O Garoto Da Camisa 9 escrita por Gi Carlesso


Capítulo 32
Capítulo 31


Notas iniciais do capítulo

ANDYY, BRIGADA PELA RECOMENDAÇÃO, FOOFA!!! ;* E os outros que recomendaram também! Todas perfeitas demais ♥



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Os olhos azuis e avermelhados de Carly se abriram lentamente encarando o céu escuro bem a sua frente. Estava confusa por não saber onde estava e ao mesmo tempo, um pouco assustada. Sua pele estava pálida e com leves marcas de antigos hematomas pela extensão do braço. Roman levantou a região da costela dela para que pudesse tomar alguns goles de água sem que engasgasse. Jes se mantinha onde estava com a mão cobrindo seus lábios, numa forma de indicar que estava preocupada, assim como eu, que apenas a encarava esperando que Carly mostrasse alguma reação.

Ela tossiu mais algumas vezes até finalmente se acostumar com a água, provavelmente a deixaram sem água e nem comida por todos aqueles dias. Eu sentia raiva deles por isso, tanto que minha vontade era me jogar dentro daquele prédio e acabar com Lilian com minhas próprias mãos. Mas assim, seria fácil demais, ela tinha que sofrer o que todas aquelas pessoas estavam sofrendo por causa dela.

- Onde... onde eu... – tentou Carly com a voz fraca e um pouco rouca.

- Está tudo bem, Carly. – murmurei ajoelhando-me na neve ao lado de Roman para conseguir ouvir a voz dela melhor. – Você está a salvo agora.

Ela tossiu um pouco tentando fazer com que o ar entrasse e saísse direito de seus pulmões. Seus olhos mudavam de direção de forma constante, mostrando o quão assustada ela estava. Deveriam tê-la feito sofrer muito para estar daquela forma e eu nunca me perdoaria por ter grande parte da culpa.

- Vocês.... vocês têm... – mais uma vez tentou dizer algo a nós, porém suas palavras estavam fracas e roucas. – Vocês...

Confusos, eu e Roman nos entreolhamos, então abaixei-me na direção dela mais uma vez tentando a ouvir de uma forma melhor.

- Nós o que, Carly? – perguntei tentando-a entender melhor.

Carly levantou os braços lentamente e quando alcançou as mangas de minha jaqueta, puxou-me para baixo com força até que seus lábios ficassem bem próximos a meus ouvidos.

- Vocês... – disse rouca. – Vocês têm que sair daqui!

                                                  

Tudo o que eu conseguia pensar naquele momento eram as palavras de Carly sobre termos que sair daqui enquanto Roman e Sam a colocavam no banco de trás do carro dos seguranças – os que matamos – para leva-la para algum hospital antes que algo mais grave acontecesse com Carly. Fiquei observando eles discutirem sobre quem deveria ir com Roman até que Jesse disse que iria e se colocou no banco de passageiro. Sem pestanejar, Roman entrou no carro logo atrás dela e dirigiu para longe dali para o hospital o mais rápido possível.

Eu ainda sentia a sensação de que parte dos ferimentos de Carly eram culpa minha, eu havia ligado para ela e provavelmente fora por isso que os seguranças a agrediram. Tínhamos que acabar com o pesadelo logo, precisávamos acabar com o poder de Lilian sobre as pessoas e não permitir que ela machucasse mais ninguém.

Sam manteve o olhar sobre o carro que desaparecia na estrada sem nem sequer piscar, pelo o que vi, parecia que ele se preparava para o que faríamos a seguir. Fui até ele segurando firme sua mão e depositando um beijo tranquilo – mesmo que eu não estivesse desse jeito – em sua bochecha. Isso foi o bastante para que ele desviasse os olhos para minha direção e deixasse escapar um sorriso nervoso.

- O que acha que vamos encontrar ali dentro além dos alunos? – perguntou ele.

- Espero que nada. – murmurei olhando em volta. – Alguma ideia de como podemos entrar na prisão

Ele ficou em silêncio por longos segundos.

- Não podemos entrar pela porta da frente. Temos que encontrar alguma forma de achar uma passagem em algum lugar que não chame a atenção. – ele foi até ao que parecia um antigo galpão interligado a prisão, talvez aquela fosse uma boa entrada. – Deve ter alguma porta que dê para a prisão. Vamos tentar ali.

O galpão era pequeno, provavelmente usado por alguém que fazia as manutenções da prisão, onde haviam coisas jogadas para todos os lados por conta do tempo que fora abandonado. Em uma parede, a qual ficava contra a da prisão, havia uma porta de madeira, a qual estava praticamente solta de todas as dobradiças.

Sam foi primeiro, conseguindo arrancar o que restava da porta. Do lado de dentro do galpão, havia ferramentas, algumas algemas e coisas do tipo jogadas para todos os lados, porém nem fora isso que realmente chamara a minha atenção e sim, o fato de que a porta que interligava o galpão com a prisão estava arrebentada para fora. Do outro lado da porta, a imagem assustadora e negra da parte de dentro da prisão se estendia para uma escuridão sem fim. Estava completamente escuro ai, então precisaríamos de uma lanterna.

- Por que a porta já está desse jeito? – perguntei confusa. – Faz muito tempo que não vem ninguém aqui.

- Acho que já sei a resposta. – disse Sam apontando para a escuridão da prisão. – Provavelmente foi assim que Liliam entrou aqui para não chamar a atenção de ninguém e não vissem que a prisão foi invadida. – ele terminou de arrancar a porta e colocou os restos ao lado do que parecia uma mesa. – Bom, muito esperto da parte dela.

Do outro lado da porta, digamos que aquela imagem do local me perturbava mais do que o fato de que meu pai fora morto por Liliam. Era como lembrar de um sonho mórbido e sombrio, algo que você pretende esquecer, mas não consegue. As paredes me lembravam de um pesadelo que tive no passado, em que entrei numa casa mal assombrada. O teto exibia uma imagem estranha de pontas afiadas prestes a cair em cima de nós, coisa que me fez tapar meus olhos com medo que pudesse ser real.

Nas paredes, haviam marcas de mãos e arranhões, fazendo-me chegar a conclusão de que houve uma rebelião dos presos e por esse motivo, o prédio fora abandonado e provavelmente todos os rebeldes foram transferidos para outra prisão.

Aquele lugar estava pregando peças em nós.

Continuei andando por entre as paredes cheirando a mofo com Sam hesitante logo atrás de mim, ajudando-me a desviar quando ele via algo que não percebi e que pudesse me derrubar.  Eu me sentia estranha ali, aquele lugar me passava uma mensagem ruim e assustadora, quase como se saíssem monstros das paredes tentando me puxar para dentro delas.

Balancei a cabeça tentando afastar aquele pensamento.

Quando viramos uma esquina de um corredor cheio de celas para os prisioneiros, ouvi um som alto, muito parecido com o de batida. Confusos, eu e Sam nos entreolhamos tentando entender o que poderia ter causado aquele som.

- Ouviu isso? – sussurrei.

- Sim. – antes de dar qualquer outro passo, Sam olhou para todos os lados certificando-se que não havia nada próximo a nós. – Fique aqui, vou tentar descobrir o que é.

Sam caminhou lentamente até o final da parede, a qual usávamos como um apoio na escuridão. Espiando pelo canto da parede, Sam tentou descobrir o que poderia ter causado o som, mas se abaixou pelo susto quando o som se repetiu ainda mais alto. Sam lançou-me um olhar preocupado e me mandou, com um gesto, para que eu me escondesse. Obedecendo, fui até o começo do corredor e escondi-me ali, ouvindo-o fazer o mesmo.

Nos escondemos bem a tempo de Lilian aparecer no final do corredor com dois seguranças a seguindo. Ela gesticulava de forma irritadiça com seu segurança e muitas vezes apontava o dedo indicador para seu rosto.

- Não posso mais tolerar isso, Calvin. – disse ela andando com as mãos atrás do corpo, observando cada canto de seu esconderijo. Ao que pareceu, ela estava orgulhosa de ter todo aquele lugar na palma de sua mão. – Com os que estiverem sendo rebeldes, quero que façam o mesmo que fizeram com a loira. Ela aprendeu da pior maneira que não se pode mexer comigo e sair ileso. Não deixem que mais nenhum desses garotos se revolte.

- Sim, Sra. Mean. – disse o da direita. – Os homens voltaram assim que a Sra. voltou, entretanto não poderão dar muitas informações por muito tempo.

- O que quer dizer com isso, Miller?

Ele não respondeu, apenas abaixou os olhos para ela num sinal de que a resposta não era exatamente uma das melhores. Provavelmente se tratava dos seguranças que nós abatemos assim que chegamos aqui, então não conseguiram dar as informações que Lilian precisava.

Liliam pareceu entender o que estava acontecendo, ficando extremamente furiosa.

- Aqueles dois eram completos inúteis! – esbravejou Liliam enquanto andava com os dois capangas logo atrás dela. – Perderam a menina, como eu imaginava! Não é possível, mesmo com ela desacordada isso acontece?!

- Eles não sabem ao certo o que aconteceu, Sra. Mean. – disse o da esquerda. – Dizem que foram atacados, mas não temos tanta certeza disso.

- O que?! – berrou ela virando-se para seu capanga. Algo me dizia que ela não sabia sobre a história de eles terem sido quase mortos. – Como assim foram atacados?

Os dois seguranças se entreolharam antes de engolir um seco. Bom, se eu fosse eles, estaria tão assustada quanto estavam agora, afinal, Lilian não demonstra sua raiva de uma forma muito... ahn, saudável.

- Dizem que quatro adolescentes simplesmente apareceram do nada. Sra. Mean.

Lilian, agora, possuía os olhos inflamados pelo ódio e sua respiração estava descompassada e seu ódio logo seria ainda mais mortal se ambos seguranças continuassem ali apenas a observando irritadiça.

Isso influenciaria em nosso plano, afinal, agora Lilian sabia de algo que deveria ser uma surpresa nada agradável.

Agora, ela sabia que estávamos ali.



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Notas finais do capítulo

Vish :O



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