Desavenças Às Avessas escrita por RoBerTA, Apenas Uma Sobrevivente


Capítulo 9
Festa Parte II (Final), Mendigo e As vezes...


Notas iniciais do capítulo

Olá seus(a) lindos (a), sentiram saudades de mim? ( sei que não! / ) Enfim, espero que gostem boa leitura, nos veremos em breve. Beijos...



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POV Alice:

“Eu iria ganhar aquela aposta, nem que eu precisasse fazer alguns sacrifícios. Bom, nesse caso, foi passar por um purgatório. Mas quem sabe assim ele se torna realmente uma pessoa?”

Foi um beijo longo, não queria me afastar daquele ser, que parecia desejar um beijo daqueles há tempos, e degustar tão lentamente o mesmo. Por alguns segundos me esqueci o inimigo, e tudo que me atormentava, só... Aproveitei o momento. Até que o maldito ar se fez necessário, trazendo-me de volta a dura realidade de beijar o inimigo.

Paramos, e ficamos nos encarando, sem nada a dizer um para o outro, só...

-Eu ganhei bobalhão! – E saio rindo da cara dele.

Após pegar Davi pelo braço e levá-lo até o lado de fora da enorme casa para podermos conversar; o tal “sacrifício” persistia em arruinar a tentativa de algum outro pensamento. O jeito que ele se assustou no inicio, e como ele prosseguiu com desejo  o que deveria ser só, um toque de lábios, fazia-me arrepiar.

-O que foi aquilo Alice?- pedia Davi ainda incrédulo, do lado de fora da casa perto da piscina.

-Eu não sei!- respondo soltando altas gargalhadas oprimidas pelo som alto.

-Tu ficou maluca?

-Ainda não. – Paro uns três segundos olhando para o chão. – Bom, acho que ainda não!

David ri, afinal, ser maluca a ponto de beijar um ser cheio de bactérias e salivas de outras garotas, era realmente uma idéia estranha e um tanto estúpida. Mas perder? Ai seria... Bom, não sei. Talvez algo terrível e mortal.

-Bom Davi, to indo pra casa escova meus dentes por algumas horas. – Davi ri novamente. – Se vimos segunda. Beijocas.

Saio como se estivesse numa passarela, sem olhar para trás e muito menos baixando minha cabeça, mas reparando os olhares das clichês invejosas, e dos garotos babando.

Subo em minha ducati, e parto rumo a meu apartamento, que deveria estar abandonado.

Chegando ao mesmo, que como previsto estava abandonado, meu pai e Leonel não estavam. As vezes fico me perguntando o que os dois tanto fazem de madrugada que nunca estão em casa! Bom, acho melhor não pensar isso.

Vou até meu banheiro o abro a torneira da banheiro. Enquanto espera encher, escovo os dentes.

De repente o celular toca. Quem poderia ser a essas horas?

Enxáguo a boca e corro para a sala onde depositei minha bolsa.

-Escuta aqui seu cretino desmamado...- começo a xingar o pobre infeliz, até ele me interromper, apresentando como Davi.

-Alice, cala a boca e me escuta!- fala todo mandão.

-Ok, o que aconteceu?-peço revirando os olhos, afinal. O que de tão importante faria ele me ligar durante uma festa?

-A policia bateu lá na festa, e eu não consegui fugir, e tu sabe que sou de menor.

-Putz velho!- respondo sem saber o que fazer.- E o que tu quer que eu faça?- pesso sem saber direito o que deveria falar.

-Não tem como vir aqui me alivia dessa? Minha carteira caiu no meio do tumulto todo e eu to literalmente fodido.

-Putz e tua mãe?

-Não gostaria que me reconhecessem aqui, vai pegar mal pra minha mãe e tudo mais. E ela nem deve estar na cidade.

-Putz, ta to indo então!- falo pegando minha bolsa e conferindo se minha carteira estava nela.

Deço o temido elevador, com o pressentimento de esquecer alguma coisa, então vasculho novamente minha carteira dentro da bolsa conferindo o cartão de créditos ganho por Leonel e papai, e uma quantia generosa em dinheiro, pelo visto, não esqueci nada, mas o pressentimento ainda me assombrava.

Chego na delegacia e me deparo com um bando de adolescentes bêbedos e fedidos, esperando por seus pais. Avisto Davi longe que abanava seu braço na tentativa de mim encontrá-lo.

 -Maluco!- a única coisa que consegui dizer enquanto tentava segurar o riso de ver o “senhor certinho” com algemas.

- Ta, por favor Alice, não ri, é deprimente!

Ao escutar isso, foi o fim. Soltei uma risada escandalosa, guardada no fim dos pulmões a tempo.  Finalmente quando paro, observo todos me encarando, e então John, lá longe me olhando com curiosidade. Ignoro todos e me viro para o delegado lá parado atrás da bancada.

-Quanto é pra alivia meu amigo? – peço.

-Boa noite pra ti também Alice!-o homem falou com um certo tom de ironia.

-Desculpe, mas te conheço?

-Não se lembra do policial em que você jogou um copo cheio de cerveja em Chicago?- pediu o homem me apavorando por dentro.

-Na verdade, não!- respondo sorrindo. Mas era fato, eu não me lembrava mesmo, já fiz muita idiotice nesse mundo, mas não me arrependo de nenhuma.

-Mas eu me lembro, e muito bem!

-Então, o que o senhor ta fazendo nessa cidadezinha opaca?- peço tentando mudar um pouco de assunto, afinal, não queria me encrencar também.

- A vida não é como queremos, Alice.

-O senhor tem boa memória, né?- tento parecer legal. –Mas enfim, adoraria continuar a interessante conversa mas tenho realmente que ir pra casa e levar meu amigo comigo. Quanto fica a fiança?

**

Chegando no apartamento, vejo o corpo de bombeiros, e isso não me trás memórias muito agradáveis. Entro para subir até meu apartamento, mas estava interditado.

-Teve inundação senhorita Alice. A senhora teve alguma participação nisso? – pede o porteiro me olhando como um gato observa um pobre ratinho, prestes a dar o bote.

-Bá senhor porteiro, não sei de nada!- respondo, me defedendo.

-Então, por que será aconteceu justamente no apartamento de Leonel?

Putz, a banheira!

-Nossa, que coisa não? Não to sabendo de nada, viu!

-Engraçado, não acha senhorita?

-Poxa, para de me chamar de senhorita, que coisa mais retro. Então, o apartamento ta uma piscina e eu vou dormir aonde amigo?- peço abrindo um sorrisinho “bacana”.

- Infelizmente, eu não sei. Ligue para seu pai e se resolva. Vai ficar no mínimo uma semana para consertar totalmente o apartamento, além dos gastos que seus pais irão ter que arcar.

-Hum, ta então, acho que vou dormir ai na praça, te mais.

Viro-me e saio rezando para que Leonel e meu pai não me matem.

Vou até a praça, e fico pensando, afinal:

“O que eu vou realmente fazer? Não vou dormir na praça, eu acho”

Começo a vagar pela cidade vazia, parecendo uma morta viva, até encontrar uma lanchonete de posto ainda aberta, onde entro e prendo o olhar do homem do caixa, o único ser que estava no posto e em toda a cidade. Acho.

-Pego um pastel de queijo e uma lata de coca-cola, e me dirijo até o caixa, realmente, tenho futuro como zumbi.

-Boa noite!- fala o homem sem retirar o olho de mim. – Mais alguma coisa, bruxinha!?- pede dando um piscadela para mim. Coitado.

-Sim.- respondo sorrindo. – Vá se ferrar seu bagre tarado.

E me retiro do posto com a maior cara de bunda do mundo. Ó vida, o que eu vou fazer a essas horas, sem lugar pra ir?

Avisto de longe um mendigo com um cachorrinho, ele estava deitado com um cobertor perto da esquina. Então vou em direção a ele que dormia num sono profundo e provavelmente cheio de magoas, sento-me do seu lado, sem fazer barulho, seu cachorro já acordado vem e dei-se do meu lado. Abro o sanduiche a e a coca, despertando o mendigo de seus sonos. Ele num ato de bondade e compaixão, sem dizer nada, senta-se do meu lado, e divide comigo e seu cãozinho a coberta, sem pedir nada em troca. Dou-lhe a metade do meu sanduiche, que o divide com seu cãozinho esfomeado, os dois, coloco a coca no meio de nós, e em poucas mordidas já não existia mais sanduiches em suas mãos. Assim, deio-me me seu ombro, e durmo, só na esperança do dia clarear, novamente.

“As vezes, quem você não conhece, e também, nem faz questão de conhecer, afinal: é um Zé Ninguém na vida, é quem te acolhe sem pedir nada em troca, sem reparar nas suas vestes, ou no seu status social, quem você é, ou deixa de ser. As vezes, devemos reparar mais nas pequenas coisas, do que ficar se iludindo com algo grande e maravilhoso. As vezes, podemos abrir nossos olhos para a vida, e segurar um pouco os mesmo abertos. As vezes podemos nos surpreende, sem desejar isso. As vezes...”


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