Ella - A Verdade Por Trás Da História escrita por Ayelli


Capítulo 4
Capítulo 3




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Ainda segurando sua mão, Pedro conduziu Ana até uma poltrona indicando que se sentasse e ela assim o fez. Percebendo quão desconcertada e ansiosa ela se encontrava, procurou controlar suas próprias emoções e se pronunciou no tom mais natural que conseguiu.

- Como ia dizendo, espero que me perdoe, tive que ir até Estocolmo com urgência, devido a um problema com um dos navios que transportam nossas mercadorias, por isso essa deselegância forçada. Devido à ascensão da indústria do aço passamos a exportar mais e com isso, passamos a trabalhar mais. A partir daí, a necessidade de estar constantemente viajando também é maior.

Ana realmente estava se esforçando para prestar atenção nas palavras dele, mas estava sendo bombardeada interiormente por diversos pensamentos e sentimentos, queria muito saber tudo sobre Pedro, ao mesmo tempo queria muito saber sobre si mesma e já não era mais só sobre o aspecto das ultimas tragédias vividas, mas, havia algo mais sobre si que parecia precisar ser revelado.

A não ser pela dor da perda de seus familiares, tudo o mais parecia secundário agora, incrivelmente o fato de estar só no mundo, de não ter um destino definido e seu futuro ser totalmente incerto já não lhe causava desespero, sem saber explicar, sentia-se um pouco mais segura agora, embora ainda assim, desejasse algumas respostas.

Mas antes mesmo que Ana pudesse perguntar qualquer coisa, Doroty serenamente se aproximou anunciando que a refeição seria servida. Pedro mais uma vez tomou Ana pela mão e a conduziu até a sala de jantar, dessa vez ambos seguiram em silêncio.

 Como tudo o mais, a sala de jantar também era majestosa, uma mesa com seu conjunto de cadeiras, que mais pareciam uma obra de arte esculpida em madeira, as louças de porcelana, talheres de prata, copos e taças do mais puro cristal, tudo em tom tradicionalíssimo e que aguçava ainda mais a curiosidade sobre aquele homem, sua família e seu passado.

Apesar dessa curiosidade e de todas as perguntas agora nascidas dela, que pareciam querer fugir boca afora, o jantar seguiu seu rumo tratando assuntos amenos como a beleza do jardim, a dedicação do jardineiro e de todos os funcionários da casa, que tratavam aquele lugar como se fosse um oásis no deserto. Pedro falou do carinho especial que tinha por aquela propriedade, pelo jardim e pelo vale em relação a outras que possuía.

Já haviam deixado a sala de jantar e apreciavam um licor na sala da lareira, quando Ana decidiu tomar a iniciativa quanto ao assunto seguinte.

- E qual a origem de sua família, sr. Pedro?

- Srtª, minha família já percorreu tantos lugares que tenho até certa dificuldade em saber qual sua origem exata, mas sei que foi na Rússia, talvez em algum lugar ao norte, viajando, estabelecendo-se e mudando-se constantemente, chego até a pensar se em sua origem mais profunda não seriam nômades – riram.

- Não estou bem certa de onde me encontro agora, mas, deveríamos ter chego em Gävle se o naufrágio não tivesse ocorrido, poderia me dizer onde estou agora? Suponho que em Gävle ou, pelo menos bem perto sim?

- Gävle? Suponho que não, Srtª, estamos na cidade de Mora, Condado de Dalarna, é...  bem distante de Gävle. – percebendo a agitação e nervosismo que tomava conta de Ana, Pedro tentou tranqüilizá-la – mas não se preocupe Srtª, a qualquer momento que queira poderei providenciar para que seja levada até lá!

-         Desculpe-me, é só que...

- Eu sei, Gävle era o destino que sua família desejava alcançar, um lugar seguro em caso de necessidade. Como eu disse, não tem com que se preocupar, pode seguir para lá a qualquer instante.

Seu humor havia mudado, nesse momento, Pedro sentiu que uma onda de tristeza invadia sua alma aliada a um sentimento que não havia conhecido até então, nem mesmo nos tempos em que sua própria existência esteve em risco, um sentimento que tomou conta dele e o assustou, deixando-o furioso, o medo. Então, foi num piscar de olhos, e quando Ana se desviou dos retratos intrigantes para olhá-lo, ele não estava mais lá.

- Pedro! Sr. Pedro! – chamou Ana sem obter resposta, em vez disso, quem surgiu quase que imediatamente foi Doroty.

- Srtª Ana, queira perdoar, o sr. Pedro teve uma leve indisposição e precisou retirar-se, pediu que lhe dissesse que lamenta muito e que devo acompanhá-la até seus aposentos.

Ana teve ímpetos de sair pela casa procurando por Pedro. Estava claramente contrariada e as dúvidas não sanadas agora se somavam a outras tantas. Como era possível ele saber onde sua família desejava ir? E como assim, um lugar seguro? O que aquele estranho poderia saber sobre a segurança de sua família?  E por que diabos lhe havia trazido para ... Mora?  Quem ele pensava ser para lhe trazer a um lugar sem saber se desejava vir?

Percebendo alguns dos pensamentos de Ana, Doroty aconselhou:

- Srtª, é melhor recolher-se. Não seria adequado que a Srtª invadisse o quarto de um cavalheiro!

Ana sentiu-se ruborizar e ficou sem argumentos, estava muito envergonhada. Quem era ele para ter tomado decisões sobre ela, mas, por outro lado, ela também não podia sair atrás dele invadindo até mesmo seus aposentos a fim de tomar satisfações e exigir respostas. Afinal, estava na casa dele e, além do mais, era uma moça de decoro. Sem alternativa, viu-se forçada a concordar com Doroty e dirigiu-se ao quarto sabendo que aquela não seria uma noite fácil.


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