O Garoto Da Camisa 9 escrita por Gi Carlesso


Capítulo 31
Capítulo 30


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!
~não sei o que dizer ushushsuhs~



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Do lado de dentro, a prisão não parecia nem um pouco reconfortante – um grande pátio cinzento cobria toda a entrada da prisão, com apenas um gramado com poucos metros quadrados e apenas uma árvore. A porta da frente estava totalmente coberta por pedaços de madeira e outros objetos pregados para que realmente não fossem abertos. Não havia nenhum sinal de tentativa de entrada, mas nós sabíamos que eles estavam ali, pois escutamos vozes ao entrarmos na prisão, vozes jovens, vozes muito conhecidas. Com medo, esperei ouvir a voz de minha prima, Charlotte, entretanto, apenas ouvia as de outras pessoas diferentes.

- Ok, já estamos aqui. – disse Jes quebrando o silêncio. – E agora?

Eu simplesmente dei de ombros, por mais incrível que pareça, eu não fazia a menor ideia do que fazer agora. Teríamos que arrumar uma forma de entrar no prédio para procurarmos os alunos, mas para isso, também teríamos que nos preparar para que caso algum dos seguranças de Lilian aparecessem de repente.

- Vocês têm certeza de que é aqui? – perguntou Roman desconfiado. – Tudo bem que Liliam é louca, mas acho que esconder os alunos sequestrados em uma prisão é um pouco demais. Quero dizer, acho que o endereço que Jonah encontrou não queria dizer onde os alunos estavam.

- Mas então por que ela picaria o papel? – indaguei. – Não faria sentido.

Sentei-me na grama mesmo abraçando minhas pernas, as quais estavam dobradas a frente de meu peito. Acima de mim, prédio se estendia alto e assustador, ali haviam estado presos milhares de assaltantes, assassinos e muitos outros e agora, lá estávamos nós tentando entrar onde todos mais desejavam sair. Os olhares dos três estavam sobre mim tentando entender porque eu agia daquela forma, mas eu tinha um motivo, por que jogarem sempre a pressão logo sobre mim? Por que todos sempre esperavam algo a mais de mim?

Por que?

Respirei fundo pensando abertamente o que fazer, enquanto isso, Jes andava de um lado para o outro checando cada canto visível da prisão, provavelmente tentando arrumar uma forma de entrarmos. Ela sumiu atrás de um dos muros para procurar alguma forma com Roman logo atrás dela, e eu, continuei sentada ali quase surtando por não encontrar uma idéia.

- Mas que droga. – murmurei tirando o cabelo do rosto. – Se esse for o lugar certo, não podemos ficar aqui, temos que nos esconder. Lilian pode aparecer a qualquer segundo...

- Mel – Sam me chamou, mas foi como se sua voz fosse encoberta por meus pensamentos.

- Temos que nos esconder, ai eu vou pensar em alguma coisa. Eu consigo, não sou uma completa inútil.

- Mel, - disse ele impaciente. – escute.

- É, se eu ficar quieta por algum tempo consigo pensar num plano, da última vez eu...

- Melanie! – berrou Sam segurando-me pelos braços, deixando-me bem cara a cara com ele. – Caramba, será que pode parar de falar? – ele percebeu como alterou o tom de sua voz, então a controlou saindo mais calma e baixa. – Você tem que parar de pensar tanto, vai acabar ficando louca. Dessa vez, vamos fazer isso com calma e do meu jeito, ok?  Você precisa respirar um pouco.

Levou-me até um degrau da entrada da prisão e fez-me sentar ali mesmo, sentando-se ao meu lado logo em seguida. Calmamente, Sam retirou todos os fios rebeldes de meu cabelo que insistiam em cobrir meus olhos e depois, depositou um beijo em minha testa.

Eu o amava por esse motivo – a calma e precisão, a forma com que se preocupava comigo e queria meu bem estar. Jamais achei que me apaixonaria por alguém daquela forma. Sam era aquele tipo de pessoa que se percebesse que você está mal, ele simplesmente abandonaria tudo apenas para deixa-la feliz. Será que eu realmente merecia alguém como ele? Quero dizer, eu faria o mesmo por ele sem pensar duas vezes, mas... será que eu merecia todo aquele cuidado e amor?

Exibi um sorriso enquanto fitava seus lindos olhos negros, os quais pareciam ler minha alma naquele segundo, se eu pensasse o quanto estava me sentindo melhor naquele momento, ele saberia. Eu não conseguia deixar de olhá-lo, sentir que sua mão esquerda estava pousada em meu joelho e que nós estávamos muito próximos um do outro.

- Nós vamos conseguir, tudo bem?

Assenti.

Caminhamos até onde Jes e Roman desapareceram a tempo de encontra-los tentando quebrar ao que parecia uma janela baixa e com grades de ferro parecendo estar enferrujadas. Roman estava com um pedaço de metal – pelo o que vi, parecia um pedaço de cano de esgoto. Eca. – e estava se preparando para atingir a janela. O som seria alto o suficiente para que chamasse a atenção de qualquer um próximo a ali, mas como não havia outra forma de entrar, esperamos que o cano atingisse o vidro.

Porém, quando o cano estava prestes a atingir a janela, ouvi o som de algo se aproximando rapidamente. Assustada, percebi o movimento a poucos metros de nós.

Havia um carro ali.

- Roman, não! – berrei impedindo que ele conseguisse atingir o vidro. Com força, puxei o cano de volta para que ele caísse sobre o chão.

Ele me encarou de forma confusa, então apontei a ele o carro que estacionava em frente à prisão. Percebendo o movimento, Roman pegou o cano que por pouco não atingira a janela e entregara nossa posição, carregando-o sobre seu ombro.

Jes nos arrastou para trás do que parecia metade de um muro de tijolos que fora destruído com o tempo. Abaixei ao lado de Sam agarrada a um tijolo, coisa que não deveria me segurar por muito tempo, pois estava se soltando dos outros. Levantei a cabeça apenas alguns centímetros a tempo de ver dois homens saindo do carro preto estacionado a frente da prisão e de dentro do prédio, um outro homem saia carregando em seus ombros um corpo de uma garota magra e pequena com cabelos loiros.

Quando mudou a forma que a segurava, pude ver a quem pertencia o rosto da menina.

Carly.

Ela estava desacordada, com manchas de sangue por toda a extensão de sua calça jeans e rasgos, vários cortes se estendiam por seus braços e bem acima dos olhos, um grande hematoma num tom de roxo mostrava que ela fora atingida na cabeça. Surpresa com aquela cena, tapei minha boca segurando o choro, ela estava destruída, machucada nos pés a cabeça sendo carregada como se fosse os restos do corpo de alguém que fora morto. Parecia um grande saco sobre o ombro do segurança de Lilian.

- O que fizeram com ela?! – exclamou Jesse não conseguindo conter as lágrimas. – Ela está com sangue pelo corpo inteiro! A mataram, meu Deus, mataram Carly!

- Jes, se acalme! – sussurrou Sam irritadiço. – Se não ficar quieta, vai entregar nossa posição!

Mas ninguém realmente estava conseguindo se acalmar, foi como se aquela cena fosse uma incitação para que começássemos a agir. E foi o que fiz. Apenas lancei um olhar a Roman e ele entendeu no mesmo segundo, dando tempo a ele de apenas avisar Sam com o olhar e para Jes, fazendo o mesmo. Entretanto, Roman fez antes do esperado, saltou por cima do muro indo na direção dos capangas com apenas o cano de metal pesado nas mãos.

Sam nos encarou como se estivéssemos ficando malucos, mas nem o respondi, afinal, ele já deveria ter se acostumado com nossos atos por reflexo. Sem dizer nenhuma palavra, corri em direção a onde Roman já estava, havia nos entregado no segundo que se levantara e correra com o cano de ferro em mãos para mata-los.

Roman conseguiu desviar de um ataque quase certeiro de um dos capangas fazendo apenas um movimento para a direita e acertando-o bem na cabeça, o que fez com que o homem atingisse o chão num baque. O que segurava Carly nos ombros olhou instintivamente na minha direção, indicando um possível ataque. Agindo da forma que esperei, o homem jogou o corpo de Carly pesadamente sobre o chão e seguiu em minha direção de uma forma ameaçadora e mortal.

Sem pensar duas vezes, corri em sua direção na mesma velocidade que ele, sentindo meus pés ágeis tocando e saindo do chão rapidamente enquanto eu seguia em sua direção. Pelo canto dos olhos, vi a imagem de Sam e Jesse vindo um de cada lado do homem, seguindo em uma direção paralela a ele. Sabendo o que fazer, esperei até que ele estivesse muito próximo de mim e quando estava prestes a me atingir com o punho, abaixei meu tronco vendo seu braço passar por cima de minha cabeça.

Estava quase atingindo o chão, então rolei até estar de pé, vendo que Jesse e Sam acertaram o capanga de Liliam - sério, eu realmente preciso saber de onde Liliam tirou tantos seguranças – quem caiu fortemente na neve branca que cobria a grama.  Os dois sorriram com o ato e bateram as mãos num sinal de que haviam feito um bom trabalho juntos.

- Cara, isso foi demais! – disse Jes pulando na neve.

- Foi. – ele sorriu de volta para Jes e veio até mim. – Você está bem, Mel?

- Sim! – exclamei não contendo o sorriso em comunhão com Jesse. – Não acredito que fiz aquilo!

- Trabalho em equipe é o melhor. – cantarolou Jesse.

Bem ao nosso lado, Roman estava ajoelhado no chão próximo ao corpo de Carly, a qual havia sido jogada no chão pelo segurança que antes a segurava nos ombros. Agora, mais um hematoma surgira em sua perna por conta o impacto do corpo com o chão e o cabelo loiro cobria seu rosto muito ferido.

Carly estava um pouco pálida e com os lábios cor púrpura, provavelmente por causa do frio, mas ainda assim dava para perceber que ela passara por momentos difíceis. Peguei a garrafinha de água que comprara no bar na cidade e entreguei a Roman para que desse um pouco a Carly. Ele ergueu o queixo dela apenas um pouco para que entreabrisse seus lábios, despejou um pouco de água e quando percebi, Carly estava tossindo.

Ela estava viva.



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Notas finais do capítulo

Ufa, Carly!