Quando Katniss acordou, ainda toda a gente se encontrava a dormir expeto Clove, que não estaca na sua cama. Katniss decidiu que era melhor ir procura-la. Ela tinha medo que Clove andasse a tramar alguma.

Katniss saiu debaixo da ponte, levando consigo o seu arco e ficou algum tempo quieta em frente da floresta para ver se conseguia ouvir algum som que fosse suspeito.

Ao fim de alguns minutos finalmente escutou passos rápidos no meio das árvores. Ela decidiu entrar pela floresta e seguir os seus instintos. Ela caminhou até que viu uma figura humana. Katniss parou a agachou-se por trás de uma grande árvore. Chegaram duas pessoas e uma delas arrastava algo… Era Clove. Esses dois indivíduos foram ter com a figura que ela tinha visto no início. Katniss não estava a conseguir entender o que eles estavam a dizer mas depois conseguiu apanhar algumas partes da conversa.

–Era ela que nos estava a espiar? – perguntou uma voz feminina que parecia ser de uma pessoa tímida.

–Sim, era. – falou uma voz masculina forte. Katniss levantou-se um pouco de modo a identificar quem eram os donos das vozes e viu que quem falava era um rapaz com cabelo preto, uma rapariga muito semelhante a ele e outra rapariga com cabelo ruivo; esta voltou a falar e era a mesma pessoa que tinha falado quando Katniss começou a perceber aquela conversa.

–Será que ela nos queria roubar?

–Duvido. Ela ficou assustada quando nós aparecemos e a agarramos. – explicou a rapariga de cabelo preto.

–Mas ela é violenta. Mordeu-me o braço quando a tentamos capturar e também deu bastante luta. – reclamou o rapaz.

–O melhor é ela falar por si mesma. Doralis, tira-lhe o pano da boca. – falou a ruiva.

Doralis fez como a ruiva lhe tinha dito e destapou a boca de Clove. Esta manteve-se calada.

–Então, vieste nos roubar? – questionou o rapaz.

–Não. Eu não quero nada vindo de vocês.

–Então porque é que estavas a escutar a nossa conversa? – perguntou-lhe a ruiva.

–Eu estava a voltar para o sítio onde dormi e vi-vos e apenas queria ver se vocês eram ladrões ou não.

–Achas que ela está a dizer a verdade, Foxy? – perguntou Doralis à ruiva.

–Não sei, vamos ver.

Katniss apercebeu-se que Clove ia ficar ainda mais em apuros e que a ia ter que ajudar; mas ela sozinha não iria conseguir fazer grande coisa. Ela levantou-se muito lentamente e começou a afastar-se do local onde aquelas pessoas estavam com Clove. A partir do momento em que ela saiu da floresta, começou a correr. Quando finalmente alcançou a ponte, viu que Cato e Gale já se encontravam de pé.

–Katniss! Onde é que estavas? – perguntou Gale.

–Quando acordei vi que Clove não estava aqui então fui investigar e descobri-a. – Katniss olhou para Cato lembrando-se na noite anterior. – Ela foi raptada.

–Por quem? – perguntou Cato imediatamente.

–Por um rapaz e duas raparigas. Temos que a ir buscar.

Katniss guiou Cato e Gale até ao local onde ela antes vira Clove mas para sua surpresa Clove encontrava-se lá sozinha, ainda amarrada. Ao vê-la, Cato encaminhou-se logo para ela e tirou-lhe as cordas que rodeavam os pulsos e as pernas.

“Isto não faz sentido…” – pensou Katniss. –“Porque é que eles abandonariam a sua refém sem mais nem menos?”.

–Clove, vamos voltar para a ponte. – disse Cato.

–Temos… que… nos ir… embora. – conseguiu falar Clove. Cato ajudou-a a pôr-se em pé mas logo a seguir um som demasiado familiar impediu-os de prosseguir. Todos olharam para trás e viram dezenas de zombies a encaminharem-se para eles.

Clove estava demasiado fraca para se deslocar então Cato colocou-a aos ombros e os três começaram a correr em direção à ponte. À medida que avançavam os zombies pareciam ser mais e mais. Os quatro arrumaram as suas coisas à pressa, embora Clove estivesse a ter um pouco de dificuldade em o fazer, e correram como se não houvesse amanhã.

“Ah, então por isso é que eles abandonaram Clove”. – pensou Katniss. – “Eles viram os zombies e entraram em pânico, deixando Clove entregue à sua própria sorte”.

Eles prosseguiram caminho até ficarem exaustos. Cato pousou cuidadosamente Clove no chão e sentou-se. Katniss meteu a sua mochila no solo e espreguiçou-se. Repentinamente alguém foi contra Katniss e ela caiu no meio do chão. Katniss ouviu mais passos e viu que quem tinha chocado contra ela tinha sido a ruiva que tinha feito de Clove refém. Doralis e o rapaz apareceram a correr depois da ruiva. Cato e Gale ficaram a olhar para os estranhos. Cato desembainhou a sua espada e apontou-a para o rapaz, Gale fez o mesmo a Doralis e a ruiva continuou estática deitada no chão.

–Quem é que são vocês e o que é que vocês querem de nós? – perguntou Gale.

–Nós… Nós não quer-queremos nada. – respondeu a ruiva aterrorizada. Katniss levantou-se e olhando para Cato disse:

–Foram eles que levaram a Clove.

A cara de Cato tornou-se mais pálida. Ele olhou para o rapaz com um olhar demoníaco. De repente atacou-o, começando a espanca-lo. Doralis começou a gritar e a pedir a Cato para deixar o seu irmão em paz. Mas Cato não ouvia. Encontrava-se tão cego pela sua raiva que se continuasse assim iria acabar por matar o rapaz. Katniss pediu a Cato para parar. Ele não lhe ligou nenhuma. Katniss disse-lhe que já era suficiente, mas ele continuou.

–Cato! Eles não fizeram nada a Clove! Eles não a espancaram! – tentou Katniss desesperada. – Gale faz qualquer coisa!

Gale agarrou Cato e conseguiu afasta-lo do rapaz, que tinha a sua cara banhada em sangue. Mas Cato deu um murro a Gale e atacou novamente o rapaz. Katniss ficou horrorizada e olhou para Clove que parecia a pessoa mais surpreendida no meio daquela confusão toda.

–CATO, pára! - gritou Clove. Todos os olhares se viraram para ela.

Ele imediatamente afastou-se do rapaz e Doralis correu para ele, agarrando-o e chorando.

Cato lançou um olhar magoado a Clove e afastou-se de todos.