Jogos Vorazes - Cato escrita por Anny Fernandes


Capítulo 22
22


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo capitulo... Sentirei saudades!



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Todos meus músculos estão rígidos. Olho ao redor. De hoje não passa.

Vou enfim acabar com minha solidão, acabar como o medo.

Estou olhando ao redor. A floresta vazia, mas eu vou encontrar alguém. Vou ver alguma forma de vida, mesmo não desejável.

Acho que estou ficando maluco. Já me peguei dizendo em voz alta o nome de todos que amo, por acidente.

Coloco a mochila nas costas devagar, tomando cuidado para não fazer nenhum barulho.

Pego uma garrafa de água e vou bebendo a pequenos goles regulares.

Esta quente, e eu estou suando muito.

Minha camisa esta molhada, mesmo com a jaqueta de tecnologia.

– Calor! – digo em voz alta.

Só mais um sinal da minha maluquice.

Apoio as mãos em uma árvore enquanto urino e sinto elas pinicarem, mas não tem nada nelas, nem na árvore.

Bato no meu pescoço sentindo o veneno das vespas circularem por minha corrente sanguínea.

Estou meio zonzo, as coisas giram e pequenos pontos pretos dançam em frente aos meus olhos.

Não posso ficar assim.

Balanço a cabeça um momento tentando tirar os pontos pretos.

Pego um analgésico e engulo com alguns goles de água.

Uma coisa eu sei, tem algo de errado no meu organismo. Algo ruim ou começando a ficar ruim.

Caminho mais um pouco e de repente eu simplesmente não consigo mais.

Sento no chão. Mãos no ouvido barrando os sons que não existem no mundo real, cabeça entre os joelhos e coração acelerado.

As veias no dorso de minha mão pulsam e eu consigo ver a cor roxa delas.

Imagino o sangue passando por mim, ele deve estar estragado.

Fico equilibrado por meus joelhos. Abro os olhos e tomo um susto.

A um momento, talvez uns quinze minutos estava começando a escurecer, mas agora esta completamente escuro.

Pego meus óculos noturnos e uma lembranças vem na minha cabeça.

“ ... Clove entrega óculos de sol a mim e coloca um. Todos riem e ela berra irritada:

– São de visão noturna seus idiotas!

Agora sou eu que estou rindo pelo modo que todos se calaram. “

Uma lágrima escorre, mas nessa escuridão ninguém pode ver.

Escuto um barulho a minha direita. Dou um pulo e me viro para lá. Outro barulho, agora a minha esquerda. Dou outro pulo.

Eles devem estar aqui. Katniss e Peeta. Devem ter matado a menina do Distrito 5 e rapidamente corrido para mim, para me matar.

Viro para ambos os lados. Puxo minha espada tentando fazer o mínimo de barulho.

Um galho se quebrando a esquerda. Alguém rosnando a direita... Espera. Rosnando?

Solto um gemido de raiva quando enfim percebo, não são meus inimigos que estão aqui.

Olho através dos óculos necessitando ver quem são. Quem é? O que quer? De onde veio?

– Quem é? – eu berro, mesmo sabendo que não terei resposta.

Foi o meu erro. Falar algo.

Sinto algo pesado cair sobre meu corpo. Meus óculos vão para o chão bem longe de mim.

Um barulho, algo quebrando, meu óculos.

Não vejo nada, não vejo ninguém. Uma coisa peluda e grande abaixa no meu rosto. Sinto o sangue escorrer.

Meus olhos estão se acostumando a escuridão quando eu enfim vejo quem esta me atacando.

Lobos. Cães enormes com seus pelos pretos e de várias outras cores brilhando na minha visão danificada. Solto um grito de dor quando a pata abaixa no meu rosto de novo.

O sangue escorre por minha testa e sinto o gosto metálico na minha boca.

Tento levantar, talvez eu consiga correr.

Levanto com muita dificuldade e saio em disparada.

Eu corro o mais rápido que posso, mas eles estão bem perto de mim.

O que vou fazer? Como sobreviver a esses possíveis bestantes?

Não posso parar de correr. Deixei tudo para trás. Mochila, óculos – que deve estar quebrado –espada e todo o resto. Só tenho alguma facas presas a minha jaqueta, mas o que seria isso comparado a esses cães?

Tudo bem que a espada é boa, mas eles são muitos. Ainda não me atrevi a olhar para trás para contar, mas eu sei que são muitos.

Um pensamento, talvez uma idéia percorre minha cabeça. Passa como um flash.

Se eu estivesse no alto, eles poderiam escalar? Acho que não. Mas onde eu subiria? Numa árvore esta fora de questão, já que eu não consigo me equilibrar devido ao peso.

A cornucópia! Eu iria rir se não fosse a perda do fôlego.

Mudo a direção e começo a correr para a cornucópia.

Esta longe, mas eu posso chegar.

Quando avisto o brilho dourado da cornucópia meu coração fraqueja. Corro mais rápido, eu preciso chegar.

Estou saindo do meio das árvores quando sinto algo batendo na minha armadura e ricocheteando.

Olho por um segundo e vejo a flecha. Katniss. Peeta. Passo correndo por eles e vou para a cornucópia.

Não vejo mais nada ate estar em cima do brilhante chifre dourado.

Olho para todos os lados tentando ver Katniss, mas só escuto sua voz desesperada e longe.

Minha visão esta completamente embaçada e meu corpo todo dói.

Fico de joelho e logo as cãibras vem me fazendo gemer de dor.

Será que elas conseguem escalar? Olho para baixo, mas elas estão do outro lado.

– Elas conseguem escalar? – tento dizer, mas um som estranho de dor é a única coisa que sai de minha boca.

– O que? – consigo ouvir Katniss dizer.

– Ele disse: - Peeta fala me traduzindo – “Elas conseguem escalar?”

Minha visão esta começando a ficar clara. Peeta esta realmente ferido. Fiz um bom trabalho. Mas eu ainda estou de joelhos. As cãibras não passam tão fácil assim.

Ofegante, arrasado e perdedor. É assim que as pessoas devem estar me julgando nesse exato momento. Preciso fazer alguma coisa.

Um grito me faz tapar os ouvidos.

– Katniss! – Peeta chama

–É ela! – Katniss diz o que não faz muito sentido para mim.

Olho para as bestas e não vejo nenhuma “Ela”, mas minha visão ainda esta meio embaçada.

Tusso um pouco e me forço a ficar de pé.

Minha cabeça gira, as mãos estão latejando.

Caio de novo no chão e escuto de novo os gritos.

– Mata ele, Peeta! Mata ele!

Seria de mim que ela estava falando? Ou dos cães/lobos bestantes? Não sei... Se fosse de mim eu já estaria morto.

Penso em Clove e a raiva percorrer meu corpo. Levanto lentamente e consigo ficar de pé essa vez.

Eu queria pegar Katniss, mas Peeta esta mais próximo.

Pego ele pelo pescoço com um tipo de chave de cabeça, ele não pode respirar se eu não quiser.

Ele soca meu braço, mas é inútil. Sangue jorra de sua perna e eu fico orgulhoso com meu trabalho.

Katniss pega uma flecha e mira na minha cabeça.

Seus olhos me mostram confusão e preocupação. Mas eu apenas rio. Um riso que vem do fundo do meu corpo e sai da boca.

– Atire em mim e ele cai comigo! – digo rindo.

O gosto metálico ainda não saiu da minha boca.

Ela parece estar tentando tomar uma decisão. O que é mais importante? A vida de Peeta ou a vida dela própria?

Estou completamente parado esperando sua próxima ação.

Ela olha para minha mão e eu demoro um segundo para perceber. Peeta faz um “x” na minha mão.

Assim que percebo uma flecha penetra no dorso de minha mão dormente.

Solto minha mão por puro reflexo e dou um grito.

Peeta investe contra mim e me derruba para as bestantes.

Fico sem ar durante a queda. Todo meu corpo esperando o impacto que nunca vem. E quando finalmente vem a dor é suportável.

Levanto preparado para lutar.

Puxo a maior faca que estava na minha jaqueta e invisto contra eles.

Eles são fortes. As patas gigantes tentando me atacar, as bocas sedentas por sangue e os olhos...

No meio deles todos eu vejo um menor que esta mais longe. Seu pelo completamente preto e sedoso, os olhos como carvão... Os olhos de Clove.

O que fizeram com ela? Colocaram seus olhos em uma bestantes?

As lagrimas escorrem e eu me distraio.

Um deles me atinge e eu caio de costas. Eles começam a me arrastar para dentro da cornucópia.

Acabou. Eu não fui capaz de vencer os jogos.



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