– Espera – pediu outra vez. Acho que ele não queria que Lissa fosse embora – vamos fazer assim eu deixo-te ficar aqui se me disseres uma coisa.

– O quê? – Perguntou curiosa.

- Eu ouvi uns rumores de ti, e acredita, eu ouvi muitos e dos mais variados, não que me contem diretamente, mas quando se é invisível apanha-se as coisas rapidamente sem que notem e com mais detalhes. Mas há um que as pessoas não comentam muito. Eles dissecaram muito sobre o motivo da vossa fuga, o que fizeram por lá, porque voltaram, mas no meio disso tudo, ninguém questionou aquela história estupida que a Rose inventou sobre os viciados que oferecem o seu próprio sangue.

Ele fora direto e sem papas na língua, Lissa ficou rubra e paralisou com a pregunta mas logo voltou ao normal.

 - Não é estupida, muito menos uma história.

Ele riu-se de forma suave.

-Lissa, suponho que te posso chamar assim. Eu vivi com os seres humanos. Eu e a minha tia afastamo-nos depois que… os meus pais morreram. Sei que não é fácil encontrar um alimentador, muito menos duas adolescentes. – Ela não respondeu e pela cara de Christian podia jurar que ele juntava as peças todas – Oh. Foi a Rose não foi? Foi ela quem te alimentou.

- O quê? Não! Que nojo, tinha um monte de humanos que queria doar o sangue.

- Estas a mentir! Eu consigo ver isso nos teus olhos, admite, Rose foi que te alimentou.

Um temor e apoderou de mim, e claro veio de Lissa, ninguém da escola podia saber sobre isso. Kirova e os guardiões sim, mas eles guardavam segredo.

- Bem se isso não é amizade, não sei o que será – declarou.

          - Por favor não conte nada para ninguém, você sabe como é o preconceito aqui, e eu só bebia o sangue, sem nenhum apelo sexual – exigiu ela, aflita.

Era só o que nos faltava agora. Se alguém soubesse daquilo estávamos ferradas. No mundo Moroi, uma mulher Dhampir era considerada uma prostituta de sangue quando fazia sexo e deixava o homem Moroi beber do seu sangue, era considerado algo perverso e possivelmente pornográfico. Eu e Lissa não tínhamos feito sexo, mas ambas sabíamos o que os outros iriam pensar e soubessem que eu a alimentava.

          - Hei, calma, eu não vou contar a ninguém, não sei se você lembra mas sou eu que sofre o preconceito aqui na academia – falou ironicamente, pondo as mãos nos bolsos do casaco e sentou-se nas enormes pilhas de paletes – Alem disso aquém eu havia de contar?

- E sei, e eu lamento por isso – falou com sinceridade – prometa-me que não contará só assim eu ficarei descansada.

- Eu prometo! – Ergueu o mindinho.

Lissa o olhou com um ar que eu podia jurar que era interrogativo.

Ele por sua vez apenas acenou com a cabeça.

Juntos, entrelaçaram os seus mindinhos numa jura que teria muito significado para ambos.

- Escuta, vai lá e senta-te no parapeito da janela, podes lá ficar hoje, e deixa-te estar. Se já não tiveres medo de mim, é claro – falou recostando-se na enorme pilha de paletes atras dele.

Ela o olhou o estudando, ele estava com uma sorriso rebelde e despreocupado os lábios, por fim deu-se por vencida e voltou a sentar-se no parapeito do vitral.

- Obrigada! – Agradeceu, esfregando os braços, lá fora estava frio, mas não tanto como o custo-me. Mas onde eu vivia com Rose quase nunca estava frio, já não estava habituada com o frio.

Christian observava-a e momentos depois o ar aqueceu consideravelmente.

Lissa o olhou nos olhos de Christian em surpresa, sorriu achando-se lerda por nunca ter reparado antes em como seus olhos era azuis e frios, em outras palavras, lindos.

- Especializaste-te em fogo?

Ele assentiu com a cabeça e puxou uma cadeira partida.

- Agora já temos instalações de luxo.

Foi nesse momento que voltei para a minha própria visão. Dimitri estava a minha frente com as mãos nos meus ombros e chocalhando para a frente para trás, chamando pelo meu nome, varias pessoas a nossa volta nos olhavam curiosas.

- Rose? Rose!

Quando percebeu que eu já estava de volta ao corpo perguntou.

- Estas bem?

- Eu… ah… sim eu estou bem. Estava com Lissa - Passei a mão na testa. Fora uma experiencia longa e tao nítida – estava na cabeça dela.

- Ela eta bem?

Boa pergunta. Ela estaria bem sozinha com Christian Ozera? Fora ele quem a convidou mas será que ele apenas queria companhia para a sua solitária festa de Auto compaixão? Suponho que ela ficar bem.

- Sim… ela está com Christian Ozera, ela está bem.

- Consegues andar ou…

- Eu estou bem obrigada, mas não gosto de ser carregada.

Será que ele me carregaria mesmo até ao ginásio com toda aquela gente a volta nos olhando? Há mas ele não era fofo, todo preocupado comigo, tenho que começar a aproveitar.

Caminhamos até ao ginásio, eu já estava pronta pata a ação, mas como sempre ele mandou-me corre. Eu estava melhorando muito na corrida, mas nos treinos práticos ainda andava a apanhar muito.

- Hei camarada, quando é que partimos para Acão? – Dei socos no ar como demostrando.

- Como eu quiser agora volte a correr – ordenou.

- Ah qual é, já tenho a mãos sangrando do frio lá fora, não posso ficar aqui?

- Onde estão as suas luvas? – Perguntou levantando-se, pegou na minha mão para observa-la.

- Eu não tenho luvas.

- Venha, vou cuidar disso para você.

Fomos para o pequeno banheiro do ginásio, e quando digo pequeno e porque duas pessoas lá dentro ficariam quase colados, ele pegou uma maleta de primeiros socorros e sentou-se na tampa da privada e puxou-me para perto. Ele limpou-me a mão e passou uma pomada, eu apenas o observava.

- O que foi? – Perguntou com um leve sorriso.

- Você é lindo – falei sem pensar.

- Hã… Obrigada? Você também é bonita – Falou me olhando nos olhos.

- De verdade?

- Para dizer a verdade eu acho que você é mais que bonita, você é a mulher mais linda que conheci - murmurou.

Não consegui conter-me e sorri de leve.

- Obrigada.

Ele passou a mão pelo meu cabelo que estava apanhado, depois na minha face fazendo um leve carinho que me derreteu, fechei meus olhos apreciando.   Naos ei o que esta acontecendo mas, deus como eu gostava de ser tocada por ele. Suspirei.