A Filha Da Morte escrita por Messer


Capítulo 23
Empire State Of Mind


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora, povo.
Se é que alguém lê minha fic.
Bianca



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Cara, cada vez eu fico mais impressionada de como minha cabeça tem o poder de doer. Assim, seria realmente ótimo que eu conseguisse passar essa dor para outra pessoa.

O pior é que eu me lembro de um sonho muito estranho. O acampamento encharcado e destruído, e o Jared. Mas aquilo não parecia real...

Tudo bem que minha cabeça estava doendo, mas eu estava confortável. Como naqueles momentos em que você acorda de noite, pensando que é dia, mas não é e ainda morre de sono. Eu estava mais ou menos assim.

Mas, como eu tenho uma sorte incrível, alguém me tirou daquele "transe".

A parte boa é que ele era lindo.

Eu sentia um lençol fino me cobrindo. Várias almofadas macias como nuvens apoiavam minha cabeça. Estava deitada em uma cama bem confortável. O que só aumentou minha vontade de ficar.

O homem (será se devo chamá-lo assim?) sorriu. Ele era loiro, com os olhos azuis. Parecia um médico que cantava nas horas livres. Apesar de eu nunca ter conhecido alguém assim.

- Boa noite, dorminhoca - disse ele, se levantando. Olhei em volta, confusa. Minha dor de cabeça havia sumido. Eu me sentia enormemente bem. Como nunca havia me sentido antes. Logo, encontrei o olhar do meu pai.

Ele estava bem péssimo. Olheiras, pele pálida, sem o olhar de louco, e um roupão mal amarrado no corpo, escondendo a calça e a blusa preta. Ele sorriu, aliviado. 

- Como você está? - Ele perguntou, se jogando em uma cadeira, perto da cama.

Olha, eu posso culpar minha TDAH.

- Por que você não me ajudou na batalha? 

- Oras - o médico-cantor lindo se intrometeu. Me irritei com ele. Mas ele era lindo, cara. Assim, daqueles que você não consegue tirar os olhos. -, essas são uma das nossas Leis Antigas. Não podemos nos intrometer em batalhas.

- Nossas Leis Antigas? - Perguntei, depois de hesitar um momento.

- Algum problema?

- Quem é você?

Meu pai suspirou, meio entediado. Como se aquela pergunta não fosse muito boa de se fazer. O médico-cantor sorriu e começou:

- Eu sou o deus da música, do Sol, da poesia, da medicina. Eu sou Apolo, o deus mais quente de todo o Olimpo. E...

- Ta bom, Apolo. Ela já entendeu - Cortou o meu pai. Parecia que ele já tinha escutado essa história bastante vezes. 

Só Apolo que parecia bravo com isso. Estava com a cara amarrada. Ele bufou e saiu do quarto. Meu pai deu uma pequena risada.

- Ele é meio assim, sabe? Tem que tomar cuidado com o que fala pra ele, antes que te mate de tédio - ele disse, olhando para mim e ainda sorrindo. O olhar intenso havia voltado. Assim era melhor, por mais que ele fosse medonho desse jeito. - Você está melhor?

Eu me sentei.

O quarto era muito bonito. Só que não do meu tipo. Ele era branco, com alguns detalhes dourados perto do teto. Na parede á esquerda, tinha uma janela nada mais nada menos do que gigante. Mostrava tudo o que havia do lado de fora. E foi isso que me assustou. Era simplesmente lindo. Mas super alto. E eu tenho fobia de altura. Pois é. Não é medo. É fobia.

Mas, tirando toda aquela altura, era lindo. Assim, lindo pra valer! Nunca achei que algo poderia ser tão encantador.

- Nem se anime - meu pai disse, com um sorriso secreto nos lábios. - Meu palácio é bem mais bonito.

Se havia algo melhor do que aquilo, era em terra firme.

Apolo apareceu com a cabeça na porta. tinha um bronzeado, os cabelos loiros estavam meio desarrumados e os olhos azuis brilhantes.

- Logo que você está melhor, da pra sair do quarto? Nada contra você, mas outras pessoas também estão doentes.

Demorei um tempo para processar a informação. As vezes, por mais que eu entenda o que as pessoas falam, eu não escuto, não obedeço. Era como se estivesse tentando falar chinês comigo. Ele franziu a testa pra mim. Então, meu pai me pegou pelo braço e foi me levando para fora do quarto.

- Obrigado - ele disse, e, então, demos com uma vista maravilhosa. De tirar o fôlego. Já havia quase esquecido minha fobia. Árvores de todos os jeitos em uma praça. Garotas verdes brincavam, e garotos com pernas de bode também. Mansões de todas as cores e jeitos se empilhavam pela colina. Havia um caminho de pedras douradas até um templo enorme, que estava no topo da colina. Também haviam pessoas andando pra lá e cá. Era simplesmente incrível.

Meu pai continuava a caminhar, e me puxava pelo braço. Eu nem percebi que tinha parado para contemplar tudo aquilo. Olhei para ele, e deu para perceber que estava um pouco irritado. Eu continuei a caminhar, porém, bem devagar. Ele suspirou e me abraçou.

- Feche os olhos.

- Oi? - Eu disse, meio confusa e olhando para seu rosto. Ele tinha um cheiro de terra molhada - não me pergunte por que, ele simplesmente cheira assim.

- Feche os olhos - ele repetiu, olhando para longe. Obedeci.

Não queria ter feito aquilo. Tive a impressão que o chão cedeu e estávamos caindo. Comecei a gritar. Sério, gritar desesperada! O chão se abriu e eu tô caindo! Alguém me ajude!

Eu continuava a gritar, quando alguém me pegou e balançou pelos ombros. Não queria saber o que tinha acontecido. Eu ainda estava com os olhos fechados.

- Bianca! - Escutei gritar. - BIANCA!

Eu me silenciei e abri os olhos. Vi meu pai com os olhos negros me fitando. Eu não tinha a menor ideia se ele estava preocupado ou com raiva. Ele se afastou. Percebi que ele estava gigante. Assim, uns 5 metros de altura. Como eu não percebi?

Logo a minha frente, haviam uma mesa enorme. Assim, enorme mesmo! com todos os tipos de comida que você imaginar. Aos lados, haviam mesas grandes e redondas. Mas bem menores que a outra. Lá estavam sentados todos os tipos de pessoas que você pode imaginar. Na mesa maior, haviam outras pessoas grandes. Meu pai estava sentado lá.

- Você não deu educação para sua filha, Hades? - Um cara de barba grisalha e terno perguntou. Ele estava fazendo uma careta para mim, com jeito de desaprovação. Ele era Zeus, pelo que sabia. Não demorei e me ajoelhei. - Bem melhor assim. Agora, vá para sua mesa.

Enquanto eu andava, percebi que não estava vestindo tênis. Muito menos calças. Olhei para o meu corpo e percebi que estava de vestido. Que raiva! Eu odeio usar vestidos.

Ele era branco, e se prendia com broches dourados nos dois ombros. Sem mangas. Um pequeno cinto dourado marcando a cintura a fazendo volume. E também estava com sandálias. É sério, isso não tem a menor graça. Logo achei minha mesa. Não sei se realmente era, mas algo me dizia que sim. Mas havia um pequeno problema.

Tinha mais dos garotos sentados lá.

Pois é, garotos. E eu não me dou nada bem com eles.

Um tinha cabelos bem desarrumados negros e meio enrolados, pele de oliva e vestia um casaco preto. Os olhos eram negros, e me parecia que ele era um louco ou um gênio. Deveria ter uns 16 anos. O outro já era extremamente pálido. Meio parecido comigo. Os cabelos eram lisos, mas desarrumados. Assim, era do sangue os filhos de Hades não arrumarem os cabelos? E ele vestia uma blusa preta. Com uns 15 anos, talvez. Os olhos eram também pretos, mas pareciam que eram de um morto. 

Me sentei, e eles não tiravam os olhos de mim.

- Será se podem parar com isso? Incomoda - disse, ainda meio rouca do tanto que gritei. Por um momento, percebi que todos olhavam para mim. Fiquei bem irritada.

Me virei a ponto de ver as outras mesas, e tentei fuzila-los com o olhar. Se deu certo ou não, não sei, mas todos desviaram o olhar. E senti que o clima havia diminuído bastante. Voltei para minha mesa e vi que os garotos estavam meio impressionados. Estavam com as sobrancelhas arqueadas.

O de pele de oliva disse:

- Bem vinda ao Olimpo, maninha.


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