Capitulo 38

Assim que ela saiu, os aprendizes seguiram-na para fora todos contentes por terem o resto dia livre, já eu, estava demasiado ansiosa e nervosa para ficar feliz com tal coisa, uma raiva começou a tomar conta de mim, afinal faltava menos de uma semana para a irmos para a prova na arena e eles estavam se subestimando, já eu preferia ficar lá e treinar.

Posicionei um saco de areia, amarrei ligaduras nas mãos para proteger a pele de queimaduras e comecei a socar o saco com toda a minha força. O saco virava para trás e voltava com força, mais isso não me parava, ou melhor ninguém me parava.

Já sentia o suor a escorregar pelo meu corpo e rosto. Pontos pretos apareceram na minha visão fazendo-a ficar turva, mas eu esmurrava o saco ainda com mais força e acrescentando ponta-pés. A minha raiva também só aumentava mais e mais, não sabia de onde é que ela saia.

Em silencio eu gritava por ajuda, mas ao mesmo tempo tinha medo que isso poderia-me causar e causar também a pessoa. Por fim o meu corpo começou a protestar e eu parei, deixei-me cair ao chão com a cabeça entre os joelhos e balançando-me para a frente e para trás de forma nervosa, lágrimas começaram a cair sem a minha autorização.

Meu Deus o que estava acontecendo comigo, a única explicação era a utilização do espírito excessiva, mas Lissa não andava a usar o espírito ou andava.

Se sim, era nas minhas costas, pois ela tinha me prometido que não o usaria mais, pois as consequências eram devastadoras para ela, mas principalmente para mim. Tenho que tirar essa historia a limpo.

Não sei ao certo quanto tempo passou, apenas sei que o meu estômago dava voltas e estava nauseada e bastante tonta. Ouvi passos se aproximando e o cheiro de cravo da índia, Adrian passou o braço pelos meus ombros sentando-se ao meu lado.

– Rose, você esta se sentindo bem? - perguntou com preocupação na voz.

– Não - Gemi enjoada - estou mal-disposta e com tonturas - contei-lhe, aproximando-me dele e deitando a cabeça no seu peito.

– Foi Lissa - afirmou - Toda a sua aura está preta pela escuridão que você puxou sem perceber. Mas também tem algo mais, que eu nunca vi.

Suspirei aflita.

– Ajude-me a ir ao banheiro, por favor - pedi, ainda mais enjoada pelo cheiro de cigarros dele.

Ele passou o braço pela minha cintura e levantou-se junto comigo. Assim que lá chegamos eu larguei-me e "corri" literalmente pois eu quase não me aguentava em pé. fechei a porta e debrucei-me na privada vomitando tudo o que estava no meu estômago, ou seja apenas o pequeno-almoço.

Quando acabou, puxei a agua, fui lavar a boca e molhar a cara, a minha pele estava um pouco pálida.

– Vamos vou levar-te para o dormitório feminino, para se trocar e ir jantar.

– Ok vamos.

Saímos do ginásio, ele estava a contar-me em como todos os meus amigos tinham estado a minha procura e não me achava, já estavam a pensar que algo tinha acontecido.

Todo o caminho fui amparada pelo Adrian se não teria caído e batido com a cara no chão.

Quando chegamos ao dormitório, Lissa estava com uma cara de desesperada a minha procura, mas eu estava demasiado irritada e dececionada com ela, para lhe dirigir a palavra. Normalmente eu com a impulsiva e ela aquela que pensa, mas desta vez foi ao contrario, ela sabia que a escuridão que provem do uso do espírito poderia nos levar a loucura, como aconteceu a Sra. Karp.

Lissa também sabia que que tal efeito nublava os sentimentos bons e aumentavam a intensidade dos maus, não ficávamos com uma raiva imparável, e até mesmo chegávamos a ter o desejo de matar.

– Rose...

Fiz de conta que não a ouvi e entrei no meu quarto.

Ouvi o Adrian dar-lhe um sermão em Lissa, mas a minha cabeça doía, então apenas despi a roupa e entrei e entrei no banheiro, indo para baixo do chuveiro deixando a água quente relaxar os meus músculos.

Quando sai a minha pele já estava enrugada, sequei-me rapidamente e vesti o pijama que estava em cima da pequena cadeira que eu mantinha no banheiro desde que Dimitri começou a passar algumas noites aqui. Não pensei asneira, a cadeira era para que eu pode-se por a roupa em cima para que eu não tivesse que me vestir a frente dele, apesar de ele já ter visto tudo ainda me sinto constrangida.

Um terrível mal gosto estava na minha boca por eu ter vomitado, então lavei os dentes, lavei tanto que a minha boca ficou dolorida.

E finalmente sai do banheiro, encontrei todos os meus amigos dentro do meu quarto me esperando com rostos preocupados, Adrian já deve ter contado o que aconteceu e em como me encontrou no ginásio.

Dimitri estava sentado encostado a cabeceira da cama, que foi para onde eu corri, direto para os seus braços e escondi o rosto no seu pescoço cheiro. Na verdade o perfume dele é o único que não me faz vomitar.

Todos começaram a fazer-me perguntas, mas não dava para perceber nada do que diziam, por falarem todos ao mesmo tempo.

Dimitri deve ter reparado que a minha cabeça estava cansada demais para tanto barulho e perguntas.

– Calem-se! - gritou.

Todos calaram-se surpresos, Dimitri sempre foi muito controlado, mas quando o assunto sou eu, ele é capaz de dar a volta ao mundo para me ajudar.

– Como te estas a sentir Roza? - perguntou ele acariciando os meus cabelos.

Eu apenas neguei com a cabeça.

– Trouxe o seu jantar, quer comer? - voltou a perguntar.

– Sim. - Foi só falar em comida que o meu estômago deu sinal de vida.

Estava esfomeada.

Adrian, olhava-me com atenção, talvez não para mim e sim para a minha aura, ainda devia estar a tentar descobrir o que tinha de diferente nela.

Christian pegou a bandeja e trouxe-ma a cama onde eu devorei quase tudo, ma quando foi comer uma rosquinha de sobremesa, voltei correndo para o banheiro, vomitando mais uma vez, e os olhos de Adrian se alargaram em entendimento.