Só mais uma história de amor escrita por Sali


Capítulo 2
I surrender to the strawberry icecream!


Notas iniciais do capítulo

Olá, pueblo (não faço ideia se essa palavra existe)!

Estou muito feliz, sabes? Porque o primeiro capítulo foi postado há cinco dias e eu tive seis comentários! o/

Eu sei que para alguns pode ser pouco, mas eu fiquei bem feliz.

O título desse capítulo é inspirado na música Accidentally in Love, da banda Counting Crows. A tradução seria algo como "eu me rendo ao sorvete de morango".



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Acordei com o toque irritante do meu celular; eu tinha que mudar essa droga urgentemente.

Mas que tipo de pessoa estaria me ligando às nove horas da manhã de um sábado nas férias?

Estiquei a mão para a mesa de cabeceira da cama e peguei meu aparelho, apertando um botão e encostando-o na orelha.

– Sim? – Perguntei com voz sonolenta.

– Buenos días, Bela Adormecida! – Ouvi a voz entusiasmada de Júlia do outro lado da linha.

– Bom dia, Ju! – Exclamei, um pouco mais animada ao saber quem era. – Ei, você sabia que é a única pessoa que me liga num sábado de manhã falando espanhol e eu não me irrito?

Ela riu.

Desde o dia em que nos conhecemos no shopping – pouco mais de duas semanas antes –, conversávamos todos os dias por telefone ou pelo Facebook, isso quando não saíamos para fazer alguma coisa qualquer.

– Ops! Eu te acordei? – Ela perguntou.

– Eer… não exatamente. – Gagueje.

– Tá, eu sei que sim. – Ouvi sua risada novamente. – Mas enfim… você tá a fim de tomar um café da manhã comigo hoje?

Sorri com a sua animação.

– Claro! Mas onde e que horas? – Perguntei.

– Naquela loja de sucos perto do Parque Municipal. Sabe qual é?

– A sei-lá-o-que da Serra? – Perguntei, me levantando da cama.

Ela riu.

– Isso, Frutas da Serra. Às dez, pode ser? – Ela perguntou.

– Claro. Te encontro lá. – Respondi.

– Eu vou te buscar. – Ela disse.

–Não precisa, deixa que eu...

– Até as dez! – Ela me interrompeu com uma risadinha e desligou.

Eu ri ouvindo o barulho repetitivo do telefone quando a chamada foi finalizada. Joguei o aparelho na cama e caminhei ente bocejos e espreguiçadas até o banheiro.

Tomei um banho rápido e fui para o quarto ainda enrolada na toalha.

Vesti uma boxer, uma camiseta preta bem solta e jeans claros. Para finalizar, tênis pretos estilo old skool.

Estou chegando aí! ;)

Era o que dizia o sms que Júlia me mandou momentos depois.

Desci de elevador os três andares que me separavam do térreo e quando ele chegou, caminhei com certa lentidão até sair do prédio.

Na rua não havia o menor sinal de Júlia. Sentei-me no banco de um ponto de ônibus logo ao lado da portaria e coloquei fones nos ouvidos, selecionando uma música qualquer no celular, aguardando até ver, uns cinco ou dez minutos depois, um Fiat 500 prateado parar praticamente á minha frente.

A janela se abaixou e eu vi, atrás dela, um sorriso radiante.

– Quer carona, senhorita? – Júlia perguntou-me e eu ri.

– Eu adoraria. – Respondi.

– Entra aí! – Ela sorriu novamente, esticando-se para abrir a porta do passageiro. Dei a volta e entrei no carro.

Depois de me sentar no banco e colocar o cinto, ela deu a partida.

– Bom dia de verdade agora, Mari. – Ela deu outro sorriso radiante.

– Bom dia de verdade também. – Respondi com o mesmo entusiasmo enquanto tirava meus fones e ligava o celular para parar a música.

– O que tá ouvindo? – Ela perguntou.

– Tchaikovsky. – Respondi. – É música clássica.

– Acho que nunca ouvi música clássica por livre e espontânea vontade. – Ela riu. – É boa?

– Eu gosto. – Dei de ombros. – Acalma. E essa é a valsa de um desenho de princesas da Disney. – Nós rimos.

– Posso ouvir?

– Claro. – Eu dei de ombros e peguei o celular no meu colo. Mal deu tempo de reiniciar a música e eu vi os dedos de Júlia desplugarem o fio do aparelho, enchendo o carro com o início calmo e delicado da Valsa das Flores.

Por alguns dois ou três minutos, ficamos em silêncio, apenas escutando aquela música que eu adorava. Pouco antes do final, a garota ao meu lado sorriu.

– É realmente bonita essa música. – Ela disse e eu sorri. – Eu gostei.

Demoramos mais alguns minutos graças ao trânsito, mas logo chegamos á rua da loja de sucos. Júlia estacionou em uma vaga e nós saímos do carro. Enquanto andávamos, eu finalmente pude observar melhor as roupas dela.

Naquele dia seus cabelos estavam soltos pelas costas, com exceção das duas mechas frontais que estavam amarradas na parte de trás de sua cabeça, no estilo “penteado de princesa”. Ela usava uma camiseta regata de renda branca, que era completada por uma saia acima dos joelhos com uma estampa de flores cor-de-rosa e sandálias baixas.

Ao observar o seu estilo, me peguei pensando se aquela garota gostava de qualquer coisa além de meninos. Afinal, mesmo acreditando que julgar pelas aparências é completamente absurdo, ela realmente não parecia querer de mim – ou de qualquer outra garota – qualquer coisa além de uma boa amizade.

– Mari? Hello? – Ouvi a voz dela perto de mim.

– Oi? – Respondi.

– Você ouviu o que eu estava falando? Parecia tão distraída! – Ela disse.

– Ah, não. Perdão. Eu estava voando aqui. – Sorri de canto e ela riu.

– Tá bem, essa eu deixo passar.

– Ah, ainda bem! – Nós duas rimos e entramos na loja de sucos.

– Vem, vamos sentar aqui! – Ela exclamou e pegou a minha mão, me puxando até uma mesa pequena encostada na parede.

Não entendi muito bem por que, mas ao ter a sua mão na minha, eu senti algo bem próximo das tão faladas “borboletas no estômago”.

– O que vai querer? – Júlia perguntou-me enquanto pegava um cardápio sobre a mesa.

Peguei o outro e corri os olhos bem rapidamente.

– Que tal um suco? – Brinquei e ela riu.

– Hm… acho que não vai ter isso no cardápio! – Ela sorriu de canto e eu também ri. – Ok, mas sério agora. Vai querer o que?

– Sei lá. Deixa eu ver aqui. – Respondi, observando o cardápio que era, em sua maioria, composto por sucos de diversos sabores.

Havia também alguns salgados e sanduíches bem leves.

– Acho que vou pegar um desses sanduíches aqui. – Dei de ombros, indicando a pequena lista deles.

– Era o que eu tava pensando. – Júlia riu e eu a acompanhei.

Fizemos os pedidos – um sanduíche natural de frango com suco de morango para mim e outro de peito de peru com suco também de morango para ela –, e enquanto aguardávamos que os lanches chegassem, começamos a conversar.

Era incrível o quanto de assunto tínhamos, mesmo conversando quase todo dia pelo Facebook ou por sms no celular. E eu adorava conversar com ela.

Na verdade, eu adorava não só a sua conversa. Seu sorriso alegre e radiante, seu entusiasmo na maior parte do tempo, seu jeito animado de abordar qualquer assunto… e por esses e tantos outros motivos, eu queria estar cada vez mais tempo em sua companhia.

– Eu sei que é uma coisa meio pessoal. Mas você me perguntou isso, e eu não retribuí a pergunta. Então... Você está namorando, ou qualquer coisa do tipo? 

Ela deu um sorriso pequeno. 

– Na verdade não. Depois do meu último namoro no início do ano passado eu meio que desisti disso. – Ela sorriu.

– Entendo. – Eu disse simplesmente e a moça do balcão falou nossos pedidos com dois pratos nas mãos.

– Deixa que eu pego. – Falei, me levantando e andando até lá. Peguei os dois pratos e levei à mesa, voltando com os copos de suco momentos depois.

Comemos normalmente, mas na hora de pagar houve uma pequena discussão.

– Ok, dois sanduíches naturais e dois sucos. – Júlia falou para o homem do caixa.

– Exatamente. – Eu disse, empurrando-a gentilmente. – Quanto fica?

O homem falou o preço.

– Certo, aqui está. – Júlia tirou uma nota da carteira, e já ia entregando ao caixa quando eu segurei o seu braço.

– Na verdade, aqui está. – Eu disse, tirando uma nota do bolso e entregando ao homem antes que Júlia pudesse impedir. Ela olhou para mim de forma repreensiva.

– Eu ia pagar! – Exclamou.

– Tarde demais. – Sorri de canto e pisquei para ela.

– Então me deixa pelo menos te dar o dinheiro do meu! – Ela pediu enquanto saíamos da loja.

– De jeito nenhum! Não conhece cortesias? – Perguntei sorrindo.

– Sim, e é exatamente isso que eu estou tentando fazer.

– Cheguei primeiro. – Sorri novamente e ela riu.

– Está bem. Vamos para o parque agora? – Ela perguntou.

– E eu tenho escolha? – Brinquei e ela começou a rir.

– De jeito nenhum! – Ela exclamou e pegou novamente a minha mão, correndo pela calçada até o portão de entrada do parque.

– Ei, ei, ei! Espera aí, maluca! – Eu quase gritei enquanto era rebocada pela rua, mas Júlia só parou quando estávamos dentro do parque.

– Eu disse que você não tinha escolha. – Ela sacudiu os ombros, um sorriso travesso no rosto.

– Então tá. Só por isso você vai comigo naquela roda gigante! – Eu exclamei, indicando a roda gigante da parte de brinquedos do enorme parque.

– Ah não! Isso não, eu detesto essas coisas altas! – Ela exclamou.

– Ah, vamos lá, Júlia! Por favor! – Pedi. – Eu te protejo.

Ela riu.

– Tá bem então. Mas se eu cair e morrer a culpa é sua!

– Relaxa, é seguro. – Sorri.

– Ok, ok. Eu vou.

Comecei a comemorar e ela riu.

– Boba.

Andamos até o local que vendia as entradas e eu comprei duas para a roda gigante. A fila não estava muito grande, então logo estávamos entrando na cabine.

– Eu tô com medo, Mari! – Júlia agarrou meu braço, quase como uma criança.

– Calma, Ju! Vai ser legal. – Eu falei, tentando acalmá-la. – Não vai acontecer nada de mais!

– Promete?

– Você tá parecendo criança, sabia? – Sorri e ela deu uma risada. – É sério, pode ficar calma.

– Tá bem.

Logo a roda já estava subindo.

Júlia passou os braços pela minha cintura, apertando meu corpo com uma leve força. Ela ficou assim por algum tempo, mas depois um sorriso surgiu em seu rosto e ela se afastou um pouco. Mesmo assim, sua mão não soltou a minha.

– Diz a verdade. Não foi tão mal assim, foi? – Perguntei com um sorrisinho, logo que descemos do brinquedo.

Ela riu.

– É… até que não.

Sorri de canto.

– Até que não?

– Tá bom, tá bom. Foi legal. – Ela sorriu e naquele momento eu percebi que nós ainda estávamos com os dedos entrelaçados. Ela também pareceu perceber isso e soltou, na mesma velocidade que eu, a sua mão da minha.

– E então? O que fazemos agora? – Perguntei, olhando o seu rosto.

– Ah, sei lá. Vamos andar por aí. – Ela deu de ombros.

Concordei nós começamos a caminhar pelo enorme parque, conversando sobre coisas triviais.

– Eu quero sorvete! – Júlia exclamou a certo ponto e eu não pude conter a risada. – Que foi? Não se pode mais querer sorvete no meio da manhã?

Eu ri mais.

– É claro que pode! – Ri mais. – Vamos lá.

Nós saímos do parque e andamos até uma sorveteria que havia perto dali. Júlia pegou para si sorvete napolitano com calda de chocolate, e eu preferi um de morango com a calda do mesmo sabor.

Nos sentamos em uma mesinha e começamos a tomar nossos sorvetes normalmente, até que o meu celular começou a tocar.

Eu e Júlia olhamos para ele ao mesmo tempo, e eu li o nome “Ana” ali.

– Um minuto. – Pedi e atendi o telefone.

Oi, viada – Ouvi a voz da minha amiga. 

– Olá, pequena sereia! – Respondi-a com um apelido idiota, que me havia vindo à cabeça graças aos seus cabelos pintados de vermelho e o fato dela estar na praia. – Como tá a viagem?

Ótima! Muito sol, praia, garotas... morra de inveja! – Ela falou e eu ri.

– Estou com muita inveja, pode ter crteza. Mas quando você volta hein? Você me abandonou aqui, moça! – Exclamei.

Daqui a duas semanas ainda. – Ela respondeu. – Quero aproveitar ao máximo essas férias.

– E as aulas?

Vão começar mais tarde no meu curso. Acho que teve uma pausa, não sei direito. – Ela disse.

– Tem certeza? – Perguntei, rindo.

Absoluta. Agora deixa eu ir que estão me chamando aqui. Beijos, garota! – Ela despediu-se.

– Beijo. Até outra hora.

Até! – Ele disse simplesmente e desligou.

Coloquei o celular sobre a mesa e peguei mais uma colher de sorvete, comendo-a.

– Ei, tem calda na sua boca! – Júlia exclamou e eu dei uma risada.

– Sério?

– Sim. – Ela deu um sorrisinho. – Deixa eu limpar. – Continuou e tirou um guardanapo do suporte, passando-o delicadamente sobre os meus lábios.

Logo que ela fez isso, eu mirei instantaneamente a mesa, tentando disfarçar o tom vermelho que meu rosto adquiria.

Não deu muito certo.

– O-obrigada. – Gaguejei, me concentrando na colher azul de plástico dentro do meu potinho de sorvete.

Ouvi sua risada.

– Por quê tá vermelha? – Ela perguntou.

– E-eu? Não, não estou! – Respondi, logo que a cor do meu rosto voltou ao normal.

– Tá bom, eu acredito. – Ela riu mais uma vez e colocou uma colherada de sorvete na boca.

Eu apenas dei um sorriso de canto e comi um pouco mais do meu sorvete, tentando deixar aquele assunto para trás.


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Notas finais do capítulo

E... é isso.

O que acharam? Ficou bom para um segundo capítulo?

É, eu sei que duas semanas foi um pulo meio grande, e que a amizade delas meio que avançou demais, mas é que não tinha outro jeito. Se eu fosse contar cada passeio, cada conversa e cada frescura, ia ficar muito maçante.

Bom, eu posso dizer que no próximo capítulo começa a ação (?) dessa fic de romance '-'

É... agradecimentos especiais às seis pessoas que comentaram a fic - Ray, Bruna Longaray, gasaiyuno, Samyni (sempre apontando meus erros tsc, tsc), Alice e Rocks -, vocês são fodas.

E também às duas pessoas que favoritaram - mistermy e Ray -, por mais que uma delas não tenha comentado nada.

Bom, mais alguns reviewzinhos não fazem mal para ninguém, correto?