Vongola Sky escrita por Selene L Tuguert


Capítulo 4
Especial de Natal/Ano Novo - parte 1


Notas iniciais do capítulo

Merry X'mas, minna-san!
(se alguém não entendeu a piadinha, lamento)
Primeiramente eu quero agradecer a todos os comentários que VS tem recebido, vocês não fazem ideia de quão feliz eu fico com cada novo coment que a estória recebe ^^
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Agora falando sobre este Especial. Originalmente este era para ser um capítulo inteiro, embora eu soubesse que seria um tanto longo, porém, quando eu atingi a 20ª página e ainda faltava um monte de coisas que eu queria acrescentar ao cap; eu fui histérica e tive de dividir em duas partes. No total este Especial rendeu implacáveis 25 páginas!
Bem, essa 1ª parte ficou bem menor, mas não faria muito sentido se eu não cortasse o cap. onde eu parei (lendo vcs entenderão).
Ah, para lerem o cap. eu RECOMENDO/OBRIGO ouvirem junto a música deste vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=VSEWmk2cy14&feature=youtu.be (que me fez chorar os olhos para fora, aliás, esta música - Nuvole bianche, italiano para nuvens brancas, de Ludovico Einaudi - é OFICIALMENTE a música de Vongola Sky, ao menos deste 1º Arco!)
Por favor, leiam a nota no final, eu tenho uma pequena surpresa!
Sem mais delongas, KHR pertence a Akira Amano-sensei, apenas o enredo é meu.
Enjoy!



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ESPECIAL: CHANCES PERDIDAS I

Se todos soubessem o que suas escolhas impensadas iriam tirar-lhes, ninguém jamais tomaria decisão alguma de animo leve, pois o preço pode ser muito mais alto do que se imagina, e as consequências muito mais dolorosas do que se pode suportar.

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O grande e imponente pinheiro no salão de festas Vongola mantém a altura que possuía antes de ser cortado, e os inúmeros enfeites espalhados sobre seus galhos verdes o fazem pulsar em vida. No topo da árvore descansa um grande anjo com asas douradas olhando para o alto, como se elevando uma prece silenciosa pelos moradores da majestosa mansão – Lambo sempre foi o único a colocar a peça ‘principal’ na árvore, exceto este ano, o Bovino nem mesmo apareceu no salão quando a árvore começou a ser enfeitada. Junto ao grosso tronco os vários pacotes de presentes devidamente nomeados permanecem intocados como no dia em que foram postos ali, três dias antes.

De mãos enfiadas nos bolsos das calças, com olhos baços, Tsuna observa quase hipnotizado as pequenas luzes coloridas acendendo e apagando em uma sincronia perfeita. Apesar de ser uma data festiva, onde todos ao redor do mundo estão explodindo de alegria e entusiasmo, o jovem Don, que a pouco mais de dois meses completou seu 21º aniversário, é tudo menos alegre.

Dois dias atrás a mansão estava vibrante com a tradicional festa de Natal Vongola, para a qual todos os chefes de Famiglias aliadas e neutras foram convidados a comparecer. Como todos os anos, o evento mais importante oferecido pela maior potência do submundo foi um sucesso estrondoso. Por cerca de cinco horas a mansão foi preenchida com boa música, tocada por músicos de primeira classe, risos, conversas animadas, mesmo a pista de dança no centro do salão só foi deixada vazia na hora de ser servida a maravilhosa ceia preparada pelo orgulhoso chef da Famiglia. Pouco antes do final da noite ainda houve uma das brincadeiras bizarras tão tradicionais na poderosa Vongola. Felizmente, como Boss, Tsuna só teve de servir de juiz e não participou ativamente da competição. O jovem Don sinceramente duvida que tais loucuras tenham tido início na época de Primo ou, ainda mais improvável, do Secondo, se o homem é realmente qualquer coisa parecido com Xanxus - um dos poucos que não compareceu, embora Squalo, Belphegor e Lussuria foram representando a Varia; outro ausente foi Hibari, que odeia multidões tanto quanto um vampiro odeia água benta.

Mas assim como todos partiram após o fim da festa, ao amanhecer os Guardiões, ainda presentes na mansão, também se dispersaram. Mesmo Lambo deixou a sede Vongola para passar a data junto com a Famiglia Bovino. Yamamoto e Ryohei foram para o Japão, Takeshi para visitar seu pai e Sasagawa para comemorar com Kyoko e ver Hana, sua aspirante a namorada. Gokudera desapareceu com a desculpa vaga de impedir Shamal de ser preso novamente - no ano anterior o médico pervertido passou o Natal atrás das grades por assediar as atendentes de uma loja que estavam trabalhando vestidas de 'mamãe Noel'.

Chrome e Mukuro saíram sem qualquer justificativa assim que o evento terminou. Tsuna nem ao menos pode dar-lhes seus presentes, e começa a duvidar que eles realmente se importem com isso. Em pensar que levou-lhe quase um mês de buscas e mais uma hora e meia disfarçado negociando com o vendedor de uma loja de antiguidades, até que obtivesse o presente que desejava dar a metade feminina da Névoa. Na verdade, nenhum deles pegou seus respectivos presentes – apenas os das garotas e das crianças foram levados, Ryohei pegou o correspondente a Kyoko e Yamamoto decidiu levar o de Haru, Fuuta e I-pin, afinal eles nada sabem sobre seus atuais problemas. E é por isso que sob a grande árvore ainda há tantos pacotes coloridos e enfeitados com fitas. Parece que uma vez mais seus esforços de se aproximar foram completamente rejeitados, algo que só aprofunda um pouco mais a punhalada em seu coração.

Seu longo torpor é quebrado quando sente a presença de outra pessoa no salão, agora vazio - assim como seu interior. Graças a Hiper Intuição, Tsuna não precisa virar-se para saber que é Lorenzi que se aproxima com passos silenciosos.

— Decimo-sama, há uma ligação para você. - avisa o mordomo chefe, seu olhar, cheio da experiência que só uma pessoa que já viveu bastante pode adquirir, observa seu jovem e abatido patrão.

Apesar de não ser dito abertamente, Lorenzi puniria qualquer um que estivesse gastando tempo bisbilhotando a vida dos patrões ao invés de fazendo suas devidas tarefas, todos os funcionários da mansão já perceberam o clima tenso e sombrio que dia após dia tem cercado os Guardiões e o Don. Além disso, este é o primeiro ano desde que assumiram a Vongola que a Décima Geração comemora a data separados, o que só dá mais credibilidade para as teorias de que algo realmente ruim aconteceu entre eles, algo que abalou seus laços - e se o olhar sem o brilho quente que o jovem Boss possuía antes é qualquer coisa, a situação só parece ter piorado.

— Obrigado, Lorenzi-san. Vou atender em meu escritório. - agradece, dando ao velho mordomo, enfiado em seu uniforme de pinguim, um sorriso fraco que não chega nem aos pés daqueles que costumavam enfeitar seus lábios, depois de tudo, o Céu já não tem mais uma razão para sorrir quando o motivo de sua alegria prefere abandoná-lo a estar do seu lado.

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"Desculpe, neh Tsu-kun! Papai e eu decidimos ficar um pouco mais aproveitando os Alpes. Eu até mesmo estou aprendendo a esquiar!"– fala Nana alegremente ao telefone, ao fundo Tsuna ainda consegue ouvir a voz de seu pai gritando coisas que soam suspeitosamente como ‘está frio’ e 'diga a Tsuna que agradecemos as férias' - "Mas você vai ficar bem. Afinal Gokudera-kun, Yamamoto-kun e os outros estão com você na Itália."– prossegue ela incapaz de ver o olhar doloroso que toma conta da face de seu único filho - "Mande meus cumprimentos a todos, especialmente a Reborn-kun. Vemo-nos no ano novo. Feliz Natal. E adeus, Tsu-kun." ­- ao fundo Iemitsu também grita suas despedidas.

— Ah, divirtam-se. Até o ano novo e feliz natal, okaa-san e otou-san. – responde tentando soar o mais alegre possível, ele não quer preocupar sua mãe com seus problemas, embora a mulher cabeça-de-ar provavelmente nunca perceberia os verdadeiros sentimentos escondidos em sua voz oca.

Desligando o telefone e depositando-o sobre a mesa, Tsuna levanta-se e caminha poucos passos até a grande janela atrás de sua mesa com vista para o jardim. Lá fora o céu nublado começa a escurecer, apesar de ainda serem duas horas da tarde, o que significa que será um natal chuvoso.

Um clima sombrio dentro e fora da mansão.– pensa o jovem Don, enquanto um sorriso irônico ameaça surgir em seus lábios. Agora que nem mesmo seus pais irão lhe fazer companhia, Tsuna começa a se questionar se ele não deveria ter insistido para que Reborn fosse comemorar junto com os outros Arcobaleno. Desde que a maldição foi quebrada os ex-bebês se reúnem para celebrarem juntos a data, agora que tem seus corpos de volta ao estado adulto original eles parecem mais do que dispostos a aproveitarem qualquer ocasião para beberem, discutirem e eventualmente destruírem alguma coisa - como nos últimos três anos.

Reborn foi claramente relutante em deixar a mansão, uma vez que nenhum dos 'Guardiões estúpidos' estava para fazer-lhe companhia. Mas Tsuna foi inflexível, seu tutor já passou muitos anos de sua vida sendo sua babá, além disso, seus pais estariam na sede Vongola até o pôr-do-sol, ou ao menos foi o que ele pensou algumas horas mais cedo, e com isso ele convenceu o Hitman a ir. E agora ele está definitivamente sozinho.

Com um último olhar para o céu escuro, o jovem Don decide avisar Pizio de que não há necessidade de preparar uma ceia, pois não haverá ninguém para desfrutá-la. Seu próprio apetite, que vem diminuindo a cada dia que passa, desapareceu completamente. Além disso, há uma grande quantidade de burocracia soterrando sua pobre mesa, como um olhar sobre a peça de mogno coberta de papéis lhe lembra. O que significa que ele ficará horas e horas preso em seu escritório até que todos os papéis tenham sido devidamente lidos, analisados e assinados. Apenas a sua dose diária de tédio.

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Cerca de meia hora mais tarde, três xícaras de café e meia pilha de papelada feita, restando mais sete, Tsuna encontra-se uma vez mais ao telefone, desta vez com o único de seus Guardiões que não o evita como se sua presença os machucasse, curiosamente é o que mais odeia a ideia de estar preso a algo. Quão irônico – sua mente sussurra.

— Kyoya, aí já é quase natal, por que ainda está trabalhando? - indaga Tsuna, liberando um suspiro quase exasperado em sua Nuvem.

"Eu não me importo com comemorações herbívoras." – é a resposta simples, e se o jovem Don fosse o mesmo adolescente de alguns anos atrás, agora estaria a ponto de puxar seus cabelos fofos e castanhos em exasperação, Hibari nunca muda.

— Você está virando um workaholic. – afirma, recostando-se na cadeira de couro negro.

"Do que está falando, Onívoro. Você também está trabalhando em sua papelada."– retruca em seu tom sempre plano, enquanto um brilho de algo próximo de compreensão passa por seus orbes azul-cinzentos, antes que prossiga - "O Akanbō não lhe forçaria a trabalhar nesta data. Você está sozinho, Sawada." – prossegue fixando seu olhar sobre o chefe.

Em um movimento reflexivo o corpo de Tsuna enrijece, o punho embolado com força sobre o descanso da cadeira. Kyoya estreita os olhos para a reação que confirma suas suspeitas. Horas mais cedo Kusakabe lhe informou que viu o boxeador barulhento correndo pelas ruas de Namimori, por isso não seria surpreendente que o espadachim também tivesse deixado à Itália, o único problema é que os herbívoros deixaram o chefe, irritante e de coração mole, sozinho novamente – não que isso realmente lhe importe, mas ver um onívoro agindo como um herbívoro, isso é algo que o incomoda.

— Estou bem Kyoya. – comenta já de volta a sua posição relaxada, mascarando seu desconforto - De qualquer forma, eu irei a Namimori para o ano novo, levarei seu presente de natal. - prossegue forçando um sorriso nos lábios e tentando mudar de assunto, em resposta Hibari só estreita seu olhar ainda mais, claramente vendo através de suas tentativas furadas, depois de tudo o ex-prefeito sempre foi o mais observador dentre os Guardiões.

"Não espere ganhar nada em troca."– resmunga a Nuvem, decidido a não perfurar ainda mais a ferida já sangrando, não há ponto em fazê-lo de qualquer maneira.

— Ah. Feliz natal, Kyoya. E pare de trabalhar tanto.

"Hn. Deveria ouvir seus próprios conselhos ao invés de dá-los, Sawada Tsunayoshi."– resmunga, finalizando a vídeo-chamada antes que Tsuna possa retrucar.

Com o silêncio reinando no escritório novamente, Tsuna volta a trabalhar nas pilhas da papelada maldita sem fim. As horas passam sem que o jovem Don perceba, imerso em sua rotina irritante, e também uma das poucas coisas que conseguem afastar a sua mente deles. É quando o som de chuva atinge seus ouvidos, na mesma hora em que o velho relógio de pêndulo, na parede ao seu lado direito, toca sete horas. Erguendo os orbes dos arquivos, o Décimo levanta-se e caminha até a janela, lá fora a noite já caíra, envolvendo tudo em seu manto negro.

Tsuna apoia uma mão no vidro. Ele pode ouvir o burburinho dos funcionários da mansão festejando na ala dos empregados. Como o chefe bondoso que é, ele havia permitido a quem quisesse que festejasse, com a condição de não exagerarem e esquecerem que a mansão ainda precisa ser protegida e ele sozinho não pode proteger a todos. Porque sim, ele está sozinho, como o retrato em moldura de prata sobre sua mesa deixa claro. A foto foi tirada no dia do seu aniversário, há pouco mais de dois meses. Foi um dia radiante, cheio de risos, bolo e conversas, mesmo Mukuro e Hibari compareceram, embora Kyoya manteve-se afastado a maior parte do tempo. Os dois Guardiões problemáticos se mantém na linha quando na presença do chefe, algo sobre uma luta que o ilusionista e o ex-prefeito tiveram e Tsuna irritado, pela primeira vez não forçado pelo tutor espartano, decidiu interferir, desde então Névoa e Nuvem tem ignorado a existência um do outro tanto quanto seus egos, entenda por orgulho, são capazes de suportar.

Naquela ocasião festiva, o jovem Don teve de prometer uma luta mais tarde na sala de treinamento para que Hibari aceitasse participar da 'foto em família,' como chamou Reborn, junto dos outros Guardiões sem mordê-los até a morte. Pensando assim não parece fazer tanto tempo, mas tanta coisa aconteceu desde que essa foto - agora nas mãos de Tsuna - foi tirada, que dois meses e meio parecem quase uma eternidade. Naquele dia ele realmente acreditou que eles, sua família, jamais pudessem se separar e que ele não podia ser mais feliz em sua curta vida de 21 anos. Mas com seu histórico de azar e má sorte, o Boss Vongola devia saber que os chutes fracos que sua Hiper Intuição começou a dar em sua cabeça quando tais pensamentos passaram por sua mente – e que depois daquele dia só pioraram - eram claramente um presságio de que algo ruim estava para acontecer, afinal nada que é bom dura para sempre, e isso é um fato irritantemente constante na vida do Décimo.

O Don Vongola só não achou que duraria tão pouco.

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Junto com a noite os sentimentos de vazio e solidão se intensificaram, só piorando a sensação incomoda em seu corpo. Ignorando sua cabeça, que começou a doer com mais intensidade a cada hora que passa, Tsuna persiste em sua tarefa enfadonha. Ele até rejeitou o jantar mesmo com os protestos de Pizio e Lorenzi, e simplesmente lhes deu um sorriso sem energia e pouco convincente. A dor tirara qualquer apetite que pudesse ter surgido em seu corpo desde sua primeira e única refeição durante todo o dia - uma maçã que Reborn lhe lançou quando esteve em seu escritório antes de deixar a mansão, enquanto ameaçando-o com uma arma por não cuidar de seu próprio corpo, que o jovem Boss retornou com outro desses sorrisos fracos, para irritação do tutor espartano que saiu resmungando algo que soou suspeitosamente como ‘elevar o nível do treinamento’. Escusado dizer que tal ideia fez um calafrio percorrer a espinha do Don Vongola, já usado para as torturas que o Arcobaleno chama de treinamento.

Do lado de fora a chuva ainda cai lembrando-o de sua própria Chuva, que depois de dias sem aparecer na mansão, regressou de uma missão que Tsuna nem mesmo chegou a lhe incumbir por ser de um nível mais baixo, e geralmente não direcionada a qualquer Guardião. Takeshi, assim como Mukuro, Chrome e Ryohei apenas regressaram a sede Vongola por causa da festa anual. Se não fosse pelo evento o jovem Don duvida que fosse ver seus rostos sombrios, e que desviam o olhar sempre que ele está presente, durante o Natal. Eles provavelmente vieram apenas por causa de suas responsabilidades como Guardiões, e mesmo Lambo e Hayato pareciam ansiosos para deixarem a mansão.

Para fugirem da minha presença– sua mente sussurra e o simples pensamento faz seu coração se rasgar dolorosamente.

Uma gota d’água cai sobre o atual documento que deveria estar analisando, um acordo de paz com uma Famiglia que não quer ter problemas com a Vongola. Então outra gota faz o mesmo caminho, seguida de várias outras. Tsuna larga a caneta personalizada com o símbolo de suas X-Gloves, e desliza a mão pálida e um tanto fria sobre a face, ele não tem certeza de quando começou a chorar, mas no fundo de sua alma ele simplesmente não consegue reunir a força necessária para parar as lágrimas de seu pranto silencioso de deslizarem por seu rosto. Subitamente uma onda de cansaço bate em seu corpo. Há quantas noites ele não dorme corretamente? Há quantos dias ele não descansa verdadeiramente? O quão perto de um colapso ele está desta vez?

Como se eles se importassem. – pensa sombriamente, uma vez mais ignorando as facadas em sua cabeça e lutando para se concentrar em terminar a última grande pilha de papelada, ainda inacabada.

Cerca de duas horas mais tarde Tsuna sente um silvo de dor romper seus lábios, enquanto sua visão começa a embaçar. Ele já não consegue mais ignorar a dor excruciante rasgando seu cérebro. Com dificuldade assina o último documento antes de forçar seu corpo pesado, quente e dolorido para fora do escritório. Cada passo parece exigir mais força do que o anterior para ser movido, enquanto sua visão desfoca ainda mais. Sentindo suas pernas fraquejarem, Tsuna se apoia em uma das paredes. Ele mal registra a presença familiar de alguém vindo em sua direção no corredor, enquanto seu corpo desliza rente ao chão. Um par de braços o apoia e uma mão agradavelmente fria descansa sob sua testa, e então tudo vira um borrão.

Antes que perceba, seu corpo e depositado sobre uma superfície macia, seu terno, gravata e sapatos desapareceram, tecido cobre seu corpo com leves estremecimentos, da mesma forma tecido frio e úmido é posto sobre sua testa também cobrindo seus olhos, que não tem certeza de em que momento se fecharam, afinal ele mal era capaz de discernir vultos quando deixou seu escritório, foi por puro instinto e sua Hiper Intuição que não esbarrou em nada em seu breve percurso, que durou até perder as forças e, obviamente, a consciência. Seu corpo é apoiado uma vez mais e algo amargo é forçado em sua boca, junto com algo que em seu torpor assume seja água. Finalmente o cansaço e a dor arrastam sua mente nublada de volta para a inconsciência, e a escuridão o acolhe em seu manto negro.

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Sentindo o corpo um tanto dolorido, Tsuna força as pálpebras a se moverem e imediatamente a fraca claridade, escapando por entre as frestas das grossas cortinas alaranjadas, dá-lhe as boas vindas. Brevemente tomando no seu redor para localizar-se, reconhece o local como o seu quarto na mansão. Com seus sentidos fixando-se, sente uma presença familiar próxima a ele.

— Então você finalmente resolveu se juntar a nós. – a voz vazando desaprovação ecoa no quarto, enquanto o jovem Boss força seu corpo a assumir uma postura sentada, uma toalha branca ainda úmida cai de sua cabeça sobre seu colo.

— Feliz Natal para você também, Reborn. – cumprimenta com a voz um pouco rouca, ignorando o tom afiado do Hitman.

— Não venha com conversa açucarada para mim, dame-Tsuna. Se eu não tivesse voltado para a mansão ontem, você provavelmente teria passado a noite caído no corredor a menos de cinco metros do seu escritório, enquanto aqueles idiotas estavam comemorando na ala dos empregados. – sibila o tutor com um brilho escuro no olhar, o mesmo que faz muitos homens quererem chorar como crianças quando vítimas de tal intensidade – Eu pensei ter lhe dito para cuidar da sua própria saúde. Um chefe doente é quase tão inútil quanto um chefe morto, dame-Tsuna. – prossegue com Leon em sua forma de arma.

— Você vai atirar em mim? – indaga com uma nota de exasperação na voz, encontrando o olhar do Arcobaleno.

— Eu deveria, mas vou esperar para descontar no seu treinamento. Considere como um presente de Natal e seja grato. – responde enquanto Leon retorna a sua forma de camaleão e desliza de volta para a fedora do chapéu.

— Obrigado, Reborn. Mas diga, como foi a festa? Eu pensei que só voltaria hoje. – fala forçando um sorriso fraco nos lábios e tentando mudar de assunto, recebendo outro olhar atravessado do Hitman.

— Ah, a ideia era essa, mas o polvo inútil do Skull, aquele escravo estúpido, destruiu a mesa com a ceia. Colonnello e eu já o punimos. – Tsuna quase sente pena da Nuvem Arcobaleno ao ouvir a malícia na voz de seu tutor e, principalmente, ver o brilho sádico piscar em seus orbes negros – Depois disso eu já tinha perdido o clima de festa, então não fazia sentido ficar, por isso decidi voltar. Mas ao menos eu pude ver Verde desmaiar depois de beber algumas taças de vinho. – prossegue sem disfarçar a satisfação que tal situação lhe deu.

— Parece que você se divertiu. – comenta pegando um copo com água, posto sobre o criado mudo junto à cabeceira da cama, sua garganta ressequida sorvendo o líquido avidamente.

— Diferente de você que ficou sozinho trabalhando até ter um colapso. – sibila uma vez mais – Lorenzi me disse que recusou-se a comer. – completa com outro olhar escuro.

— Foi apenas uma febre, Reborn, não é como se eu já não tivesse passado por isso. E eu não estava com apetite, então não vi necessidade de comer. – tenta justificar-se soando um pouco como uma criança pega fazendo algo errado – De qualquer forma, pelo menos por hoje eu não precisarei fazer nenhum trabalho com a papelada. – prossegue com um sorriso fraco, recebendo outro brilho afiado do tutor.

— Seja como for, apenas apresse-se e tome um banho, vou pedir a Pizio que prepare algo para o nosso almoço, mesmo que já seja quase hora do lanche da tarde. – fala levantando-se da poltrona próximo aos pés da cama e rumando para a porta – E nem pense em dizer que está sem apetite ou eu farei você comer da mesma forma que faço a vaca estúpida tomar remédio. – completa permitindo a fedora do chapéu encobrir seu olhar e deixando o quarto, enquanto Tsuna solta um pequeno suspiro exasperado com a lembrança nada suave da última vez em que Lambo ficou doente, a mansão foi um caos completo com o som de tiros e explosões ecoando pelos corredores.

Sozinho no quarto, e uma vez mais mergulhando em lembranças, o sentimento amargo da solidão, que vem sentindo desde que sua família decidiu virar-lhe as costas, apenas aumenta, dolorosamente apertando um pouco mais seu coração. Antes que perceba as lágrimas começam a verter livremente por sua face, e pela primeira vez em anos Tsuna se permite enrolar-se em uma bola na cama e chorar silenciosamente toda a amargura começando a consumi-lo.

Cerca de uma hora mais tarde, quando Reborn decidiu conferir o porquê da demora de seu dame-aluno em descer para o almoço, o Arcobaleno encontrou o jovem Boss adormecido com a face um tanto inchada, com rastros de lágrimas e as mangas da camisa estavam visivelmente umedecidas. Além disso, a febre havia retornado, mais fraca, porém ainda estava lá. Com a visão lamentável, o Hitman deixou o quarto permitindo que Tsuna dormisse o restante do Natal sem ser perturbado, secretamente esperando que ao menos em sonho o garoto recebesse um pouco de alegria e conforto. Infelizmente para o tutor os sonhos do Don Vongola foram completamente vazios.

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Notas finais do capítulo

Minna-san, espero que tenham gostado desta primeira parte do Especial. ^^
E como meu presente de Natal, deixem comentários! Eu vou adorar lê-los (*w*)
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Bem, agora sobre a surpresa. Eu estou montando um álbum no Picasa para 'ilustrar' esta estória, e conforme o enredo avançar eu vou acrescentando imagens lá. Atualmente há uma espécie de 'resumo'(SUGOIIII) do Prólogo de VS lá. As imagens foram todas editadas/coloridas por mim (eu não desenhei!) - estou aprendendo ainda, mas acredito que já serve ao seu propósito - aqui está o link:
https://picasaweb.google.com/100543233615904714584/VongolaSky?authuser=0&feat=directlink
Se olharem e quiserem comentar, eu ficarei feliz ^^
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Um recadinho para os leitores de Cielo, eu já estou trabalhando no cap. 19, mas não posso dar uma data de quando vou postar, talvez até 01/01 eu consiga, mas não há garantias. Como deve ter ficado meio óbvio, eu tive de me concentrar em VS, então não pude continuar escrevendo Cielo. (é que esta é a 1ª vez que eu escrevo um cap. Especial e fiquei muiiiiiito empolgada, tanto que escrevi 25 p. ('_';)
De qualquer forma, espero que não me matem e não esqueçam de comentar!
Boas festas para todos!!! HOHOHO ^^



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