- Você é tão diferente do que eu pensei que era... E está sendo tão legal comigo!

- Você merece. Percebi que é uma garota doce desde o primeiro dia em que te vi. Aquele dia que você ficou me encarando... – ele olhou pro lado, como se estivesse recordando aquele momento e fez uma expressão estranha. Como se não fosse normal ele comentar isso comigo.

- Você ia falar comigo? Por que parecia que estava vindo em minha direção...

- Sei lá. Eu só comecei a andar sem pensar no que estava fazendo. Você me chamou a atenção. – ele olhava diretamente em meus olhos, sem medo de dizer algo errado... Era confiante e seguro em cada palavra que dizia. O ar de mistério permanecia em seu olhar e sua expressão. ELE era o mistério. Isso o que o tornava tão sedutor!

Coloquei minhas mãos sobre a mesa.

- E-eu?

- Sim, você.

Suspirei.

- Ahn, e por que você acha que eu fiquei parada lá, te olhando? – revirei os olhos. Eu estava nervosa, por isso não conseguia pensar em uma coisa de útil pra dizer.

- Não sei... Porque me achou estranho? – estranho? Se ‘isso’ é estranho, a Karin é o que?

- Estranho? Você... estranho?!

- É, por causa do meu estilo...

- Eu t... - parei na hora que percebi a merda que ia dizer... ‘Eu te amo, seu idiota, como eu posso te achar estranho?'.

Sorri, pra tentar disfarçar o constrangimento.

- Eu adoro o seu estilo. Mas, gosto mais ainda porque você trata bem as pessoas... E não despreza como muitos do seu estilo fazem.

Sasuke não era exatamente tão rockeiro. Hoje, por exemplo, ele estava usando uma calça jeans escura, um All Star preto e branco (o normal), e uma blusa de frio azul-marinho. Ele não tem piercing nem brinco nem tatoo-> (acho que não) ou coisa do tipo. Eu não sei se estou errada, mas parece que ele não está mais usando suas roupas de sempre, como coturnos e etc.

- Que bom que acha isso. – ele colocou sua mão sobre a minha e então a segurou e começou a passar os dedos nas costas da mesma.

Eu abaixei o rosto e corei. Para disfarçar eu sorri timidamente. Nem adiantou.

- O que foi? – ele perguntou.

Eu olhei para nossas mãos dadas como resposta de sua pergunta.

- Ahh – ele retirou sua mão de cima da minha. – Bom, acho que podemos ir agora, né?

- Claro – nos levantamos e saímos do restaurante.

Eu ainda estava com muito frio. Ele voltou a colocar seu braço ao meu redor.

- Ahn... Não é por nada, mas... Er... Estamos parecendo um casal de namorados andando assim... – eu falei e esperava uma resposta do tipo: ‘é mesmo? Então agora somos namorados’ é a minha imaginação fértil!

- Sério?! Então você prefere ficar com frio?

- N-não... – não tinha como responder aquela pergunta. Ele perguntou ‘Então você prefere ficar com frio?’ Mas quis dizer ‘Então você quer que eu te largue?’.

Ele sorriu mais ainda. Como pode? Ele ser tão lindo? Como pode?

Minha vontade foi de agarrá-lo e beijá-lo com todo meu amor e um pouco mais. Pensei por um momento... Faria isso ou não? Sabe quando você fica pensando se faz ou não uma coisa... e fica oscilando... Sem saber o que fazer. Sem saber se é certo ou errado ou meio certo... Meio errado... Não! Mais com menos é igual a menos, então eu tenho que ter certeza. Sim... Ou não? Beijá-lo ou não beijá-lo? Eis a questão!

Continuamos andando. Optei por não beijá-lo. Estava rubra só de pensar nisso.

Andando mais um pouco, nos encontramos com Gaara e Ino se beijando. Acredite, foi um choque pra mim também!

Eles se separaram e perceberam que íamos passando, com Sasuke com seu braço ao meu redor.

- Hehe, partiu pra outro já, Sakura? – Disse Gaara com sua mão na cintura de Ino que estava com aquela cara de gato atropelado. (?)

- Como se atreve a falar com ela, Gaara? Depois do que fez, nem devia olhar na cara dela de pura vergonha. Ah é, me esqueci que você é um sem vergonha! – Sasuke atirou essas palavras na cara de Gaara. O que achei estranho porque eles são tão amigos... Nunca pensei que fossem brigar por minha causa. Percebi que entre os dois já tinha rolado algo como uma discussão, talvez. Talvez Sasuke discutira mesmo com ele por minha causa. Ou por Ino. Mas ele disse que já sabia que isso aconteceria, então não foi por Ino. Foi por mim.

- Eu não fiz nada. – disse Gaara se defendendo – Só a beijei.

Nessa hora, Sasuke quase pulou no pescoço do Gaara e eu diria que, se ele fosse vampiro, já teria sugado todo o sangue ruim de Gaara, mesmo isso sendo contra sua vontade. O segurei pelo braço percebendo o que ele ia fazer.

- Não, Sasuke. – falei com minha voz mais suave que o normal. Talvez funcionasse. Toda mulher possui um certo poder de persuasão. E funcionou. Ai gente, eu sou o máximo. Sasuke voltou pra perto de mim com sua face tomada por uma raiva – o que o deixava mais sexy do que já era. Esse garoto fica bonito até quando está com raiva! É incrível!

- Vamos... – passou seu braço novamente ao meu redor, dessa vez foi na cintura, me puxando bem pra perto dele. Seu corpo quentinho me fez estremecer, quando encostei meu corpo gelado nele. Por que ele é quentinho e eu sou gelada? Eu devo ser muito sensível mesmo...

Andamos um pouco mais e então eu o fiz uma pergunta:

- Você brigou com Gaara antes? Por causa disso?

- Só uma discussão mínima. Sim, por causa disso.

Suspirei, com um ar de ‘sou uma idiota’ causando brigas entre as amizades.

- Você não devia. – devia sim, o Gaara era um otário, mas sei que eles eram superamigos, por isso eu quis reverter essa situação – Ele é seu amigo.

- Era. Ele agiu mal com você. Eu não podia deixar assim, tinha que ter falado com ele mesmo.

- Mas, vocês eram tão próximos. Não podem deixar essa amizade acabar assim por causa de mim. Por causa de um acontecimento bobo entre adolescentes.

- Mas você viu o que ele falou quando nos encontramos agora? Ele te desrespeitou.

-suspirei- Ah, eu sei, eu sei. Mas ele é só um idiota a mais nesse mundo. Esqueça esse acontecimento e volte sua amizade com ele.

- Não posso, depois do que ele te fez. E não insista nisso, por favor.

Ok, ele venceu. É claro que, em seu lugar, eu faria o mesmo. Gaara é um idiota. Daqui a pouco vai jogar Ino fora. Vai somente usá-la e jogá-la fora.

Chegando na frente de casa – eram umas 2:00 da tarde – fiquei de frente pra ele pronta pra me despedir. Este sorriu pra mim.

- Nossa amizade está ficando cada fez mais forte, certo?

- Arrã.

- Quer dar uma volta de carro comigo amanhã? – ele me pegou de surpresa.

- C-claro...

Ele alargou o sorriso.

- Vou te buscar na escola. – se aproximou e ia dar um beijo em minha bochecha. Eu, nervosa, dei um ‘pequenino’ passo pra trás e ainda consegui tropeçar, fazendo com que meu rosto se virasse um pouco e então ele me deu um beijo na boca.

Foi um beijo rápido. Ele somente encostou seus lábios no meu devido ao meu ‘descontrole’, senão teria sido um simples beijo na bochecha. Mas seus lábios estavam deliciosamente macios e quentes, como seu corpo inteiro, prensados contra o meu.

Eu, sem perceber, peguei em seu rosto e comecei um beijo de verdade. Essa foi uma iniciativa minha, mas ele passou os baços em minha cintura e retribuiu o beijo de uma forma que me fez estremecer e quase cair no chão. Mas me mantive firme segurando em seu rosto, não podia dar uma de frágil agora! Nossas línguas agora roçavam timidamente uma na outra. Mas eu me entreguei totalmente àquele beijo, e logo a timidez passou.

Com os olhos fechados, me separei dele tentando voltar com a respiração normal.

Minhas mãos agora estavam em seus ombros.

Abri os olhos, com medo de ter feito algo errado, como por exemplo: Beijá-lo.

Ele me fitava com um sorriso de canto inexplicavelmente sedutor.

Olhei pra baixo, com certeza qualquer garota faria isso se estivesse em meu lugar.

- Me desculpe... – foi o que eu falei e então fui correndo pra casa. Fechei a porta. Não acreditava que fiz aquilo. 

Sorte minha que meus pais não estavam em casa. Deviam estar em algum lugar por aí, namorando!

Me encostei na porta e fiquei parada ali por alguns segundos, para logo subir pro meu quarto.

Eu estava tão feliz, que para não gritar nem me jogar pela janela (do 1º andar), eu peguei um caderninho que estava jogado no chão e comecei a escrever. Não, não era meu diário! Eu não tenho diário e nunca tive. Não tenho paciência para ficar escrevendo horas e horas sobre como foi meu dia, se teve algo de novo, porque nunca tinha novidades em minha vida. Mas, agora, eu tinha que desabafar. Então liguei meu mp na música do Marcelo D2: "deixa, deixa, deixa eu dizer o que penso dessa vida, preciso demais desabafaaaaar".

Escrevi tudo o que aconteceu. Desde quando vi o Sasuke pela primeira vez até a alguns minutos atrás.

E encerrei meu texto com um “até a próxima... amanhã te conto como foi o passeio de carro”.