Um toque francês escrita por lufelton


Capítulo 29
Capítulo 29- Uma bela pontaria


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o penúltimo capítulo... Espero que gostem.
Beijos suas lindas



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Minha suspensão havia chegado ao final. Eu já estava assistindo as aulas normalmente. E sim, essas eram as notícias boas dos últimos dias. As notícias ruins eram que hoje seria a Final das danças de diversos países. Muitas pessoas continuavam me incomodando devido às brincadeiras de Sophie. E Nicolas me ignorava como nunca. Ele não falava comigo e nem, ao menos, olhava para mim.

Sim, isso era muito triste. Pois, apesar de tudo, eu sentia sua falta. Eu sentia falta do meu melhor amigo. Eu sentia falta do seu cheiro. Do seu carinho. Da sua atenção. E tudo havia ido embora tão facilmente. Eu queria que as coisas melhorassem, mas eu não sabia por onde começar. E, muito menos, como começar.

Eu estava na aula de francês com a insuportável professora Robin. Eu não conseguia prestar atenção em absolutamente nada. Eu apenas fingia que anotava algo em meu caderno para que ela não viesse até a minha classe e me desse outra suspensão.

Até que uma bolinha de papel inesperada bateu em minha cabeça.

Nem precisei abri-la para saber o que era. Vindo de David eu não esperava mais nada. Eu apenas recolhi a pequena bola do chão e a esmaguei em minha mão. Com toda a minha força. Com toda a minha raiva. Eu iria jogar de volta. Iria jogar na cara de David, o qual tanto ria com os seus amigos.

Porém, o sinal havia tocado. E eu simplesmente ignorei. Não valia a pena começar uma briga com garotos tão insignificantes e infantis. Pensar no quanto David era insuportável, fez-me lembrar Nicolas.

Não.

Pare com isso.

Recolhi meus materiais, furiosa comigo mesma por não me esforçar em apagar Nicolas de meus pensamentos e fui andando até a saída. Até ser barrada pelo infantil e insignificante David e seus amigos.

- Com licença. – pedi sorrindo sarcasticamente.

- Onde está o seu namorado para te defender? – David perguntava com desgosto.

- Você está vendo alguém ao meu lado? Alguém me dando flores? Alguém me beijando? Pois bem, isso só me faz concluir o quanto você é incrível David. – disse percebendo que ele abria os olhos surpreso. – Além de burro, é cego também. – e saí batendo em seu ombro, fazendo seus amigos rirem, mas também fazendo David vir atrás de mim furioso.

- Você não disse isso quando disse que queria sair comigo. – ele ressaltou, fazendo seus amigos me zombarem.

- Que bom que você ressaltou isso, David. – eu sorri forçadamente. – Eu nunca disse isso porque eu também nunca havia dito que queria sair com você. Recomendo que você dê uma relembrada em certos fatos, sua memória está realmente fraca. – disse quase saindo do refeitório.

- Você não engole fácil, não é? – ele perguntou de repente.– Parece que os bilhetes não foram suficientes para calar a sua boca.

- Bilhetes? – perguntei mostrando que estava confusa.

- Sim. Os bilhetes. Os bilhetes que eu e Sophie fizemos para os dois pombinhos. – ele disse rindo.

 - Você é um... Um ridículo! Eu desconfiava que fosse você quem tivesse feito. Mas pode mandar bilhetes até para a Rainha da Inglaterra. Vai ter que fazer muito para me afetar, David. – garanti-o.

- Escuta só, galera. – ignorou o que eu havia dito. Mostrando as costas para mim. - Ela ainda acreditou que Morin fez aquilo. Ele é um otário, não tem tanta capacidade assim. – ressaltou fazendo seus amigos rirem ainda mais.

- Otário é você que o inveja. Morin sempre foi muito melhor do que você. Mas você nunca conseguiu aceitar os verdadeiros fatos, não é? Nunca conseguiu aceitar de que era um perdedor! – disse furiosa, fazendo-o se aproximar.

- A única coisa que eu nunca aceitei foi ter gastado saliva com você, sua vagabunda. – ele disse em tom alto, mas ninguém mais riu.

- Do que você me chamou? – eu disse furiosamente, cerrando os punhos.

Ele sorriu calorosamente. Ele sabia que havia me afetado. Eu estava a um passo de me avançar nele. Eu só esperaria o momento em que ele repetisse novamente.

E, finalmente, ele repetiu.

- Vagabunda.

Porém, dessa vez, não era a minha mão que estava em seu rosto.

Era a de Nicolas.

David simplesmente voou para o chão. Seu nariz sangrava muito, mas nem por isso ele decidiu parar. Ele não iria desistir tão fácil.

- Seu merda! – ele gritava dando um murro no estômago de Nicolas.

- Não! Para! – eu pedia. Mas nenhum dos dois parava. Nicolas continuava dando socos em David, enquanto ele tentava se defender com chutes. Nós três estávamos cercados por uma algazarra de pessoas que gritavam, ou até torciam.

E isso continuou até eles serem separados por dois professores.

- O que pensam que estão fazendo? Onde pensam que estão? No circo? – a professora Robin perguntava enquanto andava até eles.

- Aquele infeliz deu um soco em mim. Ele quem começou tudo. – David apontava para Nicolas enquanto ele era atendido por um dos professores.

- Mentiroso. – eu acusei, porém fui interrompida pela professora Robin.

- Não se meta, senhorita Kimberley. É verdade, monsieurMorin? Você quem começou a briga? – ela perguntava e, pela primeira vez, ele olhou para mim. E eu soletrei silenciosamente um não em minha boca.

- Sim, professora Robin. Eu bati nele. – ele admitiu, não olhando mais para mim.

- Não. – eu falei novamente.

-Mademoiselle Kimberley! A senhorita está precisando de outra suspensão? Pode acompanhar o monsieur Morin, ainda terá espaço em minha sala.

- Não foi ele, professora. David provocou. Foi ele quem começou tudo e não Nicolas. – eu insistia.

- Os dois para a minha sala. – ela disse apontando para mim e Nicolas. E nós obedecemos. E fomos silenciosamente até a tal sala. Sentamo-nos em silêncio, pois ainda não falávamos um com o outro. Mesmo havendo tudo para se falar. Mas eu ignorei o meu orgulho e interrompi o insuportável silêncio que se criava entre nós.

 - Por que fez isso? – eu perguntei olhando indignada para ele.

- Por que você se importa? – ele perguntou secamente, ainda sem olhar para mim.

- Responda a minha pergunta, Nicolas. – disse, aumentando o tom de voz.

- Não gostei de ver ele te chamando de vagabunda. Satisfeita? – ele perguntou gesticulando os braços.

- Você não precisava ter feito isso. – alertei-o.

- Você queria que eu fizesse o que? Que eu assistisse ele te humilhar? Desculpa, mas eu não sou você. – cortou-me. - E não se preocupe, ele nem está tão machucado assim. - disse revirando os olhos.

- Eu não estou preocupada com ele. – disse me levantando da cadeira. – Eu não me importo se ele está machucado. Mas eu me importo... Com você. – admiti, fazendo-o olhar para mim.

- Se você se importasse comigo teria, ao menos, me escutado quando eu te pedi. E não me mandado embora. – disse parecendo entristecido.

- Eu nunca quis que você fosse. Eu estava sofrendo... Eu não iria aguentar vê-lo. – revelei.

- Não era só você que estava sofrendo. – ele disse ainda encarando o chão.

- Eu sei que Claire também estava, mas realmente não precisa dizer o nome dela no momento. – eu falei irritada.

- Não era Claire que estava sofrendo. Era eu quem estava. – agora ele quem se levantava da cadeira. – Eu senti muito a sua falta, Drew. Ou você achou que foi fácil te ignorar? Que foi fácil não ir falar com você todos os dias?

- Bem... Eu... Achei. Você estava fazendo um bom trabalho. – admirei-o, fazendo-o rir com os olhos.

- Não. Não foi fácil. Estar com você todos os dias virou costume, virou prazer. E depois quando tudo isso foi embora, a minha alegria... Desabou. – ele admitiu.

- Sei como você se sentiu. – concordei.

- Drew... Eu queria... – ele ia dizendo, até ser interrompido pela professora Robin que entrava na sala.

- Senhorita Kimberley, você não irá ganhar uma suspensão devido a sua competição hoje à noite. Mas nunca mais abuse do meu poder. Agora, vá! Seu ônibus estará aqui em alguns minutos para buscar você e a sua equipe. – ela disse, aproximando-se de sua mesa. Eu fui em direção a porta, sem ao menos olhar para Nicolas.

Mas então, quando toquei a maçaneta para sair da grande sala, eu olhei para ele. E percebi que ele estava me olhando também. Foram os segundos mais dolorosos que eu havia passado. Nós dois estávamos machucados. Nós dois estávamos sofrendo. Nós dois estávamos apaixonados um pelo outro.

E isso era nítido.

Isso me fez relembrar de absolutamente todos os momentos.

Da primeira vez em que nos conhecemos, a qual nós batemos a cabeça um no outro, pois não estávamos prestando atenção em nosso caminho. Da vez em que fomos expulsos da aula por, coincidentemente, chegarmos atrasados e depois decidirmos ir juntos até o Monoprix degustar o fabuloso Croquet Monsieur. Ou até a vez em que ele desabafou comigo sobre a sua dolorosa infância. E como eu poderia me esquecer no dia em que ele me apresentou Paris, começando pela Place de La Concorde. O dia em que quase fomos pegos pela polícia quando saímos correndo do clube Le Duplex. E, finalmente, o dia em que nos beijamos pela primeira vez, no Trocadéro. Com direito a vista completa da Torre Eiffel. Todos esses momentos foram os melhores de minha vida. Os mais emocionantes e apaixonados momentos em que vivi.

E tudo isso me fez pensar em somente uma coisa.

O que eu estava fazendo?


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Notas finais do capítulo

Último capítulo lá vou eu..



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