Desavenças Às Avessas escrita por RoBerTA, Apenas Uma Sobrevivente


Capítulo 10
Pais são estranhos


Notas iniciais do capítulo

Oooi pipoquinhas!! Então, capítulo dedicado a linda Ms Nanda, pela recomendação divástica ^^
.
P.S. Pessoas que habitam meu coração, porque tem gente que nunca deixou um reviewzinho sequer? Eu estou morrendo de dor na mão, e tenho outras fics para atualizar, onde tem muito mais gente que comenta, mas escolhi escrever esse capítulo hoje, com dor na mão e tudo. Custa muito deixar uma mísero review???



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- Mas que...?

Cubro meu rosto com o fino lençol. Mesmo assim a claridade continua açoitando minha visão.

- Alguém desliga essa luz, pelo amor de Deus! – Guincho, grito, gemo de dor de cabeça, amaldiçoo essa maldita ressaca, tudo ao mesmo tempo.

- Meu querido, isso não é luz. É só o sol das seis horas da manhã. – Ouço Dolores me dizer, com a voz calma.

- Você está louca?! Não acha mesmo que eu vou acordar às seis horas, num domingo de manhã, né?

- Eu não acho nada. Seu pai mandou você acordar. Ele está te esperando na sala de estar.

Enfio a cabeça no travesseiro e grito, um som que mais parece um rosnado. Meu papai querido não poderia ter escolhido um dia pior para resolver dar uma de pai?

Saio da cama com um mau humor dos diabos. Quase tropeço em Bituca, que está deitada no meio do caminho. Jogo-me debaixo do chuveiro, e quanto a água fria me atinge, me sinto mais desperto. E minha memória também.

Aos poucos vou me lembrando da noite passada. Quase esmurro a parede quando me lembro do beijo. Diabos, o que aquela garota tem na cabeça?! Ou melhor, o que aquela garota não tem na cabeça? Um cérebro sensato, com certeza.

Enquanto me enrolo na toalha, não paro de pensar no maldito beijo. Tento explicar esse comportamento irracional, como algo masculino. Alice é fisicamente atraente, e é por isso que não paro de querer beija-la novamente. Sim, de fato uma explicação plausível.

Visto-me rapidamente, ciente de que meu pai não gosta de ficar esperando. Chego à sala, e vejo uma mesa cheia de comida. Tipo, muita comida mesmo. Aquilo não parecia nem de longe um café da manhã, estava mais para um banquete.

- Venha filho, junte-se a mim.

Então meu pai abre os braços, como se aquele gesto pudesse transformar todo o tempo de pai ausente, em pó. Mas não dá.

- Sim, claro.

Sento ao lado dele, mais por obrigação que por vontade. Começo a passar melado em uma fatia de pão, enquanto ele fala dos seus “negócios”.

- Se lembra daquele dia só para nós dois que eu lhe falei?

- Hnm? – Pergunto desatento, com os pensamentos em Nárnia.

- Vai ser hoje. – Ele finge ignorar minha falta de atenção. – Um dia só para nós dois.

Sinto meus olhos lutando para cair da minha cara, enquanto tento assimilar aquela notícia. Fala sério!

- Hnm, legal. – É tudo que digo.

- Como vão as coisas com sua namorada?

- Eu não tenho namorada. – Respondo desinteressado enquanto examino alguns biscoitos de chocolate.

- Mas e a Anita? – Ele pergunta com o cenho franzido. Até parece que ele está interessado com a minha vida amorosa. Está mais preocupado em seu filho não estar mais com a filha do prefeito.

- Anita? Ah, sim. A chata da Anita. Já faz alguns meses que terminei com ela. Papai, não sou um homem de uma mulher só.

Quando digo isso, ele se engasga com seu suco de laranja. Dolores escolhe àquela hora para interditar.

- Mas e a Alice?

Fito ela atônito. Espera, como ela sequer sabia da existência da Alice?

- Como assim? – Meu pai pergunta por mim.

- John falou o nome dela enquanto dormia. Mais de uma vez.

Dessa vez sou eu quem me engasgo com o suco, enquanto tento processar aquela informação. Sonhos eróticos, não tem outra explicação plausível. Certo?

- Espera, - meu pai interrompe minhas preocupações – não é essa Alice que alagou o hotel aqui do lado?

Hã?

- Não sei. – Respondo com sinceridade.

- Bom, se for, não quero que se envolva com ela. A garota atrai problema, John. Ela já havia posto fogo na própria casa antes disso, fora...

- Ok, já entendi. – Digo com mau humor, pelo fato de ele querer ditar com quem eu devo ou não ficar. Não sou de interromper meu pai no meio de uma fala, mas não queria ficar o ouvindo esbanjar os podres da Alice. A garota nem estava ali para se defender, simplesmente não era justo.

Meu pai fic me olhando por um momento, e parece querer dizer algo, mas no fim acaba desistindo e volta pra seu café.

Quando terminamos, Dolores fica encarregada de arrumar toda aquela bagunça. Nem sei porquê ela continua trabalhando para meu pai. Talvez o salário seja muito bom.

***

Meu pai deve ter algum distúrbio mental, não é possível. Fico olhando para aquele parque de diversões, enquanto tento compreender o raciocínio dele. Pô, pai, não sou uma criança! Tenho até barba, sabia?

- Hnm, isso é uma piada? – Pergunto de modo cauteloso.

Papai me fita com os olhos semicerrados, devido à claridade do sol nascente às minhas costas.

- Não, não é uma piada John. Ou já se esqueceu de quando implorou para ir comigo a esse parque?

Esquecer eu não esqueci. Mas tipo, isso foi há dez anos! Meu velho deve estar ficando muito velho mesmo.

- É, ando meio esquecido ultimamente. – É tudo o que digo.

Entramos no parque, e somos muito bem recebidos, provavelmente devido ao status do meu pai. Ele era simplesmente uma das pessoas mais importantes daquela cidade, se não a mais. Acho que empatava com o prefeito. Ele gastou boa parte da vida construindo sua reputação, e no caminho, perdeu a esposa. Para um circo. E provavelmente não irá demorar muito para que perca o filho também. E falo isso como o tal do filho.

Não fomos a muitos brinquedos, só nos mais calminhos. Meu pai nunca perdia a compostura, sempre rígido e sério. Não o vi sorrir nem uma vez. Para falar a verdade, desde que mamãe se foi, ele nunca mais sorriu. Digam o que quiserem, que ele é um pai ausente, uma pessoa ruim, um maníaco por trabalho, mas ele a amava. Eu sei disso. Nenhum homem que não ama ficaria do jeito que ele ficou quando ela nos deixou.

- Então, se divertiu? – Ele pergunta na saída.

- Muito. – Não sei se foi uma mentira ou uma meia verdade. Não foi de todo ruim, embora tenha me surpreendido.

Fico mexendo no botão de fechar e abrir a janela, até que meu pai me manda parar. De repente volto para meus seis anos, quando eu pedia chamar o que tinha de família. Agora não sobrou muita coisa.

Quando já estamos de volta ao apartamento, mas meu pai já está prestes a sair, provavelmente ir para o trabalho, mesmo num domingo.

Jogo-me no sofá, e logo sou abordado por Bituca, que age como se eu fosse dela, o que não está muito longe da verdade. Gatos são possessivos, não? Fico olhando para o teto, pensando na vida, ou no simples ato de pensar.

Depois de ficar um bom tempinho pensando, principalmente na esquisitice do meu pai, e um pouco – mas não com menos afinco – nos lábios incrivelmente beijáveis da Alice, resolvo assaltar a geladeira, jogo rápido.

Faço meu lanchinho, e fico de pé escorado num balcão, pensando no que fazer o resto do domingo. Sair de casa estava fora de cogitação, então resolvi ir jogar vídeo game.

Resolvi dar uma chance para meu UC3, que já fazia tempo que não era usado. Fiquei um bom tempo jogando no multiplayer, eliminando outros jogadores, fazendo uso da minha confusão como combustível.

Quando vi que o Davi havia entrado também, saí do Play.

Olhei para fora da janela, e já era escuro. Provavelmente bem tarde. Tanto o lado bom, quanto o lado ruim de um bom jogo, é que ele faz com que o tempo passe depressa, sem que você perceba.

 Vou para meu quarto, com a Bituquinha em meus braços. Ela foi a única garota que já entrou no meu quarto, e provavelmente será a única a ter deitado na minha cama. E não, não sou zoófilo, só estou fazendo uma analogia.

Nem troco de roupa para dormir, simplesmente verifico o despertador para a escola, e me jogo em um abismo chamado sono.

***

Acordo grogue, com o celular me perturbando, e um pouco da ressaca curada.

Dou uma bagunçada nos meus cabelos enquanto acordo. Troco de roupa, substituindo a amassada na qual passei a noite, pelo uniforme perfeitamente passado.

Como não vi Dolores em lugar algum, deduzi que ela foi ao mercado ou algo do gênero.

Tomo um café da manhã rápido, e então vou até o elevador. Chego ao estacionamento e vou até minha belezura. A ida até à escola decorre normalmente, e não tarda muito para que eu chegue lá.

Logo quando saio do carro, a primeira coisa que noto são os olhares.

Todo. Mundo. Olhando. Para. Mim.

Ignoro, e ando daquela forma arrogante, como sempre. Mais costume que arrogância mesmo.

Aos poucos as pessoas param de encarar, e me pergunta se isso é fruto de uma fofoca, ou se foi por causa da festa mesmo. Ou do beijo. Ou tudo misturado. Nem quero saber.

Quando estou prestes a entrar na sala de aula, sou barrado na entrada.

Ninguém menos que Alice, dos lábios beijáveis, olhos negros e brilhantes e alma de capeta me encara, enquanto segura meu braço. Devo ressaltar que a capetinha gosta de arrancar minha pobre pele com aquelas unhas assassinas dela. Quer saber, gostei do capetinha. Acho que encontrei um apelido para alguém.

- O que foi Capetinha?

Ela sorri de modo convencido, como se aprovasse o apelido. Assim não vale, o intuito de dar um apelido a alguém, não é para infernizar a vida dessa pessoa?

- A aposta. Você perdeu. Pode começar a ensaiar a tua declaração, ou melhor, vergonha em público. Você não vai dar para trás agora, não é mesmo, Johnzito?

Fiquei encarando aqueles dois buracos negros que se chamavam olhos.

Ela estava brincando, certo?


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