O Garoto Da Camisa 9 escrita por Gi Carlesso


Capítulo 33
Capítulo 32


Notas iniciais do capítulo

Ta muito tenso isso, mds! kkkkkkk Como vocês estão? Querem conversar comigo? @gigicarlesso @StoriesFF



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Sam fez um sinal com o dedo indicador para que eu fizesse o máximo silêncio, pois Lilian e seus seguranças ainda estavam próximos a nós e qualquer movimento em falso, poderia ser um risco para que ela soubesse de nossa localização. Graças ao segurança, Lilian já sabia que conseguimos encontra-la, provavelmente compreendendo que, mesmo que sequestrara Jonah, ele ainda havia conseguido uma forma de nos avisar.

Exceto pelo fato de estarmos ainda mais em perigo, uma parte do plano dela fora por água a baixo.

Agachei-me mais atrás do que parecia um grande bloco de concreto que caíra do fazendo um som não muito alto, quase como um estalo. Isso foi o suficiente para que os dois seguranças e Liliam parassem o que estava fazendo e olhassem em minha direção.

- Droga. – sussurrei comigo mesma.

O olhar de Sam desviou em minha direção, o qual parecera preocupado com o fato de os dois seguranças estarem encarando o corredor bem onde eu estava.

Engoli um seco ao ouvir o som abafado de passos vindo em minha direção. Era como saber que algo muito ruim poderia acontecer, ainda mais porque eles estavam vindo rapidamente até mim e um deles, estava com uma arma em sua mão direita.  Fechei meus olhos com força tentando não imaginar o que poderia acontecer, apenas me concentrei no fato de que o som dos passos de Liliam vindo em minha direção se tornavam mais altos a medida que ela se aproximava.

Eu estava em perigo.

Olhei para minha mão onde eu segurava com força o pedaço de concreto. Meus dedos estavam agarrados com tanta força que uma linha vermelha escarlate fora formada ali, mostrando que possivelmente se tornaria um corte. Voltei a fechar os olhos sentindo a pequena gota de meu sangue cair de onde se formou o corte, entrando em contato com o chão poeirento da prisão abandonada. Não havia mais nada a ser feito, Liliam me acharia ali a qualquer segundo.

À medida que os passos se aproximavam de mim, eu lembrava das últimas palavras de meu pai, quando uma vez ele me dissera que nada aconteceria comigo se continuasse vivo.

“Nunca vou deixar ninguém encostar um dedo em você”.

O mesmo fora dito por Sam, quem estava a poucos metros de mim provavelmente tentando arrumar uma forma de agir. Mas, eu preferia que ele continuasse ali, se fosse para eu enfrentar a morte, teria que ser sozinha.

Um som muito alto parecia ter vindo do outro lado da prisão, fazendo com que os passos parassem. Senti o alívio tomar conta de mim, assim que os passos se afastaram e desapareceram. Bem lentamente, levantei apenas um pouco minha cabeça encontrando a visão sombria do corredor e Sam vindo de vagar em minha direção.

- Foi por pouco. – disse ele abaixando-se para me ajudar a levantar. – Eles devem ter ouvido algo.

- Você me assustou. – resmunguei tentando controlar minha respiração.

Ele coçou a cabeça de uma forma um pouco constrangida, mas fiz um sinal com as mãos indicando que estava tudo bem e que ele não precisava se preocupar comigo.

- Ela sabe que estamos aqui. – falei aflita.

- Sabe, mas vamos encontrar os alunos antes. -  como Sam podia ser tão otimista numa hora como aquela? – Tenho uma idéia de onde podem estar.

- E será que posso saber onde?

Com ajuda dele, saltei por entre os pedaços de concreto.

- Nas celas, Mel. – eu riu como se aquele tivesse sido a melhor piada do mundo. Claro, não foi. – Estou falando sério! Onde mais ela colocaria os alunos?  E mais, meu pai me levou uma vez para visitar meu tio que fora preso uma vez e as prisões tem costume de ter algumas celas maiores que as outras. Pode ser onde ela está colocando os alunos sequestrados.

A ideia de Sam fazia lógica, então não pude discutir.

- Ok, então vamos logo. Quero sair logo daqui.



Nem sei por quantas horas ficamos caminhando, mas conseguimos encontrar algo mais interessante do que imaginei – Liliam não colocara nenhum segurança pelos arredores da prisão, facilitando muito para que encontrássemos os alunos. A maior parte estava inteira, apenas a entrada e algumas partes dos corredores estavam caindo aos pedaços, enquanto o resto estava em bom estado.

Em minha opinião o fato de não ter nenhum segurança pelos corredores indicava uma armadilha, pois ela provavelmente colocara todos próximos a ela e os alunos assim que ficara sabendo sobre nossa entrada. Será fácil demais abater um segurança por corredor, ela precisava que nosso plano fosse por água abaixo e complicasse no momento em que encontrássemos eles.

Por um momento, tive que sorrir ao perceber que ela tinha medo de nós.

Lilian usava a parte de escritórios e salas de segurança como local onde poderia controlar a prisão e como os seguranças agiriam, por isso, demos a volta ao perceber a área do prédio em que estava e seguimos ao lado das celas do lado esquerdo do prédio. Passamos pelo o que poderia ser um corredor maior e mais aberto, onde o ar ficava mais fresco e possibilitava que eu respirasse melhor.

Encontramos um mapa preso a uma parede e protegido por uma barreira de vidro, o qual poderia nos guiar em direção ao que poderiam ser as celas maiores. Como fizemos antes, demos a volta na área de Lilian em direção a onde o mapa nos levara, o qual os alunos poderiam ter sido colocados para que coubessem todos em apenas uma ou duas celas.

- Tem certeza de que eles podem estar aqui, Sam? – perguntei enquanto desviava de uma teia de aranha. – Quero dizer, tem uma chance de estar errado...

- Eles têm que estar!

Sam parecera um pouco desesperado por conta do medo de estar errado. Insistente como sempre fora, vê-lo daquela forma não me assustava, apenas me deixava alerta ao fato de ele estar preocupado ao extremo.

- Ok, mas se não estiverem? – indaguei com um pouco de dificuldade para andar.

Chegamos em uma parte da prisão que se encontrava crítica, ainda pior do que os corredores por onde entramos. Grandes buracos se espalhavam pelo teto e muitas marcas de queimado, indicando que minha sugestão sobre a rebelião estava certa.

- Eu não sei, Mel! – ele suspirou encostando-se em uma das paredes. – Eu... eu não sei mais o que fazer, Melanie. Se eles não estiverem em alguma dessas celas... nem quero pensar nisso.

Ele indicava sinais de cansaço e muita exaustão. Estávamos andando a quase uma hora à procura dos alunos e Sam sempre tentara pensar por onde seguiríamos. Eu sabia o quanto ele se cobrava achando-se responsável para encontra-los, mesmo que a culpa sempre fora minha e de minha família. Sam não tinha motivo algum para achar que tinha o dever de encontra-los, mas pensava que só assim conseguiria ter uma vida tranquila depois.

E ele tinha razão em relação a isso.

- Sam, não podemos desistir agora. – falei limpando a poeira branca que lhe caia nos cabelos negros. Ele tinha uma aparência exausta e seus olhos possuíam olheiras logo abaixo, mostrando que sua falta de sono estava o afetando. Sam suspirou mais uma vez deixando o rosto pesar sobre minha mão. – Você me ensinou a nunca desistir, Sam. Onde está o garoto que parecia um lobo caçando a bola de futebol? – fiz uma piada esperando seu sorriso, mas ao invés disso, ele manteve a expressão séria. – Sam, nós vamos conseguir, está bem?

Com força, puxei-o para mim para abraça-lo e sorri ao sentir seus braços me envolvendo, isso significava que ele correspondia.

- Por mais difícil que isso pareça agora, eu acredito em nós dois. – disse ele com os lábios de encontro a meu cabelo. – Só espero que tudo acabe logo. Tudo o que eu mais quero é dar a vida que você merece, não essa perseguição sem fim.

Suspirei, pois pensava o mesmo. Mas, para que tivéssemos uma vida normal de novo, teríamos que acabar com aquele inferno e finalmente conseguir nos livrarmos de Lilian.

Era a única forma.

- Eu sei. – murmurei. – Nós vamos conseguir, eu sei que sim.

Depositei um beijo rápido em sua bochecha sentindo-o relaxar um pouco. Voltando ao caminho, encontrando celas completamente destruídas e outras, que estavam ainda com algumas coisas dos presos que costumavam ficar ali. Não consegui conter minha curiosidade ao ver o que parecia um porta retrato dentro de uma das celas – uma mulher e uma criança de colo sorriam para a foto, pareciam felizes e em paz. Era aquele tipo de felicidade que eu esperava.

Perguntei a mim mesma onde poderia estar o pai daquela criança e o marido da mulher sorridente na foto. Ele deveria ter estado naquela mesma cela, onde colocara o  porta retrato de sua família para se lembrar do passado. Uma lágrima escapou de meus olhos lembrando-me de uma foto muito parecida com aquela minha e de minha mãe, a qual meu pai sempre guardara em sua carteira.

Droga, eu não deveria ter pensado nisso.

- Mel? – chamou Sam na entrada da cela. – Você está bem.

Sequei meu rosto com as costas de minhas mãos e sai da cela indo em direção a onde Sam esperava do lado de fora.

- Eu... eu estou bem. – forcei um sorriso ao sair da cela, mas pude perceber pelo olhar de Sam que ele entendeu meu falso sorriso. – Não é nada, eu juro.

Entendendo o porquê de eu estar chorando, Sam apenas assentiu e voltou a caminhar pelo corredor com a lanterna que trouxe em sua mochila.  Bem ao nosso lado, uma cela grande muito espaçosa se estendia por uma parte do corredor de celas. Do lado de dentro, duas camas estreitas estavam encostadas às duas paredes paralelamente com alguns restos dos cobertores dados aos presos.

Aquela deveria ser uma das celas que Sam dissera ter na prisão. Parecendo orgulhoso de sua ideia estar certa, ele disse para que eu ficasse ali enquanto ia até as outras celas próximas para procurar pelos alunos.

O lugar possuía um silêncio assustador, o qual fazia com que cada passo dado pudesse ser ouvido a muitos metros de distância. Tentando manter o silêncio, eu pisava calmamente seguindo até onde eu conseguia ver a luz da lanterna de Sam seguindo em direção a onde ele achava que estavam os alunos. Eu sentia uma sensação estranha naquele corredor, como se o mesmo possuísse uma energia estranha e perturbadora. Andei silenciosamente até uma grade de uma das celas para que eu pudesse me apoiar.

Sam me deixava no escuro, pois só tínhamos uma lanterna. Irritada por esse motivo, segui em direção a ele apoiando-me na grade e sempre de olho para o teto e chão, pois muitos pedaços de concreto ameaçavam cair a qualquer segundo.

Porém, algo me deteve em continuar.

Um som alto e agudo fez-me parar instantaneamente. O som ecoou pelo corredor num tom que me deixara paralisada. Franzi o cenho tentando entender bem o que ouvira, mas então aconteceu novamente de uma forma ainda mais desesperada e alta.

Do outro lado um pouco distante dali, alguém gritava alto no fim do corredor em que estávamos e isso fora suficiente para que eu e Sam nos dirigíssemos rápido até onde ele viera. O grito era de uma garota por conta do som agudo, e a mesma deveria estar sofrendo agressões e muitas para que soasse tão desesperado.

Socorro! Socorro!

Ouvimos a voz feminina chamar repetidas vezes.

Alguém! Por favor, socorro!

O desespero tomou conta de mim quando a voz começou a se tornar conhecida, eu já a ouvira diversas vezes, pois à medida que se repetia, tornava-se mais presente e mais conhecida.

Melanie! Socorro!

Sem pensar duas vezes, corri. Corri o mais rápido que eu pude naquele momento ignorando todos os meus ferimentos na perna, o cansaço ou qualquer coisa que me impedisse de continuar. O corredor parecia grande demais, impedindo-me de chegar logo ao meu destino.

Eu tinha que ajuda-la, eu precisava chegar logo.

O grito aconteceu novamente, porém dessa vez muito mais alto e desesperado. Muitos blocos de concreto se espelhavam pelo caminho, fazendo-me tropeçar e muitas vezes me ferir. Eu ouvia o som da voz de Sam chamando-me desesperadamente, pedindo para que eu parasse.

- Mel, não! – berrou ele atrás de mim. – É uma armadilha!

Eu sentia lágrimas deslizando em meu rosto, mas não me importava de deixa-las ali, tudo o que eu pensava naquele momento era ir até a garota logo e ajuda-la. Ela precisava de mim, assim como eu sempre precisei dela. Nos momentos mais difíceis, fora a única que me compreendera e não me julgara.

Melanie! Socorro!

Os gritos ficaram mais constantes.

Aquela era Charlotte Overton, minha prima, gritando por socorro. Eu precisava chegar até ela logo. Eu precisava...










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Notas finais do capítulo

Mds, agora a coisa ficou feia! Imagina a Mel ouvindo isso que horror :c