Os dois grupos acabaram por se tornar aliados e após vários dias a caminhar, encontraram uma caverna gigante e eles decidiram que aquele era o local mais apropriado para eles se fixarem. O nome dos novos membros eram Doralis, Avery e a ruiva era conhecida por “Foxface” ou “Foxy”, mas ninguém sabia qual era realmente o nome verdadeiro dela.

Toda a gente sentia naquele momento ódio por Cato, principalmente Doralis. Gale começara-se a dar muito bem com Avery e até começara a ensinar-lhe a montar armadilhas para caçar animais.

Tinham passado dois dias desde que eles se tinham estabelecido na caverna quando um grupo de zombies os atacou. Eram cerca de seis por isso foram rapidamente aniquilados; no entando, nem Foxy nem Doralis sabiam como manejar uma arma, e isso constituía uma fraqueza. Por essa mesma razão, Cato, Clove e Gale encarregaram-se de ensiná-las a lutar. Clove tinha o problema de ser impaciente, Cato simplesmente não era bom professor, no entanto, Gale era mais equilibrado que eles os dois. Depois do dia em que Clove foi raptada, Cato e ela não se tinham voltado a falar.

Passado um dia após o ataque dos zombies, encontrava-se Gale e Katniss a caçar animais para o jantar.

-Então, o que achas deles?- questionou Katniss.

-Bem, o Avery é um rapaz sensato… E Doralis é uma irmã dedicada.

-E quanto à Foxface? – continuou Katniss, curiosa.

-Bem… Não sei… Ela é um pouco misteriosa e também mal fala para nós e isso faz com que seja difícil saber que tipo de pessoa ela é.

Katniss decidiu parar por aí. Olhou ara as árvores que os rodeavam e por momentos sentiu que estava novamente na floresta que rodeava o distrito 12. Mas logo a seguir ela apercebeu-se  de que não passava de uma ilusão, pois ela estava longe de casa, muito longe.

-Katniss...

-Hum?

-Tens saudades do 12? – fora como se Gale lhe lesse os pensamentos.

-Claro. – sorriu ela tristemente. Ela tinha saudades principalmente da sua antiga vida.

Gale aproximou-se de Katniss e beijou-a repentinamente. Katniss ficou tão surpreendida que deixou cair a flecha que tinha na mão. Ela afastou-o logo a seguir. Ela não gostava de Gale da maneira que ele gostava dela. E Katniss não o queria magoar.

-Gale…

-O que é que foi? Tu sempre disseste que não querias casar e ter filhos por causa dos jogos, mas agora eles estão suspensos por causa do vírus. E provavelmente poderemos nunca mais ter jogos da fome. Por isso tens que me dar uma oportunidade. Tens que dar uma chance a “nós”.- pediu Gale suplicante.

-Gale? Estás doido? Dantes eu não queria trazer um ser vivo a este mundo sabendo que ele poderia ir aos jogos da fome. Achas que agora quero casar e ter filhos? No meio desta loucura? Sabendo que pode morrer a qualquer momento? Nunca tendo segurança? Eu nunca me irei casar e muito menos ter filhos. Lamento Gale, tens que procurar outra pessoa. – Katniss decidiu ser assim pois achava que dessa maneira faria com que Gale desistisse dela. Ele virou costas e abandonou-a ali. Ele estava magoado.

Passadas algumas horas, Katniss voltou à caverna e encontrou Gale fazendo uma fogueira e Foxface e Doralis a conversar. Avery estava a dormir dentro da caverna e nem sinal de Clove e Cato. Katniss interrogou-se se eles estariam a conversar.

Finalmente Cato e Clove regressado. E tinham voltado juntos.

Durante o jantar, surgiu uma conversa sobre o que deviam fazer a seguir. Gale e Avery davam-se mesmo bem. Aquela era a primeira vez que Katniss via Gale a sentir-se tão à vontade perto de alguém sem ser ela. E Avery também parecia já lhe confiar a própria vida. Todas as pessoas daquele grupo pareciam ter sido mudadas pelo apocalipse zombie. Por exemplo, Clove era um pouco estranha. Não parecia confiar em ninguém. Meses antes de ter ocorrido o aparecimento do vírus, Clove confessou o seu amor por Cato, mas este rejeitou-a. Ele já tinha namorado tantas vezes que para ele não existia “amor”. Para ele apenas existia atração. E como essa passava rapidamente, os seus namoros nunca tinham sido de muita duração. Mas Clove mudou-o. Quando ela lhe disse o que sentia, ele imediatamente disse-lhe que nunca a iria amar, que apenas a via como uma amiga. É claro que isso magoou Clove de tal maneira que ela afastou-se de Cato. Como poderia ela estar com ele sabendo que ele nunca sentiria por ela aquilo que ela sentia por ele? Como é que ela aguentaria falar com ele, conviver com ele, e ama-lo de tal maneira que nem ela própria aguentava? Depois de Clove se ter afastado de Cato, ele começou a pensar naquilo que na realidade sentia por ela. No espaço de meses, Clove namorou umas quantas vezes. Ela queria esquecer Cato a todo custo. E Cato cada vez mais se apercebia que tinha ciúmes quando ela estava com outros rapazes. E que ele a amava. Mas o que poderia ele fazer? Ele tinha-a rejeitado e magoado.

Doralis e Avery tinham perdido a mãe quando eram pequenos. Foram criados pelo pai, mas este era um bêbedo por isso cresceram cuidando um do outro. Sendo gémeos, existia um elo entre eles que era inexplicável. Às vezes conseguiam ler os pensamentos um do outro. E quando eram mais pequenos, chegavam a ter os mesmos sonhos. Se um deles morresse, o outro nunca iria ser capaz de recuperar.

Gale colocou mais lenha na fogueira e nem era capaz de olhar para Katniss pois ainda não tinha esquecido a conversa que tinham tido de tarde.

Todos decidiram ir se deitar. Já era noite avançada e Katniss ainda se encontrava acordada. Naqueles últimos dias ela tinha muitos pesadelos. Uns a seguir aos outros. Era cada vez mais difícil para ela descansar. Na noite anterior tinha tido um sonho em que aparecia a câmara do distrito 12 e Madge estava lá com um vestido azul brilhante todo rasgado. Ela tinha um ar exausto. E estava a sangrar. Katniss correu para ela, mas quando lhe tocou ela transformou-se num deles. Ela fugiu de Madge e viu uma multidão cheia de gente sem um rosto definido. Finalmente entre a multidão Katniss distinguiu a sua pequena irmã, apressou-se a finalmente alcançou-a. Tocou-lhe na cara carinhosamente e ela também se transformou num zombie. Era ela a responsável pelo vírus. Sempre que ele tocava em alguém, essa pessoa transformava-se num deles.