Desavenças Às Avessas escrita por RoBerTA, Apenas Uma Sobrevivente


Capítulo 7
Eu, meu cérebro e a ervilha


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas lindjas ^^ Foi mal pela demora, sabe como é final de ano... Não gostei muito desse capítulo, mas prometo compensar no próximo :3



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Levanto da cama pensando na tal da aposta. A propósito, é só nisso que consigo pensar. Por mais que pareça que sou um galinha... O que foi? Ta bom, eu admito, eu sou um galinha. Mas enfim, isso não quer dizer que eu não seja capaz de ficar longe de uma garota durante uma festa. Elas que não vão conseguir ficar longe de mim. Além do mais, eu posso compensar na semana seguinte.

Mando uma mensagem para Edgar, dizendo para não me esperar. Tenho planos maléficos em mente, e para isso, preciso me atrasar.

Coloco uma roupa que me deixa ainda mais atraente do que já sou. Como se isso fosse possível.

Enquanto vou mexendo na minha mochila, para procurar minha carteira, cruzo o apartamento, parando na cozinha.

- Bom dia.

Cumprimento Dolores, que acena com a cabeça para mim. Ela provavelmente deve estar fazendo o café da manhã, pelo cheiro. Quase dou um pulo quando vejo meu pai sentado numa banqueta, como se isso fosse normal. Como se ele realmente morasse nessa casa, e tomasse café todos os dias.

- Pai?

- Bom dia John. Como vai a escola?

- Ahm, bem. O que você está fazendo aqui?

Ele para de ler o jornal e me encarra.

- Até onde eu saiba, também moro aqui. Algum problema?

- Não, nenhum. É que você nunca toma café em casa.

- Eu sei, - ele abre um sorriso para mim, que me deixa alarmado, meu pai nunca sorri – e é por isso que decidi que devemos passar mais tempo juntos. Como pai e filho. Eu acho que tenho que participar mais da sua vida.

Uau, que bicho mordeu ele? Provavelmente o bicho que fugiu quando o inferno congelou. Meu pai não é nada paterno, e só piorou com o tempo depois que minha mãe trocou ele por um malabarista e fugiu com o circo.

- Ta, né. Se você diz.

- E eu pensei que poderíamos tomar um café juntos, e depois eu te levaria para a escola. O que acha?

Aperto os lábios, sem saber o que dizer ou fazer. Não posso negar, afinal meu pai nunca pediu algo assim. Olho para Dolores, que sua por sua vez olha para mim, com um aviso mudo.

- Beleza. – Quebro o silêncio que já estava se tornando opressor na cozinha.

Tomamos nosso café da manhã, e antes de sair, faço um carinho na Bituca, que se esfrega em minhas pernas.

- Minha menininha linda.

- Vamos filho!

Concordo e vou atrás dele. Fico me lamentando enquanto entro em sua Ferrari preta, por não poder fazer uso do meu plano maléfico hoje. Também fico imaginado como voltarei para casa, se meu pai não me der uma carona de ida também.

A viagem é silenciosa, e ninguém puxa assunto.

Quando ele estaciona em frente à escola, quase todo mundo volta o olhar para o carrão preto. Ele me dá novamente aquele sorriso, que só então percebo ser o sorriso que ele dá para seus sócios e clientes, quando estáquerendo alguma coisa.

Devolvo o sorriso de má vontade.

- Filho, que tal se a gente marcasse um dia só para nós? Um dia de garotos.

Ele me cutuca, com um brilho brincalhão nos olhos.

- Ahm, aham, pode ser. Tchau pai, a gente se fala.

E pulo do carro, quase correndo, para tomar distância. Pouco ligo se vou ter que voltar a pé pra casa. Aquilo simplesmente estava se tornando bizarramente esquisito.

Paro perto do meu grupinho.

- Achei que você fosse chegar mais tarde. – Edgar comenta desinteressado.

- Pois é, meu pai me deu carona, então meus planos foram arruinados.

Eles comentam um legal sem profundidade. Não consigo parar de pensar que se David estivesse aqui, ele teria arregalado os olhos e compreendido a complexidade daquela situação.

Fico feliz quando o sinal toca, e então quase corro para a sala de aula, só para dar de cara com Alice, e esbarrar novamente nela.

- Eu to começando a achar que além de deficiente mental, você é cego também.

- Há há. Que engraçadinha.

O professor quase nos joga para dentro da sala quando chega.

Então ele começa a falar de Romeu e Julieta.

Quando ele está na parte de que o amor deles é tão blá blá blá, simplesmente piro.

- Pelo amor de Deus, será que dá pra mudar de assunto? To ficando enjoado!

Meia – mentira, é toda mesmo – sala me olha chocada.

- O que foi? Todo mundo conhece essa história mesmo. Pra que ficar falando dela?

Uma garotinha me olha com raiva.

- Seu insensível! Como pode falar uma coisa dessas da história de amor mais linda de todos os tempos?!

- Olha aqui meu bem, eu não estou duvidando do amor deles. Nem de longe. Tem que amar muito mesmo pra tirar a própria vida. Só estou querendo dizer que além da aula estar chata, sem ofensa, professor, Romeu e Julieta foram estúpidos. Não era mais fácil ter posto o amor deles em público, logo no início? O primo da Julieta estaria vivo, Romeu não teria sido banido, e eles podiam ter tido uma vida inteira pela frente. A verdade, gracinha, é que eles foram covardes. Não existe nada que uma boa conversa não resolva.

- Estou chocado, John. Esse é, sem dúvida, o melhor comentário que você já fez desde que te conheço. Eu jamais esperaria tanto de você. Alguém quer acrescentar alguma coisa?

Adivinha quem poderia ser a pessoa? Pois é.

- O que eles poderiam dizer para suas famílias, que se odiavam desde, tipo, sempre?

- Querida Alice, o ódio nos torna irracional. Mas como eu disse, um bom dialogo teria feito eles verem com clareza a situação.

- E se nem isso resolvesse?

Não sei porque, mas Alice não gosta de admitir que talvez, só um pequeno talvez, eu esteja certo.

- Então eles pelo menos teriam tentado. Sem incerteza não há arrependimento.

Ela fica quieta, olhando pensativamente para mim.

- Turma, por favor, palmas para o John, que provou ter mais que uma ervilha na cabeça.

Hã? Impressão minha, ou fui sutilmente chamado de burro?

O resto da aula segue normal, e não me arrisco mais a dar minha opinião. Fico fazendo desenhos nas berradas das folhas do caderno. São poucas as pessoas que sabem o quanto amo desenhar. Três, na verdade. O Davi, a Dolores e minha mãe fujona.

Quando o sinal bate, pulo na cadeira, e ouço um garoto de óculos rindo de mim. Lanço um olhar cortante, e ele logo fecha a boca.

No intervalo, fico com meu grupo, somente olhando para o sol pálido, e me encolho quando uma corrente de ar fria parece acariciar minha nuca.

No segundo período, preciso quebrar a cabeça por causa da matemática.

Quando o professor percebe minha dificuldade, e também vê como Alice manja na matéria, ele decide que seria “agradável, divertido e produtivo” que viéssemos semana que vem de tarde para a escola, a fim de melhorar meu desempenho, e eliminar nossas “desavenças”.

Sério, quase ri quando vi a cara da anãzinha.

Além disso, a parte mais interessante da manhã foi ver a discussão amorosa do Edgar e da Stela, que foi mais ou menos assim:

“Você esqueceu o nosso aniversário de namoro.”

“Eu sei, lamento. Prometo que compensarei da próxima vez.”

“Estou furiosa.”

“Lamento.”

“Você já falou isso.”

“Desculpe então.”

“Estou muito decepcionada. Que isso não se repita.”

“Certo, sinto muito.”

“Ok.”

“Ok.”

Sério, que espécie de namoro é essa?

Como eu havia previsto, fiquei sem carona na volta.

Endireitei os ombros, ergui o queixo, estufei o peito, empinei o nariz e caminhei como se fosse o dono do mundo. O que não está muito longe da verdade, afinal eu sou O John.

Quando estava com meio caminho percorrido, não aguentava mais. Por mais que eu possua um corpão dos deuses, e um porte atlético, não fui feito para longas caminhadas. Para isso que serve papai ricão e carro caro.

Nem todas as garotas que me paravam para pedir meu telefone estavam compensando. De repente, uma Ducati para ao meu lado.

- E ai chato, precisa de uma carona?

Alice me encarra irônica, e aposto que ela duvida que eu aceite. E é por isso que faço o que faço.

Pessoas, aprendam, eu odeio ser desafiado.

- Com certeza.

Sorrio de um jeito debochado para ela, que arregala os olhões para mim.

Subo em sua moto, coisa que aprendi ainda com Davi, mas que na época parecia muito gay.

Mas sabe que não é tão ruim assim? Tem lá suas vantagens...

- Então se segura, cérebro de ervilha.

E ela acelera, pra vale. Com certeza devo estar com uma cara não muito atraente no momento, enquanto ela costura o transito de uma maneira psicopata. Me pergunto onde ela aprendeu a dirigir daquele jeito.

Acho que a única parte boa da viajem, além de ter acabado agora, foi eu poder ter me segurado nela, coisa que acho que não a agradou muito.

Desço da mota com dificuldade, e ela parte, não antes de me oferecer um sorriso diabólico, e mandar um beijinho para mim.

- Nos vemos na festa, John.


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Notas finais do capítulo

Reviewzinho?



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