Jogos Vorazes - Cato escrita por Anny Fernandes


Capítulo 23
23


Notas iniciais do capítulo

Gostaria de agradecer a todos que acompanharam minha história desde o começo! Agradeço muito a vocês!!



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A dor é intensa, mas não imediata. Eles rasgam toda minha roupa,mas se deparam com algo mais difícil.

Não sei, mas acho que estão fazendo de propósito. Tudo tão lento e dolorido.

Estou deitado dentro da cornucópia. Os braços abertos formando uma cruz mal feita e desalinhada.

Eles tentam achar uma brecha na minha armadura feita sem brechas.

A dor esta quase insuportável... Eles querem fazer isso doloroso. É difícil de pensar algo coerente.

Grito. Não posso suportar.

Espero que meus pais tenham a consciência de tirar Kit da frente da nossa TV.

Tento respirar fundo, mas sou interrompido por uma patada no meu rosto.

Todo meu corpo esta reagindo de modo diferente do que eu pensei. Esta reagindo diferente com a morte. Ela parecia ser uma velha amiga, mas agora vejo que não é amiga de ninguém.

Grito mais um vez. Indignado por morrer. Indignado por ter deixado Clove morrer e virar uma bestante.

Alias ela é a única que não me ataca. Ela só fica olhando, tentando disfarçar que no peito dela dói também.

- Clove! – tento dizer, mas só sangue escorre por meus lábios feridos.

O animal de pelo preto e sedoso se aproxima. Por meio de minha visão embaçada consigo ver o colar. O colar de Clove balançando no seu pescoço. Seus olhos são dóceis e gentis num momento e no outro imanam raiva. Ela volta a seu ponto bem longe de mim. Eu volto a tentar dizer:

- Me desculpa Clove!

Eles estão conseguindo. Estão realmente me matando aos poucos. Deixando-me tempo para perceber que eu fracassei que a morte é certa.

Não encontro palavras para descrever a raiva que sinto pela Capital. Aquele bando de riquinhos miseráveis. Se não fosse por eles Clove não estaria aqui na minha frente transformada em alguma coisa alem da lógica.

Sinto que é isso. A morte é assim mesmo? Dor, sofrimento e angustia?

Sempre dizem que quando você esta morrendo sua vida passa diante dos seus olhos. Comigo não esta sendo exatamente assim.

Lembro da minha mãe. Com os cabelos loiros presos a uma trança bem feita jogada nos ombros. Esta encurvada me olhando com curiosidade.

- Você não vai dormir? – ela pergunta. A voz tão suave...

- Não! – respondo chorando – Não depois do que eu vi.

- Cato, meu amor. – ela diz afagando meus cabelos – Vai ficar tudo bem.

- Mamãe por que eles matam as pessoas? – pergunto ainda choramingando.

- É um pouco mais complicado do que você pode imaginar meu querido. – ela responde com cuidado.

- Tudo no mundo dos adultos é complicado mamãe? – pergunto com a voz fraca.

- Nem tudo meu filho! – ela responde com a mesma voz suave – O amor não é complicado.

- Eu vou matar alguém algum dia? – pergunto horrorizado.

Meus olhos vão se fechando ate a lembrança sumir.

Eu que achava tão ruim a morte, já matei tantos e alem disso ri de seus corpos ensangüentados.

Esse não parece o menino doce e assustado de alguns anos atrás. Agora ele é apenas uma maquina mortífera.

Aquele menino que chorava por ver sangue e que agora ri e gosta. Ele gosta de matar. Ele não é normal. Ele tentou proteger a que amava, já que o amor era a única coisa não complicada no mundo dos adultos. Mas ele não conseguiu. Fracassou... Fracassou. Aquele menininho sorridente de olhos azuis e cabelos claros agora virou um monte de carne vermelha e ensangüentada. Ele mudou. Antes tentando acreditar que só o amor não era complicado e agora amando e entendendo a verdade.

Grito outra vez. A dor é simplesmente insuportável.

- Você é um bom menino Cato... – a voz suave de minha mãe ecoa na minha cabeça. – Se for matar alguém será para seu próprio bem.

- Eu não quero mamãe. – digo voltando a choramingar.

- Shhhhh – ela diz e beija minha testa.

- Mamãe? – eu chamo – Pode cantar algo novo essa noite?

- Claro meu filho! – ela fala puxando minha cabeça e apoiando sobre seus joelhos frios, mas confortáveis. – Essa meu pai me ensinou...

Então ela começa:

“Eu lembro das lágrimas escorrendo pelo seu rosto

Quando eu disse que nunca deixaria você ir

Quando todas aquelas sombras quase mataram sua luz

Eu lembro de você dizer não me deixe aqui sozinho

Mas tudo isso está morto e enterrado e hoje à noite passou.

Apenas feche seus olhos,

O sol está se pondo.

Você vai ficar bem,

Ninguém pode feri-lo agora.

Venha luz da manhã,

Você e eu vamos estar são e salvos.

Não se atreva a olhar pela janela, Querido

Tudo está pegando fogo.

A guerra à nossa porta continua,

Segure-se a esta canção de ninar.

Mesmo quando a música se for,

Apenas feche seus olhos,

O sol está se pondo.

Você vai ficar bem,

Ninguém pode feri-lo agora.

Venha luz da manhã,

Você e eu vamos estar são e salvos.

Apenas feche seus olhos,

Você vai ficar bem.

Venha luz da manhã,

Você e eu vamos estar são e salvos.”

Meus olhos começaram a se fechar. Eu ia parar tudo e continuar a pensar na canção de minha mãe.

Vejo Katniss pendurada na boca da cornucópia. O arco na mão pronta para me acertar.

- Por favor! – sussurro implorando que ela faça isso rápido.

Tudo é rápido. Meus olhos se fecham lentamente a medida que a melodia ecoa no fundo de minha mente. 


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Notas finais do capítulo

Então é isso... Leiam o epilogo!



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