Na manhã seguinte resolvi caminhar pelo bairro logo cedo, após o café. Coloquei um agasalho comprido, aquela manhã fazia muito frio. Caminhei sem rumo pelo bairro, até que, parei em uma linda praça. Estava vazia. Sentei-me no banco, e fiquei olhando aquele lindo paraíso. Fechei os olhos e joguei o cabelo para trás, aquela era a melhor sensação do mundo. Senti o vento britânico no meu resto era umas das melhores sensações do mundo. Abri os olhos devagar, e olhei em direção a um balanço a minha frente. Eu podia jurar que tinha uma menina vestida de branco sentada lá, olhando em direção a mim, e sorrindo. Mas, a fumaça da manhã me impediu de vê-la. Quando eu olhei, não havia mais nada. Confesso que me arrepiei e sai de lá de fininho. Caminhando por aquelas ruas, encontrei um garoto, aparentemente ter uns 18 anos, sentado no portão de casa, me aproximei devagar, já que não tinha amigos nenhum naquele lugar.

 – Oi... Bom dia! – disse eu, sorrindo.

– Bom dia! – ele retribuía o sorriso.

– Tudo bem? Eu sou nova aqui em Yorkshire e gostaria de ter amigos. Importa-se em conversar? – falei direta, eu podia ser qualquer coisa, menos tímida.

– Tudo sim... Percebi que você não é daqui. Seu sotaque é americano. Ah, claro que não, senta aqui do lado. – ele riu baixo e apontou para a calçada ao seu lado.

– Oh! É verdade! Como você se chama? – eu falei olhando para o chão, enquanto sentava.

– Matthew Devinne, mas pode chamar de Matt. E o seu? – ele parou de rir e sorriu de lado.

– Samantha Clark. Mas, me chama de Sam. – foi minha vez de dar uma gargalhada baixa. – Tenho 16 anos e vim de New York, ummm... E você? –

– Eu tenho 17 anos e sou de Londres. – ele pausou e logo continuou a falar. – New York é uma linda cidade, eu nunca fui lá, mas vejo fotos, é linda. – ele sorria.

– Não é querendo me achar, mas... New York é perfeita. Sorte de quem vive lá. – ri novamente, tive a impressão de que o Matt me acharia uma retardada.

– Porque veio para cá, então? – Matt deu ombros.

– Ah... Minha irmã faleceu e, aquela cidade não nos trazia boas lembranças e minha mãe teve uma oportunidade de emprego aqui. – desmanchei o sorriso e olhei pra baixo, lembrando-me da Ashley.

– Sinto muito pela sua irmã. Pode me contar um pouco sobre ela, já que tocamos no assunto, não tem importância se não quiser. – ele olhou nos meus olhos, o Matt me passava uma certa confiança, eu gostava disso.

– Tudo bem... Ela se chamava Ashley Clark, tinha 13 anos e era linda. Faleceu no começo desse ano, afogada. – suspirei fundo e o encarei.

– Meu Deus! Sinto muito, muito mesmo por ela. – ele me encarou de volta.

Ficamos conversando por horas, até que olhei no relógio e já estava na hora de ir pra casa, passei meu telefone para o Matt e ele me prometeu que ligaria mais tarde, para sairmos para conversar. Despedimos-nos e no começo da rua, vi Dan e Mike rindo, olhando em direção a mim. Suspirei fundo e sabia que boa coisa não ia sair daquelas bocas.

– Hmmmmm... Sam está namorado! Sam está namorando! – Dan pulava enquanto ria.

– Ah não. Para com isso, seu retardado. Eu conheci o menino hoje! Idiota. – gritei.

– Mamãe e papai se conheceram assim, Sam. – Mike ria e piscava.

– Idiotas, é isso que vocês dois são, idiotas! – corri na frente pra casa, eu não entendia como meus irmãos podiam ser tão lesados. Mas, eu os amava de qualquer forma.

Cheguei em casa e ajudei a mamãe com o almoço, estava faminta e não queria esperar muito. Coloquei os pratos na mesa e, enquanto eu estava sozinha na cozinha, ouvi uma risada alta e em bom tom. Mas, não qualquer risada como a dos meus irmãos, mas uma risada estranha, digamos que diabólica. Eu nunca tinha ouvido nada igual, nunca tinha passado por situações assim. E, confesso que eu estava sentindo medo. Mas, não queria que ninguém desconfiasse. Eu podia está ficando louca, ou muito retardada para escutar algo assim. Aquilo era realmente estranho. Porém,  ignorei e logo após o almoço subi para o meu quarto, fui ler um pouco dos meus livros que trouxe na bagagem.