O Garoto Da Camisa 9 escrita por Gi Carlesso


Capítulo 38
Capítulo 37


Notas iniciais do capítulo

Sério, acho que a Mel vai matar ele depois do que o Sam disse! Quem concorda comigo?



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Melanie

Depois que ele saiu do quarto, não consegui fazer nada além de colocar o travesseiro sobre o rosto e soltar um grito do fundo da garganta.

Ergh.

Qual era o problema de Sam? Por que estava agindo de forma tão infantil e egoísta? Talvez alguma coisa poderia tê-lo influenciado, ou até mesmo ele estivesse se mostrando a pessoa que jamais achei que ele poderia ser. Nunca imaginei que Sam pudesse ser tão petulante e irresponsável de uma forma tão extrema a ponto de conseguir me irritar.

Pousei minhas mãos sobre minha testa tentando manter a calma. Eu não podia me levantar, de acordo com a enfermeira, eu havia perdido sangue demais e se tentasse andar, provavelmente desmaiaria no meio do caminho. Além do mais, ir atrás dele não resolveria nada, pois Sam estava se mostrando teimoso.

Minha vontade era de gritar ou até mesmo jogar alguma coisa na direção da porta por onde Sam saíra. Eu queria poder dar uns tapas nele e me vingar, mas não conseguiria fazer isso, eu o amava demais para pensar em machuca-lo. Então essa é a sensação de se ter a primeira briga com a pessoa que se ama? Dor? Franzi o cenho, eu estava certa, não estava? Pegar a fortuna e entrega-la a Liliam seria como assinar o atestado de óbito de todos os alunos que já sabiam da trama da velha louca.

Mordi o lábio com força, exatamente onde já havia um corte de antes. Droga, aquilo doeu.

Pensar que Sam poderia fazer alguma burrada estava me corroendo por dentro, eu precisava impedi-lo, pois eu era a única a quem ele ouvia direito, mesmo que tentasse ignorar. Se os outros tentassem pará-lo, ele iria simplesmente ignorar.

Droga de garoto teimoso!

Olhei de rabo de olho para o que se parecia com um ferimento em minha cintura – estava coberta, possibilitando apenas minha visão do que parecia uma vermelhidão em torno do corte. Fiz uma careta, estava bem feio.

Ainda pensando em Sam, cheguei a pensar que talvez fosse bom eu voltar a dormir, mas nem tentaria, poia sabia que não conseguiria. Fechei os olhos por algum tempo tentando afastar os pensamentos de que eu queria estapear Sam e sobre o fato de querer impedi-lo de continuar com sua ideia maluca. Ele queria morrer? Afinal, Lilian nos mataria de qualquer jeito.

Eu estava quase dormindo quando ouvi alguém batendo levemente na porta.

- Oi, Mel. – Jes entrou na sala. Ela estava com o rosto inchado e os olhos vermelhos, sinais de que esteve chorando. – Você está bem?

- Sim... – murmurei com o cenho franzido. -  Jes? Estava... estava chorando?

Ela deu de ombros.

- Sim. – ela se sentou ao meu lado na maca. – Fiquei preocupada com você.

Surpresa, não consegui conter um meio sorriso que se estendia em meus lábios. Eu nunca tivera amigos que realmente se preocupassem comigo, ou até mesmo chorassem pelo fato de eu estar mal. Então, ver Jesse daquela forma acabou despertando uma parte minha que eu nem lembrava que existia.

Felicidade.

- Mas Jesse, eu não morri. – sei que brincadeiras não eram bem uma boa ideia num momento como aquele, mas eu só queria tentar, apenas tentar demonstrar que ficara feliz com sua reação. . – Não foi grave.

Em resposta à minha piada, Jes sorriu levemente.

- Não foi isso que Sam disse. – ela mordeu o lábio inferior. – Disse que infeccionou e que você havia perdido muito sangue.

- Sim, mas eu estou bem, prometo. – forcei um sorriso sincero a ela. Jes pareceu estar melhor, assim como eu por saber que tinha uma amiga incrível. – Sam exagerou um pouco, eu já estou muito melhor.

Ouvindo minhas palavras, Jesse pareceu mais aliviada.

Ela ficou mais algum tempo comigo conversando sobre o que acontecia pelo internato enquanto eu estava na enfermaria. Ainda se mantinha um verdadeiro caos por conta da rebeldia dos alunos, tanto que nem mesmo alguns seguranças tiveram chance contra eles. Disse também que os professores se irritaram por nenhum aluno querer aula e chegaram a ameaçarem, porém Jenna e Andy conseguiram colocar ordem mais uma vez.

E Liliam...

Ao que pareceu, ela simplesmente desapareceu. Estava no internato e isso fora confirmado pela professora de português que sem querer deixou a informação escapar. Porém, onde ela estava inda era um mistério.

Lilian não tinha essa mania de simplesmente desaparecer quando estava furiosa, o que indicava que algo ruim poderia acontecer. Ela sempre tinha uma ideia de como acabar.

- Ela vai aprontar... não é? – murmurou Jesse.

- Não tenho nenhuma dúvida.

Aquilo me perturbava infinitamente, ela poderia atacar a qualquer instante e eu não poderia fazer nada, pois eu nem conseguia andar. Fechei as mãos com força em punho pensando o quanto que eu queria Sam ali comigo, ela saberia exatamente o que fazer se não estivesse prestes a fazer sua maior burrada.

Mantive-me deitada apenas por mais alguns segundos, mas a ideia que rondava minha mente me deixara perturbada. Eu tinha que parar Sam, obriga-lo a ficar ali e não tentar descobrir a localização da fortuna sozinho.

Se o fizesse, era certo que Lilian o mataria.

Fechei os olhos com força e movi minhas pernas. Essa ação fez com que uma pontada dolorosa atingisse a região de minhas costelas, fazendo-me não conseguindo conter um gemido de dor. Hesitei fazendo uma expressão de dor, pois qualquer movimento brusco fazia com que uma dor horrenda me atingisse nesse local. Respirei fundo algumas vezes e tentei novamente, conseguindo ficar sentada.

- Vamos lá... você consegue. – murmurei para mim mesma.

Impulsionei meus braços e consegui ficar de pé.

Bom, por cinco segundos.

Depois disso acabei desabando de lado no chão gelado da enfermaria, o que fez com que uma dor aguda se formasse novamente. Como a enfermeira falara, eu estava fraca demais por conta da perda de sangue durante a hemorragia. Gemi sozinha no chão esperando com que a dor passasse logo, mas nada acontecia. Parecia que estava ficando cada vez pior.

A dor parecia se alastrar por toda a região de meu peito até o fim da cintura, fazendo com que eu curvasse meu tronco tentando controlar a dor.

Respirei fundo mais uma vez sentindo com que a dor se dissipasse e eu pudesse me levantar e encarar meu caminho até Sam. Estava complicado, mas não seria impossível. Eu tinha que resistir e tentar, precisava deter Sam. Estiquei meu corpo calmamente, até que senti que estava de pé, pronta para andar. Fui dando passos lentos em direção a porta, sentindo cada canto de mim se encolher quando meus pés tocavam o chão e uma dor me atingia. O ferimento deveria ser pior do que diziam, pois jamais achei que uma infecção não me deixariam nem sequer andar.

Continuei com passos lentos e curtos até a porta, conseguindo ao menos chegar no corredor. Estava um caos, com pessoas andando para todos os lados nem sequer notando de que eu estava ali, com uma mão na costela e com um pequeno sangramento que escapava.

O ferimento estava ficando pior.

Senti uma pequena lágrima se formar em meus olhos, pois sentia o medo me tomar. A infecção havia se tornado pior por eu não estar 100% repousada, o que me causava um tremor interior pelo medo ... medo de morrer.

Continuei a longa caminhada pelo corredor, todos pareciam não me ver... eu me sentia invisível, coisa que era boa e ruim ao mesmo tempo. Franzi o cenho com tal pensamento, mas me forcei a esquecê-lo e continuar.

Olhei em volta, as pessoas pareciam... assustadas. O que estava acontecendo com todos?

Virei uma esquina do corredor passando para um lugar onde não haviam muitas pessoas, apenas algumas que andavam por ali e logo desapareciam em algum outro corredor. Eu estava completamente sozinha ali quando se passou alguns segundos.

Mas então, algo aconteceu. Uma coisa que não pude explicar muito bem, apenas que fui atingida na cabeça numa pancada muito forte.

Tudo escureceu.



Abri meus olhos lentamente, estava com a visão um pouco embaçada e o lugar em que eu permanecia era escuro e disforme. Não conseguia fazer com que meus olhos se acostumassem com a escuridão constante do local e o fato de que estava no completo escuro. Bem a minha frente, algo parecia se mover, como se alguém andasse por ali. Porém, minha visão ainda estava turva e muito confusa.

A dor em minha costela continuava a mesma, porém piorando a cada segundo. Meu cabelo grudava em minha testa, quase como se estivesse molhado, mas aquilo não era água e sim, meu sangue. Eu estava sangrando? O que aconteceu? Por que minha dor estava piorando?

Uma luz fraca atingiu meus olhos, fazendo com que minha visão ficasse ainda mais confusa. Havia uma janela ali, porém tão pequena que a luz que vinha dela era mínima. Confusa, tentei desviar os olhos para outra coisa, mas o movimento de meu tronco fez com que a dor se tornasse aguda. Sem pensar, gritei.

Onde eu estava?

O que fizeram comigo?

Tentei mover minhas mãos, mas elas foram impedidas por algo, colocadas para trás de meu corpo atrás da cadeira em que eu estava sentada. O que as prendiam era gelado e muito pesado, fazendo com que uma dor se alastrasse por meu braço. Isso me fez perceber o que estava acontecendo.

Eu estava numa cadeira sentada em uma sala escura.

Presa por correntes.



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Notas finais do capítulo

Aaaaaaaaaaaaaaaaaaah mds mds mds Meeeeeeeel! Socorro, tadinha :O



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