Só mais uma história de amor escrita por Sali


Capítulo 1
Quem um dia irá dizer...


Notas iniciais do capítulo

Fic nova! o//E eu sei que quando eu clicar em "Salvar a História", ficarei bastante encrencada, escrevendo duas fics ao mesmo tempo. E a Samyni vai me matar. De qualquer jeito, eu espero que gostem! ^-^



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Abri os olhos e comecei a mirar o teto azul do meu quarto, mal iluminado pela pouca luz que entrava pela fresta da janela. Eu não estava com a menor vontade de levantar da cama, mas sabia que alguma hora eu teria de fazer isso.

– Mariana! Está acordada, filha?

Ouvi a voz da minha mãe cada vez mais próxima, até que ela adentrou o quarto.

– Mãe?! Como a senhora conseguiu entrar aqui?! – Perguntei em tom de surpresa, sentando na cama.

– Eu tenho a chave do seu apartamento, filha. Esqueceu é?

Cocei a cabeça.

– Não esqueci, mãe. É que você quase nunca vem aqui e...

– Ok, ok. Já entendi. Mas eu vim hoje para te trazer seus documentos que estavam lá em casa, por que eu tinha certeza que você ia esquecer que tem que ir lá na faculdade hoje para fazer a rematrícula.

– Ai, é mesmo! Que horas são? – Esfreguei o rosto, pegando meu celular na mesa de cabeceira e constatando que ainda eram sete e meia da manhã.

A mulher à minha frente riu.

– Tá vendo? Ainda não sei como pude te deixar vir morar sozinha aqui. Me admira que esse apartamento não esteja uma bagunça.

Dessa vez fui eu que ri.

– Ei! Eu posso ser meio lerda, mas não sou bagunceira não, tá?

– Tá bom, eu finjo que acredito. Agora levanta logo, menina! Tá achando o que? – Ela se aproximou e me deu alguns tapas de brincadeira.

– Ai,ai, mãe! Já tô levantando, calma aí.

Ela riu e eu pulei da cama.

– Vai lá tomar um banho, menina. Estou te esperando na sala.

Eu ri.

– Tá bom, mãe.

Como você já teve ter percebido, essa pessoa que vos fala – eu – se chama Mariana. Eu tenho vinte anos, cabelos castanho-avermelhados muito curtos, pele quase tão branca quanto papel, olhos verdes e um piercing no canto do lábio inferior. Eu moro num apartamento só meu desde que comecei o meu curso de Jornalismo.

Essa outra pessoa legal e divertida que entrou sem ao menos avisar no meu apartamento é a minha mãe, a Dona Ângela; uma mulher de quarenta e três anos que parece ter trinta e poucos, com um sorriso cativante, um coração gigante, os olhos azuis mais lindos de todos e uma terrível mania de me chamar de menino, graças ao meu estilo nada feminino de ser.

– E toma um banho rápido, hein? Se não daqui a pouco vai chegar atrasada!

Sorri com aquilo e balancei a cabeça.

– Tá bem, mãe. – Respondi-a enquanto me despia da camiseta de alças e da calça de moletom que eu usava para dormir.

Tomei um banho rápido – como me foi pedido – e logo estava enrolada na toalha. Assim que saí do banheiro, me deparei com a minha mãe com metade do corpo dentro do meu armário e um pequeno monte de roupas sobre a minha cama.

– É... algum problema?

– Meu Deus, Mariana. Você só tem roupa de homem aqui! Nenhuma saia, nenhum vestidinho, nenhum rosa...

– Achei que você já tinha superado isso, mãe. – Eu ri.

– Superei, mas...

– Mas nada, mãe. Agora me deixa trocar de roupa, por favor?

– Ok, ok.

Dei um sorriso leve e aguardei até que ela saísse do quarto e fechasse a porta.

Assim que ela o fez, peguei do montinho sobre a cama uma roupa simples, de acordo com o clima do lado de fora: jeans, camisa xadrez dobrada até os cotovelos e tênis pretos. Vesti-me e coloquei algumas pulseiras bem simples no braço esquerdo.

– Filha, eu fiz um café da manhã para você! – Eu ouvi a voz da minha mãe da cozinha.

– Já estou indo. – Respondi simplesmente.

Mirei o espelho da porta do meu armário e arrumei meu cabelo como pude. Peguei uma mochila azul escura que estava pendurada atrás da porta do quarto e coloquei ali todos os documentos necessários para a matrícula, junto ao meu celular e carteira.

Não me preocupei com café da manhã, por mais que a minha mãe tenha implicado um pouco comigo. Eu não costumava ter fome de manhã e, qualquer coisa, eu comeria mais tarde.

– Vamos descer? – Perguntei ao chegar à sala.

– Vamos. – Ela sorriu e nós saímos do apartamento, indo direto ao elevador.

Ao chegarmos ao térreo, me despedi da minha mãe com um abraço e acompanhei com os olhos o seu caminho até o carro antes de me dirigir até a garagem para pegar a minha moto.

Demorei trinta minutos para chegar à faculdade, graças ao trânsito da manhã. Ao chegar ao campus, caminhei direto para a secretaria e ali fiquei pelas próximas duas horas, vez aguardando e vez assinando papéis e preenchendo fichas.

Quando era meio dia, eu finalmente saí da faculdade. Não havia nada muito interessante para fazer, já que meus dois melhores amigos – Pedro e Ana – tinham ido viajar e só voltariam dali a alguns dias, então eu resolvi fazer uma coisa que definitivamente não era do meu feitio: passear no shopping.

Ok, não seria realmente um passeio. Eu iria em algumas livrarias, comeria alguma coisa e só. Mas mesmo assim não era o tipo de coisa que eu estava acostumada a fazer.

Peguei a minha moto e em menos de vinte minutos já estava no tal shopping.

Ao entrar, não parei para observar as vitrines – isso me entediava bastante –, apenas comecei a caminhar em direção à livraria. Enquanto eu fazia isso, comecei a observar as pessoas à minha volta; haviam famílias com os filhos pequenos, grupinhos de amigos, garotas com seus namorados... a típica população que visita um shopping.

Eu não conseguia conter minha risada quando algumas garotas me olhavam com um ar de desprezo e superioridade. Provavelmente elas se achavam melhores que eu por usar saltos altos, saias curtas e cabelos compridos alisados e estranhamente descoloridos nas pontas.

Do alto da sola dos meus tênis, eu não me importava nem um pouco.

Depois de algum tempo, cheguei à porta da livraria, no terceiro andar. Admirei um pouco as novidades na vitrine antes de adentrar a loja. Logo na entrada haviam mesas com os livros mais recentes e os mais vendidos. Caminhei lentamente por ali, procurando qualquer coisa que me agradasse.

Depois de não achar nada muito relevante, resolvi andar até as prateleiras que haviam mais no fundo da enorme loja. Parei diante do setor de livros estrangeiros e comecei a ler os títulos nas lombadas. Três deles me interessaram, e depois de pegá-los, fui até o caixa.

Peguei todos e fui até o caixa, tão distraída com a primeira de um dos livros que tinha na mão, que só percebi que havia esbarrado em alguém quando senti o impacto no meu corpo.

– Ah, me desculpe. Eu n-não... estava... olhando. – Levantei os olhos e dei de cara com uma garota linda, de cabelos castanho-claros que chegavam à cintura e olhos da mesma cor. Ela usava uma camiseta branco-acinzentada com a estampa de um microfone, calça jeans skinny preta e sapatilhas bege com laços.

Ela sorriu, e por alguns instantes eu imaginei que poderia me perder naquele sorriso.

– Tudo bem. Esse livro é muito bom, realmente prende. Já leu?

Desviei os olhos para o livro que eu tinha na mão, ainda meio distraída.

– Não. Ele parece interessante. Por isso escolhi.

Ela riu.

– É sim. Você vai gostar. Qual é o seu nome?

A fila andou e era a minha vez de pagar. Entreguei os livros à mulher do caixa.

– Mariana. E o seu?

– Júlia.

– Bonito nome. – Respondi.

– Oitenta e cinco e noventa. – A mulher do caixa falou com uma voz entediante.

Paguei com duas notas de cinquenta e guardei o troco no bolso da calça.

– Então quer dizer que você gosta de livros policiais? – Olhei para Júlia.

– Eu gosto de livro. Qualquer tipo de livro. O que me interessar, eu leio. – Ela deu de ombros enquanto entregava à mulher do caixa seu único livro.

– Isso é interessante. – Sorri de canto.

– Se você diz.

– Trinta e dois e noventa. – A mulher do caixa falou o preço do seu livro.

Júlia tirou da pequena bolsa verde clara uma carteira e dali tirou uma nota de cinquenta reais, entregando-a para a mulher.

Ela devolveu o troco e disse um seco e mal humorado “obrigada e volte sempre”. Eu ri com a cara que Júlia fez ao ouvir isso.

– E você, lê que livros? – Perguntou.

– Os que prendem a minha atenção por mais de cinco segundos. – Dei de ombros e ela riu. – Este, por exemplo, eu escolhi primeiro pelo fogo da capa. Depois a sinopse me chamou atenção.

– Que ótimo jeito de avaliar um livro.

– Funciona para mim. – Dei de ombros e ela sorriu.

Sem eu perceber, caminhávamos em direção à praça de alimentação.

– Você é engraçada. Me acompanha para um almoço do Subway? – Ela perguntou assim que chegamos à praça, indicando a loja de sanduíches. – Não estou a fim de almoçar sozinha hoje.

– Pode ser. – Dei de ombros. – Não tenho muito o que fazer hoje.

Ela deu um sorriso de canto e nós seguimos para a fila que não se alongava muito.

– Ok, então me fala de você. Seu nome é Mariana e você escolhe os livros que te prendem a atenção por mais de cinco segundos. O que mais? – Ela me olhou de uma forma que parecia perscrutar cada parte de mim.

– Eu tenho vinte anos, faço Jornalismo na Federal, moro sozinha e... sei lá. É isso.

– Tem namorada?

– Não. – Sorri de canto, mirando seus olhos castanhos. – Não por enquanto.

– Interessante. – Seus lábios formaram um sorriso de canto.

Pegamos nossos lanches e seguimos para uma mesa da praça de alimentação.

– E você? Se chama Júlia e gosta de livros que te interessem. O que mais?

– Tenho vinte e um anos, também faço Jornalismo na Federal e ainda não estou entendo como não te vi pelo campus.

Dei uma risada.

– Eu não posso dizer se te vi ou não. Não costumo reparar nas pessoas que andam por lá.

– Bom. Vai ver que quando as aulas voltarem, nós reparemos melhor.

– Claro. – Sorri. – Eu provavelmente não vou deixar de reparar uma garota tão bonita. Principalmente se nós mantermos contato. – Sorri de canto e fixei o olhar no dela.

Júlia começou a rir.

– Você é assim sempre?

– Só nas horas vagas. – Sorri de canto.

– Se você faz Federal, não devem ser muitas.

Dei risada com isso.

– Definitivamente não.

Depois de terminados os lanches, nós continuamos conversando sentadas na mesa da praça de alimentação. O assunto sobre a Federal acabou virando música, e eu descobri que aquela garota também tinha um gosto musical parecido com o meu.



Quando eram exatamente duas e meia, Júlia anunciou que tinha de ir embora.

– A sugestão sobre mantermos contato ainda está de pé. – Sorri de canto.

– Você não é nem um pouco insistente. – Ela ironizou.

– Costumo ser assim com garotas bonitas.

Ela revirou os olhos.

– Vou ignorar isso. – Disse, tirando da bolsa uma caneta e anotando num guardanapo do Subway seu número de celular.

– Agradeço.

Ela sorriu.

– Até outra hora.

– Pode ter certeza.

Júlia riu novamente e voltou a colocar a caneta na bolsa, seguindo em direção à saída da praça de alimentação e do shopping.

Me recostei na cadeira e me deti para observar seu caminhar ritmado.


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Notas finais do capítulo

Gostaram do primeiro capítulo? Espero que sim >
E... É isso. Não se esqueçam de comentar! :D