Eu tentei convencer Lindsay de que era melhor esperar por noticias em Vegas mesmo, mas ela não aceitou;

- se acharem ele e não tiver ninguém para cuidar dele?

- você já pensou que podem não achá-lo? – ela me olha assustada, talvez isso tivesse passado pela primeira vez pela cabeça dela, vejo seus olhos se encherem de lágrimas e me arrependo de minhas palavras.

- mesmo assim. – ela diz entrando no carro.

- quer que eu vá com vocês? – Lou me pergunta.

- você tem que trabalhar o Ecklie já estava te procurando

- eu posso pedir alguns dias.

- se não tiver problema para você? – ele balança a cabeça e entra no carro.

            Decidimos ir de carro mesmo, a viagem durava em média umas quatro horas, mas como não haviam encontrado ninguém as buscas estavam sendo lentas e poderia demorar mais do que isso, e tambem chovia muito o que certamente atrasaria os vôos.

Deixamos Las Vegas ao fundo, com os grandes hotéis se destacando, nós pegamos a estrada e aos poucos a cidade desapareceu, e a paisagem se transformou em constante deserto. Lou ligou para Ecklie no caminho que deu uma bronca por não conseguir falar com ele, mas que lhe deu uma semana de folga acumulada, que ele tinha, pelo visto ele havia trabalhado muito na minha ausência.

O carro era silencioso, Lindsay não falava nada, olho pelo retrovisor para verificá-la e vejo que ela está olhando pela janela, seu olhar é vazio e triste. Ela coloca a mão sobre o colar que ela havia ganhado de aniversário de George, que ela não tinha mais tirado do pescoço desde então. Talvez Lindsay estivesse mesmo apaixonada por ele.

Lou coloca sua mão sobre a minha coxa e me olha carinhoso, certamente percebeu minha preocupação. Durante a viagem a temperatura vai caindo consideravelmente à medida que nos aproximamos da Califórnia, já havia dirigido por umas três horas e estávamos chegando, Lou se ofereceu para dirigir, mas eu não aceitei, dirigir mantinha minha cabeça ocupada.

Lindsay permanecia em silencio segurando seu telefone na mão a espera de qualquer notícia. O deserto agora dava lugar a montanhas que tinha neve no topo, a paisagem era incrível e imaginei que talvez ali pudesse ser nossa lua de mel. O frio sempre esquenta os corações.

A céu de Los Angeles era nublado estávamos no mês de dezembro e fazia bastante frio, mas assim que chegamos a Los Angeles a temperatura se tornou agradável. Nos dirigimos para o litoral em Long Beach, no condado de Los Angeles para acompanharmos de perto as buscas. Lindsay havia entrado em contato com o comandante do corpo de bombeiros responsável pelas buscas, não me pergunte como ela conseguiu isso, eu estava orgulhosa dela. Ele disse que as buscas estavam sendo feitas lá e lá nos estávamos depois de uma longa viagem.

As praias eram lindas também, mas eu preferi o frio, mesmo no litoral a temperatura era baixa e a água deveria estar congelando, era inverno. O avião havia caído bem próximo a praia poucos minutos depois de deixar o aeroporto de Los Angeles.

A praia estava lotada de bombeiros, ambulâncias e helicópteros sobrevoando, tirando os repórteres aguardando noticias, assim como algumas pessoas que choravam e se abraçavam, Lindsay foi logo procurar por noticias.

Eu fiquei paralisada olhando o mar, mesmo que eu não pudesse ver o avião, eu podia imaginar o que George estava passando, e fiquei me perguntando o que seria se eu estivesse nesse avião. O vento bate forte em mim e eu estremeço. Lou põe os braços em volta de mim, me abraçando e me esquentando.

- tudo bem? – ele pergunta depois de um tempo.

- tudo ótimo, eu não estou lá. – eu digo, e ele sorri e voltamos ao silencio, somente olhando o mar que era furioso.

- obrigada.

- eu não sei o que seria se eu perdesse você; não me agradeça. – eu o olho e ele tinha medo em seus olhos. Lindsay volta

- eles vão encontrá-lo filha. – eu digo colocando a mão no ombro dela. E ela aperta o colar mais uma vez olhando o mar.

- o comandante das buscas me disse que o piloto tentou fazer um pouso na água para diminuir a velocidade da queda, mas não teve sucesso, porém isso ajudou e há mais chances de sobreviventes. Já encontraram dez mulheres e sete homens com vida e doze mortos. – ela diz se virando para mim. – eu preciso fazer alguma coisa.

- você já fez só de vir aqui. – Lou diz para ela que acena com a cabeça;

            Esperamos mais uma hora até que o comandante diz que o encontraram que pelo documento era ele, mas precisaria identificá-lo, Lindsay se prontificou a fazer isso e seguimos para o hospital ao qual ele foi levado de helicóptero.

            Entramos no quarto e era mesmo ele que tinha ferimentos leves e já estava acordado.

- graças a deus. – Lindsay diz se sentando na beirada da cama e segurando a mão dele.

- oi. – ele diz com dor, e sorri. – é bom te ver aqui.

- nunca mais me dê um susto desses. – ela repreende e ele sorri, sentindo mais uma pontada de dor e levando a mão ao abdômen.

- é bom que esteja bem. – eu digo me aproximando da cama.

- eu digo o mesmo, ainda bem que Lou te pediu em casamento heim?

- é. – eu digo sorrindo.

- você podia ter feito o mesmo; Lindsay! Teria me salvado. – Lindsay sorri balançando a cabeça.

- quer casar comigo? – Lindsay diz

- o avião já caiu, Lindsay – ele diz sorrindo.

- é serio! – ele tira o sorriso do rosto e ela também. Eu e Lou nos olhamos e sorrimos

- uau, é claro que eu quero. – ele diz e os dois se beijam.

- vamos? – Lou cochicha no meu ouvido e saímos de lá deixando os dois sozinhos. Nós vamos para um hotel pois já estava anoitecendo.