Ouvia vozes constantemente, ao que pôde notar, duas mulheres discutiam sobre seu estado.

Franziu o cenho ao sentir uma forte dor na cabeça, o cansaço era evidente em cada parte de seu corpo, mal sentia suas pernas. Reuniu forças e abriu parcialmente os olhos. O quarto, até onde pode ver, era grande, com uma decoração muito bonita até onde pode ver.

Soltou um sussurro baixo, atraindo os olhares das duas mulheres para si, as duas se aproximaram mais de seu corpo deitado na grande cama.

–oh querida, você esta melhor? Estávamos tão preocupadas! -a mulher de olhos num belo tom de mel se aproximou acariciando com cuidado a mão pálida da garota -Estávamos tão preocupadas!

A outra mulher se aproximou trazendo consigo um copo d'água, a garota de cabelos rosados aceitou prontamente, tomando um gole do liquido que não bebia há quase dois dias.

Olhou para a ruiva a sua frente, sentando-se na cama confortável.

–obrigada... Por... Me ajudarem. -disse com a voz um pouco falha, já há algum tempo se sentia fraca, mas se sentia um pouco melhor graças aos cuidados que recebera recentemente.

–Não se preocupe meu bem, aliás, qual seu nome? -perguntou a mulher de olhos mel.

–Sakura, Haruno Sakura. Onde... Onde estou? Quem são vocês? -A rosada estava realmente confusa com o que acontecia.

–me chamo Senju Tsunade, e essa é Teyky Karin. Você esta na casa de meu afilhado, Sakura. Te trouxemos para cá, quando te encontramos desmaiada na estada que liga Tokyo à esta fazenda. O que fazia naquela estrada com aquela tempestade Sakura? -Indaga Tsunade com uma expressão preocupada.

–eu estava na verdade à procura de um lugar que me oferecessem abrigo, mas a chuva alcançou-me antes disso. -dizia a rosada com o olhar baixo.

Tsunade e Karin se entreolharam, a loira jamais deixaria a rosada sozinha, não naquela chuva. Era conhecida por ter seu coração enorme, e bom, além de tudo. Já Karin achava que Sakura era apenas mais uma intrusa, apenas mais uma sem-teto no mundo no qual viviam, ajudou-a apenas por insistência de Tsunade.

–Ora querida, esta segura conosco. -Tsunade aproximou-se e depositou um cálido beijo no topo da cabeça de Sakura. Karin deixou sua expressão ser mudada para uma levemente incrédula, aquela mulher estava realmente oferecendo carinhos à uma estranha?!

–acredito que esteja com fome, Sakura. –Tsunade deduziu, enquanto olhava a garota de olhos verdes brincar com as madeixas medianas timidamente.

Sakura, ao ouvir a palavra fome, logo em seguida sentiu o estomago reclamar, produzindo um pequeno estrondo no cômodo. Envergonhada, se encolheu e soltou um delicado sorriso envergonhado direcionado para a loira.

–Bem, eu acho que aceito um biscoito, ou qualquer coisa que vocês possam me oferecer –Ela disse olhando um pouco ansiosa para as mulheres a sua frente. Não queria causar incomodo, afinal, já estava desfrutando de muito mais do que um dia pedira.

A loira sorriu ao ouvir a barriga da garota produzir um som, reclamando pela falta de alimento. Levantou-se da cama na qual a rosada estava deitada.

–Karin, por favor, tente ligar para Hinata, avise-a que atrasarei o jantar, alias, tente convencê-la a adiar nosso compromisso para a semana que vem, sim querida? –A loira direciona seu olhar para a ruiva que se encontrava em pé ao lado da cama, Karin soltou um pequeno e quase imperceptível grunhido, não estava mais agüentando ver Tsunade oferecer gracejos para a garota.

Assentiu para a loira, para logo em seguida se retirar do quarto, mas não sem antes lançar um olhar reprovador para a rosada na cama.

Tsunade seguiu para a cômoda um pouco afastada da cama, e a rosada percebeu uma bandeja com um copo do que parecia ser suco, algumas torradas, e um pouco de manteiga.

A loira acomodou a bandeja calmamente sobre o colo de Sakura, sorrindo docemente para a garota de olhos verdes.

–Pode se servir minha querida. É tudo seu. –Tsunade sorriu para ela, enquanto novamente se sentava na cama, ao lado de Sakura.

A rosada olhava fascinada para a bandeja a sua frente, fazia algum tempo que não via tanta comida assim a sua disposição, e sem dizer nada, se pôs a saborear as torradas, dando grandes mordidas nas mesmas, sem se importar se Tsunade estava ou não prestando atenção ao seu ataque de fome.

Logo que terminou, limpou com a mão as migalhas que restaram nos cantos de sua boca. Tsunade estava um tanto chocada, mas sorriu satisfeita com a atitude da garota em comer, parecia menos pálida depois da alimentação.

–Fazia tempo que você não comia, não é mesmo minha querida? –Passou o dedo indicador no queixo da garota, limpando assim um pequeno resquício de manteiga que sobrava da sua refeição. Sakura acenou a cabeça positivamente, agora tomando consciência do modo como havia devorado as torradas e quase se engasgado com o suco, tudo graças a sua fome. Sorriu envergonhada, corando.

–Desculpe, não queria fazer tanta sujeira Tsunade-sama! –virou a cabeça para o lado contrario ao que a mulher se encontrava. A loira sorriu diante do ato da garota, logo puxando seu rosto em direção ao seu, para que a rosada a encarasse.

–Escute pequena, não irei lhe repreender por conta disso, quero te ajudar! A quanto tempo está sozinha Sakura? –A mais velha pergunta, realmente queria ajudar a rosada. Havia algo em Sakura que a fazia querer protegê-la, era quase como algo maternal. Sorriu.

Sakura olhou nos olhos daquela mulher de aparência tão bondosa. Por dois anos, não havia tido coragem de interagir com ninguém, tinha medo de a julgarem antes mesmo de a conhecerem e foi isso que aconteceu por todo aquele tempo, mas Tsunade, havia sido a primeira a lhe oferecer uma mão amiga, seria capaz de se abrir com ela? Talvez sua vida tivesse sido sofrida até aquele ponto, para que enfim, pudesse começar a dar certo. A rosada soltou um suspiro. "Talvez seja a hora de eu começar a confiar mais nos outros. Talvez nem todos sejam iguais, e talvez, eu deva dar um chance aqueles que se prontificam a me ajudar". Foi esse o pensamento que teve, antes de direcionar um sorriso sofrido a loira.

–Eu... Tsunade-sama, ainda não estou pronta para lhe contar tudo, mas... Quer dizer, por mais que eu queira eu ainda não... –Parou ao sentir a mão macia da loira em seu rosto, como num gesto para silenciá-la.

– Não se preocupe Sakura, não precisa me contar agora, serei paciente por enquanto, e quando se sentir preparada, conte-me sobre sua vida. –Sorriu para a rosada mais uma vez aquele dia.

Sakura sorriu, pela primeira vez sorriu verdadeiramente naqueles dois anos de tormento, de falsidade.

Enfim encontrara alguém capaz de lhe oferecer um carinho, uma mão amiga. Jamais seria capaz de retribuir totalmente Tsunade, mas faria de tudo para agradá-la. Afinal, não é sempre que se encontra uma pessoa a qual se pode chamar de meu porto seguro.