Desavenças Às Avessas escrita por RoBerTA, Apenas Uma Sobrevivente


Capítulo 8
Festa (inferno) Parte I


Notas iniciais do capítulo

Por pequenas eventualidades eu escrevi esse capítulo, mas no próximo apenas uma sobrevivente vai voltar. A danada foi viajar :P Nos desculpamos pela demora, mas a gente tinha que estudar para uma prova importante para nós.
Boa leitura!!



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POV John

Fico um bom tempo me olhando no espelho enorme do meu closet. Faço um careta, e o ser irreconhecível refletido em minha frente imita meu movimento.

Carambolas, porque eu estou fantasiado de vampiro mesmo?

Eu pareço tão... Gay.

Suspiro e tapo meu rosto lindo com minhas mãos grandes e másculas.

Alguém por favor me lembre de nunca mais pedir opinião sobre fantasias com a Anita.

 Me obrigo a sair do meu quarto, sem um pingo de vontade, mas afinal, eu não poderia não ir. Eu fiz uma aposta. Que vou ganhar.

Pobre Alice, pensando que poderia competir comigo.

Dolores está tirando o pó de uns artefatos que meu pai trouxe de uma viagem à Índia. Quando me vê, tenta disfarçar uma risada com uma tosse. Mas Dolores nunca foi exatamente do tipo discreta. Caramba, estou tão ruim assim?

- Você está fofinho, bem bonitinho.

Ela diz naturalmente, e estreito os olhos para as qualidades em diminutivo que ela me atribui. Como não estou a fim de discutir, pego as chaves jogadas no sofá e me mando.

- Não me espere! – Grito por cima do ombro, e ouço seu suspiro chegar até mim.

Acomodo-me no meu lindo carro, e dou partida. Em poucos minutos chego ao local da festa, e um barulho dos demônios parece chegar até mim. Com certeza a noite prometia.

De repente me lembro do conteúdo da aposta, e o fato de eu não poder pegar ninguém. Minha cara de decepção é épica, não que eu não sege capaz de me controlar, só que hoje seria um ótimo dia para novas conquistas.

Mas enquanto saio do carro, uma ideia me alegra. Alice realmente não me conhecia, se achava que eu não era capaz de me controlar. Embora pareça, não sou nenhum ninfomaníaco(?).

Jogo aquela capa ridícula para trás, e vou-me para a festa.

Atravesso o quintal e umas pessoas que não faço a mínima ideia de quem sejam me cumprimentam. Aceno de volta, me perguntando quem diabos são eles.

Quando entro, as luzes multicoloridas agridem minha visão, mas não tarda muito para que eu me acostume, como em tantas outras vezes.

A música ecoa pela casa, e meu coração parece bater no seu ritmo. Avisto as bebidas, e vou abrindo espaço em meio aos corpos que dançam de forma frenética, para tentar chegar até elas. Algumas meninas sem noção se esfregam em mim enquanto passo. Talvez ser um vampiro não seja tão ruim assim. As garotas parecem curtir um morto-vivo. Acho que vou reutilizar essa fantasia na próxima festa... Mas sem apostas!

Chego até meu destino, e pego uma bebida para mim. Fico olhando para aquele mar de rostos extasiados, tentando encontrar a maluca da Alice.

Não tarda muito para que eu a veja, se destacando na multidão.

A garota está fantasiada de uma espécie de bruxa moderna. Um espartilho preto que realça suas curvas, uma saia pequena feita de renda, que faz com que meu olhar caia até suas pernas, com uma meia arrastão, e termino na sua bota preta de cano longo, com um salto agulha. Cara, para mim esses saltos são armadilhas mortais. Não fico me prendendo aos detalhes, afinal, sou um cara. E homens como eu só olham o tamanho da saia de uma garota e o decote dela, e quem sabe depois o sorriso dela, a não ser que esteja faltando algum dente, dai não há degote que compense.

Quando ela se aproxima, percebo que se maquiou. E seus cabelos parecem mais sedosos do que o habitual, e minhas mãos coçam para tocá-los.

Seu olhar felino se fixa em mim, e só então percebo que estava prendendo a respiração. Tomo um gole da bebida, e me sinto um pouco leve enquanto a combinação do álcool que desce pela minha garganta, e parece fazer meu sangue queimar, entra em sintonia com a música que parece pulsar.

- Vampiro? – Ela adivinha.

- Sim. Perfeita escolha, a sua. Bruxa na aparência e na atitude.

Ela crispa os lábios, mas acaba sorrindo.

- E você parece gay nessa fantasia.

O que é verdade, portanto não tenho muitos argumentos para retrucar esse fato incontestável.

Sorrio pra ela debochado.

- Você foi a única garoto que não suspirou pelo vampirinho aqui, o que te leva a duas opções. Ou você é esquisita, ou é lésbica.

- Talvez a primeira opção, mas eu diria que sou sensata. Quem com uma mente sã suspiraria por você?

Inclino a cabeça para o lado, e me obrigo a piscar quando uma luz verde me atinge diretamente nos olhos.

- Quem suspiraria por mim? Que tal todas?

- Todas, menos eu.

- O que só nos leva a ver o quão problemática você é.

Alice está prestes a rebater, quando Anita me abraça por trás.

- Meu Johnzinho! Ai meu Deus, que gato que você está!

Olho para ela, que está caracterizada de anja, com uma roupa apertada, e nada angelical.

- Que bom que você gostou. Já viu o resto do pessoal?

Então ela parece perceber quem estava falando comigo antes de ela me agarrar. Seu olhar parece agulhas afiadas para Alice, enquanto essa devolve um olhar igualado com um canhão. Ela sorri irônica para Anita.

- Oi, anjinha.

Anita se vira para mim, e põe as mãos na cintura.

- O que você está fazendo com essa daí?

Fico irritado repentinamente. Quem ela pensa que é para falar assim comigo?

- Você não é mais minha namorada para ficar querendo satisfação pelo que eu faço ou deixo de fazer.

Seus olhos parecem lacrimejar, e ela sai correndo daqui, e a perco de vista no meio da multidão. Suspiro irritado.

- Sua namoradinha é uma graça, não?

Ignoro o comentário, pego uma bebida bem forte e todo tudo num gole só.

- Eu vou dançar, vai arrumar outro otário pra encher o saco.

Já estou levantando da banqueta quando ela agarra meu braço, e não perde a chance de me machucar, enfiado suas unhas compridas no meu braço.

- Vampirinho, não te esquece da aposta. Vou estar te vigiando.

E pisca para mim.

Ainda mais irritado, cato alguma mina fácil, e então avisto uma loira sorrindo para mim. Mas logo mudo de ideia, pelo fato de ela ser um pouco parecida com a Alice. Acabo dançando com uma morena vestida de diabinha, com seu minúsculo vestido vermelho, do tom do pecado, que não para de me lançar olhares especulativos.

A gente dança por um bom tempo, e quando ela está se inclinado para um beijasso, me lembro de última hora da aposta, e me afasto dela praguejando.

- Preciso ir ao banheiro, já volto.

Não espero sua resposta, e tento sair daquele pequeno espaço apinhado de pessoas. Então vejo Alice me observando, lábios franzidos, provavelmente não gostando de me ver com controle sobre meu corpo. Sorrio para ela. Acho que alguém vai perder uma aposta...

Vou para o banheiro, e dou uma checada no espelho. E não, não sou gay. Apenas sou vaidoso, é diferente.

Saio de lá e volto a dançar, com uma garota com feições de boneca. Após algum tempo, ao perceber que não vai obter nada de mim, ela pede para sair.

Concordo e vou tomar um drinque. Fico observando as pessoas, e vejo David vestido de pirata, dançando com Alice. Então vejo algum maluco vestido de tomate, e engasgo com a bebida. Pego outra quando termino essa, e a noite já está quase no final.

Sorrio vitorioso. A aposta já era minha.

Então sinto alguém me cutucar no ombro. Sei que é Alice antes de vê-la. Seu semblante está sério quando fala.

- Dança comigo.

Seu tom é imperativo, e tudo que faço é concordar, enquanto largo meu copo em qualquer lugar.

O álcool me deixou um pouco mais lerdo que o normal, porém não posso ser chamado de bêbado, pelo menos não por enquanto.

Começamos a dançar uma música agitada, ambos desajeitados, sem nunca nos encostarmos.

- Parece que você realmente não ficou com ninguém. – Ela grita por cima da música, para ser ouvida.

- Eu disse que ganharia essa aposta. – Respondo alto também.

- Mas acontece que eu nunca perco apostas. E dessa vez não vai ser diferente.

Fico me perguntando o que ela quer dizer com isso, já que o destino da nossa aposta já estava selado ao nosso favor. Até que Alice faz algo inacreditável.

Se inclina na minha direção e me puxa para um beijo.


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