Semana 1 (parte III)

–Ugh... preciso ir ao banheiro, Percy.

Annabeth cruzou as pernas e deixou sua mochila cair no chão. Ela estava com um “macacão, só que de short” como ela havia dito aquela manhã para Percy. Seus cabelos loiros estavam presos em um coque bagunçado, deixando seus brincos de coruja à mostra. Percy pensou que Annabeth seria uma mãe coruja e riu da própria piada. Annie revirou os olhos e tocou a campainha novamente.

Eles estavam na porta da casa de Paul e Sally Blofis, iriam contar a eles sobre a gravidez e tinham quase certeza de que aceitariam numa boa. A porta se abriu e a Sr. Blofis sorriu ao ver o casal.

–Percy! Annabeth! Que surpresa agradável! Entrem, entrem. Chegaram numa ótima hora: Sally está preparando panquecas.

Após se cumprimentarem, Paul levou os dois até a sala de estar e foi chamar Sally.

Percy sentou-se no sofá, mas Annabeth permaneceu de pé.

–Xixi! – ela explicou, fazendo uma careta.

Alguns momentos depois, a Sra. Blofis apareceu com um avental vermelho amarrado na cintura. Seus rosto, agora marcado pelo tempo, tinha algumas rugas, mas o mesmo sorriso e olhar calorosos. Ela abraçou Percy longamente:

–Ah, querido. É sempre bom vê-lo. – ela soltou Percy e envolveu Annabeth em um abraço carinhoso – Annabeth, meu amor. Você está linda!

–É muito bom te ver, Sally – Annie sorriu – Me desculpe, mas eu realmente preciso usar o banheiro.

–Sinta-se em casa. – Paul piscou para ela.

Annabeth saiu da sala em uma corridinha rápida e Sally foi para a cozinha buscar as panquecas. Paul sentou-se no sofá de dois lugares em frente ao que Percy se espreguiçava. A mãe voltou sem o avental e colocou uma bandeja cheirosa de panquecas na mesinha de centro, depois foi se sentar ao lado do marido.

–Como vão as coisas, querido? – ela pegou uma panqueca e mordiscou-a.

–Tudo ótimo, mãe. Vimos Rachel essa semana.

–A ruivinha que derrubou tinta rosa no meu terno durante seu casamento? – perguntou Paul, catando uma panqueca.

–Essa mesma – Annabeth entrou na sala – Ela disse que a tinta era pra ser derramada no Percy durante a festa, mas ela tropeçou na barra do vestido e derrubou em você. A Rachel não é a pessoa com melhores habilidades motoras do mundo, ainda mais de salto.

Enquanto todos comiam panquecas no sofá e conversavam, Annabeth pigarreou e tomou iniciativa.

–Sra. Blofis... Quer dizer, Sally, eu e Percy precisamos te perguntar algo. – Annabeth deu uma cotovelada nas costelas de Percy com um pouco de força excessiva que o fez engasgar com a panqueca.

Sally franziu a testa e pediu que ela prosseguisse.

–Eu e Percy conversamos com Quíron sobre semideuses cujo sangue é ¾ divino. A senhora já ouviu falar nessas crianças especiais?

–Claro que sim, são “crianças-ímãs” para monstros. São quase tão poderosas quanto os deuses. O que há com elas, querida?

Annabeth deu outra cotovelada em Percy, porém mais forte. Ele tinha certeza de que haveria um hematoma ali em questão de horas.

–Mãe, Paul, o que vocês acham de serem avós? – Percy foi direto ao ponto.

Sally e Paul piscaram algumas vezes, processando a sobrecarga de informações que receberam. Quando finalmente pareceram entender, Sally escancarou a boca e o marido sorriu.

–An... Annabeth? Você está grávida? – a mãe de Percy abriu um sorriso imenso.

Annabeth mal se continha de tão feliz e assentiu. A Sra. Blofis gritou de emoção e abraçou a garota, chorando e murmurando infinitos “parabéns”. Paul deu tapinhas nas costas de Percy e de Annabeth. Quando largou Annie, Sally abraçou o filho com força, cobrindo-o de beijos.

–Mãe?

–Sim?

–Vocês ainda não nos disseram o que acham. – Percy avisou.

–Acho simplesmente maravilhoso – Sally riu.

Paul assentiu e ligou a TV. Annabeth e a Sra. Blofis foram para o escritório conversar sobre gravidez, crianças, chá de bebê, exames... “Essas coisas de mulheres”, como diria Percy.