–Eu não acredito que não contamos até agora. – Annabeth bufou e virou o rosto para a janela do carro.

Ela estava praticamente arrastando Percy para a casa de seu pai. Estavam enrolando há semanas, mas precisavam contar em algum momento. As mãos de Percy suavam e tremiam levemente no volante. Mentalmente, ele repassava seu pequeno diálogo decorado.

Mais alguns minutos se passaram, Percy estacionou o carro e ambos caminharam até a porta. Tocaram a campainha uma vez e aguardaram. Um senhor de olhos castanhos, cabelos cor de areia e com chapéu e óculos de aviador que aumentavam seus olhos atendeu a porta.

–Annabeth! Como vai, Percy? – o Sr. Chase os cumprimentou.

–Uh... Tudo ótimo. Podemos entrar, senhor Chase? – Percy sentiu um calafrio percorrer seu corpo – Gostaríamos de conversar com o senhor e sua esposa.

Annabeth sorriu para o pai quando ele convidou-os a entrar. Entraram na sala, onde dois adolescentes jogavam vídeo game. Uma moça asiática com os cabelos negros trançados lia um livro numa poltrona.

–Fala aí, Annie – berrou o mais novo, falando mais alto do que os barulhos de tiro vindos do jogo.

–E aí, Nana? – o mais velho mal tirou os olhos da televisão.

Annabeth depositou um beijo na cabeça de cada garoto:

–Matthew, Bobby, como vocês estão?

–Tranquilo – responderam, em coro.

A madrasta de Annabeth deu um beijinho em cada bochecha da menina, em seguida repetiu o gesto com Percy.

–Meninos, abaixem o volume do jogo, por favor. – pediu sra. Chase.

Percy, Annabeth, Frederick e sua esposa sentaram-se no sofá.

–Como ensaiamos... – sussurrou Annabeth para Percy.

Os Chase olharam para o casal, esperando que começassem.

–Uh... pai. Eu e Percy estamos muito felizes com nosso casamento, e apreciamos muito que o aceitem bem. Como sabem, nós nos...

–Você está grávida? – a Sra. Chase olhava para a barriga levemente inchada de Annabeth.

A garota esbugalhou os olhos e a boca de Percy abriu-se, abobadamente.

–Isso é verdade, filha? – o Sr. Chase pareceu confuso.

Bobby e Matthew pararam de jogar e viraram-se para a meia-irmã, interessados.

–Ah... Hm... É... – gaguejou Annabeth, pedindo ajuda a Percy com os olhos.

“Droga, por que matar monstros parece mais fácil do que tratar de assuntos familiares?”, pensou Percy.

–Sim, é verdade. Mas como a senhora sabe? – Percy assustou-se.

–Por vários motivos. Principalmente porque vocês não viriam aqui por livre e espontânea vontade.

O rosto de Annabeth corou imediatamente, e Percy sentiu como se ela tivesse socado seu estômago. Um desconfortável silêncio se estendeu por cerca de trinta segundos. Finalmente, um dos garotos interrompeu:

–Nós vamos ser tios? Da hora! – Matthew animou-se.

–É, nós vamos ensinar ele a jogar vídeo game. – Bobby acompanhou o irmão – E a matar zumbis!

Percy riu para quebrar a tensão, Annabeth deu uma risadinha nervosa e falou, entredentes:

–Nós viemos contar a vocês, mas não tão bruscamente.

O pai de Annabeth olhou feio para Percy por alguns segundos, depois abraçou a filha:

–É uma ótima notícia, filha.

A madrasta de Annabeth sorriu e parabenizou o casal. Em seguida, Frederick apertou a mão de Percy.

–Eu acho que vocês serão ótimos pais – afirmou ele, um sorriso formava-se em seus lábios.