Bleeding Again escrita por Kiyuu


Capítulo 8
Doubt


Notas iniciais do capítulo

EU QUERO MORRER, PODEM ME MATAR SIM GENTE
Meu deus, eu entrei numa crise terrível essa semana... A minha criatividade simplesmente desapareceu, e eu fiquei travando na hora de escrever... Por isso demorei tanto (e também tive um monte de outras tarefas no pc aqui) e o capítulo ficou TÃO BOM que até me deu câncer... (Eu acho que tô caindo no abismo de novo... ¬¬')
É sério gente, milhões de desculpas pelo atraso, fiquei até me sentindo mal por tudo isso... Mas enfim está aí... Bem...



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A tenra luz solar da manhã transpassava a janelinha do quarto pequeno, irradiando a sua luz natural na face daqueles dois adormecidos.

Alfred estava escorado na parede de modo desleixado, e Arthur deitava com a cabeça em seu peito nu. Como ele virava para o lado oposto, o feixe de luz de sol atingiu primeiro o rosto do americano. Incomodado com aquela luz sobre suas pálpebras, ele é obrigado a abri-las, embora a visão continue turva por um minuto de devaneio.

Bocejando, agora ele se depara com o inglês, que dormia pesadamente deitado sobre ele. Ficou encarando sua face adormecida, tão adorável, como disse a si mesmo. Então passa os dedos por entre seus cabelos numa carícia suave, sem qualquer pretexto de acordá-lo. Sentia o seu peito subir e descer vagarosamente sobre ele, e conseguia ouvir a respiração.

Demorou um pouco para que ele acordasse, mas ao fazê-lo, Arthur fica um pouco perdido ou desacostumado com aquela situação. Ele sempre dormia em sua cama, sozinho, e não em um depósito com um outro garoto.

- Bom-dia, honey – Alfred o cumprimenta com uma voz baixa e preguiçosa, entretanto doce.

- Bom-dia... Baby – Ele ri de si mesmo, um pouco envergonhado.

- Enfim você acordou... Eu já...

- Espere – Arthur corta de repente. – Eu... Onde nós... Estamos aqui, ainda...?

- É claro. O que você pensou, que nós tivéssemos acordado de madrugada?

Alfred assiste Arthur arregalar os olhos de modo preocupado, e levantar-se – para a decepção dele – do seu corpo, sentando no chão.

- Meu deus, Alfred, eu... – Ele leva as mãos à cabeça.

- Você o que?

- O Peter...! O deixei sozinho lá, toda esta noite! – Ele se aflige, preparando para se levantar. – Eu tenho que voltar lá, agora, e...

- Shh-shh... – Alfred pede silêncio, acudindo toda aquela preocupação. Arthur parece se deixar levar sempre apenas em ouvir a sua voz, e senta quieto novamente. – Ele deve estar bem... É um garoto esperto. – Afirma, tentando adquirir a confiança no outro. – Além do mais, você vai sair por aí desse jeito?

Arthur se deu conta de que estava completamente nu apenas agora, e diante daquele olhar encarando as suas partes, torna-se corado de vergonha.

- Ah...! Já disse pra não ficar encarando... Git! – Ele pede, desviando o olhar muito constrangido.

- Hehehe – Ele ri futilmente num murmúrio. – Não se preocupe, não vou olhar, então. – Mente.

Ele hesita um breve instante, achando ainda mais fofo aquele inglês envergonhado à sua frente – que tentava esconder o seu membro descoberto com as mãos.

– Venha cá.

Um pouco desconfiado – ou talvez ainda constrangido -, Arthur arrasta-se para se encaixar na mesma posição que estivera antes, mas agora sentado sobre o colo de Alfred. Ele o encara, sorrindo abobalhado, enquanto oscilava o corpo de um lado para o outro, como se estivesse o ninando para dormir.

– Você pode repetir o que disse ontem, pra mim? – Ele pede com uma voz chantagista novamente. Realmente já tinha pegado aquela estratégia.

– H-hã? O quê que eu disse...? – Arthur finge-se de desentendido, mas parece não convencer Alfred.

– Vamos, bobinho – Titubeia Alfred, sem cair naquela falsa dúvida. – Você sabe o que falou. Não é nada difícil, apenas repita. Quero ouvir com a sua voz.

Arthur hesita, corando ainda mais, mas franziu a testa para tentar legitimar que não ia se deixar levar. Como sempre, falhou.

- Eu... Eu te... – Ele tenta, tropeçando nas palavras, e inflando as bochechas com ar, fazendo um biquinho de teimosia. Logo faz uma pausa e inspira fundo, para quase gritar: - Eu te amo...! Pronto, falei! Pronto, satisfeito? Bloody hell...

- AAHH, você falou! – Alfred o agarra num abraço surpresa, enterrando sua cabeça no seu ombro e voltando a sacudi-lo de um lado para o outro. – Artieee! Você é muito fofo, Artie!

- Aah, pare...! Eu já disse que não sou fofooo! – Ele esperneia, tentando com todas as suas forças de se largar dos braços do outro, ou perderia o próprio ar.

- Eu- Também- – Alfred faz uma pausa entre cada palavra para beijar com um estalo o seu pescoço, traçando um caminho até a ponta de seu braço. – Te- Amo! – Ao terminar com todo o comprimento do seu braço, até a ponta dos dedos, ele beija os seus lábios com vigor, sorrindo satisfeito.

- Ahahaha – Arthur deixa escapar uma risada comandada pelo seu instinto o qual ele não conseguia controlar, divertindo-se, ainda mais feliz do que esteve antes.

Logo em seguida, Alfred para repentinamente e o encara arregalado.

- O que foi? – Ele pergunta, ainda sorrindo tolamente.

- Você... Você riu? Foi você quem riu? – Indaga, ainda mais surpreso com a reação.

- Eu não posso rir, não?

Ele continua o observando, impressionado – ou maravilhado -, e de novo de modo repentino, cai na gargalhada junto com ele, o abraçando ainda mais forte. O que importava é que os dois estavam ainda mais felizes, talvez ao extremo... Por enquanto durasse.


Era um domingo ensolarado - como tinha previsto a luz da janela -, mas o tempo mantinha-se ameno, com algumas brisas geladas de arrepiar os pelos.

Alfred havia acompanhado Arthur até o caminho para a sua casa. Caminharam de mãos dadas e palavras bobas pelas ruas. Algumas pessoas que transitavam por ali os observavam desconfiadamente, com o olhar meio torto. Arthur se sentia um pouco desconfortável com aquilo, mas apenas poder estar com Alfred o fazia esquecer. Ele queria poder continuar o resto do dia com ele, mas havia um garotinho o esperando, o qual ele estava absurdamente preocupado.

Ao chegarem na porta de casa, demoraram para desentrelaçar os dedos uns dos outros com esforço, apenas para o inglês abrir a porta.

- Peter... Peter, eu voltei! – Ele anuncia, esticando-se para dentro e procurando-o com o olhar por toda a sala.

Sem resposta, decide logo entrar, mas antes se despediu de Alfred, o tocando os lábios com um estalo .

– Cinema mais tarde? – Ele sugere com um sorriso envergonhado, olhando em seus olhos a alguns centímetros.

– Cinema mais tarde. – Assente Alfred, sorrindo com os olhos.

Soltou um risinho bobo ao receber um beijo na testa e uma carícia no rosto, de despedida, mas teve de se afastar dele e entrou em casa. Contudo não fechou a porta até que o avistasse cruzar a esquina, ainda o acenando animadamente.

Suspirando, finalmente fecha-a e adentra a sala. Silêncio, nada nem ninguém havia restado além da bagunça comum. Ainda mais preocupado, ele se aflige:

- Peter! Meu deus, cadê você?

- Estou aqui, tio – Uma voz baixa, num murmúrio, ecoa pela sala, mas ele demora um minuto para encontrar um menino escondido por trás de uma parede.

- Ah, que susto, Pete! – Arthur expira aliviado, caminhando até ele para se ajoelhar. – Me desculpe... Eu acabei perdendo a hora na festa, e tive de ficar por lá. Mas fiquei muito preocupado... Você comeu? Tomou banho? Dormiu direito? Farei um belo chocolate quente pra você agora, eu aprendi a receita, sabe? É uma delícia...

- Eu estou bem, tio Arthur – Peter infla as bochechas do mesmo jeito que Arthur há algumas horas, e desvia emburrado.

- O que foi, Pete? – Ele pergunta, tentando o fazer confortável fazendo carinho em sua cabeça, mas o garoto não responde nada. – Eu sei que errei em ter ficado lá, mas eu já cheguei, está tudo bem, viu? Eu...

- Tio, você e o tio Alfred estão namorando?

Depois daquela frase relâmpago e repentina, ele arregala os olhos surpreso e constrangido, sem saber o que responder àquela face sugestiva de um menino de apenas sete anos... Como ele tinha uma capacidade mental para pensar em coisas como aquelas?

- H-hã? Como assim, namorando...? – Gagueja ele.

- Namorando, namoro! – Ele explica o significado daquilo diante de sua pose heroica e genial. – É quando tem duas pessoas que se gostam, e se beijam... E daí nasce os bebês, não é isso?

- É... Acho que é isso mesmo... – Arthur tenta forçar-se a rir, mas apenas consegue soltar uma risadinha nervosa. – Onde você aprendeu tudo isso?

- Ué, na televisão! – Peter arregala-se, como se estivesse absurdamente surpreso pelo tio não saber antes.

- Ah, sim... – Ele fica um pouco espantado por um garotinho conversar sobre aquele tipo de assunto com ele, então prefere deixar a opinião que a mídia dá a ter de explica-lo tudo. – E porque você pensa que eu... E o Alfred, estamos... Hum... Namorando?

- Porque eu vi vocês se beijando ali, ué. – Ele responde de forma casual, como se respondesse a uma pergunta rotineira, apontando para a porta da sala.

- A-Ah! Você nos viu, é...? – Arthur engole em seco, o rosto suando frio. Não fazia ideia de como dizer tudo ao sobrinho de uma forma normal, afinal, o relacionamento que eles tinham era bem incomum.

- É, eu vi sim. E se é isso que namorados fazem, vocês estão namorando, certo?

- Ahn, bem... Eu não... - Engasga.

Nem ele mesmo sabia responder àquela pergunta. Nunca havia se esclarecido o que eles tinham um com o outro, digamos de jeito civil. Não tinha certeza se era um namoro, ou apenas uma fase... Alfred – e nem ele – havia dito algo sobre aquilo desde que eles começaram a ter esse certo afeto...

– Eu sabia, tão namorando, né? Hahaha, tão namorando, tão namorandoo! – O garoto começa a rir em tom de provocação, saltitando e apontando descaradamente para a cara do tio.

– Pare, bobinho – Ele aperta o nariz dele de brincadeira, impedindo-o de respirar. – Ou não faço seu chocolate.

– Eu nem queria mesmo – Peter dá de ombros. – Até mesmo o seu chocolate quente tem chance de destruir a cozinha... Uma delícia! – Ele ri, tentando ser irônico.

– Ah, é assim, é? – Arthur para um segundo para pensar em uma ameaça coerente. – Então... Vou fazer o café, o almoço e o jantar todo dia!

– Quê? Nãoooo! A sua comida é um lixo total, tio.

– Ah, obrigado pela sinceridade.

– O que é sinceridade? – O menino curva a cabeça.

– Sinceridade é quando você xinga a comida do seu pobre tio falando a verdade... – Ele explica, mas logo depois acrescenta, brincalhão: - ...O que não é verdade, porque o tio Arthur Kirkland aqui sabe cozinhar muito bem!

– Ah, tá... Mas cai na real, tio.

Arthur cai na gargalhada junto com o sobrinho, se divertindo com aquele garotinho convencido e engraçado – além de ser bem direto com suas perguntas, que o comprometiam. Ele começou a agradecer a si mesmo por ter ficado aquele tempo com ele... Descobriu que ser “tio” – daquele modo, ele era mais um “pai” – era uma coisa magnífica, mesmo com suas dificuldades e responsabilidades, e que valia mesmo a pena.


Como a comida feita por suas próprias mãos não era nada satisfatória, Arthur tinha que ir ao supermercado quase todos os dias, para certificar-se de que Peter não passasse fome. Geralmente ele caminhava até lá sozinho – era um pouco distante da sua casa – mas hoje, o garoto decidiu importuná-lo para ir com ele.

Sem conseguir negar com este lhe fazendo carinhas chantagistas, o vestiu apropriadamente com um de seus casacos e saiu de mãos dadas pela rua. Caminharam por vários quarteirões até chegarem diante de um grande edifício no centro, movimentado por clientes e carros estacionados.

Assim que chegou Peter entrou no carrinho de compras que Arthur empurrava, fazendo mil efeitos sonoros de carros de fórmula um e pedindo ao tio que acelerasse o ritmo do “veículo”.

No momento que chegaram ao caixa, ele ainda estava ali dentro, sentado entre um amontoado de caixas de cereais – daqueles que continham uma incrível surpresa dentro -, chocolates, biscoitos e pizzas e hambúrgueres congelados. Com certeza, todas essas besteiras calóricas eram para a criança ali presente, pois apenas de olhar para tudo aquilo o inglês tinha repulso. Apesar disso, ele decidiu levar uma destas coisas – uma caixa de chocolates em forma de um grande coração -, para dividir com aquela pessoa de quem ele já sentia saudades.

O caixa estava passando as compras quando seu telefone tocou, e ele se afastou para atender.

– E então, o cinema ainda está de pé? - Indaga Alfred.

– Claro que está, Alfie. – Ele cora, embora sorrindo acanhado. – Eu apenas estou aqui no supermercado com o Pete, comprando algumas besteiras, e então o deixarei em casa para me preparar para ir... Certo?

– Certo. – Ele concorda. – Eu estou com saudades.

– Eu também. Mas tenha um pouco de paciência.

– Ah... – Ele expira forte. – Então tá. Te amo.

– Também te amo. – Ele não reprime uma risadinha antes de desligar o telefone, o guardando no bolso do sobretudo que usava e tornando-se de volta para o caixa.

– Namorado, tio? – O mais inconveniente possível, pergunta Peter, propositalmente a deixa-lo constrangido.

Arthur arregala os olhos, fazendo uma careta ameaçadora ao sobrinho – mas que parece não intimidá-lo – e tenta disfarçar o rosto corado pelo olhar estranho que recebera do caixa, que terminava de passar as compras.

Ainda envergonhado, Arthur equipa-se das sacolas de plástico e segue Peter – que saltitava alegre mais à frente dele, sem nenhuma delas para carregar – até a saída do supermercado, uma porta automática de vidro.

Ele mal podia esperar para se acomodar naquela sala escurinha do cinema, aproveitando a penumbra para trocar beijos quentes que atenuavam o frio, nos braços do seu querido...

Ele se viu imaginando a palavra “Namorado”. Desde que Peter havia mencionado aquilo, continuava grudado em sua cabeça como uma nota. O que seria tudo isso que acontecia entre eles, oficialmente? Já haviam trocado palavras significativamente românticas, e beijos afetuosos, sem contar na noite que passaram juntos...

Decidiu-se então que, esta noite, iria pergunta-lo frente a frente sobre isso. Se eles realmente eram... Namorados. Ele apenas queria algumas explicações que deixassem claro seu relacionamento.

Espairecendo seus pensamentos receosos, ele volta à realidade e enxerga o sobrinho avançando para a rua em movimento constante de carros sem nem sequer espera-lo. Ao dar de conta com isso, viu que ele já estava no meio da avenida, e desesperou-se preocupado, precipitando a correr atrás dele.

– Peter! Não saia correndo assi... PETER!

Mas não bastou um passo adiante para que repentinamente surgisse um borrão em alta velocidade vindo da direita.

O garotinho nem teve tempo de olhar para trás. Seu corpo foi jogado metros longes, chegando a flutuar no ar e em seguida desabar violentamente no asfalto gelado.

Ao piscar, Arthur apenas o viu jogado ao chão.

– AH MEU DEUS, PETER! – Ele grita desesperado, sem se preocupar ao mínimo com as sacolas quando as jogou no chão e saiu em disparada até onde ele se localizava.

A rua toda havia parado para observar, e uma rodinha se formara ao redor de uma criança ao chão. Havia uma poça de sangue que acabava de se formar, escorrendo de trás da sua cabeça e encharcando os seus cabelos loiros. Um de seus braços estava torcido de modo desigual ao normal, e haviam inúmeros arranhões recém-nascidos no seu rostinho infantil. Os olhos dele estavam arregalados, como se tivesse tomado um susto absurdo.

Arthur perdeu a sua própria voz. Ele não conseguiu fazer mais nada além de cair de joelhos ao lado dele, as lágrimas enchendo os seus olhos e pingando serenamente sobre o corpo.

– Não, Pete, o que eu disse pra você... – Ele repreende numa voz baixa e embargada, em notáveis prantos.

Algumas pessoas que ao redor observavam ficaram também aflitas, e tentaram ajudar ligando para a ambulância para socorrê-lo.

Arthur não conseguiu fazer mais nada, além de derramar suas lágrimas, que caíram sobre o rostinho do menino, lavando o sangue que escorria de sua testa. O seu coração se apertou, e a mente ressaltou a culpa vergonhosa que sentia por deixar um tipo de fatalidade daquelas acontecer.

Pelo jeito, aqueles problemas só haviam começado.


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Notas finais do capítulo

Bem, bem, desculpas novamente pelo capítulo MARAVILHOSO... E é... Resolvi dar um destaque no Pete, porque ele só fazia atrapalhar (além disso, tudo não poderia ficar como um mar de rosas, se é que me entendem). A cena do "Bom dia, honey" foi inspirada por uma fanart da Bliss já bem conhecida que eu absloutamente amo ♥
Reclamações? Envios à masmorra? ^^



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