Mulher América escrita por Lady Snow


Capítulo 9
Capítulo 9- Cartas, conversas e memórias.


Notas iniciais do capítulo

N/A: ooooooooi :) desculpem a demora, mas passei o fds fora e a senhora inspiração só resolveu dar as caras hoje -.-
Bem, bem, espero que esteja bom! Me informem qualquer erro, ok? Beijos e boa leitura! ♥



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Dois meses depois.


O céu tornara-se estranhamente cinzento, o sol escondera-se atrás de algumas nuvens pesadas, o campus parecia mais vazio do que o normal. De 50 homens, sobrara apenas 30 agora nesse intervalo de dois meses. E tinham levado Richard neste período de tempo, e Chris sequer obtivera qualquer carta ou notícia se o rapaz permanecia vivo ou se estava... Morto. Não queria nem pensar na possibilidade de seu amigo estar morto, como um soldado qualquer. Aquilo fora angustiante, e Chris achava que Steve Rogers era um egoísta, patriota fanático e inescrupuloso. Concluiu que o pouco de bom que chegava em sua vida logo lhe era tomado. Suspirou. Estava se tornando uma mulher vazia, tal como fora uma criança vazia. Estaria predestinada à frieza? Não sabia, e temia saber. Sentia cãibras nas pernas de tanto caminhar bosque à dentro junto com os outros, atravessava com dificuldade o lago lamacento, carregava um fuzil nas costas, mas nem aquilo estava lhe afetando tanto quanto seus pensamentos amargurados e ansiosos.


– Andem, meninas! Falta pouco, logo poderão retornar à suas respectivas suítes presidenciais e banharem-se em um delicioso spa, com direito a manicure e cabelereira para lhes embelezar, hah.– O treinador soltou um riso solitário e debochado, assemelhava-se sonoramente à um riso de alguém asmático, e Chris chegou imaginá-lo tossindo em seguida, porém, a tosse não veio e, como todos estavam cansados e famintos, não viram a mínima graça na troça feita pelo seu treinador. Ignorando completamente o comentário desnecessário, Chris desatolou o pé direito na lama grudenta e escorregadia, se permanecessem em passos lentos, os pés afundariam gradativamente, em intervalos tão pequenos, que bastaria 10 minutos para que um ou mais homens estivessem completamente submersos naquela terra pegajosa e fedida. O cheiro era pútrido, algo como esgoto industrial, residencial e substâncias decompostas, tanto vivas quanto mortas. Ninguém sabia ao certo quando é que havia surgido aquele lago, mas o que se sabia era que era arenoso e muito perigoso, qualquer coisa que por ali perdurasse, seria engolido sem dó nem piedade, e mesmo alheios e cansados, nenhum soldado estava disposto à morrer de forma lenta, consciente de que seu fim era desesperador e bobo. Como quem morre por descuido, e seria mesmo isso, se caminhassem sem a cautela necessária. Tinha por volta de seus 1 metro e sessenta se percorrido como deveria, senão, a profundidade seria imetrável, e sequer alguém se prontificava de descobrir. Em largura, não devia obter mais do que seus 30 metros, e de uma ponta à outra, um quilômetro bem medido. Por volta, havia pouco gramado, o bosque era extremamente úmido e abafado, chegando a ser quase insuportável, a terra era preta e instável, cada passo e uma grande marca de cuturnos se formaria, a terra não tinha liga, e, portanto, fofa demais. Os matagais que se erguiam davam no máximo, até os joelhos, e muitas urtigas. As árvores tinham suas copas bem altas, os troncos eram grossos e retorcidos assustadoramente, poucos pássaros piavam no bosque, devido a estafa que o local causava. Insetos eram, com toda certeza, pior do que qualquer urtiga. Mosquitos, moscas e derivados voavam de um lado para outro por toda extensão, deixando peles marcadas em vermelho e homens zangados, coçando os comichões que as malditas causavam-lhe juntamente com o roçar de outras plantas, tanto conhecidas quanto desconhecidas. Chris olhou à diante já desesperançada, quando finalmente avistou a margem daquele lago há não mais que vinte metros. Encorajada, arriscou passos mais rápidos, mesmo com as cãibras berrando-lhe nas pernas e o corpo exausto do treinamento. Os cabelos presos em um rabo de cavalo desgrenhado estavam molhados, oleosos do calor, e o corpo quando não sujo de lama pegajosa, estava coberto por uma fina película de suor frio rodeando seu rosto, tronco e partes dos braços. Sentia o roçar da lama tentar puxar-lhe o passo para que resistisse à ele e não se movesse, como uma armadilha natural, e de fato, era mesmo. Caminhou, puxou os pés vendo bolhas subirem à superfície, o calor, as cãibras, os passos fazendo um clap nas profundezas de onde passava firmemente, ajeitando o fuzil nas costas e prevalecendo no dificultoso e longo caminho. Passou à frente de dois ou três soldados, mas nada mais via que a margem do outro lado, estava cega, e até mesmo seus pensamentos deixaram seu estado repetitivo de amargura para concentrar-se apenas no que seus olhos mostravam ao cérebro, e este, interpretava como o fim daquele inferno morno e enjoativo. Por fim, agarrou-se à beirada e impulsionou-se para cima com os braços, descolando as pernas da lama, tentou duas vezes, e na terceira, pôde sair. Sentiu-se aliviada e respirava sôfregamente, com certeza aquela fora a pior das tarefas já realizadas no campus. De pouco em pouco, os soldados puderam finalmente deleitar-se junto à Chris da saída daquele lago, parecia que tinham saído do inferno e subido diretamente ao paraíso. Ah, nunca ficaram tão felizes em sentarem no chão coberto de urtigas, formigas vermelhas e outros insetos e animais rastejantes, exceto cobras. Ou haviam, mas não deram de cara com nenhuma até o momento, e nem queriam, se não fosse pedir demais.


– Pronto, parte da tarefa está cumprida. Vocês tem se esforçado bem, trabalhado bem, e garanto que logo poderão ser bons soldados e o principal: úteis. Não apenas um homem à mais na formação, e sim, um que possa fazer a diferença. - O treinador olhou todos, uns em pé demonstrando-se fortes, inquebráveis e resistentes, embora se dessem mais dois ou três passos, estariam coxeando para manterem-se no caminho. Outros, preferiram sentar e massagear onde quer que as dores estivessem assolando-lhes. Naquele momento, o treinador teve um mínimo de reconhecimento e compaixão, deixando seus homens aliviarem-se um pouco, pois a caminhada de volta seria um pouco longa, e ele não queria nenhum homem agindo como uma criança de colo implorando para a mãe vir acalentá-lo. - Portanto, concederei um dia para que contatem suas famílias ou seja lá qual for a qualquer ligação que tenham com alguém fora daqui. Depois de nosso retorno, estarão dispensados. Terão o sábado dispensados para isso, e no domingo, retornaremos ao treinamento e acreditem, estou tão enjoado dessa monotonia quanto vocês. Então, vamos andar logo com isso para que termine mais rápido e possamos enfim retomar às camas e à uma boa noite de sono.


Os soldados ficaram assustados, jamais viram o treinador, em três meses, falar com tanto cansaço e algo próximo de compreensão. Mas bem, ele também era um ser humano, e como qualquer outro, precisava de um pouco de descanso para recompor as forças e tornar à batalha. E Deus, bem sabiam como todos precisavam de um bom e longo descanso. Após a notícia bem quista, todos puseram-se à marchar com mais rapidez e ânimo, e bastou uma hora para que chegassem novamente à suas camas e banheiros, e nisso a noite já havia caído. Os rapazes e a moça apareceram apenas para o jantar, que nem aproveitaram para fazer gracejos uns com os outros, mas apenas fartaram-se de comer ávidamente e retornaram para suas camas, com o sono sendo sua fiel companheira onipresente. Alguns poucos demoraram mais um tempinho cuidando dos poucos machucados para dormirem melhor, outros já aproveitaram para suas orações, e a outra minoria dedicava-se à rabiscar alguma carta ou ler alguma coisa. Para não atrapalhar os colegas, quem quisesse utilizava como luz um lampião ou uma lanterna, alguns até uma vela de cera comum sob qualquer superfície plana que lhes desse alguma certeza. Mas não tardou para que todos caíssem no mundo dos sonhos.


O céu erguia-se do lado de fora em uma imensidão azul marinha, a lua minguante e branca brilhava sem nenhuma nuvem cinzenta tentando roubar seu show, embora algumas estrelas irradiassem um brilho branco meio prateado esplêndido, em uma beleza pura e sem comparação. Chris observava o céu sentada em sua cadeira, com os braços apoiados na mesa que posicionara de frente para a janela, desenhava com os olhos figuras ligadas às estrelas, como uma menina faz na sua presente infância curiosa e criativa. Sentia pouco sono, e ainda havia o que fazer. A gaveta da escrivaninha encontrava-se aberta, o fundo falso retirado e os papéis amarelados já escritos organizados por ordem de data ali em cima. Mas nenhum papel escrito agora despertava sua atenção, e sim, o céu e um novo papel, pronto para ser preenchido por sua própria caligrafia. Não demorou-se, puxou logo uma nova folha que conseguira, como todas as outras vezes, na sala do senhor 1º tenente. Escondida, é claro. Mas eram papéis que pouco provável fariam falta ao homem, visto que possuía gavetas repletas de fardos fechados de papéis lisos e brancos, intocados.


Ali, sentada sendo observada apenas pela imensidão escura, recordou-se de quando dizia à si mesma que não tinha destinatário para suas cartas. E pensando melhor, agora talvez tivesse. Havia dois meses que não tinha notícias dos homens que foram recrutados por Steve Rogers em uma missão, e achava que agora talvez pudesse ser o momento oportuno para enviar uma carta. Para Richard. Não tinham contato, nem eram de fato amigos, mas compartilharam dois dias especiais, foram colegas, e partilharam um beijo. Acreditava que aqueles fossem bons argumentos e convincentes o suficiente para achar que bem poderia escrever uma carta perguntando-lhe como estava. Nada muito íntimo, nem formal demais, quem sabe apenas... Interessada. É, esse poderia ser o termo correto. Sem mais demoras, puxou a caneta e pôs-se a escrever a tal carta.


"Querido Richard..."


Não, eles não eram assim tão próximos e queridos para que ela o atribuísse por aquele substantivo.


"Richard..."


Também não eram completos indiferentes. Droga, a primeira linha já estava sendo complicada. Porém, persistiu na tarefa.


"Caro Richard..."


Com um sorriso satisfeito, julgou que aquela fosse a forma perfeita para iniciar a carta. E então, continuou escrevendo. Bastou-lhe apenas um pouco mais da metade de uma folha para que se sentisse contente com seu resultado. Dobrou o papel em quatro pedaços e depositou dentro de um envelope, pedira no jantar a localização do acampamento, mas não deram-lhe. Ela então disse que precisava enviar uma carta, e um dos soldados que trabalhava junto da secretaria, respondeu que poderia destinar a carta, e ela seria levada para quem quer que fosse. A resposta fora pouco convincente, mas ela preferia acreditar que o rapaz faria mesmo o que ela pediu. Deixou a carta na gaveta, após guardar suas próprias cartas no fundo falso, depois, deitou-se e dormiu uma noite quase tranquila, exceto pelos olhos azuis gélidos e desconhecidos visitando-lhe misteriosamente nos sonhos mais uma vez.


[...]


Muito ao longe, um acampamento estava instalado. Cabelos ruivos esvoaçavam conforme a brisa noturna passava sobre ele, despenteando-o, mas os pensamentos continuavam firmes e seguros dentro da cabeça. O vento gélido causavam-lhe leves tremores, não estava tão frio, mas já fazia um tempo que estava ali, sentado no chão sob a grama em um pequeno relevo, admirando o céu e pensando. Já fazia dois meses que Richard estava fora do campus, trabalhando ao lado de Steve Rogers, vulgo Capitão América e a Agente Peggy Carter. Passou por maus bocados, como por exemplo, ser quase pego por um soldado inimigo bem armado, porém, com uma granada de gás tóxico que levava, conseguiu escapar, e aqui estava ele, vivo. Como prometera à Chris. Pensar nela levava diretamente ao beijo suave que trocaram. Achava confuso, pois ambos mal se conheciam, e já tinham se beijado. De qualquer forma, aquilo não era, de fato, tão ruim assim ao seu ver, e cada vez que se recordava daqueles breves momentos, seu coração dava um salto e sentia um leve frio na barriga. Absorto em seus pensamentos, não pôde notar a presença do Capitão ali.


– Soldado Thompsom? - O rapaz deu um leve pulo sobressaltado, quando é que tinha ficado tão desatento?


– Pois não, senhor? - Steve sentou-se, os dois haviam se tornado bons colegas, Richard era sempre bem atencioso, prestativo e inteligente, e Steve há muito estava precisando de um bom amigo, além de Bucky.


– Na verdade, pois sim. - Steve riu nasalmente, sendo acompanhado por Rick.


– E então, o que está achando dessa vida? - Richard recordou-se de quando fizera uma pergunta semelhante à Chris, e ela lhe respondera: "Talvez seja o inferno na Terra."


– Richard? - Chamou Steve.


– O quê? - Respondeu ele voltando à realidade.


– Eu lhe fiz uma pergunta...


– Oh sim! É claro... É claro... Eu... - Disse encabulado -. Bom, não é tão ruim. Embora seja demasiadamente perigoso, mas é bom viver sob adrenalina, até porque, não me resta muito além disso... - Richard olhou sombriamente para algum lugar do céu, como se lá fosse onde estavam as respostas para tudo, e talvez estivessem, juntamente com novas perguntas.


– Isso era tudo que eu sonhava. - Steve gesticulou abrindo seus musculosos braços para indicar o seu redor -, e aqui estou. Graças à esse experimento em que fiz parte.


– É... - Disse Richard vagamente, recolocando sua concentração nas memórias de dois meses atrás.


– Tenho te notado disperso. Apaixonado, Richard? - Disse Steve amigávelmente, com um sorriso travesso. Rick corou violentamente, tornando-se mais vermelho de que o habitual, embora não pudesse ser notado devido à escuridão, e Rick agradeceu internamente por isso.


– E-eu? Apaixonado? Não... Não.


– Então alguma coisa está assolando-o. Pode me dizer, somos amigos, não somos? - Rick tinha lá suas dúvidas, mas quem sabe fossem mesmo, afinal, o que era chamar um homem de amigo, - com ele se encaixando para tal -, quando beijava uma mulher desconhecida? Talvez fosse melhor deixar de guardar aquilo e finalmente confiar em alguém suficientemente para contar.


– Bem, uma mulher... - Ele fez uma pequena pausa e soltou um longo suspiro-, não nos conhecemos muito bem, mas... Fizemos algo precipitado. - Ao notar a expressão de Steve, ele tratou de se explicar desajeitadamente, gaguejando - Não! Não é isso! Nós só... Só nos beijamos sem ao menos sabermos muito sobre um do outro.


Steve franziu as sobrancelhas, não era lá algo de muita relevância da qual Rick tivesse de se preocupar, mas se estava afligindo-o, era porque certamente aquela mulher faria uma grande diferença em sua vida, e não demoraria para isso.


– Olhe, talvez tenha sido mesmo. Mas se isso toma seus pensamentos, eu acho que em breve poderão chegar à um concenso. Quem sabe tentem se aproximar de agora em diante, não é?


– Tem razão. - Disse Richard, com ar pensativo.


– E quem ela é? - Steve estava curioso, quem sabe conhecesse-a e poderia arranjar um encontro para os dois quando retornassem e se sobrevivessem, óbviamente.


– Não sei se devo... - Disse Richard um pouco desconfortável, não queria realmente contar quem era que andava tomando sua cabeça por inteiro.


– Conte apenas se sentir que é necessário. Mas, eu te desejo toda sorte do mundo, seja ela quem for. - Steve deu um tapa amigável no ombro esquerdo de Richard e retirou-se, enquanto Rick pensava "é porque o senhor não imagina quem seja."


[...]


– Steve, onde estava? - Abordou Peggy, preocupada, mas mantendo a fachada de durona.


– Desculpe, Peggy, estava conversando com Rick. - Respondeu ele simpáticamente.


– Ah é? Sobre? - Disse ela curiosa.


– Parece que o menino-de-fogo está apaixonado. - Disse Steve sorrindo, o sorriso estonteante que a fazia perder os sentidos, seu coração acelerar e seu rosto pegar chamas. Por que tinha de estar terrívelmente apaixonada por ele? Ah, como era difícil guardar isso para si mesma! Queria tanto contar-lhe o quanto gostava dele, tanto por dentro quanto por fora, mas não era assim que as coisas funcionavam. Sabia que antes de tudo, vinha seu trabalho e depois qualquer outra coisa. Teria um dia coragem para contar a ele sobre seus reais sentimentos? Não sabia, mas agora não era a hora, com certeza não era. Ou talvez fosse, mas ela não tinha se dado conta ainda.


– E por quem? - Respondeu pouco interessada dessa vez.


– Não quis me dizer por quem. Mas creio que a mulher cravou uma bandeira com seu nome no coração do inocente. - Disse ele ainda sorrindo. Peggy devolveu um leve sorriso e disse:


– Eu vou dormir, amanhã teremos muita coisa pra fazer. Boa noite, Capitão.


– Boa noite, Agente Peggy. - Disse ele fitando a mulher com educação. Depois, ela desapareceu e Steve foi se deitar, cansado.


Enquanto isso, Richard arrumava-se para dormir, no exato momento em que Chris também. Ela tinha finalizado a carta e foi logo arrumar-se para dormir, já que no dia seguinte estaria de folga. Ambos cobriram-se ao mesmo tempo, em lugares diferentes, com os pensamentos voltados em uma única lembrança, em uma carta por ser enviada, e em uma vida para ser zelada como prometido.


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Notas finais do capítulo

N/A: E então? Mereço os reviews de vocês? *O* quero ver todas as leitoras comentando, ein! Ou vou demorar bastante pra fazer o próximo! u_u #chantagem mode on.
Beijoos! :*
Bibs.