In Love With a Goth Guy escrita por Tsukishima


Capítulo 26
O inesperado




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Acordei com o vibrar do celular, olhei no visor, o número era conhecido e eu nem podia imaginar que era ele quem estava me ligando.

Olhei pro lado, Nikki não estava ali. Vi a luz entrando pela janela, será que eu dormira a tarde e a noite toda? Deveria ser de manhã, ainda bem que é domingo caso contrário eu perderia um dia de aula.

Me apressei pra atender o celular.

- Sasuke?!

- Estava dormindo? – ouvi sua risada do outro lado da linha.

- Sasuke... nem acredito que é você!

- Como você ta, minha flor? – sua voz estava suave, meio rouca, devia ser por causa do telefone.

- E-eu... to com muita saudade de você. Quando você vai voltar???

- Essa semana eu chego... te ligo pra avisar quando eu já estiver em casa.

- Tá... – me lembrei do que ocorrera no dia anterior, o episódio com o ‘macarrão’, mas não comentei nada. Ele notou o meu silencio:

- O que foi? Tem algo que você queira me contar?

- N-não... não eu só quero ter certeza...

- Certeza do que?

- Ah, esquece... quando você chegar, se eu estiver certa, te falo.

- Hm... agora você me deixou curioso, mas tudo bem. Tenho que ir agora, beijo.

- Eu amo você.

- Eu também... – ele desligou.

Suspirei, estava com saudade, mas só de ouvir a voz dele já me sinto melhor.

Olhei ao redor, então a porta se abriu. Nikki entrou e percebeu que eu estava acordada.

- Sakura... finalmente acordou!

- Ãh... Nikki, que dia é hoje e que horas são?

- Calma, já é domingo, mas ainda é cedo! Que cara é essa? – perguntou percebendo minha expressão.

- O Sasuke me ligou agora...

- O que? Ele ligou?

- Sim...

- Amiga, precisamos conversar sobre ontem! – ela fez uma cara de “amiga preocupada”.

- Ah, Nikki... Não deve ser o que você tá pensando...

- Como não? São todos os sintomas! Você ficou assim a semana inteira! – ela deu ênfase à “semana inteira”. O pior é que ela tinha razão. Será que eu estava mesmo?

O quarto estava claro devido a luz que entrava pela janela. Então olhei pra baixo, pra minha barriga. Havia engordado, mas foi porque eu estava comendo como nunca nesses últimos dias. E por que eu estava comendo como nunca? Olhei pra Nikki.

- Não pode ser...

Ela colocou a mão em minha barriga e fez uma expressão nada agradável.

- E essa barriguinha aí, miga? Você não é gorda!

- Ai, Nikki... – eu fiz uma cara de medo. Estava mesmo com medo. Se isso fosse verdade, meus pais descobririam que eu passei uma noite na casa dele e aconteceu mais do que um beijo. E outra: não estou preparada! O que farei se isso for verdade?

- Calma, Sakura! Isso é uma coisa boa... – falou ela meio insegura – Tirando a parte que seus pais vão descobrir tudo a qualquer momento...

- Temos que falar com eles...

- Sakura, eu acho melhor você falar com o Sasuke primeiro... espere ele chegar e esclareça as coisas.

- Imagina como ele vai ficar!

- Amiga, você não pode simplesmente tirar essa vida de você! Ou fugir da verdade, uma hora ou outra todos vão descobrir! E não vai adiantar você ficar lá em casa! Minha mãe vai saber, e quando essa coisa fofa nascer? Você vai querer que eu diga que é meu? Não tem como, Sakura, isso é uma coisa muito séria. Você tem que contar pros seus pais e pro Sasuke o mais rápido possível!

- Tá, calma, calma, Nikki! Você ta me deixando doida!

- Desculpa, miga... Mas... vamos logo falar com seus pais?

- Você não disse que é melhor avisar o Sasuke primeiro?

- Mudei de ideia! Ah, ontem depois que você foi dormir, eu conversei com sua mãe. Ela achou que você estava mesmo grávida e disse que conversaria com seu pai.

- Ai meu deus! O meu pai é o meu maior obstáculo! Logo agora que ele estava começando a gostar do Sasuke! Que droga!

- Calma, ele vai ficar feliz que vai ser vovô! – ela riu.

- Nikki, isso não tem graça!

- Relaxa, miga... você e o Sasuke se amam! Isso é o resultado do amor de vocês dois! – ela gargalhou e eu morri. Como ela pode brincar num momento desses?

- Se minha mãe não soubesse de nada eu ainda teria um plano!

- Plano? Miga, que plano?

- Ahhh, isso seria maravilhoso! – meus olhinhos brilharam e eu percebi a curiosidade queimar nos lhos de Nikki – Amiga, eu poderia dizer que adotei o bebê!

Ela revirou os olhos.

- Sakura, isso não faz sentido! E como você explica o fato da sua barriga crescer mais uns centímetros a cada mês?

- Isso eles não iriam perceber se eu fosse passar um tempo com Sasuke na cidade onde ele está! Mas infelizmente minha mãe já desconfia, então o melhor é contar logo.

- É isso aí. E fica calma que eu posso te ajudar no que você precisar.

Nikki, meu anjo da guarda. Essa sim é a melhor amiga do mundo, se fosse outra pessoa já iria embora de casa dizendo que isso é um assunto de família, que não ia se meter, mas na verdade nesse momento qualquer ajuda é bem-vinda, principalmente de uma garota da minha idade, com quem eu possa conversar e desabafar sem medo e sem hesitar.

Não imagino qual será a reação de meu pai, mas me lembro da conversa que tivemos sobre “o assunto” assim que comecei a namorar com Sasuke. Foi em uma certa noite, que não citei em nenhum momento da história. Ele não me proibiu de fazer nada, foi até legal conversar com ele, pode ser estranho mais foi! Ele não falou em um tom de pai mandão que proíbe a filha de fazer tudo, somente foi compreensivo... como se já soubesse que um dia aconteceria e seria com Sasuke, aposto que ele notou o quanto eu o amo. Mas também tenho certeza que ele não imaginava que isso fosse acontecer tão cedo. Eu agora tenho 17 anos, Sasuke, imagino, que tenha a mesma idade que eu. Ou já tem 18, não sei o dia de seu aniversário.

Agora uma pergunta surge: O Sasuke vai querer essa criança?

Muito bem, ele querendo ou não eu vou tê-la. Mas ele não vai ter coragem de desprezá-la. Pelo menos eu acho que não. Claro que não! Se ele me ama, vai amar o nosso filho também. Filho... É estranho dizer “nosso filho”, eu serei mãe e ele será pai! Isso não parece real, parece um filme. Eu nunca imaginei que seria mãe, nunca queria ser mãe. Nem imaginava que o Sasuke seria o pai! O homem mais lindo e gentil do mundo...

Isso me parece maravilhoso, mas terei que enfrentar meus pais e o mundo. A escola, como vou pra escola com um barrigão? Ah, não consigo raciocinar agora!

Estava na hora do almoço, eu teria que descer para me juntar com minha família e minha melhor amiga. Como encararia meus pais?

Eu estava lavando o rosto e Nikki me esperando para descermos juntas.

E assim foi. Sarah e Ichigo estavam sentados um ao lado do outro com uma expressão nula. Como saberia eu o que estavam pensando? Me sentei de frente para os dois e Nikki ao meu lado. O silencio predominava, podíamos ouvir o som de nossas próprias respirações.

Fechei os olhos e esperei que minha mãe dissesse a primeira palavra, como de costume. E ela o fez:

- Está melhor, filha?

Senti meu coração acelerar, não estava preparada para dizer algo, nem algo sobre aquele assunto. Assim que minha mãe falou, Ichigo fechou os olhos e respirou fundo. Qual é? Isso ta parecendo como se eu estivesse em uma cadeira elétrica, meus pais vão me matar desse jeito!

- Ahan – murmurei olhando para o meu prato que já estava cheio de comida. Será que eu teria enjôo novamente? Ah, que Deus me ajude a não ficar enjoada! Dei uma garfada num tomate, tomate não me faria vomitar!

Que droga, esse silencio ainda vai me matar! Por Deus, será que ninguém é capaz de pronunciar uma mínima palavrinha? Eu acho que se todos ficarem quieto aí sim eu vou vomitar! 

E ficaram, agradeci à Deus por eu não ter ficado enjoada. Mas percebi que agora sim viria a “conversa”.

- Filha – começou Sarah num tom sério que me deu medo – Você sabe sobre o que temos que conversar.

Suspirei, queria sair correndo dali e abraçar o meu Sasuke. Nos braços dele eu me sentia segura e protegida. Fitei Ichigo, este estava calmo, com certeza ele não estava disposto a discutir. Já foi mesmo, não adianta chorar pelo leite derramado. Ou “outra coisa” despejada, se é que me entende.

- Mãe, - disse eu – Não precisamos conversar sobre isso. Você já sabe de tudo e o pai também. – achei que com esse argumento eu fugiria da conversa chata. Eu já até sabia o que iam falar: “Você foi irresponsável! Sabe o que isso significa? Uma vida dentro de você e você só tem DEZESSETE anos!!! É uma adolescente!!! Uma criança!!! Ainda nem completou 18!!! Estamos decepcionados com você, Sakura!”.

E então, quando nascesse o bebê, eles diriam: “Oh, que coisa fofa! Somos vovó e vovô, eu nem acredito nisso! Oh, tem a cara do vovô! Oh, tem o cabelo da vovó! Oh! Oh! Oh!”.

- Você sabe que precisamos! Mas nem adianta mais porque já foi! – meu pai permanecia calado, somente minha mãe falava.

- Mãe, eu amo o Sasuke.

- Mas será que ele te ama?

- Sim, eu tenho certeza. – afirmei – Porque se eu estivesse conversando com ele ao invés de você, ele estaria me apoiando, me confortando, e nem começaria a jogar pedra daqui a cinco minutos.

- Está dizendo que vou brigar com você?

- É provável.

- Pois está enganada. Tudo bem que você errou, mas uma hora isso ia acontecer. Eu vou te apoiar, assim como seu pai.

Meu pai? O olhei surpresa, não imaginava isso vindo dele. Talvez ele gostasse mesmo do Sasuke, talvez tenha percebido o quanto é um bom rapaz. Fiquei tão feliz que quase dei um pulo. Era o que eu menos esperava: que minha família me apoiasse, que ficassem felizes com a vinda de um Uchihazinho ou uma Harunozinha.

- Nós vamos te levar no médico pra confirmarmos... – pronunciou Sarah.

Não pude deixar de sorrir discretamente. Olhei pra Nikki ao meu lado, esta me mostrara um sorriso afetuoso. Somente aquele sorriso me fazia sentir melhor.

- Obrigada mãe... vou subir com Nikki...

- É melhor se arrumar logo, nós vamos daqui a pouco.

- Tá. – me retirei da mesa olhando pro meu pai e levei meu prato até a pia. Nikki fez o mesmo.

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Fomos ao médico. Estava confirmado, eu estava... grávida. Argh! É meio difícil me imaginar com o barrigão de 7 meses, depois o de 9. Depois é mais difícil ainda me imaginar no altar, com véu e tudo que uma noiva tem direito, esperando ansiosa pela parte que o padre diz: “pode beijar a noiva”, enquanto meu filhinho ou filhinha estiverem no colo de minha mãe, erguendo os bracinhos e dizendo “mamãe” ou “papai”.

Nikki ficou ao meu lado durante todo esse tempo, sem ver seu namorado, sem falar com seus pais ou amigos, a não ser na escola, e tudo isso para me dar apoio, pra me fazer companhia e não me fazer sentir solitária. Essa garota não existe.

Assim que chegamos do médico – meu pai se mantivera calado como sempre - Nikki e eu tomamos um banho e nos sentamos no sofá da sala enquanto assistíamos F.R.I.E.N.D.S dando boas gargalhadas.

Era fim de tarde, quase noite. Eu estava lhe agradecendo por tudo.

- Nikki, você é mais que uma melhor amiga! Você é a pessoa que eu mais confio e a segunda que eu mais amo! – claro que a primeira eu nem preciso citar, né?

- Hm, miga, eu acho que alguém está chegando pra tomar o meu lugar – disse manhosa, apontando pra minha barriga. Então nós gargalhamos mais ainda.

- Tá, é a terceira que eu mais amo! Mas fique sabendo que o meu amor por você é... indescritível!

- Haha! Não fala isso perto do Sasuke!

Gargalhamos novamente. Até que estava sendo um dia feliz, com Nikki do meu lado!

Voltamos a assistir F.R.I.E.N.D.S. Mas que seriado legalzinho! Estava tão entretida que nem notei quando tocaram a campainha.

- Migaa – Nikki chamou – A porta!

- Ãh? Ah! – corri até a porta, seria Sasuke?

Abri rapidamente e... Ãh? Não é ninguém? Tinha somente um garoto passando pela rua e mais algumas meninas que aparentavam ter uns 10 anos de idade. Estavam brincando. Chamei o garoto com um “oww!”, mas ele me ignorou e começou a correr. Ué, que estranho! Estava fechando a porta quando olhei pra baixo. Um buquê de cerejeiras? Me abaixei e o peguei. Tinha um cartão. Acho que já vi essa cena antes, deve ter sido em todos os filmes de romance que já assisti. Costuma ser na parte que o casal está brigado: a garota na sua casa recebe um buquê de rosas vermelhas e um cartão perfumado escrito um “Volte pra mim” e o nome do garoto. Costuma ser assim.

Com o buquê de flores-de-cerejeiras na mão, entrei em casa e me sentei no sofá. Nikki abaixou o volume da TV e se aproximou.

- Amiga, que lindo! Deve ser do Sasuke!

Deve ser não... É do Sasuke!

Olhei o cartãozinho , este tinha um tom levemente rosado, e com o cheiro das cerejeiras, estava escrito:

“Para a mais linda flor de cerejeira”

 Lágrimas surgiram em meus olhos. Oh, como é ruim estar grávida! Lembro-me de hoje de manhã depois que desliguei o telefone, quando matei uma formiguinha e comecei a chorar. Tadinha, ela não merecia morrer!!! Foi culpa minhaa.

Analisei todo o cartão. Nada mais havia escrito. Nem seu nome tinha, mas eu já sabia que era ele, pois era sua letra.

Se ele me mandou essas flores, só pode significar uma coisa: ele está em sua casa!

- Nikki, Sasuke chegou!

- É o que parece, né, amiga, mas já está ficando tarde pra falar com ele.

- Hm, ta, amanhã vamos então – todo meu entusiasmo se foi.

- Quem sabe ele não vem aqui! – ela me animou - Vamos esperar amanhã, se ele não vier, nós vamos.

- Tá, eu vou colocar essas flores em algum vaso! – olhei ao redor. Ah! Na mesa de centro! Tirei as flores de plástico que tinham ali e corri com o vaso até a cozinha. O enchi de água e coloquei minhas novas cerejeiras. Voltei com ele até a sala e o coloquei na mesinha de centro. Oh, como ficava lindo! O vaso era branco com desenhos de flores rosas, combinou muito.

Peguei o cartãozinho e corri até meu quarto. O coloquei sob um porta-retrato que agora servia como peso para o cartão não voar.

Voltei pra sala. Continuamos a assistir o seriado, mas não tinha mais tanta graça pra mim porque eu não prestava atenção.

Anoiteceu, jantamos, dormimos, amanheceu e lá estava eu sentada no sofá esperando ouvir o soar da bendita campainha. Passaram-se as horas e nada. Já eram duas da tarde então resolvi ir na casa do meu futuro marido.

- Espera um pouquinho mais, Sakura! – Nikki tentava me fazer mudar de ideia – Ele já vem, quando você menos esperar essa campainha vai tocar! – ela sorriu com a rima que inventara.

- Não, Nikki, ele não vem! Anda, vamos logo!

Meus pais já sabiam sobre as flores e eu contei que se ele mandara flores, obviamente estaria em casa já!

Nikki me acompanhou até a porta. Abri-a e encontrei uma pessoa parada em minha frente. Estava prestes a apertar o botão da campainha, mas parece que eu à interrompi. A pessoa que eu ia visitar e dizer o quanto eu amo estava parada em minha frente, sem dizer nada, mais lindo do que nunca. Seu alvo rosto se encontrava à centímetros do meu, pois eu abrira a porta e andara um pouco. Os olhos do qual eu tanto comentara com Nikki, estavam semicerrados e brilhantes. A franja caída sobre os mesmos ajudava a aumentar seu brilho. Sasuke não mudara nada, somente ficara mais lindo. E quanto a mim? Eu estava horrorosa devido à gravidez, mas feia do que costumava ser. Mas falando dele, eu podia sentir seu cheiro de onde estava, à centímetros de seu corpo. O sol da tarde batia em seus cabelos e os fazia brilhar e movimentar conforme o vento.

Não agüentei mais somente olhar pra ele, claro que eu poderia ficar anos fitando a perfeita imagem de seu rosto que eu não me cansaria, mas eu queria mais que isso. Queria abraçá-lo e depois beijá-lo.

Joguei meus braços ao seu redor o abraçando fortemente, mesmo achando que não era o suficiente. Eu queria poder abraçá-lo mais forte, queria ele mais perto, mesmo isso sendo impossível. Ele passou os braços ao meu redor também me abraçando bem forte.


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Notas finais do capítulo

hey, não me matem, ok? huhuhu o/
gostaram? então comentem
Beijos, pessoas o/