Capitulo 02: Gefahren von der anderen Seite.

“Só há duas maneiras de viver a vida: a primeira é vivê-la como se os milagres não existissem. A segunda é vivê-la como se tudo fosse milagre.”

Albert Einstein

A Noite em Berlim é tão escura quanto uma caverna abandonada, as ruas desertas e frias mostravam que nesse momento todas as pessoas dormiam do lado Oriental da Alemanha.

Eu estava em uma floresta escura, na minha frente havia o meu passaporte para a liberdade. O buraco de fuga foi feito há cinco meses, depois que uma retirada em massa não deu certo. A única pessoa que não foi presa cavou o buraco durante dois meses sem que os soldados soviéticos vissem e partiu para Berlim Ocidental, não sem antes comunicar a minha mãe que tinha conseguido a tão sonhada liberdade. Esse homem era meu tio Walter, ele fez de tudo para que minha mãe fosse com ele, mas ela disse que não era o momento.

Minha passagem pelo túnel foi rápida, quente e sufocante. A luz mostrava que eu estava perto de realizar meu desejo, mas eu ainda sentia medo. Afinal, e se houvessem soldados soviéticos do outro lado da fronteira?

A música se tornava cada vez mais alta, era música americana, jazz.

As gargalhadas das pessoas se tornavam cada vez mais altas, de repente a música mudou. Rock.

Eu consegui atravessar o túnel sem problemas, não havia soldados soviéticos afinal, apenas soldados americanos rindo e bebendo.

Caminhei pelas ruas do lado Ocidental da Alemanha e vi a diferença. Ali era bem mais alegre, ouviam-se risadas e músicas felizes, na parte Oriental era comum ouvir música clássica.

Havia vários bares, uma música diferente em cada um. Eu precisava achar meu tio Walter, mas eu não tinha idéia de por onde começar a procurar.

Depois de muito caminhar decidi entrar em um bar pequeno e mal iluminado na esquina de uma rua sem saída. Eu sabia que era arriscado entrar nesse bar suspeito, mas alguma coisa me dizia que era o certo a se fazer.

O rock dos “The Beatles” infectava o bar. Muitas pessoas estavam dançando e bebendo, algumas estavam jogando cartas. Alguns homens eram altos, fortes e assustadores, mas mesmo assim eu não sai de lá. Andei até o balcão, em que uma mulher alta e bonita limpava um copo transparente, ela me observou sentar no banquinho e deu um sorriso de estrela de cinema.

- E então, o que vai querer? – Ela perguntou colocando um copo e uma garrafa de wisky em cima do balcão.

- Ah... Só uma água por favor. – Pedi.

Ela me olhou como se eu fosse uma extraterrestre e começou a rir.

- Me perdoe, mas qual é a graça? – Perguntei.

- Você não é daqui né? – Ela perguntou colocando uma mecha loira detrás da orelha.

Eu não respondi, ela apenas deu de ombros e foi até detrás de uma cortina, alguns segundos depois ela voltou com um copo cheio de água cristalina.

- Aqui está forasteira. – Ela falou colocando o copo encima do balcão.

- Gab’s, manda um bem forte ai pra mim gata. – Eu saltei do meu banquinho e olhei para o homem que havia sentado do meu lado. Ele era moreno e tinha olhos azuis como o céu em dia de sol. Vestia uma camisa branca que valorizava seu físico e uma calça marrom. Ele olhou para mim e deu uma risadinha maliciosa, ótimo, mas um pervertido na minha vida.

- Eu faço esse pela conta da casa se você descobrir de onde ela é. – Falou a loira colocando uma bebida transparente em cima do balcão.

O moreno me analisou cuidadosamente e deu uma risada.

- Obviamente mais uma fugitiva do regime soviético. – Ele virou seu copo e seu uma piscadinha para Gab’s. – Acertei gatinha?

Eu apenas sentei novamente e continuei a beber a minha água.

- Foi o que pensei. – O moreno olhou a para Gab’s e levantou seu copo. – Manda mais dois Gab’s, eu acho que a fugitiva deve estar precisando de um pouco de álcool no sangue.

Eu engasguei no mesmo momento e olhei para ele desacreditada. Gab’s colocou a mesma bebida transparente na minha frente.

- Eu não bebo. – Falei empurrando a bebida em direção ao moreno.

- Com uma voz tão bonita assim, não deveria ficar tão calada princesa. – Ele falou empurrando o copo na minha direção novamente. – Meu nome é David. – Ele estendeu a mão na minha direção, mas eu não a apertei.

David me abraçou de repente, eu fiquei parada como uma estatua com o que ele fez. Gab’s apenas deu uma risada.

- Solta a estrangeira David, está assustando a coitada. – Ela falou.

- Desculpe-me princesa, mas é assim que eu comprimento as damas que não querem me cumprimentar. – Ele falou no meu ouvido, eu me levantei apressadamente, mas quando estava na porta do bar eu me lembrei que não havia pagado a conta. Respirei profundamente e retornei com passos lentos.

- Quanto eu te devo senhorita. – Perguntei a Gab’s.

Ela deu uma risada contagiante e fez que não com a cabeça.

- Não me deve nada estrangeira, pense nisso como boas vindas. E por favor me chame de Gab’s. – Ela falou.

- Obrigada... – Eu a olhei e respirei fundo antes de falar. – Gab’s.

Ela sorriu e fez uma careta de duvida.

- Espere ai estrangeira, qual o seu nome? – Gab’s perguntou.

- Pode me chamar de Tina. – Falei.

-Ok estrangeira, espero que você curta o lado Ocidental da Alemanha. – Ela desejou ignorando o meu nome.

- Espere ai princesa, o seu Tina é de Valentina ou Betina? – David perguntou, mas eu ignorei.

- Adeus Gab’s. – Falei a loira.

- Até mais estrangeira. – Escutei a voz dela quando sai do bar.

*~&~*

As últimas 24 horas passavam na minha mente enquanto eu caminhava pelas ruas de Berlim Ocidental, o barulho presente na fronteira foi desaparecendo aos poucos e dando lugar ao silencio assustador.

Eu havia ficado a tarde toda escondida na floresta do outro lado do muro esperando anoitecer para que eu pudesse fugir, tinha certeza que me pegariam caso eu fosse à luz do dia.

As casas eram pequenas e coloridas, algumas ruas eram sem saída o que me deixava mais perdida, eu precisava de um lugar para dormir, mas eu não tinha a menor idéia de como eu ia encontrar esse lugar.

Eu encontrei mais uma rua sem saída, legal. Caminhava de volta por onde eu tinha vindo, mas dois homens altos e fortes apareceram no beco. Eles caminharam divagar na minha direção, eu estava assustada, não sabia o que ia acontecer.

- Olha só o que agente encontrou Jonny. – Falou um dos homens.

- A gatinha se perdeu foi? – Perguntou o outro.

- Não vai falar com agente gata? – Perguntou o Homem número 1.

- Parece que a gatinha perdeu a língua. – Zombou Jonny.

- Acho que nós podemos fazer ela achá-la novamente. – Falou o homem.

Eles avançaram em mim, nas minhas costas só havia a parede da rua. Estava perdida. Restou-me apenas fechar os olhos e esperar pelo pior.

 Alguns barulhos apareceram no cenário, mas os homens não estavam tocando em mim. De repente ouvi uma voz conhecida no meu ouvido.

- Já pode abrir os olhos princesa. – Sussurrou David.

Eu abri meus olhos lentamente e David deu um sorriso brilhante. Havia uma lanterna em sua mão. Os dois homens haviam sumido.

- Onde... – Tentei perguntar, mas minha voz não saia.

- Eles não vão te perturbar mais, não se preocupe. – Falou ele.

De repente um pensamento invadiu a minha cabeça.

- Você estava me seguindo? – Perguntei.

- Alguma coisa me disse que você não conhecia as redondezas, então eu segui você até ter certeza que ninguém ia te matar. – David desligou a lanterna, ele chegou mais perto de mim até o ponto em que não podia mais. – Deveria me agradecer princesa. – Falou baixinho.

- Você sabe um lugar que eu possa ficar? – Perguntei. Sei que não é certo confiar em estranhos, mas era isso ou dormir nesse beco escuro.

- Tenho um lugar perfeito. – Ele falou se afastando.

*~&~*

- Lar Doce Lar! – Exclamou David assim  que entramos em um pequena casa.

Eu entrei devagar, esperando encontrar alguma coisa que me pusesse em perigo para que eu saísse correndo assim que encontrasse, mas não aconteceu nada.

- Não deveria olhar tão desconfiada para a minha casa. – David falou pegando alguma coisa no que deveria ser a cozinha.

Eu paralisei no lugar assim que ele disse isso.

- Como assim... sua casa? – Perguntei baixinho.

- Você imaginava o que princesa? – Ele perguntou.

- Não sei, talvez seria melhor se você me levasse para algum hotel, ou sei lá. – Falei observando a pequena casa.

- Você não tem dinheiro para esse tipo de coisa, eu sei. – Eu me deu um copo d’água e eu hesitei. – Não tem nada ai princesa, só água.

Eu peguei o copo e bebi devagar.

- E outra, aqui perto da fronteira é meio perigoso. – Ele falou por fim.

- E porque você mora por aqui? – Perguntei.

- Digamos que eu gosto do perigo. – David se sentou no sofá encardido da sala e colocou os pés pra cima. Depois de alguns minutos de silencio ele perguntou.

- Tem problema se você dormir no meu quarto? – Eu estava prestes a responder quando ele completou. – Comigo.

Eu fique sem reação, quem aquele imbecil pensava que era?

- É claro que eu não vou dormir com você! – Esbravejei.

- Eu só achei que seria melhor do que dormir no sofá princesa. – Ele falou.

- Aqui só tem um quarto? – Perguntei alarmada.

- E você queria quantos princesa? – Ele perguntou irônico e completou. – Aqui não é o seu palácio.

- Eu... – Eu iria dizer que não morava em um palácio, o que era meia verdade, mas eu preferi ficar calada.

- Olha princesa, não vamos deixar as coisas complicadas, ok? – David falou indo até um outro cômodo.

- David? – Chamei.

- Aqui princesa, um travesseiro e um cobertor pra você. – Ele os colocou em cima do sofá e olhou pra mim. – É o máximo que eu posso te oferecer.

- É o suficiente. – Falei e caminhei até o sofá.

- Tenha uma boa noite princesa. – E saiu, me deixando sozinha naquela sala pequena.

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Galera, eu to meio triste por causa da quantidade de reviews que você deixaram, eu esperava mais. Mas tudo bem, eu não vou lagar a fic por causa disso.

Eu to muito animada com essa fic, mas o problema é: eu tenho mais duas fics e também to aproveitando o notbook do meu pai pra fazer as capas de fic, porque eu já tenho mais de dez projetos. E também tem outra coisa: eu baixei um monte de livro e to querendo terminar de ler antes de começar as aulas, então fica meio complicado escrever. =/

Mas eu não vou demorar muito pra postar de novo, não se preocupem, mas eu quero reviews.

Beijocas e até a próxima.