Yamamoto-san. É bom vê-lo tão energético. – cumprimenta, parando junto ao balcão onde o homem corta com destreza e precisão um atum.

— Ah, este velho aqui ainda tem muita energia para gastar. – comenta com outro sorriso doloroso – E você parece ter ficado ainda mais alto. Quando você e Takeshi se tornaram amigos eu tinha minhas dúvidas de que você poderia realmente crescer. Ainda bem que você provou que eu estava errado. – prossegue com uma pequena risada.

— Mesmo assim, com exceção de Lambo, todos os outros ainda são mais altos do que eu, embora já não seja por uma diferença tão grande. – responde forçando sua voz a não vacilar na menção de sua família, afinal Yamamoto-san ainda é um espadachim experiente e com olhos afiados capazes de perceberem até mesmo pequenos detalhes, depois de tudo, foi dele que a Chuva herdou as habilidades naturais para ser o ‘imperador da espada’.

— Bom saber. De qualquer forma, imagino que você veio para falar com Takeshi. Oi, Takeshi, você tem visita! – grita Tsuyoshi para a porta aos fundos antes mesmo que Tsuna possa responder-lhe.

— E quem seria? – indaga o Guardião surgindo na porta, seus orbes caramelo varrendo o restaurante e estreitando ao pousarem em seu chefe– Ah, Tsuna.

— Olá, Takeshi. – cumprimenta, sentindo seu peito doer ainda mais com a falta de emoção na voz de sua Chuva tranquila – Será que podemos conversar? – prossegue, lutando para manter sua fachada serena no lugar.

— Por que não sentam em uma das mesas vagas enquanto eu preparo um pouco de sushi? – sugere Tsuyoshi, percebendo a leve tensão ao redor dos dois jovens.

Desde que Takeshi veio para o Natal ele tem observado a aura mais sombria envolvendo-o, mas como é habitual em seu garoto não compartilhar de seus problemas, preferiu deixa-lo sozinho e esperar até que ele esteja disposto a falar. E a julgar pela reação de ambos, ao que parece às coisas na família não andam tão bem. O espadachim só espera que seu filho não faça nada estúpido. Nenhuma escolha que o fará se arrepender pelo resto da vida.

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Assim como antes, com Ryohei, Takeshi evita olha-lo nos olhos e um desconfortável silêncio se forma entre os dois. É como se há um muro entre eles, uma barreira que Tsuna não sabe ao certo como se formou ou como derrubá-la. Desde que sua família começou a evita-lo sem lhe dar uma explicação clara dos motivos, embora o jovem Don tenha suas suspeitas do que pode ter provocado isso – por mais que lhe doa admitir, Kyoya estava certo em sua afirmação - em cerca de dois meses inúmeras foram suas tentativas de se aproximar, de tentar manter os laços firmes e intactos, de fazê-los falarem, de fazê-los confrontá-lo, de leva-los a dizerem o que os estava perturbando. Porém todos os seus esforços foram recebidos com ainda mais indiferença e rejeição, ao ponto em que eles começaram a evitar permanecer na mansão, algo que fez seu coração começar a se rasgar lentamente.

— Por que você veio Tsuna? – Takeshi finalmente parece cansado do silêncio, enquanto uma parte da mente do jovem Don lhe sussurra que não foi do silêncio que seu amigo cansou, e sim de sua presença.

— É véspera de Ano Novo, okaa-san quer saber se vamos nos reunir lá em casa, como nos outros anos. – responde, sentindo-se quase fraquejar no olhar frio que a Chuva possui ao invés do sorriso sempre alegre e tranquilizante, que sempre ajudou a diminuir sua angústia por ter de carregar o fardo de liderar uma Famiglia da máfia, mas ao que parece a culpa dessa tranquilidade ter se diluído é unicamente sua.

— Eu já disse ao pai que vou ficar em casa este ano. Diga a sua mãe que eu agradeço o convite. – fala de forma plana, ainda sem encara-lo – Aproveite o sushi, pai guardou um peixe especialmente para você quando soube que você viria para Namimori. – prossegue levantando-se.

— Takeshi. – ao ouvi-lo o Guardião para – Você pode me fazer um pouco de companhia? – Tsuna tem certeza de que sua voz soou mais carregada de emoção do que esperava, mas ele simplesmente não pode evitar a pequena faísca de esperança que acendeu em seu peito.

Talvez os laços ainda não tenham corroído a um ponto sem volta. – sua mente sussurra desejosa.

— Desculpe Tsuna. Eu tenho algumas coisas para arrumar. – responde virando-se e saindo, sem perceber levando com ele a última gota de esperança que seu Céu ainda tinha.

Depois disso, tudo passou quase como um borrão. Tsuna se lembra de forçar algum sushi em sua garganta apertada e dolorida, e após algumas rápidas palavras trocadas com Tsuyoshi ele estava vagando pelas ruas frias novamente. Sua mente completamente vazia. Não havia nada, apenas o branco como a neve nas calçadas preenchendo seus pensamentos. De alguma forma isso acabou por ser algo bom, afinal sem pensamentos rasgando seu cérebro, a dor apertando seu peito se tornara anestesiada.

Tsuna já havia se afastado duas ruas quando ao dobrar uma esquina esbarra em alguém. Imediatamente saindo do seu torpor, o Decimo agarra o corpo, relativamente menor do que o seu, com um braço e com o outro pega as duas grandes caixas que a presença, agora familiar, estava carregando. Um surpreso ‘Hahi’ confirma o que sua Hiper Intuição havia reconhecido.

— Isso foi dangerous desu! – exclama a jovem ainda atordoada, com o impacto do esbarrão ela esperava uma queda no chão que estranhamente nunca chegou.

— Haru. – só então a jovem percebe o braço segurando-a protetoramente contra o peito, e, reconhecendo a voz, ergue os olhos encontrando uma bela face pálida e orbes castanhos-avelã encarando-a com uma expressão que não consegue interpretar corretamente.

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— Então Gokudera-kun também deixou Tsuna-san sozinho. – resmunga Haru após ouvir um breve resumo açucarado da situação entre o Céu e seus Guardiões, enquanto os dois caminham em direção a casa dela com o Décimo carregando as caixas – Como aquele cabeça de polvo pode se considerar o braço direito quando deixa seu chefe sozinho! – prossegue ela com os olhos brilhando de irritação.

— Como eu disse, ele não teve outra opção. De qualquer forma, Lambo e Reborn estão comigo. – fala tentando aplacar a ira da jovem, embora no fundo esteja um pouco feliz que Haru se importe tanto com ele, uma vez que seus Guardiões parecem não se preocuparem mais com sua existência.

É engraçado pensar que sempre que ele esteve em momentos difíceis onde sua mente estava um caos, foram Kyoko-chan e Haru quem surgiu para trazer algum equilíbrio ao seu mundo. Justo elas que sempre são mantidas alheias aos problemas e perigos, são aquelas que mais os confortam. E isso de alguma forma o faz sentir-se culpado por mantê-las no escuro e ainda buscar conforto em suas palavras amáveis e gentis. Talvez conviver com o submundo esteja finalmente manchando seu coração.

— Oh, Tsuna-san está usando o presente da Kyoko-chan! – exclama ela ao finalmente perceber o cachecol laranja – Mas Tsuna-san está vestindo poucas roupas para o frio que está fazendo. Você vai acabar pegando um resfriado, desu! – afirma lançando-lhe um olhar reprovador.

— Desculpe. E você não é a primeira a me dar este discurso, eu já o ouvi da Kyoko-chan. Mas está tudo bem, eu logo vou voltar para casa e tomar um banho quente e me agasalhar. – fala, forçando um sorriso que sai ainda mais fraco do que os anteriores que deu durante o dia.

— Não está tudo bem não! Aqui, Tsuna-san. É o presente de Natal da Haru. – fala ela retirando um pacote de dentro da bolsa e estendendo-lhe – Eu ia na sua casa entregar, mas esqueci que tinha que pegar os bolos na loja. Então vou dar agora. – comenta tomando as caixas das mãos de Tsuna para que ele pegue o presente.

Abrindo o pacote cheio de fitas, seus olhos encontram um suéter bege, claramente feito à mão. Uma vez que Haru havia superado um pouco da sua obsessão por fazer fantasias estranhas, ela começou a costurar roupas, belas roupas. E logo que se formou na escola uma loja a contratou para que fizesse modelos exclusivos. E com um empurrãozinho de Tsuna as roupas também chegaram às mãos de um estilista renomado no Japão, e Haru tornou-se sua aprendiz e já está preparando sua própria marca de roupas com a ajuda de Kyoko, e eventualmente mesmo Bianchi as ajuda - quando ela visita a mãe de Tsuna, uma vez que a Veneno de Escorpião se apegou a doce Nana.

— É lindo. Obrigado, Haru. – agradece, desta vez com um sorriso verdadeiro.

— Agora coloque-o. Antes que pegue mais frio!

Suspirando resignado, Tsuna retira o casaco e o cachecol, imediatamente um calafrio percorre seu corpo. Estremecendo um pouco, o Decimo veste o suéter sobre o colete - hoje, por uma rara exceção, ele não está usando paletó ou gravata. Sempre que está em sua velha casa o jovem Don opta por roupas um pouco mais casuais, embora ele tenha de admitir que se acostumou ao paletó muito mais rápido e facilmente do que imaginou ser possível, fato que arrancou um sorriso sádico do seu tutor espartano.

— Tsuna-san deve cuidar mais de si mesmo. Se um chefe fica doente, quem vai cuidar dos outros?! – ela repreende.

— Ah. Você está certa, Haru. – concorda com um leve aceno de cabeça, recebendo um sorriso de volta, que acaba por aliviar um pouco a angústia e tristeza dentro do seu peito, mesmo que seja apenas temporariamente.

É responsabilidade do Céu entender e proteger. Embora aqueles que ele tem de entender e proteger já não se preocupam mais com ele... – pensa, enquanto os dois voltam a andar.

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Depois de acompanhar Haru até a sua casa e despedirem-se, Tsuna toma o caminho para seu antigo lar. Ele não precisa da sua intuição para saber quem o está esperando, escorado no muro junto ao portão.

— Parece que seu passeio não foi tão bom. – comenta o Arcobaleno assim que Tsuna se aproxima, percebendo que o brilho naqueles orbes castanhos-avelã diminuiu ainda mais em comparação com horas antes.

— Você pode dizer isso. Embora eu encontrei Kyoko-chan e Haru.

— Eles não virão, não é. – um olhar vazio é toda a resposta que recebe e é mais do que o suficiente para compreender - Mama estava preocupada com sua demora. – prossegue decidindo mudar o assunto, enquanto permite a fedora do chapéu encobrir seu olhar escuro, os pirralhos estão demorando muito para se entenderem e por causa disso seu dame-aluno só está se machucando mais a cada dia que passa.

— Ah. – murmura em compreensão, lançando um olhar para a casa na qual viveu boa parte da sua vida, onde até o ano anterior ele e sua família costumavam se reunir, de repente tudo o que Tsuna quer é virar as costas e ir embora, voltar para a Itália ou ir para qualquer outro local, ainda mais ao lembrar-se que seu pai pode resolver interroga-lo.

— Eu já disse a Iemitsu para deixa-lo quieto, mas não posso garantir que ele o fará. – comenta o Hitman ao perceber a hesitação em seu aluno – Você lida com chefes da máfia em uma base quase diária, apenas enfrenta-lo como você sempre faz, dame-Tsuna. – prossegue passando pelo jovem Don e entrando na propriedade.

Reborn... – pensa enquanto seus lábios se movem formando um quase sorriso. Depois de tudo ele ainda tem seu tutor espartano e sádico ao seu lado, que apesar de toda a tortura/treinamento que o obriga enfrentar, verdadeiramente se importa com seu bem estar, e provavelmente é a única pessoa que nunca vai abandoná-lo.

Após outra longa respiração, Tsuna entra na casa. Nana estava na cozinha preparando toneladas de comida como sempre, enquanto cantarolando alguma música que desconhece. Depois de um rápido ‘Tadaima’ e algumas palavras trocadas com sua mãe, ao mesmo tempo ignorando os olhares de Iemitsu, que por uma raridade estava fazendo algo útil além de comer e dormir – estava picando alguns legumes - o Don sobe as escadas para seu antigo quarto a fim de arrumar algumas roupas quentes e tomar um banho, o frio já está deixando seus dedos e pernas um tanto dormentes. No caminho é atacado novamente por Fuuta e I-pin, que quase o derrubam com outro abraço forte, bombardeando-o com perguntas. Com o canto dos olhos ele ainda pode ver Lambo se remexer desconfortável evitando contado visual, parado no corredor mantendo uma certa distância. E uma vez mais o punhal contra seu peito é cravado mais profundo em seu coração.

Depois de um relaxante banho, que devolveu a sensibilidade a seu corpo, e de vestir roupas mais quentes, Tsuna deixa seu quarto. O jantar foi tranquilo, ou o mais tranquilo que é possível quando se trata da família Sawada e seus agregados. Nana ficou triste ao saber que os amigos de seu filho não poderiam se juntar a eles este ano, mas não insistiu no assunto, e o Décimo sentiu-se grato por ela deixar a questão morrer, afinal seu coração já foi ferido além do suportável para um único dia, ele não precisa de novos lembretes de que sua família recusa-se a ficar na sua presença. Lambo só ficou porque os dois não eram os únicos no local, e, como horas antes durante o almoço, o Bovino sentou-se o mais distante possível de seu ‘nii-chan’.

Quanto a Iemitsu, por uma vez ele fez algo que elevou um pouco seu status com seu filho – o ex-chefe do CEDEF não o pressionou a falar, apenas lhe deu um tapinha nas costas e disse algo que sou nas linhas de ‘você pode sempre contar comigo’. E Tsuna teve de abster-se de revirar os olhos. Ouvir isso vindo do homem que deixou ele e sua mãe sozinhos por tanto tempo, mesmo que fosse por causa de seu trabalho e com a desculpa de mantê-los seguros, simplesmente era hipocrisia de mais. Afinal mesmo ele agora sendo o Décimo Vongola, o ‘todo poderoso’ como Mukuro gostava de provoca-lo – e atualmente a Névoa nem se dá mais ao trabalho de irritá-lo – ele ainda encontra tempo para visitar sua mãe. Iemitsu não pode realmente esperar que depois de tudo ele simplesmente abrisse seu coração e derramasse suas aflições para o homem como se sua relação pai e filho fosse uma das maravilhas do mundo.

E neste clima pesado, com a Décima Geração dispersa, um novo ano teve início.

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Hibari desembrulha sem muito interesse o pacote roxo, enquanto seu chefe observa seus movimentos com não disfarçada expectativa – escusado dizer que Kyoya não está satisfeito em ter alguém prestando tanta atenção a ele, mas relevando tudo o que vem acontecendo ao redor do onívoro recentemente, decide deixa-lo no gancho desta vez. Afinal, mesmo que a Nuvem pouco frequente a sede Vongola, não significa que ele não tenha conhecimento do que acontece na mansão - informação é sua função. Um pequeno elevar na sobrancelha é toda a reação que o ex-prefeito esboça ao ver o que havia dentro do pacote, e como sempre o Décimo compreende o significado por trás da ação, como o fantasma de um sorriso que surge em sua face indica. Depois de tudo, parece que os herbívoros irritantes tem feito um bom trabalho em quebrar o chefe de coração mole – não que ele realmente se importe com isso.

— Estou voltando para Palermo. – anuncia o Don, após beber o restante do chá que Kusakabe lhe serviu.

Após uma breve visita a base sendo construída no subsolo de Namimori pelo trio de gênios Vongola, para ver o desenvolvimento do trabalho, de discutir algumas melhorias com Shoichi e distribuir os presentes que ainda haviam ficado sem seus donos, Tsuna havia rumado para a sede da Fundação. Curiosamente ele é o único que tem autorização para transpor as grossas portas que formam a divisa entre as duas bases – ganhar o respeito da Nuvem distante tem suas vantagens.

— Hn. – resmunga em reconhecimento, enquanto desliza sobre a mesa uma pasta negra – As informações que você queria. – esclarece ao ver o leve olhar indagador no rosto do onívoro– O que está tramando, Sawada? – completa, fixando seu olhar sobre a figura sentada estilo oriental do outro lado da mesa, usando um terno risca de giz.

— Nada realmente. Apenas me certificando de algumas coisas. Tenho a sensação de que algo errado está acontecendo no submundo, eu só não sei o que é, e isso me deixa inquieto. – responde folheando as várias páginas com dados, gráficos e algumas fotos, enquanto a Nuvem estreita os orbes azul-cinzentos em sua direção – Está na minha hora, o jato parte em menos de meia hora. Feliz Ano Novo, Kyoya. – fala erguendo-se do chão e caminhando rumo à porta de correr - E, obrigado. – completa abrindo um fraco sorriso.

— Não volte a ser um herbívoro, Sawada Tsunayoshi. Não seria divertido morde-lo até a morte assim. – comenta estreitando os olhos ainda mais, um toque de aviso em sua voz.

— Ah. Pode deixar. – despede-se saindo da Fundação rumo ao aeroporto, acompanhado apenas por Reborn, enquanto uma vez mais durante a viagem sua Hiper Intuição chuta sua cabeça.

No aeroporto não há ninguém esperando por eles, as únicas pessoas que foram informadas de sua partida foram seus pais e os outros moradores da residência Sawada. Quanto a Lambo, ele havia preferido ficar em Namimori e retornar junto com Yamamoto e Ryohei – escusado dizer que o jovem Décimo não tentou se despedir dos dois Guardiões, seu coração poderia não suportar outra rejeição. Nem mesmo de Haru ou Kyoko-chan ele se despediu, elas também não foram informadas de sua partida, algo que foi decidido no dia anterior logo após o jantar. Ele simplesmente não conseguia mais ficar forçando-se em uma fachada serena, e usou a papelada acumulando sobre sua mesa como uma desculpa para retornar a sede Vongola na Itália. Reborn apenas lhe lançou um olhar escuro antes de cobrir sua expressão com a fedora do chapéu, mas não disse nada sobre a questão – fato que deixou o jovem Don agradecido por saber que ele pode sempre contar com a compreensão de seu tutor sádico e espartano.

E então, desconhecido para todos, apesar dos avisos silenciosos da Hiper Intuição na mente do Décimo, no momento em que Tsuna colocou seus pés no jato, o destino foi selado. Infelizmente para os Guardiões esta foi a última chance que tiveram de comemorar tais datas na companhia de seu Céu, pois no ano seguinte eles é que estariam sozinhos.

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Natal - um ano depois

A mansão está tranquila, exatamente como tem estado desde que ele se foi. Ao contrário do ano anterior, todos os Guardiões estão presentes na sede Vongola, mas tanto para a Famiglia quanto para a família, esta data está longe de ser festiva - como o choro descontrolado de um Lambo de treze anos trancado em seu quarto, tão dolorosamente lhes lembra. E não é apenas o pirralho Bovino que está sentindo-se destruído por dentro. Gokudera está sozinho sentado em uma cadeira no salão principal da mansão bebendo a sua segunda garrafa de vinho da noite. Depois de uma reunião, havia ficado decidido que eles celebrariam o Natal, por isso, mesmo com seus corações presos em seu luto prolongado, o grande pinheiro foi enfeitado assim como o restante da propriedade, porém nenhum deles tem qualquer espírito de comemoração, e logo cada um se isolou em uma parte da mansão para mergulharem em seus próprios mundos sombrios.

Yamamoto, incapaz de suportar as amargas lembranças ameaçando afoga-lo, enquanto lutando para afastar os pensamentos estúpidos da mente, busca aliviar sua tristeza treinando no dojo, onde já tem estado por quase cinco horas agora. Sua escolha não foi muito diferente de Ryohei, que após dar qualquer desculpa para sua irmã sobre suas ausências, decidiu ir para a sala de treinamento destruir os Gola-Moska, que Spanner havia construído para auxiliarem nas torturas que o Arcobaleno impunha para o Décimo e que ficaram sem uso depois que o Céu os deixou.

Sentada na beirada da cama de Lambo, Chrome desliza os dedos pelos cabelos ondulados do jovem Trovão tentando dar-lhe algum conforto, mesmo que ela também não o tenha, enquanto com o outro braço segura uma boneca de porcelana – seu presente de Natal do Boss, que ela havia rejeitado no ano anterior sem saber que seria a última coisa que receberia dele. Algumas lágrimas deslizam pelo seu rosto com a memória do presente. Ela havia visto a boneca – um artigo raro e de colecionador – durante um leilão em que compareceu junto com Bianchi, e ficou encantada com a beleza da peça, uma vez que sua infância não foi a mais alegre que uma criança poderia ter. Infelizmente ela nunca teve a chance de agradecer pela boneca, pois quando ela chegou a abrir o presente já fazia quase um mês que o Céu não estava mais com eles.

Mukuro, que decidiu juntar-se aos outros porque sabia que esse era o desejo de sua doce Chrome, que tem regredido ao seu eu de quando se conheceram - a morte de Sawada Tsunayoshi foi um choque para a metade feminina da Névoa – pressiona um Rei na mão, enquanto seus orbes bicolores permanecem fixos na cadeira vazia do outro lado da mesa, onde não raro teve divertidas partidas de xadrez com o chefe.

— Você sabe, eu não posso possuir um corpo morto, Sawada Tsunayoshi. – comenta para o vazio, por algum motivo sua risada assinatura não parece querer deixar sua garganta - Mas é claro, onde você está mesmo a minha voz já não lhe pode alcançar. – prossegue, jogando o Rei sobre o tabuleiro – Este não é um ‘xeque-mate’ divertido. – completa lançando um olhar para a peça caída sobre o tabuleiro, em seguida sai da sala.

Em um casarão antigo, em algum lugar cuja localização é conhecida por um número verdadeiramente muito restrito de pessoas, orbes negros observam os flocos brancos deslizarem no ar até tocarem o chão. Ao fundo os outros Arcobaleno conversam e bebem, afinal esta é sua casa, o lar dos ‘I Prescelti Sette’ desde o dia em que Checker Face os reuniu. Curiosamente, mesmo após tudo o que aconteceu desde que se tornaram Arcobaleno, esse casarão ainda é o mais próximo de um verdadeiro lar para todos eles - ainda mais agora que o Sol não pode mais estar junto ao Céu, mesmo que o Hitman jamais vai admitir isso de forma audível. Ele realmente perdeu a companhia de seu dame-aluno.

Diferente dos Guardiões estúpidos, que se reuniram na mansão para afundarem-se em suas amarguras, uma vez que finalmente perceberam o que conseguiram perder devido as suas escolhas, Reborn deixou os pirralhos sozinhos e decidiu passar a data em melhores companhias. Mesmo que o clima não seja tão festivo quanto costumava ser.

— Tanto expresso ainda vai lhe dar uma úlcera, Reborn. – comenta o loiro juntando-se ao Sol em frente à sacada, a porta de vidro impedindo o frio de penetrar no interior do casarão.

— Eu sou o maior Hitman do mundo. – proclama, como se isso por si só fosse motivo suficiente para justificar qualquer coisa, virando-se para sua nova companhia.

— Vocês dois, está na hora da troca de presentes. – avisa Lal, parando na frente da dupla com uma mão na cintura, por uma exceção hoje ela está usando um vestido azul marinho; Colonnello queria vê-la mais feminina nessas ocasiões.

— Dizem que as mulheres ficam feias e engordam após o casamento, mas isso não é verdade no seu caso, Lal. – comenta o Hitman, lançando um sorriso provocativo para a agente do CEDEF.

— Cale-se, Reborn! – rosna ela virando-se e marchando de volta para junto dos outros, um leve rubor espalhando-se por sua face enquanto amaldiçoando Colonnello por convencê-la a vestir-se assim, ao passo que o referido Arcobaleno estremece.

— Você, não deveria provoca-la. – comenta o loiro, enquanto o brilho mal nos orbes escuros do tutor apenas aumenta, logo os dois também se juntam aos outros.

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Ano Novo – Namimori

Hana entra na sala carregando duas canecas fumegantes e estende uma para Kyoko. As duas decidiram passar a virada de ano juntas, uma vez que Ryohei ligou avisando que novamente não iriam poder ir para o Japão, algo sobre ‘muito trabalho’. Haru também havia sido convidada, mas disse que não estava se sentindo muito bem e preferia dormir um pouco. Recentemente a jovem Miura tem estado meio distante e não raro é vista com os olhos marejados. Uma vez que isso começou logo após a visita de Gokudera, as duas assumiram que Haru tenha brigado com a Tempestade e não quer falar sobre o assunto, logo, nenhuma pergunta foi feita sobre a questão.

— Sawada pode ter sido um macaco durante a escola, mas ele sabe ser atencioso. – comenta apontando com a cabeça para o telescópio montado junto à janela.

— Tsu-kun sempre foi atencioso. Ele cuida de todos chegando a esquecer de cuidar de si mesmo. – fala olhando sonhadora para o presente que ele lhe enviou no ano anterior; observar as estrelas é um hobby que tem desde pequena – Queria poder olhar as estrelas com Tsu-kun... – sussurra para si mesma, esquecendo-se que não está sozinha e não percebendo o sorriso simpático nos lábios de Hana.

Algumas ruas depois da residência Sasagawa, uma jovem chora incontrolavelmente enquanto folheia um álbum de fotos. Após saber a verdade sobre Tsuna-san, tudo que lhe resta dele são as memórias e as muitas fotos dos tempos de escola, quando todos saiam juntos, riam e se divertiam. E agora tudo isso é passado, porque o Céu, que a todos abraça, não existe mais.

Quanto à sempre movimentada casa da família Sawada, o clima é um pouco menos alegre do que o habitual, pois ali apenas a pobre Nana não sabe o motivo real do seu filho não poder se juntar a eles no Natal nem no Ano Novo. E desta forma a ‘mama’ continua cozinhando e eventualmente comentando algo nas linhas de ‘Tsu-kun está ficando igual ao papai’, palavras que só machucam ainda mais Iemitsu, que, após um acordo tanto com Nono quanto com os Guardiões de seu filho, tornou-se o líder substituto da Famiglia, com a condição de poder passar mais tempo com sua esposa, exatamente como Tsuna tanto queria.

Já do outro lado da cidade, na sede da Fundação, Hibari Kyoya desliga o telefone roxo como sua Shinu Ki no Honoo no mesmo momento em que Kusakabe surge na porta trazendo um pouco de chá.

— Feliz Ano Novo, Kyo-san! – exclama o braço direito tomando sua licença para fora da sala após receber um ‘Hn’ de seu chefe.

Sorvendo de sua xícara, o ex-prefeito abre uma gaveta sob sua mesa e retira uma moldura ricamente trabalhada, seu presente. Atrás da foto está escrito à mão em uma elegante caligrafia uma única frase: “Minha Preciosa Família”.

— Hn. – resmunga após outro olhar para a imagem, devolvendo a moldura à gaveta, é apenas como o coração mole de Sawada Tsunayoshi para sempre, independentemente do que acontecesse, considera-los uma família.

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Notas finais do capítulo

Então, minna-san, como foi o desfecho deste especial para vocês? (Minha beta, que corrige minhas versões em inglês de ambas as fics, disse que ela chorou mesmo sem ouvir músicas tristes)
O que acharam dos momentos 'Tsuna x Kyoko'? Eu nunca tinha escrito uma cena em que eles interagiam diretamente, e além disso eu não me considero boa em romances, então fiquei meio apreensiva com isso.
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Vou esperar ansiosamente pelos seus comentários!!!!!
Um feliz Ano Novo para todos e que em 2013 KHR volte - seja em anime, live action, mangá - e espero contar com o apoio de vocês meus queridos leitores! Muitas coisas estão para mudar na minha vida neste próximo ano, mas a única certeza que eu tenho é que eu continuarei escrevendo enquanto vocês continuarem me aturando (>.



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