Algumas horas depois, ainda durante a noite, o celular de Renesmee tocou, e ela pulou de susto, amarrotando a camiseta de Jacob, onde a cabeça dela estava apoiada dois segundos antes. Ela se levantou levemente do sofá, apenas o suficiente para conseguir colocar a mão em seu bolso. Quando ela olhou para o visor do telefone, sua expressão se transformou numa carranca, e ela olhou de rabo de olho para um Jake sonolento.

- O quê? – Ele perguntou, bocejando. Seus olhos seguiram o braço de Renesmee até encontrarem o telefone, e sua expressão também não demonstrava nada positivo.

- Eu preciso atender, Jake. – Ela levantou completamente, enviou um olhar de ‘desculpas’ para o Jacob e começou a caminhar pela sala, atendendo a ligação. – Oi, Matt!

Jacob se levantou logo depois, olhando para mim, e veio em minha direção, se espreguiçando.

- Quando ela acabar – ele apontou com a cabeça para minha filha, que estava andando pela sala, falando ao telefone. – Eu vou embora. Já abusei demais da casa de vocês.

Mordi o lábio, esticando a mão para segurar sua camiseta, e Edward me olhou com uma expressão indagadora.

- Jake… – Eu choraminguei – Não vai, por favor. – Encarei o chão, sentindo que se fosse humana, eu estaria corando. – Eu não quero que você fique sozinho.

- Bells – Ele sorriu – Eu não acredito que você levou a sério o que o tal de Steve falou. Eu estou perfeitamente seguro.

- Mas ele estava certo, Jake. O que ele disse é verdade. É muito fácil encontrar qualquer um de nós sozinho. E eu não quero que nenhum de nós corra riscos. Tenho certeza que a Esme não se importa de você passar uns dias aqui.

- Como se ele não tivesse um quarto já. – Rosalie revirou os olhos, rindo. – A Bella tá certa, cachorro. Fica aí, aposto que eu ganho de você no videogame.

- Até parece. – Jacob riu.

Era impressionante como Jacob já era parte da família. Poucos anos antes, havia um ódio enorme entre os lobisomens e os vampiros, e agora era uma relação de amizade maravilhosa. Até mesmo a matilha já nos permitia entrar em LaPush, o que era ótimo, já que agora meu pai vivia lá com Sue.

- Mãe. – Renesmee interrompeu a conversa – O Matt pediu pra eu chegar mais cedo amanhã… Ele quer que eu conheça a casa.

- Sério isso, Ness? – Jacob a encarou, sério. – Eu achei que você ia desistir de ir nessa festa.

- Jake… – Ela segurou a mão dele, sorrindo. – Você sabe que eu te amo. Sabe mesmo, né? – Ele sorriu levemente e ela continuou. – E foi hoje que eu permiti, finalmente, que eu mesma aceitasse isso. Mas eu gosto dele também. Ele é meu amigo, sabe?

Edward se levantou do meu lado, rindo, e foi dar um tapinha de leve no ombro de Jacob.

- O que houve? – Eu perguntei, extremamente curiosa.

- Sempre esperei pelo dia em que ele estaria no meu lugar. – Edward riu e voltou para o sofá, apoiando minha cabeça no seu ombro e passando os dedos pelo meu cabelo.

Sorri, revirando os olhos. Realmente, o que estava acontecendo era bastante semelhante ao que ocorreu comigo, anos antes. Só que dessa vez, Jake era o Edward. Comecei a rir com a ironia que isso formava, mas logo me recompus.

- Renesmee – Eu sorri. – Eu não me importaria de ir mais cedo. Mas é falta de educação levar tantas pessoas antes mesmo da festa começar.

- Mas eu pensei que eu poderia ir antes, e depois vocês encontrariam comigo!

- De jeito nenhum. – Eu nem precisei dizer. A sala inteira ecoou antes que eu proferisse as palavras.

Sorri para milha filha, dando de ombros. Eu sabia que nenhum de nós a colocaria em perigo, mesmo que fosse um perigo mínimo. Ela não ficaria sozinha na casa daquele menino que estava causando tantas dúvidas em todos nós.

- Urgh, ok. Eu vou ligar pra ele então, pra avisar que eu infelizmente não poderei chegar mais cedo.

Enquanto ela discava, eu voltei a pensar. Os últimos dias haviam sido confusos demais, e só então eu pude refletir. Nós havíamos recebido a visita de uma pessoa do meu passado, Matthew havia entrado para valer nas nossas vidas, nos deixando muito preocupados, e nós procurávamos uma ligação até agora de tudo isso com o tal de Fred. Foi quando ela estava prestes a desligar o telefone que eu ouvi. E eu tinha certeza que eu fui a única a ouvir, porque eu estava procurando qualquer ligação possível entre quaisquer desses acontecimentos. Foi apenas um segundo, foi longe, mas eu escutei. Um segundo antes de desligar o telefone, Matthew havia falado com alguém que estava ao seu lado. Uma mulher. Uma mulher chamada Shelly.