No outro dia Lucas não falou comigo direito. Toda vez que eu tentava me aproximar, ele se afastava. Sei que ele estava envergonhado ou até arrependido, mas precisava se afastar desse jeito? No final da aula eu o ‘’abordei’’ no corredor, precisava falar com ele e acabar com isso antes que piorasse.

–Olha Lucas, eu sei que você tá envergonhado pelo o que aconteceu ontem, mas não precisa ficar assim, sem falar comigo. Vamos esquecer o que aconteceu, tá bom?

Lucas ficou em silêncio olhando fixamente para o chão, isso já estava me dando nos nervos. Então falei:

–Lucas, pelo amor de Deus, fala alguma coisa! Eu não quero perder a sua amizade...

Percebi que ele ia falar alguma coisa, mas desistiu. Então ele se virou e foi embora. Eu precisava desabafar, então fui ao hospital. Mesmo sabendo que Kate não poderia falar nada, mas ela era a única pessoa que eu ainda confiava.

–Desculpe, mas a senhorita não pode entrar agora. –Disse a recepcionista.

–Mas está no horário de visitas, aconteceu alguma coisa com a Kate? –Eu disse, começando a ficar preocupada.

–Ocorreu um imprevisto, mas os médicos já estão resolvendo.

–Imprevisto? Que imprevisto? Aconteceu algo de grave com ela? –Eu já estava ficando nervosa.

–Ela teve uma parada cardíaca, mas os médicos estão cuidando dela. Se você quiser esperar por mais notícias...

Eu estava em estado de choque. Uma parada cardíaca. Kate tinha que sair dessa, ela não podia morrer. Fiquei lá por uns 30 minutos e não consegui falar com nenhum médico. Até que um médico veio até a sala de visitas e foi falar com a família da Kate, que também estava lá. Ele disse que correu tudo bem, mas ela deveria ficar de observação. Eu estava muito preocupada, mas tinha que ir embora. Quando saí vi Lucas na porta do hospital, ele veio falar comigo.

–Sabia que te encontraria aqui. Eu só queria pedir desculpa, por ontem e por hoje também. Não deveria ter te beijado e muito menos ter me afastado de você. Afinal, você é minha amiga, não é? –Disse Lucas um pouco sem graça.

–Claro que eu sou sua amiga, seu bobo. –Então nos abraçamos. Confesso que foi um dos melhores abraços da minha vida. Naquele momento, eu tive certeza que não poderia deixá-lo partir, de maneira nenhuma.