Bleeding Again escrita por Kiyuu


Capítulo 2
Scars


Notas iniciais do capítulo

Que emoção, já tenho leitores apenas com menos de 200 palavras *u*
Então, aqui vai o primeiro capítulo pra vocês, meus babies XD
(E ah, eu adicionei uma coisinha na capa, devido à explicação nesse capítulo, perceberam o que é? owo)



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Mais uma vez, o inglês volta para a sua casa calado, onde poderia abrir seu verdadeiro eu. Seu blazer azul-marinho estava surrado, assim como a gravata desatada, devido às pancadas e empurrões que ele havia levado durante o período preso naquele fim de mundo. Mesmo assim, ele mantém sua postura normal até chegar ao seu refúgio, para que ninguém o notasse. Afinal, ninguém nunca se importava com ele, mesmo. Já estava acostumado.

Logo ao penetrar no seu local sagrado e único, ele bate forte a porta que o dividia do mundo exterior – Aquele terrível e assustador mundo exterior – e sente seu corpo desabar no chão. Lá era o seu lugar, seu refúgio, e lá ele podia finalmente libertar as lágrimas que haviam sido reprimidas desde o seu sofrimento anterior, apenas pelo medo dos outros.

Se sentia um inútil e indefeso ser no mundo. Ninguém o amava, ou sequer se importava com seus sentimentos. Ele se sentia sozinho.

Ao canto oposto a onde ele estava sentado sob à porta, avista um espelho comprido pregado na parede, e se arrasta até lá sobre quatro patas.

Avaliou a si mesmo. O seu rosto estava pálido, não naquele tom pêssego vivo que a sua pele não ficava há muito tempo. Os cabelos, cor de loiro apagado, estavam bagunçados e a sua franja cobria os olhos, grudando na face molhada. Os olhos verdes brilhantes mostravam uma expressão de medo e desespero, e derramavam gotas pela sua face.

Diante de sua própria imagem refletida, ele tem a certeza que realmente estava a sós... Apenas ele e seu próprio reflexo. Toca ele mesmo suavemente no espelho. Seu único companheiro... Ele mesmo.

Num ato de desespero, ele procura pelo quarto algo pesado, e avista um dicionário pesado, o qual ele havia utilizado para estudar para as últimas avaliações. Estica o braço e o pega rapidamente. Com a maior força que pôde, ele o leva para trás e lança o objeto pesado no espelho, que se parte em mil pedacinhos reluzentes com um estridente barulho. Era irritante, mas nada pior do que as palavras que ele era obrigado a ouvir todo dia.

Joga o dicionário – que perdera algumas páginas e ganhara arranhões na capa dura – para longe, sem se importar de onde ele iria parar. Procuraria depois, caso precisasse. Em seguida, volta para os pés do espelho, agora quebrado.

Se sentiu como ele. Quebrado em mil pedaços, agora sem nenhum companheiro. A única diferença é que ele tinha vontade de gritar como o espelho, diante daquele ato doloroso, mas aquilo não saía dele.

Encosta-se na cama, e pega um pedaço triangular restante do objeto quebrado, levando-o a se avaliar naquele pequeno fragmento. Era o que sobrara. Pedaços quebrados.

Traz o vidro ao seu pulso, e o pressiona com força contra a sua pele macia, traçando uma linha até o fim do antebraço. Isso forma um corte profundo, que sangra ardendo, mas aquela dor não superava a que ele sentia dentro. Diante da que ele já havia se acostumado, aquela marca não seria nada.

Ele riu de si mesmo ao perceber que estava se exibindo. Sem se importar, joga o pedaço do espelho no chão, que agora estava vermelho do seu próprio sangue, e se deita bruscamente, sentindo a sua cabeça atingir o chão com uma pancada rude. Sentiu um vidro penetrar atrás dela, mas ignorou.

Então, era isso.

Ele disse a si mesmo, que não queria mais viver. Não havia mais argumentos ou motivos para ele adiar essa resposta.

Então se deu a sussurrar, a propósito de tentar ser ouvido pelo que o faria esse desejo.

“Eu quero morrer... Morrer... Eu desejo morrer, senhor... Não me interessa mais este mundo, não mais. Desejo sair daqui...”, recitava para o teto branco do quarto.

E pediu, implorou o mais que pudesse.

Ficou ali, deitado, por um bom tempo. Não se importou com ele, não queria se preocupar com que horas eram. Ficou esperando algum sinal.

Provavelmente, passou a tarde toda deitado ao chão, e sem perceber, acabou pegando no sono. Ao abrir os olhos lentamente, esperou a visão desembaçar para perceber que a noite já tinha surgido.

Não havia adiantado, outra vez.

Com esforço, se levanta do chão. Havia deitado sobre uma pilha de vidro quebrado, e agora que foi notar que além do seu braço, havia um vidro pequeno penetrado atrás da cabeça e na palma da mão, talvez porque ele tivesse esmagado os fragmentos reflexivos nela.

Não dando a mínima para aqueles ferimentos, ele se arrasta mancando até a cama, onde se deita não se importando com mais nada, e cai no mais profundo dos sonos.



Alfred já vinha observando aquele loirinho há uns tempos. Para ele, o garoto lhe parecia ser alguém do bem, alguém especial. Mas não entendia porque fariam o que lhe fazem com uma pessoa aparentemente tão rara. Eles estavam ambos no último ano da Academia Mundial. Já estudaram juntos há muito tempo, mas o garoto nem sequer havia se manifestado publicamente durante tantos anos, e Alfred sentia um pouco de vergonha agora ao assumir para si mesmo que não havia notado a sua presença, ou nem sequer sabia o seu nome.

Ele percebia que ele se sentia muito mal quando os garotos tiravam sarro dele, por causa das sobrancelhas e da timidez, ou inventavam qualquer outro motivo para zombar dele. E ele não fazia nada contra eles. Era tão indefeso quanto parecia. Ou talvez fosse introvertido demais para rebater contra os que o atacavam e se vingar.

Algumas vezes, o americano tinha vontade de ir até lá, falar com ele, o conhecer. Ele parecia ser alguém muito especial, mas que apenas não era valorizado.

Mas toda vez que ele o tentava, algo o impedia, e ele dava meia-volta.

Naquela tarde, ao toque do sinal, toda a classe virou uma baderna, e correu para fora como se fugindo de uma prisão. Alfred apanhou sua mochila naturalmente, e foi logo caminho ao McDonald’s mais próximo para almoçar como de costume.

Só que no meio do caminho, ele se lembra que tinha que levar uns papéis importantes que o professor o mandara entregar ao diretor. Era azar que ele tivesse escolhido logo ele, mas ou cumpria-se, ou perdia-se.

Desse modo, o seu almoço acabou atrasando um pouco, e ao terminar o trabalho notou que a escola já estava vazia. Era incomum de se assistir àquela cena, na qual se via um corredor deserto, cheio de papéis e sujeira pelo chão e silêncio flutuando no ar.

A fome apertou, e ao lembrar-se que estava atrasado ao encontro com seu hambúrguer diário, Alfred apressou o passo, fazendo a borracha da sola dos seus tênis vermelhos e azuis fazerem um chiado agudo ao arrastarem no chão de cerâmica.

Mas ao chegar perto de uma esquina, ele sente o silêncio ser quebrado por risadas estridentes, como se uma hiena zombasse da desgraça de outra. Logo depois ouve barulhos de pancadas, e como se algo fosse lançado ao armário na parede, causando um estrondo.

Tentando não fazer nenhum som audível, ele se espreita para tentar enxergar o que estava havendo sem ser notado.

A cena era forte: Havia um garoto alvo, de olhos vermelho-sangue, que soltava a risada irritante enquanto lançava um chute a um loiro pálido, que estava desabado no chão, como um boneco sem vida. Ao lado do alto que erguia diante daquele indefeso, havia um loiro, de cabelos mais longos e ondulados, que possuía uma barbicha leve no queixo, e um moreno de pele parda e olhos verdes. Ambos estavam “apoiando” as ações do do meio, e tomaram os livros e a bolsa do garoto, cooperando para violentá-lo.

Alfred teve vontade de ir lá e dar um bom soco na cara daquele otário. Mas ele ficou paralisado, assistindo ao loirinho derramar lágrimas de desespero e se encolher, tapando os ouvidos para tentar abafar aquela risada horrível.

Até um minuto que o trio se cansa, e depois de chutarem a barriga da vítima, saem correndo, levando junto a mochila que era propriedade dele.

O americano fica sem saber o que fazer. Uma parte dele diz para ir atrás daqueles idiotas, e outra diz para que acalme o garoto. Mas ele mantém a sua posição, e continua a observá-lo parado.

Ele estava encolhido, agarrando as pernas, encostado no armário. Consegue ouvir os soluços que ele soltava, devido aos litros de água que jorravam dos seus olhos. Alfred os fita com atenção. Eram de um tom de verde muito bonito. Mas eles pareciam estar destruídos, agora.

As sobrancelhas dele eram peculiarmente... Divertidas, como surge na mente do americano. Eram grossas e pretas, um tipo incomum de sobrancelha. Mas Alfred realmente... Gostou delas. Era algo único, e ele gostava disso.

De repente e com esforço, o loiro – o qual Alfred ainda não sabia o nome – se levanta, com uma aparência nauseada, enxuga as lágrimas e se arrasta, mancando, rumo ao lado da saída da escola. Ele parecia sentir uma dor na barriga, onde havia levado vários chutes, e Alfred percebeu que havia uma marca roxa no seu rosto, a qual ele não havia notado.

O americano o fitou no mesmo lugar, até que ele saísse porta afora. Assim que o loirinho saiu da sua visão, algo lhe traz de volta à realidade, e ele percebe que ainda estava escondido no mesmo lugar, e não tinha feito nada heroico para ajudar o garoto, como seria digno de um herói como ele.

“Idiota, eu não fiz nada e ainda o perdi”, Ele resmunga para si mesmo, chutando o chão a propósito de fazer um barulho com o contato dos sapatos no chão. Mas de repente, uma expectativa lhe aparece dizendo que ainda não é tarde, e entendendo o recado, o jovem de óculos corre atrás daquele que havia saído.


Infelizmente, Alfred realmente perdeu a chance de falar com o garoto aquela tarde, após o acontecido, pois não havia o encontrado em canto algum, ou nem sequer sabia a direção para onde ele ia rumo. Convencido e exaustado, voltou para casa chutando as pedras ao chão, com as mãos nos bolsos, sintomas daquele peso na consciência que ele sentia por não ter feito nada para ajudar.

E então a imagem daquele estudante desconhecido – que ele previa certamente ser um inglês – insistiu em surgir novamente na sua consciência.

Ele teve pena. Aqueles olhos verdes tão profundos, demonstravam estar destruídos. Eles não eram assim. Ele estava sofrendo muito. E Alfred não havia jamais sentido alguma dor como a que ele demonstrava, nem mesmo uma parcela sequer do que ele tinha que aguentar.

Mesmo não conhecendo nem o seu nome, estava disposto a ajudá-lo. Uma raiva lhe agonizou a mente, uma raiva terrível de todos aqueles que faziam sofrê-lo. Ele não suportava ver alguém sofrer. E, além disso, aquele loiro do jeito inglês lhe parecia ser uma peça rara, como uma joia valiosa, e ele tinha certeza que esta não devia, jamais, ser desvalorizada desse jeito.

Injustiça como aquela lhe deixava de cabeça quente, e então seu espírito heroico decidiu que no dia seguinte, procuraria o garoto e aquele trio de valentões para lhe dar umas boas lições.


Os raios tenros da manhã violentaram a face do pequeno anjinho, que dormia serenamente em sua cama, sem cobertor e rodeado de vidro e indícios de sangue pelo quarto.

Abriu os olhos e se decepcionou ao perceber que ainda estava no mesmo quarto, ainda era ele mesmo, e tudo ainda estava como antes. Ele não queria isso. Queria ter dormido e acordado em uma outra realidade.

Teve-se obrigado a voltar para aquela prisão, onde tinha certeza que ia sofrer mais ainda, como de costume. Já haviam roubado seu material, e ele possuía marcas de violência – mesmo que algumas não vistas antes – por todo o corpo. Mas ele não tinha escolha. Aliás, ele nunca teve escolha.

Vestiu-se cuidadosamente com a devida roupa escolar, alinhando o blazer e a gravata perfeitamente, mesmo sabendo que iam chegar detonadas mais tarde, e partiu para o lugar no mundo onde ele menos queria estar:

A escola.


Alfred não havia percebido, mas todo dia o garoto fazia a mesma rotina, como que acostumado. Ao chegar à sala, avistou o loirinho já sentado, apoiando o queixo na mão enquanto mirava, viajando longe pela janela à sua direita. A sua expressão era fria e dolorosa, como de quem ainda tentava se levantar de um empurrão. Ou ainda estava no chão.

Mesmo de longe, o americano conseguiu enxergar que havia um corte profundo na sua mão direita. Ele havia esticado o blazer sobre a mão para tentar cobri-lo, mas não adiantou... Ou talvez Alfred estivesse o observando detalhadamente demais?

“Ok, Alfred.” Ele começa a dar as ordens, como no controle de um avião. “Sente-se ao lado dele e pergunte como ele se chama, primeiramente.”

Avançou até a banca à esquerda do loiro, e se jogou como se estivesse deitando no sofá da sala, prestes a passar o dia jogando videogame. Ele nem o percebeu, pois ainda fitava o lado oposto distraído, então Alfred soltou um pigarro (que não foi nada discreto, como ele tentou).

– H-hã? Você falou comigo? – O garoto imediatamente virou-se, como se tivesse levado um susto, e gaguejou amedrontado.

A expressão de medo que ele lançou a Alfred até deixou ele mesmo com culpa, sem ter feito nada. Era como se o garoto tivesse medo de qualquer um, e não confiasse em ninguém. Talvez ele fosse solitário demais para acreditar em alguém, ainda mais com todos os que lhe faziam sofrer. Respondeu num tom calmo e alegre, a propósito de avisar que era um amigo, e não faria aquilo com ele.

– Sup, dude? – Sorri, lhe mostrando o sinal da paz. – Eu sou o Alfred. Alfred F. Jones. Mas pode me chamar de herói.

O menino, ainda assustado como um gato encolhido, soltou uma risada forçada, que não teve nenhuma graça. Como não respondeu nada de volta, o americano resolveu insistir.

– Então, cara? Qual o seu nome?

– E-eu me chamo... Ar... Arthur Kirkland – Gagueja, com um típico sotaque britânico, o que confirmou a ideia que Alfred havia tido antes.

Ele achou engraçado, mas gostou do jeito como ele carregava as vogais e a letra r ao falar “Kirkland”. A risadinha discreta que soltou apenas deixou Arthur mais desconfiado, então desconsiderou a questão do sotaque e foi à frente.

– Hehe, você tem cara de ser um inglês legal, Arthur. – Sorri, tentando parecer simpático. Afinal, ele não tinha preconceito contra britânicos... Tinha? Então, tentou disfarçá-lo.

– Sério?

– Yep. – Ele assente.

– ...Obrigado! – O outro tenta sorrir, mas era como forçá-lo a isso. – Mas como soube que eu era inglês?

– Simples, apenas o seu sotaque te denuncia – Alfred faz piada.

O garoto fica vermelho, o que faz Alfred perceber que agiu como um idiota novamente.

– Mas, eu gosto... Do seu sotaque. É divertido – Ele tenta salvar a pátria, e se sente vitorioso ao arrancar um meio-sorriso tímido do loirinho.

Ainda estava bem cedo para as aulas diárias começarem, então eles tinham um tempo calculado para conversar antes que o professor chegasse. O dia estava com um clima frio, mas os raios de sol e o céu sem nuvens o tornavam confortável. A sala de aula em questão era não muito grande, e possuía cadeiras e mesas de madeira pintada de um tom verde claro.

Eles trocaram um olhar fixo, olho no olho, por um minuto, hesitando. Alfred sabia que ele não iria falar nada, então puxou papo a fim de animá-lo. Mas não deu bem... Certo.

– Ei, o que houve com a sua mão? – Alfred pergunta, curioso, fitando a palma dele, que estava jogada distraidamente sobre a mesa.

A face de Arthur cora como se queimasse, e ele vira a palma para baixo, disfarçando.

– H-hã? N-não há nada com a minha mão... – Ele abre um sorriso amarelo para disfarçar o riso nervoso.

– Tem um corte na sua mão, sim. Deixa eu ver aqui – Alfred insiste, pegando a mão do garoto sobre a mesa oposta e virando-a para cima.

Sentiu a mão dele tremer ao seu toque gelado, enquanto avaliava o ferimento. Era mesmo um corte bem profundo, não era longo, como um arranhão, e sim como se algo tivesse penetrado bem ali no meio. Ainda não havia cicatrizado, e bordas de sangue secavam pelo local machucado.

Alfred curiosamente leva o dedo indicador ao machucado, e Arthur reage puxando a própria mão da dele.

A expressão que ele recebeu em seguida quase o assustou. Arthur o encarou, o mais sério que pode, franzindo as grossas sobrancelhas. Era como se esse tivesse passado de “acanhado” a “bully” em um instante. Mas Alfred acreditou que isso era só uma máscara para disfarçar a sua timidez.

Sem ser intimidado, pôs-se então a examinar aquela concentração de cabelo acima dos seus olhos novamente. Aquilo o divertia, e ficou ali a fitando por um minuto. Depois, desceu para os seus olhos, e se arregalou diante da beleza que aquelas orbes verdes erradiavam, encantando-o.

Arthur ficou sem saber o que fazer, desviando o olhar para todos os lados constantemente. Porque ele o estava fitando tão atenciosamente? Aquele olhar azul brilhava, fixo nos seus próprios olhos através de um par de lentes grossas.

– P-por que você está me olhando... Assim? – Ele indaga, num murmúrio quase inaudível.

Mas aquele sotaque marcante do inglês fez o americano voltar à realidade, sacudindo a cabeça como que para espantar aquela imagem que ficara fixa em sua mente.

– Hã? Não, nada não... – Ele disfarça com um sorriso amigável.

Aquele sorriso era o mais idiota que Arthur já tinha visto, mas ele era caloroso e amigo, como se brilhasse. Aquele jeito despreocupado e alegre do rapaz à sua frente definia a sua personalidade, e ele mesmo se deixou perder naquela expressão por um segundo.

Ele era bem bonito, vale-se acentuar. O físico era um pouco gordinho, talvez pelo excesso de besteiras e videogame, mas seus braços eram fortes e másculos. A pele estava um pouco mais bronzeada, mas era praticamente do mesmo tom que a dele. Vestia uma jaqueta de couro marrom sobre o uniforme, com uma pelúcia preta na gola, e ao invés dos sapatos sociais exigidos pelas normas colegiais, ele calçava um par de tênis estilo All-Star, com o tema da bandeira dos Estados Unidos.

O seu rosto era provavelmente o mais encantador. O formato do queixo era anguloso, o qual não entrava em contraste com seu jeito abobalhado. O cabelo, num tom em transição entre o castanho-claro e o loiro, estava desarrumado, mas a mecha que saltava para cima, fazendo um arco, continuava no seu lugar. Mesmo assim, brilhava e aparentava estar macio como algodão.

E os olhos... Eram um azul-mar, que erradiavam uma energia que lhe deixava meio tonto, principalmente quando ele parava para lhe encarar sob a sua armação de óculos – com a qual ele não parecia se importar muito.

Era tão sem noção, tão alegre e satisfeito, que Arthur podia confessar que tinha inveja de como ele estava de bem com tudo.

– E então, Arthur? – Alfred pende a cabeça para o lado, tentando quebrar o gelo. – Não quer ir ao McDonald’s comigo hoje? Eu sempre almoço lá sozinho, e seria bem legal se você me acompanhasse hoje.

– E-eu...? M-mas eu... – Arthur gagueja, corando com aquele convite inesperado.

– Vamos, por favor? Vai ser legal... – Titubeou ele, com uma carinha pidona, imitando um cachorro ao querer algo. – E eu quero te conhecer melhor... Né?

– Eu... É que...

E o inglês presta atenção na expressão dele. Droga, ele tinha feito aquele sorriso de novo.

– ... Tudo bem.

– Yaay! – Comemora o americano, com uma voz infantil.

Arthur solta um riso nervoso. Ele ainda estava surpreso e se perguntando porque alguém iria falar com ele àquela altura. Pelo que se lembra, observando a todos todo esse tempo, Alfred estudava com ele há um bom tempo, e nunca havia nem sequer lhe lançado uma palavra. Porque ele o faria isso agora, em plenas provas finais? E ainda mais, lhe convidando para um almoço e querendo lhe conhecer?

Mas ele não tinha escolha, a não ser – mesmo desconfiando – se deixar levar nessa...

Amizade, talvez?



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Notas finais do capítulo

Acho que esse foi um dos meus maiores capítulos até agora >.
Enfim, me desculpem por quaisquer erros, não tive muito tempro pra revisar direito, tô postando isso escondida aqui (PAIS) ~ohnohnohn
Me avisem qualquer coisa errada que vou corrigir quando puder.
Mas e aí, ficou bom o capítulo? O que vocês acharam...? Contem-me ^^



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