Ainda com lágrimas nos olhos, desci aquelas escadas rapidamente e pude perceber que havia uma porta na minha frente, a abri bem devagar, era um porão! Eu não imaginava que tivéssemos um porão em casa. Eu dei um grito. As risadas só aumentavam enquanto eu entrava naquele lugar. As lágrimas escorriam e eu gritava a cada segundo. Ao centro, existia uma caixa de papelão virada de cabeça para baixo, e aquela caixa tremia. E eu também tremia, mas, eu não sei de onde vinha tanta coragem, eu jamais imaginaria aquilo. Parei em frente à porta, e fiquei olhando a caixa tremer, encostei à porta, uma cadeira velha, com medo que ela fechasse. Fiquei com medo de me aproximar da caixa, mas uma força que eu não reconheço de onde vinha me empurrou com tamanha força que eu caí de joelhos diante daquela caixa. Minhas mãos suavam e as risadas iam aumento ainda mais, eu ainda podia ouvir o volume da televisão. Quando coloquei a mão em cima da caixa, a porta do porão se trancou, um vento gelado rodeava aquele lugar. Minhas mãos estavam tremulas e eu não estava acreditando naquilo. Eu apenas rezava alto, para que aquilo fosse apenas um sonho. Puxei a caixa com toda a força que eu tivera. E rapidamente os barulhos cessaram. As risadas paravam e a televisão havia se desligado. Em baixo daquilo tinha um diário. Eu podia enxergar algo como “Meu querido diário”. Era o certo ler aquilo? Eu continuei a rezar e coloquei a mão em cima dele, meu corpo fez uma pressão para frente e sombras me rodeavam. O diário abriu em uma página qualquer, que dizia:

“Oi diário, hoje foi o melhor dia da minha vida, eu encontrei o Peter. O menino que eu gosto na saída da escola, Eu fiquei tão feliz! Ele perguntou se podia me trazer em casa, lógico que eu aceitei. Ele é tão perfeito. Ele falou que ia me levar em um lugar hoje à noite. Disse que eu ia gostar! Como será que vai ser? [...]”.

Minhas mãos ainda tremiam e aquelas letras, aquelas palavras, pareciam ser de uma garota normal, como qualquer outra. Mas, eu não conseguia parar de chorar, e as sombras continuaram a me rodear, de repente, algumas folhas do diário se rasgaram, inclusive esta que eu acabara de ler. Eu continuei a leitura, mas pude perceber que aquilo mudava a cada momento, que os sentimentos da garota não eram mais os mesmo. Ela havia mudado. As palavras seguintes foram escritas em vermelho, em vermelho sangue.

“Bem vindo ao inferno para você que está lendo isso! Acha que pode parar? Não, nem pense em jogar isso longe. Você não vai conseguir. Meu nome é Cassie Black. Eu era feliz, eu era uma garota alegre, até aquele maldito dia. Até o dia em que o Peter fez aquilo comigo. Porque ele fez aquilo? Porque ele brincou com meus sentimentos e com a minha vida daquela forma, só porque eu era um pouco diferente dos outros? Eu vou me vingar, mas não só dele, eu vou me vingar de você que deve tamanha coragem de abrir esse diário, vou me vingar de todos dessa cidade! A partir de agora, você está em minhas mãos e eu não irei de deixá-lo em paz. Apenas siga os meus comandos. Você está preso a mim agora. Nada pode impedir. Você vai virar um demônio assim como eu, sua alma está prometida a mim. Você vai seguir a minha lenda! Eu vou acabar com sua vida, assim como fizeram a mim. Isso é uma promessa...”.

Eu tentei largar aquilo, mas eu não conseguia, eu sentia uma pressão na minha cabeça tão forte, o diário flutuava em minhas mãos, e as risadas aumentavam. Corri até a porta, eu não tinha como escapar. Tentei pular janelas, mas não podia. Sentei-me no chão e olhei para cima e pude perceber que havia algo sendo escrito com sangue: “VOCÊ ESTÁ PREPARADA, SAMANTHA?”. Balancei minha cabeça positivamente, eu não poderia fazer mais nada dali à frente. Gritei alto: “EU ESTOU”. Foi à última coisa que me aconteceu em consciência. Eu não seria mais a Samantha de sempre, eu não seria mais aquela garota normal, minha vida tinha acabado. Eu senti uma pressão em mim, fechei meus olhos e as risadas aumentaram e o volume da televisão também. Sangues se espalhavam pelo porão. E algo entrava em mim. Eu podia sentir. Senti-me ser jogada de um lado para o outro. E a partir de agora, eu teria mudado. Seria para sempre?