Eu estava  quase cochilando quando o ônibus finalmente para, e as outras pessoas que estavam dentro ali começam a descer. Assim que saio, é impossivel não parar alguns minutos para contemplar o brilho da grande cidade tecnológica, cheia de grandes placas luminosas. Mas não demorei a recobrar minha consiência e olhar para os lados, perdida. O que eu faria agora? Eu não sei onde é nada aqui.  Me espremo entre as pessoas que andavam nas calçadas lotadas, me sentindo deslocada e perdida. A única coisa que eu queria era encontrar um aeroporto e ir para Nova York. E só agora eu noto o quão ridículo isso é. Eu sou uma idiota. O que eu pensava que isso tudo era? Uma história em quadrinhos que no final sempre tudo dá certo? O mais provável é eu ser assaltada e morrer por aqui.  De repente, a cidade que eu admirei a alguns instantes atrás, virou o meu inferno.  Depois de mais alguns minutos andando espremida e sem rumo, finalmente a multidão começa a diminuir, assim como as luzes brilhantes. Mais alguns minutos e eu estava sozinha em uma rua deserta. Acabo por ir até um parque infantil onde não havia ninguém, e me sento em um balanço. Se eu olhasse para cima, ainda poderia ver o brilho dos grandes prédios, mas prefiri olhar para a corrente de metal do balanço vermelho em que eu estava. Sinto minhas lágrimas voltarem a umidecer meus olhos. Eu estava sozinha e perdida, numa cidade desconhecida, longe de qualquer pessoa que eu pudesse confiar. ...Não, espere...Eu já estava a um mês longe da única pessoa que eu poderia confiar. - Ei, você está bem? - Uma voz feminina disse, logo atrás de mim.  Viro para a pessoa, dando de cara com uma garota de olhos e cabelo rosa-escuro, preso em duas maria-chiquinhas. Ela parecia ter a minha idade.  Eu nada respondo e ela se senta no balanço ao meu lado. - Você parece perdida.  Não respondo novamente, e a rosada bufa. - Olha, eu não vou te raptar ou fazer qualquer outra coisa com você. É que você me lembra uma amiga minha, e eu gostaria de poder te ajudar.  Olho para ela, me perguntando se falaria com ela ou não. Ah, bem...Eu já estou no fundo do poço, não tem como ficar pior. - Eu fugi de casa e vim pra essa cidade. Não sei onde fica nada aqui e nem tenho nenhum lugar pra ficar.  Os olhos da outra brilham. - Você pode ficar na minha casa se quiser, e é só me falar onde quer ir e eu te levo. Ah, e a propósito, meu nome é Teto. Kasane Teto. - Ela disse sorrindo.  Novamente, ou era confiar e ver no que dá, ou morrer na rua. - Hatsune Miku. - Digo ainda meio receosa - Kasane-san...Você sabe onde tem um aeroporto? - Aeroporto? Pra onde você vai? - Estava querendo ir para Nova York. - Nova York?! - Ela disse, se levantando bruscamente do balanço, fazendo as correntes tilintarem - Eu ia pra lá mês que vem, mas já que você quer ir agora, eu vou com você!  Tenho a pequena impressão que essa garota é meio doida. - Mas e seus pais? - pergunto - Não tenho - Ela diz, me puxando do balanço, e me arrastando pelas ruas, animada como antes. Mas consegui ver um brilho triste em seus olhos, ao mesmo tempo. - Desculpe por isso...Eu não sabia...- Murmurei - Não tem problema, Miku-chan. Não é sua culpa - Ela disse, sorrindo para mim novamente.