Like Snow White escrita por giuguadagnini


Capítulo 3
The A Team - Ed Sheeran


Notas iniciais do capítulo

Oláaa :)
Bom, mais um capítulo. Obrigado pelos reviews, Bella Weasley e Sofia. Ficaram perfeeeeeitos!
Então, neste aqui, as coisas dão uma acalmada, então podem relaxar esse coração, certo? hahahaha.
Espero muito que gostem.
Boa leitura :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/283839/chapter/3

Encontrava-me sentada na cadeira à frente da mesa do reitor da Columbia Internacional University. Pelo o que indicava uma plaquinha dourada e bem polida ao canto, bem ao lado de um suporte lotado de lápis bem apontados, eu deveria chama-lo de diretor Kinsey.

A secretária que havia me deixado entrar, a qual não pude deixar de notar que usava um batom vermelho não só na boca, como também nos dentes da frente, avisou que esse tal de Kinsey estava em uma reunião com o conselho de professores, e que eu deveria aguardar alguns minutos em sua sala. E foi isso que fiz, e ainda estou fazendo.

Era uma sala bastante ampla para uma pessoa só, devo dizer. Diplomas enquadrados pendurados na parede, um quadro de mérito e fotos do que eu supus que seriam os diretores antigos da universidade. Um mais velho que o outro, os rostos enrugados davam-me a impressão de estar olhando para buldogues entediados.

– Srta. Davies? – um barulho de porta sendo aberta desviou minha atenção dos diretores buldogues. – É um prazer em finalmente conhece-la.

Parado a alguns passos da minha cadeira se encontrava um homem bem apessoado, de pele morena e cabelos bem curtos, quase raspados. Vestia um terno e sapatos lustrosos.

– Rebecca, não é? – ele se dirigiu a mim mais uma vez.

Meio abobalhada, eu levantei da cadeira e apertei sua mão. Ele não parecia um buldogue, como todos os outros. Era até um pouco jovial, aparentando ter no máximo uns quarenta anos.

– Isso – eu confirmei, soltando minha mão da sua – Rebecca Davies, muito prazer.

– Céus, você parece tanto com seu pai – Kinsey deu um sorriso bastante aberto e contornou sua mesa me olhando maravilhado. Ele sentou em sua poltrona de couro preta e entrelaçou os dedos sobre a mesa, ainda me olhando. – Eu sou Andrew Kinsey.

Imediatamente meus olhos se arregalaram e meu estômago deu algumas cambalhotas dentro de mim. Limpei a garganta, temendo que a voz parecesse grossa ao perguntar.

– Ahn, desculpe... Como disse? O senhor conheceu meu pai?

Kinsey piscou os olhos, surpreso.

– Claro, claro que conheci. Thomas e eu éramos companheiros de trabalho antes de... Bem, você sabe.

Sim, eu sei. Antes de ele morrer. Obrigado por me lembrar disso, já havia até esquecido, acrescentei mentalmente.

– Meu pai foi professor? – questionei, tentando não parecer muito interessada.

– Ah, sim. Um dos melhores que eu já tive a oportunidade de conhecer. Os alunos o adoravam, realmente. Thomas sabia ensinar física avançada, se posso assim dizer, de forma divertida e dinâmica, diferente de tudo o que eu já tive a oportunidade de presenciar.

Dei um sorriso amarelo e ele me falou mais algumas coisas, como os cursos que eu poderia me alistar e todo o tipo de instruções de que eu precisava saber.

– Nosso único problema, Becca – eu disse a ele que podia me chamar assim. – é que no momento, não temos nenhuma casa com dormitórios disponíveis. Mas isso não será problema, não é?

Espera um minuto. É claro que isso seria um problema!

– Você pode, de repente – continuou ele. -, se hospedar em algum hotel aqui por perto até termos resolvido seu problema de moradia.

Hotel? Ele estava falando sério? Tudo o que eu tinha era uma nota de vinte dólares, um cartão poupança escolar (que só podia ser usado nas despesas escolares, como o nome deixava bem explícito), algumas roupas e um pacote de Doritos, já vazio, dentro da mochila que Janne havia me entregado. Fora isso, eu só tinha a roupa do corpo. Como eu poderia pagar uma estadia em um hotel?

Mal notei que havia concordado com a cabeça e já saía da sala do reitor, com uns formulários entre os dedos. A secretária sorriu amigavelmente quando passei, ainda com resquícios de batom nos dentes da frente.

Meus pés me levaram para fora do prédio principal e, lá fora, o tempo já começava a se armar. Nuvens acinzentadas se espalhavam pelo céu, prontas para mandar gotas e mais gotas sobre o gramado verde do campus. Não só sobre o gramado, mas também sobre mim, já que não tinha para onde ir.

Ajeitei a mochila sobre o ombro e segui em frente, passando pelas fraternidades variadas. Havia várias delas, é sério, que pareciam abrigar desde os mais nerds dotados de tecnologias aos bêbados e patricinhas.

Todos já corriam para suas casas, temendo ao temporal que estava para cair a qualquer momento. Sentei na calçada, exausta, e passei a observar um esquilo que escalava uma árvore bem depressa.

Ótimo, até os esquilos têm casa aqui, menos eu. Bufei irritada ao perceber meus pensamentos, que arquitetavam um plano de sobrevivência. Será que eles cederiam um de seus troncos para mim se eu aparecesse em cima do galho à uma hora dessas?

Bufei de novo, afastando os pensamentos e os esquilos da cabeça. Como eu me detesto.

Foi então que um pingo grosso e gelado atingiu minha bochecha. Depois desse, vários outros começaram a cair, enquanto eu tentava ignorá-los e fingir que estava tudo bem. Depois de um minuto ou dois, eu já estava ensopada. Sozinha. Sem casa. Tremendo. Desesperada. Não sabendo ao certo o que fazer.

Um garoto, igualmente molhado, passou correndo com uma pasta de plástico sobre a cabeça. Ele foi até uma casa à minha frente, abriu a porta e entrou lá dentro. Bom para ele, ótimo!

Alguns instantes a mais se passaram, água pingava do meu cabelo e minha blusa branca já estava ficando um pouco transparente. Droga. DROGA!

– Ei! – alguém gritou. Era o mesmo garoto que havia entrado naquela casa. Ele estava na varanda, me olhando e... Gritando comigo.

Franzi o cenho, incerta se era mesmo comigo que ele estava falando.

– O que você está fazendo aí?! – ele voltou a gritar. Olhei em volta, mas a única pessoa ali era eu. Ele estava mesmo falando comigo.

Como não falei nada, o garoto deve ter achado que eu era retardada ou algo assim. Ele saiu da área coberta da casa e veio até mim, voltando a se molhar.

– Quem é você e o que faz aqui fora em um tempo desses? – ele perguntou, oferecendo a mão.

– Ahn, meu nome é Becca – falei enquanto ele me levantava com um puxão. Seu cabelo cacheado curto era preto e, no momento, estava mais do que molhado.

– Eu sou o Joe. Você sabia que pode pegar um resfriado assim, Becca? – ele indagou. – Tem ideia de como seu corpo pode reagir a uma temperatura dessas, com essas condições climáticas? – ele apontou para o céu, onde cada pedacinho de nuvem parecia desmoronar sobre nossas cabeças.

Eu o olhei, sem entender. Ele estava me dando um diagnóstico, ou coisa assim? Continuei em silêncio, apenas o olhando. Por acaso ele tinha algum problema pessoal com a chuva?


– Você não é daqui, não é? – ele questionou, sacudindo a cabeça. Várias gotinhas voaram dos seus cabelos para todas as direções possíveis.

Encarei meu all star encardido. Agora, que estava molhado, eu tinha a impressão de estar pisando em esponjas barulhentas.

– Você quer entrar um pouco? – ele perguntou, apontando para a casa. – Se você não notou, o mundo esta desabando sobre nossas cacholas! E EU NÃO POSSO PEGAR UMA GRIPE!

Eu o olhei de soslaio, desconfiada. Não sou de confiar em pessoas, e não era agora que a coisa iria mudar. E... Cacholas? Ele havia mesmo falado isso?

– Olha, já que você se recusa a responder qualquer coisa que eu pergunte Becca, você não me deixa escolhas.

Ele foi se aproximando ainda mais, só que de um jeito esquisito. Ele parecia estar estudando os movimentos que pretendia fazer.

– Do que você está falando? – eu cruzei os braços, na tentativa de esconder um pouco minhas curvas de baixo da blusa que, agora, estava praticamente transparente.

O garoto se curvou para baixo e me pegou na altura dos joelhos, me tirou do chão e me jogou sobre um dos seus ombros, feito um saco de batatas. Com a outra mão, ele pegou minha mochila do chão e começou a andar em direção a casa.

– Joe?! – eu comecei a espernear para que ele me soltasse. – Será que você podia me soltar, garoto?

– Ah, agora você fala! – ele riu, e eu pude sentir seu ombro tremer um pouquinho sob minha barriga.

– Sim, eu falo. E estou pedindo de boa vontade que você me ponha no chão! – eu dei um beliscão em sua cintura e ele se contraiu para um lado.

– Ei! – ele firmou o braço que prendia minhas coxas – Isso vai ficar roxo, Becca! Eu odeio hematomas, você nem tem ideia.

Joe e eu já estávamos de frente para a porta. Ele retirou um maço de chaves do bolso e procurou pela certa.

– Você está falando sério? – eu perguntei, me balançando na tentativa de fugir. – Vai mesmo me forçar a entrar?

– Eu é que não vou ficar dialogando com você de baixo da chuva. Ah, achei.

Um barulho de chave virando na fechadura foi o que eu ouvi. No segundo seguinte, eu já estava lá dentro e... Eu não podia estar!

– Joe, faça o favor de me colocar no chão? – eu batuquei com os dedos em suas costas. – Eu estou ficando seriamente enjoada aqui em cima – inventei, e pareceu surtir efeito. Ele me colocou no chão na mesma hora.

– Nem posso imaginar a quantidade de germes que ficariam perto de mim no caso de você vomit...

– Joe? – uma outra voz irrompeu da sala – Quem é ela?

Um outro garoto, que tinha um estilo de nerd, só que bastante charmoso entrou em meu campo de visão. Tinha cabelos curtos, vestia uma camiseta azul com o símbolo de Super-Homem e usava óculos ray ban de armação preta.

– Uh, Simon – disse Joe ao garoto Super-Homem. – Esta é Becca. Ela estava lá fora, na chuva e... Bem, você sabe...

– Seu perfil hipocondríaco explica – disse Simon, cruzando os braços na frente do peito.

Alguém trancou o riso. Virei-me rapidamente e notei outro garoto. Ele era ruivo, e tinha algumas sardas espalhadas pelas bochechas. Estava sentado à mesa da cozinha, rabiscando em um caderno.

– Eu não sou hipocondríaco! – guinchou Joe, ao meu lado. – Você acha que seu hipocondríaco, Louis?

Então era esse o nome do ruivo. Louis. Ele deu de ombros, fechando o caderno ao mesmo tempo.

– Um verdadeiro hipocondríaco não admitiria, não acha? – ele soltou antes de se levantar e sumir escada acima. Eu não mencionei? Havia uma escada. A casa parecia bastante grande para apenas três garotos.

A porta se abriu com um estouro e mais dois garotos entraram. Um meio loiro e outro de cabelos bem pretos, que no reflexo da luz pareciam até azuis. Os dois estavam se estapeando e rindo ao mesmo tempo.

Espera um minuto, o que estava acontecendo? Garotos e mais garotos pareciam brotar do chão, sem mais nem menos.

– Você deveria parar de dar em cima da Megan, Gus – disse o loiro para o moreno. Eles mal notaram minha presença, e foram logo tirando as camisas encharcadas.

– E por que eu faria isso, Freddie? – retrucou o moreno, com estilo bad boy – Para você chegar nela? Pelo amor de Deus, suas cantadas são péssimas.

Simon, o que vestia a camisa do Super-Homem, pigarreou, e os dois se viraram imediatamente. Eles pareciam surpresos, pude perceber pelos olhos levemente arregalados e as bocas abertas em pequenos círculos deformados.

– Quem é ela? – perguntou o loiro. Se minha intuição estivesse certa, podia jurar que ouvi alguém chama-lo de Freddie. Ele me olhava diferente, quase como um predador. Estava mordendo o lábio inferior e tentava parecer... Provocante?

– Me chamo Becca – eu levantei a mão em um aceno.

– Becca? – ele passou as mãos devagarinho pelo abdômen definido, e eu me obriguei a não olhá-lo. – Isso é um apelido de...

– Rebecca – eu completei, já acostumada com isso – É.

– Legal – disse ele, colocando a camisa sobre o ombro casualmente. – É um grande prazer te conhecer. Um prazer enorme, se me entende – ele piscou, na cara dura.

– Já chega Freddie – interferiu o moreno, rindo e dando uma cotovelada nas costelas dele.

Se eu não me engano, seu nome era Gus. O olhei, rapidamente, e notei que seus olhos eram claros, azuis como os de um husky siberiano. Eu gostava disso. Digo, a combinação dos cabelos escuros com os olhos claros.

No mamá, ya he dicho que estoy bien! – apareceu gritando outro garoto, de cabelos volumosos e enroladinhos. Ele estava com o celular no ouvido, e revirava os olhos seguidamente. - No se preocupe. Es sólo lluvia, no un tsunami.

– Este é o Pablo – indicou Joe, que estava ao meu lado. – Ele veio do México e a mãe dele é um pouco protetora demais. Ela liga toda a hora. Esta deve ser a décima segunda ligação, só hoje.

Pablo desligou e soltou um suspiro de alívio, e então me viu.

– Olá – disse ele, confuso, tentando maneirar no sotaque.

– Oi – eu disse, tímida.

Ficamos nos encarando, o loiro e o moreno sem camisa que se chamavam Freddie e Gus, Joe, Simon, Pablo e eu.

– Vocês todos moram aqui? – eu tomei coragem e perguntei. Eles assentiram, naturalmente. – E quantos vocês são? Seis?

– Sete – corrigiu Simon. – Você ainda não conheceu o Nate. Ele vive dormindo. Deve estar no quarto, tirando sua soneca de quatro horas.

Ficamos pairando por um silêncio incômodo. Eu não sabia ao certo o que fazer. Devia falar para eles que não tinha onde ficar? Droga! Era isso ou passar a noite na rua.

Enquanto fazia questão de me esconder cada vez mais dentro de mim mesma, mal notei que Freddie, o loiro pervertido sem camisa, estava me secando com os olhos. Ele tinha um sorriso travesso meio torto, e sua língua umedecia os lábios constantemente.

E com um baque, eu me lembrei de que minha blusa estava molhada. Freddie estava olhando para o tecido branco, agora quase transparente como um cubo de gelo. Com um movimento rápido, eu puxei Joe - o hipocondríaco igualmente ensopado - para minha frente, ao mesmo tempo em que murmurava:

– Eu não tenho onde ficar.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, o que vocês acham que vai acontecer? :O
Posso postar o próximo hoje mesmo, se receber um reviewzinho só, hahaha.
Depende de vocês, ok? Os capítulos já estão prontos.
Um beijo e até o próximo ;*
Giu ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Like Snow White" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.