Os dias se passaram rapidamente. E eu e Nicolas continuávamos sem nos falar. Eu o ignorava completamente. No refeitório, quando ele se sentava a mesa eu saía, deixando todos constrangidos. Ele também não corria atrás de mim. Desirée me contou que ele estava bravo comigo por eu não ter escutado o que ele tinha para falar, mas que principalmente estava chateado pelo fato de eu ter corrido dele.

Mas era o mínimo que eu iria fazer. Ele achou realmente eu fosse abraçá-lo e perdoar a troca que ele havia feito. Uma troca que nunca aconteceu, pois ele continuou com Claire. Apesar do fato de eu não saber se eles ainda estão juntos. Enfim, não me importava. O verdadeiro fato é que eu estava tentando esquecê-lo, mas eu não estava tendo nem um progresso nessa tarefa. Eu continuava amando-o como nunca.

A final ocorreria daqui a alguns dias e eu não sabia se eu estava preparada. Eu ainda treinava, mas não com a vontade como antes. Parecia até que Nicolas havia roubado toda a minha vontade. Tudo que eu tinha de bom, parecia ter ido embora, assim como ele. Desirée tentava puxar assunto comigo, mas eu só me afastava até ela finalmente desistir.

Eu estava sozinha nessa.

Eu cabulava minhas aulas, ainda usando o atestado médico como desculpa. Inventava qualquer tipo de sintoma, para não ter que entrar naquela sala e ter que ver Nicolas ao meu lado. E dessa vez, decidi ir até o Monoprix. Eu precisava respirar um pouco. Precisava sair um pouco daquele quarto.

Enquanto eu caminhava pela rua, notei que um grupo de garotos me encarava. E ao passar ao seu lado, todos assobiavam e viravam seus rostos para me olharem mais de perto. Mas eu continuava ignorando-os. Eu não conseguia parar de pensar em Nicolas. E nenhum garoto me fará esquecê-lo tão cedo.

Ao entrar no Monoprix, fui ver alguns setores de roupa. Nada me interessou. Pensei que ir até o setor de jóias chamasse mais a minha atenção. Mas continuava desinteressante. E fui até o setor de maquiagens e, infelizmente, dei de cara com Sophie e suas duas outras amigas, as quais ela tratava como capachos.

- Não perca seu tempo. Você não vai ficar mais bonita que Claire com isso. – ela disse, fazendo suas amigas rirem. Eu nada respondi. Ignorei-a, voltando a minha atenção para as maquiagens do balcão. Mas eu me perguntava por que ela havia citado o nome de Claire. Será que é apenas uma implicância, ou ela sabe do ocorrido?

- Acho que ela não está te escutando. – alertou-a a garota ao seu lado, a qual eu havia me esquecido o nome quando Sophie as havia apresentado para Nicolas.

- Ah, ela está me escutando. Além do mais, ela também sabe do que eu estou falando. – disse não mostrando estar braba. – Drew, quanto você ofereceu a Morin para ele te beijar?  – ela provocou, fazendo as outras rirem ainda mais. Eu suspirei fundo e continuei ignorando. Até que ela pegou o meu pulso e o apertou com as suas unhas, fazendo-nos encararmos.

- Responda. Vamos. Não tenha medo de mim. – ela provocava, fazendo-me estar a um ponto de me avançar nela. – Esqueça-o. Morin já pegou vadias melhores. – ela cuspiu as palavras em meu rosto e eu não me aguentei.

Dei um soco em seu rosto, fazendo-a ir para o outro lado da bancada deixando todos os produtos caírem em cima dela.

-Sophie! – as suas amigas gritaram puxando-a do chão, mas ela se levantou rapidamente sem ajuda.

- Essa louca quebrou o meu nariz. Você é louca! – ela disse colocando a mão debaixo do nariz para ver se não saía nenhum sangramento. – Eu vou acabar com você! Aguarde-me. – e saiu rapidamente do Monoprix.

Eu pus as mãos no rosto, completamente arrependida pelo o que eu havia feito. Ou apenas surpresa pelo o que eu havia feito. Por isso, juntei todos os produtos que haviam caído no chão e decidi ir embora também. Porém, quando cheguei em Stranger’s Place fui barrada pelas três meninas, com a professora Robin atrás delas.

- Foi ela! Ela quem me deu um soco. – Sophie apontava para mim.

- Venha comigo até a direção, senhorita Kimberley. – disse, fazendo-me a seguir até a sala. Bati o meu ombro com o de Sophie, fazendo-a sorrir de satisfação, mas eu não me importava, afinal eu não estava com medo. Quando olhei para frente, percebi que havia muitas pessoas me encaravam no saguão principal, tentando entender o que estava acontecendo. E uma das pessoas que me encarava era Nicolas. Mas eu evitei olhá-lo e decidi me concentrar em ir até a sala da direção acompanhada da professora.

 – Estou muito decepcionada com você, Kimberley. Como você pode ter dado um soco em uma aluna só pelo fato de não gostar dela?

- Não foi por isso. Ela estava me provocando e eu... Defendi-me. – argumentei.

- Sophie me contou que você usaria isso como mentira. – ela disse tentando buscar informações.

- Eu não estou mentindo. O problema não é meu se você gosta mais daquela idiota do que de mim.  – disse praticamente gritando.

- Está suspensa, senhorita Kimberley. Por ter batido em Sophie e ter faltado respeito com a professora. – disse apontando o dedo para mim, enquanto pegava o papel de suspensão com a outra mão. – Em toda a minha vida de profissional nunca fiz preferência entre alunos. Mesmo ela tendo lhe provocado, você jamais deveria ter-lhe batido. Isso é desumano.

Decidi ficar em silêncio e me sentar. Eu não aguentava mais aquelas pessoas. Não aguentava mais hipocrisia e, muitas vezes, devemos aceitar a injustiça quietos em nossos devidos lugares.Uma leve batida no vidro chamou a minha atenção e eu virei para ver o que era. Sophie estava abanando para mim sorrindo com um papel e uma caneta em sua mão. Ela estava escrevendo alguma coisa e eu chequei se a professora Robin não estava olhando. Obviamente, ela não estava. O que deu a oportunidade para Sophie escrever um bilhete para mim. E quando terminou, colocou-o no vidro rapidamente para que eu lesse o seu recado.

E não era nada mais nada menos do que:

“Minha vingança está recém começando, vadia.”