Ron voltou no outro dia para conversar, mas a esposa não o escutou e desde então estava “morando” em um hotel. A família já sabia da separação deles, mas não o motivo, apenas Harry e Gina conheciam a história e tentavam ajudar.

-Hermione, você deveria escutar o que ele tem a dizer.

-Gina, ele é seu irmão e sei que está tentando ajudá-lo, mas não quero vê-lo ou escutar o que tem a dizer.

-Não vim conversar com você como irmã dele e sim como sua melhor amiga. Acho que você deveria dar uma chance a ele, vocês dois estão sofrendo com tudo isso.

-Você quer que eu o perdoe e o ajude a criar o filho dele com outra? Sinto muito, mas isso eu não consigo. Ron me magoou bastante com tudo isso e não sei se um dia poderei perdoá-lo.

Harry e Ron foram buscar as crianças na escola e depois ficaram brincando no parque perto da casa de Ron. Agora seus momentos com a filha se resumiam a passeios e visitas.

-Você tem certeza que Lilá está grávida e que esse filho é seu? Harry perguntou enquanto olhavam as crianças.

-Por quê? Ela me mostrou o exame. Ron não entendeu.

-Bom, nós a encontramos almoçando com as amigas e achamos muito estranho, pois ela diz estar grávida de três meses e Gina quando estava com o mesmo tempo já tinha uma pequena barriga.

-Ela não iria inventar essa gravidez apenas para me separar da Hermione, pois deixei bem claro que não iria me casar ou qualquer coisa parecida com ela.

-Pai, quero ir para casa. Rose disse cansada.

Voltaram para casa e Hermione estava conversando com Gina. Rose dormia no colo do pai.

-Quer que eu a coloque na cama?

-Não, pode colocá-la no sofá do escritório e assim que ela acordar eu dou banho.

Ron deixou a filha onde a esposa pediu e voltou à sala para se despedir dos amigos, sabia que a sua presença não era bem vinda.

-Amanhã eu passo para vê-la. Ele disse à esposa que apenas concordou balançando a cabeça. –Até mais.

-Não, espera. Gina o chamou. –Nós temos que contar uma coisa a vocês!

-O que foi? Eles perguntaram ao mesmo tempo.

-Vocês terão outro sobrinho! Harry contou animado.

-Parabéns! Hermione foi abraçar os amigos. –James deve estar feliz com irmão.

-Assim que contamos, ele foi até seu quarto e começou a separar um monte de brinquedos para irmão! Vamos contar a todos no almoço de natal, mas vocês vão prometer que irão fingir que não sabiam de nada!

-Não vou poder ir. Hermione negou e imediatamente inventou uma desculpa, não conseguiria passar o natal ao lado do marido fingindo estar tudo bem entre eles. –Irei fazer plantão no feriado, desculpe.

-Desde quando você faz plantão no feriado? Ron perguntou, pois desde que se casaram ela não fazia mais plantões nos feriados.

-A partir do momento em que eu tenho uma filha para criar!

-Eu sou pai dela, é claro que eu irei de ajudar com tudo que Rose precisar! Por que achou que seria diferente?

-Não sei, agora que terá seu filho poderá muito bem esquecer...

-Não diga isso! Você me conhece, sabe que nunca faria algo assim! Rose é minha filha, nunca irei deixar faltar nada a ela ou a você!

-Não sei se te conheço mais, o Ron que eu conhecia não me faria passar por essa situação. Hermione disse triste. –Não se preocupe comigo, apenas com Rose.

-É claro que vou me preocupar com você! Você é minha esposa, prometi cuidá-la.

-Você prometeu muitas coisas e olha o que aconteceu. Aproveitando que Harry está aqui, vamos pedir que ele comece com o processo de separação, assim não serei mais sua esposa!

-Não posso fazer isso, desculpe. Harry interrompeu a briga. –Eu fui padrinho do casamento de vocês. Se realmente querem isso, terão que procurar outro advogado. Mas antes de tomar qualquer decisão, pensem em tudo que vocês passaram até chegarem aqui, principalmente com Rose.

-O que pode acontecer? Afinal já a adotamos, ela é nossa filha! Hermione ficou preocupada.

-Sim, mas o governo estará de olho em vocês e isso pode fazer com que eles repensem na adoção.

-A decisão é sua Hermione. Ron se despediu e foi embora.

-É fácil ele dizer que a decisão é minha! Ela tentava se acalmar. –Desculpe pela briga.

-Já estamos acostumados. Gina brincou. –Mas não aceito desculpas para o almoço, sabemos muito bem que não irá trabalhar! Mesmo você e meu irmão não estando mais juntos, você sempre será parte da família.

-Tudo bem, eu vou apenas em respeito a você, sua família e por ser o primeiro natal da Rose conosco.

As crianças logo acordaram e eles foram embora, James também precisava tomar um belo banho. Hermione foi dar banho na filha e depois como era sexta-feira era dia de pedir pizza para o jantar.

-Você não vai comer, mãe? A menina perguntou ao ver que a mãe não estava comendo. –Está tudo bem?

-Não estou com vontade de comer pizza hoje. Ela passou o dia com mal estar. –Depois da pizza que tal irmos para minha cama ver um desenho?

-Vamos! O Fofo também vai!

Estava cansada demais e acabou dormindo logo que colocou o desenho para a filha. Acordou mais tarde com a filha dizendo que o desenho havia acabado e queria que ela colocasse outro.

-Já está tarde, vamos dormir e amanhã você vê o outro desenho.

-Não mãe, eu quero ver esse desenho porque é a história preferida do papai! Ela segurava a embalagem do Corcunda de Notre Dame. –E também é do seu escritor favorito!

-Sim, Victor Hugo é o meu escritor favorito. Hermione ficou surpresa ao ver que a filha lembrou das preferências dos pais. –Depois desse vamos dormir.

-Se um dia eu tiver um irmão, quero que o nome dele seja Hugo. O papai não gosta de Victor e eu também, afinal ele foi seu primeiro namorado! Rose fez uma careta. –Hugo é bonito, será que o papai vai gostar?

-Eu não sei, mas sim, Hugo é um lindo nome. Ela ficou triste ao pensar que esse bebê poderia nunca acontecer. –Não acredite em tudo que seu pai fala sobre Victor, eu gosto muito dele e até hoje ele é meu amigo.

-Pode até ser legal, mas você ficou com o papai e ama ele, certo?

-Chega de perguntas, veja seu desenho e vamos dormir. Hermione fez cócegas nela. –Já passou da hora da senhorita estar acordada!

Ron não parava de pensar no que Harry havia lhe dito sobre a gravidez de Lilá e para acabar com todas as duvidas marcou de se encontrarem no outro dia para conversarem.

-Fiquei feliz com a sua ligação. Ela chegou ao local marcado. –Estou planejando ir essa tarde comprar algumas coisas para o bebê, quer ir junto?

-Podemos conversar? Ele estava serio e apontou para a cadeira a sua frente. –Você está com três meses, certo?

-Sim, por quê? Lilá sentou-se e imediatamente mudou para uma feição de preocupada. –Fui ao médico ontem e está tudo bem com o seu filho, não sei se você se importa.

-Gina quando estava com três meses já dava para, você sabe, ver uma pequena barriga e isso não acontece com você...

-Já que sabe tanto sobre esse assunto deve saber também que isso muda de mulher para mulher. Lilá respondeu ofendida. –Você não está achando que eu inventei essa gravidez, eu te mostrei o exame!

-Eu sei, mas tente entender. Eu esperava ter esse filho com Hermione... Lilá você está bem?

-Estou sentindo uma dor muito forte. Ela colocou a mão na barriga. –Acho melhor ir para casa.

-Não, eu vou te levar para o hospital! Disse preocupado. –Pode ser alguma coisa com o bebê!

Contra a vontade dela, eles foram para o hospital. Lilá foi levada para ser examinada e Ron ficou aguardando no corredor, estava nervoso e preocupado, por mais que não amasse Lilá era o seu filho que poderia estar em perigo.

-Doutor! Ele viu o médico saindo do quarto onde ela estava. –Está tudo bem com ela e o bebê?

-Desculpe, de quem o senhor está falando?

-Lilá Brown, ela está grávida e chegou sentindo fortes dores.

-Desculpe, mas não há bebê algum. Ela está apenas com uma anemia, nada grave. O médico disse constrangido.

Ao escutar isso, Ron entrou furioso no quarto e a assustou.

-Era tudo mentira! Você nunca esteve grávida! Como foi capaz de fazer isso comigo?

-Eu estava grávida, eu perdi nosso filho! Ela começou a chorar.

-Não adianta mais mentir. O médico acabou de me dizer que não tinha bebê algum, o que você tem é anemia! Nós não passamos aquela noite juntos, não é?

-Não. Lilá não tinha mais como esconder a verdade. –Nós nunca passamos aquela noite juntos, eu apenas deitei do seu lado e esperei você acordar.

-Por que eu não consigo lembrar de nada disso? Ele estava confuso, queria esclarecer tudo.

-Você nunca foi forte para bebidas e ainda misturou com aquele remédio, apenas aproveitei a chance! Na verdade eu te fiz um favor... Ele não entendeu. –Se Hermione realmente te amasse, teria ficado do seu lado...

-Eu... Ron não sabia o que dizer estava com raiva e ao mesmo tempo aliviado. –Por respeito aos seus pais, irei deixar isso para trás! Só nunca mais fale comigo ou minha família!

Ron foi embora, sabia que não era idiota o suficiente para dormir com Lilá. Tudo que queria agora era ir até sua casa e contar toda a história para a esposa.

Hermione foi passar o sábado na casa de Harry e Gina, assim ela e a filha se distraiam um pouco.

-Gina, você ainda tem aqueles remédios para enjôos?

-Por quê? Está passando mal?

-Não consigo comer nada, fico enjoada e cansada com qualquer coisa. Acho que é por tudo que está acontecendo.

-Você está atrasada? Gina perguntou desconfiando do que a cunhada teria.

-Não, não tenho nada para fazer hoje. Ela respondeu tranqüila.

-Não, você está atrasada? A amiga começou a rir.

-Acho que não, não lembro. Hermione parou e começou a pensar. –Não pode ser, Ron e eu não ficamos juntos desde a viagem a Paris.

-Isso faz mais de um mês!

-O que aconteceu? Harry entrou no quarto e viu a esposa rindo e Hermione com cara de preocupada.

-Aconteceu que teremos mais um sobrinho ou sobrinha, Hermione está grávida!

-Não, não estou! Harry, não acredite no que ela diz!

-Parabéns, Hermione! Harry fingiu não escutar o que a amiga falou. –Espere até Ron saber...

-Ele não vai saber! Hermione disse firme.

-Como não? Ele é o pai! Os amigos não entenderam.

-Ele é o pai dessa e de mais quantas crianças? Disse sarcasticamente. –E se eu realmente estiver grávida, espero que respeitem a minha decisão e não contem nada a ninguém.

Ron foi para casa contar toda a verdade, mas não foi recebido da maneira que esperava. Hermione estava estressada e acabaram brigando, piorando ainda mais a situação. Só lhe restou colocar a filha para dormir.

-Faltam apenas algumas semanas para o natal, já pediu para o Papai Noel seu presente?

-Mais ou menos, primeiro eu pedi um, mas agora que você e a mamãe brigaram não sei se vai ser possível.

-O que você pediu? Ele perguntou curioso. –O Papai Noel sempre dá um jeito de atender.

-Eu pedi um irmão... Mas agora que vocês brigaram, também pedi para ele que vocês voltassem.

-Filha, eu sinto muito por isso. Ron não sabia o que dizer, não queria que a filha se preocupasse com os problemas deles.

-Pai, você não vai voltar?

-É complicado, eu queria muito voltar...

-Então volta! Rose não entendia. –Nós sentimos muito a sua falta, até a mamãe! Já vi várias noites ela chorando.

Escutar aquilo o deixou mais triste, não queria vê-las sofrendo.

-Não importa o que aconteça, você e sua mãe são as pessoas que mais amo nesse mundo, escutou?

-E o Fofo também, né?

-E o Fofo também! Ele a beijou. –Agora está na hora de dormir, boa noite!

-Boa noite, papai!

Saiu do quarto da filha e não encontrou a esposa, deveria estar no quarto. Achou melhor ir embora, mesmo querendo resolver essa situação, não queria mais magoá-la. Talvez Lilá tivesse razão, Hermione não o amava mais.