A Filha Da Morte escrita por Messer


Capítulo 25
Helena


Notas iniciais do capítulo

Helena - My Chemical Romance.
Assim, a maior parte da população odeia que vejamos a verdade. Talvez as divindades também.
Bianca.



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Eu até entendo o lado do Nico. Ele era meu irmão, tudo bem. Mas não entendo por que ficou tão preocupado ou irritado pelo fato de eu estar lá. Ele não falou nada durante o caminho até o templo de meu pai. Ao longo do trajeto, passávamos por algumas pessoas que se encolhiam quando andávamos. Algumas garotas verdes (elas me disseram que seus nomes eram dríades, e algumas até me jogaram castanhas por eu não falar certo), até sumiam me meio a nuvem de fumaça verde que soltavam.

Nico suspirava ao longo do caminho, quando as pessoas fugiam. Ele tinha uma aparência horrível. Olheiras marrons se estendiam abaixo dos olhos, os cabelos eram tão densos e mal penteados que se você deixasse algo lá, poderia nunca mais achar.

- Chegamos - finalmente ele disse, com a voz rouca. Era um templo negro, com algumas tochas de fogo grego queimando, e soldados zumbis guardando a entrada. Ao longo que entrávamos no templo, os olhos dos soldados mortos nos acompanhavam. Eles vestiam armaduras de guerra.

O templo por dentro era decorado com caveiras, esqueletos e outras coisas do submundo. As paredes e o piso eram completamente negras. Hades estava no final da enorme sala. Ele estava sentado em um trono feito de caveiras, e vestia um manto negro, com rostos torturados estampados. Aliás, toda a construção dava essa ideia.

Ele estava conversando com alguém ou algo que o alertou da nossa presença.  Ele me olhou de um jeito até curioso, como se não tivesse me visto. O "alguém" que estava ao seu lado se foi nas sombras, como se fosse feito disso.

- Bianca Morbeque - disse ele em um tom interessado, colocando a mão segurando o queixo e apoiada no braço do trono.

Nico se ajoelhou do meu lado, e eu segui o seu exemplo. Nosso pai fez um gesto para que nos levantássemos, e se levantou do trono. Ele tinha uns cinco metros. Ao longo que caminhava em nossa direção, as sombras tomavam conta dele, como se pegassem partes de seu corpo, e, quando ele estava a um metro de distância de nós, já estava em seu tamanho normal, com seus jeans, camisa e casacos pretos. Então, deu um sorriso aconchegante, apesar de seu olhar não dizer nada disso.

- Alguém me disse que você possui um dom bem raro.

- Oi? - Foi a única coisa que consegui dizer. Era bastante coisa para minha mente, por mais que ela conseguisse aprender bastante coisas.

Ele sorriu e revirou os olhos, de um jeito que fez eu me sentir bem idiota.

- Nico me contou - ele apontou para meu irmão - Ele estava por perto quando viu o que você fez, antes de quase querer se atirar do precipício. Quando eu vi o que você fez com o titã, fiqei com uma ponta de dúvida. Agora, tenho certeza. Você tem um dom muito raro. Suas íris conseguem ficar vermelhas em alguns momentos, não?

Eu pensei. Me lembro vagamente de Aline falar algo. E como se lesse meus pensamentos, fez um gesto com a cabeça, como se confirmasse algo.

- Não me lembro de alguém que tivesse esse dom, mas com certeza já existiu. Bianca - ele disse se abaixando, para ficar em um ponto que eu não precisasse olhar para cima para encarar aqueles olhos negros - você possui os olhos da verdade. É, realmente um nome muito idiota, mas descreve realmente o que eles representam. Quando você os usa, consegue enxergar a verdade. Mas também pode ter vários problemas, pois eles não enxergam além disso.

- Como quando eu quase pulei do precipício? - Disse, com um pouco de incerteza. Meu pai assentiu. - Eu enxergo a verdade, não o que acontece, certo?

- É. Por isso, é realmente perigoso. Consegue usa-los?

Dei de ombros.

- Talvez. Mas eu posso me matar quando fizer isso, não?

- Depende do que você quer enxergar.

Então, ele se levantou e caminhou ao seu trono, e começou a brilhar. Desviei os olhos, e, quando percebi que a luz já havia se extinguido, olhei para sua direção. Ele estava sentado no trono, com seus quase cinco metros de altura.

- Como eu faço isso? - Perguntei, meio ingênua.

- Pense no que quer enxergar - Nico respondeu, olhando para mim. Ele não tinha a expressão de tristeza como antes.

Eu fechei os olhos e pensei. Queria enxergar o que eles realmente sentiam, pensavam. Quando abri novamente,  meu pai não tinha a expressão mais calma. Seus olhos não eram mais de loucos. Ele estava com os punhos fechados e os braços quase levantados, e olhava para mim meio boquiaberto, como alguém que esperava ansiosamente algo. Segundo depois, ele colocou as mãos na boca, e seus olhos brilharam de êxtase. Olhei para minha esquerda, onde estaria Nico. Ele também estava impressionado. Seu queixo estava caído, formando um "0" deitado. Seus olhos estavam completamente abertos, e as sobrancelhas, arqueadas. Quando quis parar, ele estava somente com as sobrancelhas arqueadas, e com um olhar de quem já esperava isso. Meu pai tinha uma cara de "not bad", mas mantinha os braços apoiados no trono. Seus olhos continuavam intensos.

- O que você viu? - Ele perguntou, e encostando na cadeira.

- Suas expressões - respondi. - A sua e a do Nico.

- Como assim? - Perguntou o Nico, meio desconfiado.

- Suas expressões de verdade. O que estavam sentindo.

Nico e meu pai se olharam. Hades deu de ombros.

- Isso pode ser bem ruim. Ruim mesmo. Mas que tal irmos dormir?


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Notas finais do capítulo

Obrigada pelos reviews!!! Que tal mais alguns? ;D



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