Chace's POV

Dois dias se passaram. Só mais um rosto apareceu no céu, a garota do Distrito 7. O número de tributos se reduziu a sete. Eu. Diana. Nathan. Thomas. Hayley. Daniel. E o outro garoto do 5.

Diana não melhorou muito. Ainda tinha pesadelos e um pouco de febre. Eu fazia o que podia com o que tinha para cuidar dela – que basicamente era impedir que sangrasse até a morte - , mas sabia menos que o suficiente. A cesta de comida que recebemos acabou. Eu tinha medo de deixar Diana sozinha para ir pegar mais. O máximo que ela conseguia fazer era andar. Lutar, de jeito nenhum.

Pelo que ela dizia, dava a impressão de que sugeriria nos separarmos a qualquer hora. Principalmente agora, com pouca gente.

Mas ainda não era o fim.

Não era. Eu não deixaria ser.

Nathan's POV

Era noite do nono dia. Thomas, Hayley e eu estávamos ao redor de uma fogueira que ia se apagando. Não comemos muito hoje. Nenhum de nós era bom em arranjar comida. E a água acabava rápido.

– Vou caçar – anunciou Thomas e depois explicou: - Pessoas. Alguém vem junto?

– À noite? - perguntou Hayley.

– É. - Ele pegou o machado.

– Não, não vamos – eu respondi. Hayley não disse me contradisse.

– Ok, então. Não me esperem tão cedo. - E sumiu no meio das árvores e a escuridão.

Não vamos esperar, pensei. Me levantei e ajudei a arrumar o meio acampamento para dormir.

– Você não quer ir atrás de gente para matar? - Hayley disse depois de um tempo.

– Prefiro não desperdiçar o tempo com isso. Há coisas mais importantes para se fazer aqui. Pelo menos eu acho.

– Que tipo de coisas?

Eu limpei um pouco da terra da roupa antes de responder. Os olhos azuis dela me encaravam. Ainda pareciam vivos e determinados, diferente do cabelo loiro que caía e a pele descascando.

– Não sei, Hayley. - Dei de ombros. - Me diga você.

A garota riu.

– Lembre-se que foi você que pediu – avisou. Atirou os braços ao redor do meu pescoço e me beijou.

Abracei a cintura dela com o mesmo entusiasmo. Batemos em uma árvore sem perceber, eu de costas. Tivemos que interromper os beijos para Hayley tirar minha blusa. Os dedos dela eram frios, causavam arrepios. Mas eram bons.

Eu a deitei no chão, na esteira improvisada de qualquer jeito em que teríamos que passar a noite. Hayley segurou meus cabelos com força e eu beijei o pescoço dela. Tirei sua blusa com delicadeza e comecei a beijar sua barriga.

Mais tarde, quando fomos realmente dormir, estiquei minha blusa por cima de Hayley para mantê-la aquecida. Me deitei de costas ao lado dela, olhando para o pedaço do céu que era visível entre as folhas das árvores. Ouvi sua respiração pesada e relaxada, indicando que já adormecera.

Olhei para ela, com uma expressão quase feliz que eu nunca vira. A cabeça estava apoiada nas duas mãos e ela fazia um biquinho ao respirar.

Voltei o olhar para o céu. Estava se fechando, como se fosse chover. Eu gostava mesmo de Hayley. Ela, além de ser linda, era forte e depois de tudo ainda continuava ali comigo. Mas eu não podia me deixar ser levado por aquilo. Com certeza passaria. E o desejo de vencer os Jogos, ser o primeiro vencedor depois de cento e cinquenta anos era maior.

Eu me levantei. Peguei a espada. Era errado. Talvez até covardia. E, no fundo, eu sabia que aquilo me caçaria pelo resto da vida. Mas era preciso. Hayley não iria mais me atrapalhar.

Posicionei a espada no coração dela. Ela deve ter sentido o frio metálico, porque acordou com um sobressalto e arregalou os olhos.

– Nathan – ela começou, em tom de pedido.

– Sinto muito. Mesmo – eu disse, sincero. Hayley ainda tentou se mexer para sair dali, porém não conseguiu. Afundei a espada em seu peito. Ela soltou um suspiro e logo em seguida o canhão soou.

Então eram seis tributos.