Um Novo Amor Doce escrita por N Baptista


Capítulo 28
Episódio 13 e 14 parte 2




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Alexy e eu estávamos de plantão na portaria do prédio esperando meu pai aparecer para emprestar o amplificador. Fiquei preocupada de Armin aparecer também, mas o irmão me garantiu que ele ainda estava desmaiado como pedra e que não acordaria tão cedo, seria até difícil convence-lo a se arrumar para o colégio.

– Como é o seu pai pessoalmente? – O garoto me perguntou olhando a rua.

– Bem, ele é irmão da tia Fabi... O que mais precisa saber?!

O de cabelo azul riu baixinho e vimos uma caminhonete preta se aproximar. O carro mal tinha parado e um Alan sorridente já tinha saltado para vir correndo me abraçar.

– Princesinha! – Ele estava me apertando – Você abandonou a gente!

– Ô suicida! – Meu pai estacionou e desceu do carro ralhando – Espera o carro parar antes de sair que nem uma gazela saltitante! ... Oi princesinha. – Ele me abraçou quando o outro se afastou rindo.

– Todo mundo te chama de princesinha, Hay? – Perguntou Alexy.

– Não, só o meu pai, os caras da banda, tia Fabi, você e Armin, o time de basquete... É, eu acho que é todo mundo mesmo!

– Quem é esse, Hally? – Papai se virou para o garoto.

– Este é o Alexy – Respondi – Ele é um dos amigos que está ajudando na organização do show.

– Ah, e você que é o guitarrista? – Perguntou Alan.

– Não – Riu o de cabelo azul – Infelizmente eu não toco nada. Só vou mesmo ajudar na organização.

– Ah tá. – Alan ficou mexendo nas pontas de seu cabelo loiro espetado.

Papai foi até a parte de trás do carro e fez sinal para os outros dois o acompanharem.

– E você, princesinha? – Ele perguntou pegando nos braços um amplificador preto e vermelho que Alexy ajudou a colocar na calçada – Vai tocar?

Hesitei um pouco em responder, sei o que isso significa para ele, mas baixei a cabeça e dei um sorriso triste.

– Não – Olhei para ele – Ainda não.

Alan o encarou preocupado e Alexy fez a mesma coisa, só que comigo.

– Certo – Meu pai sorriu (ele sempre me entendia) – Quando estiver pronta então...!

– CHRIIISS!!! – Tia Fabi apareceu de repente gritando e pulando no pescoço do irmão – Hally, sua malvada! Devia ter me contado que ele viria!

– Tia, você tá de pijama! – Apontei para a sua camisola do Nemo e ela me deu língua... ELA ME DEU LINGUA!

– Também senti sua falta Fabi! – Disse meu pai retribuindo o abraço e em seguida tentando se soltar do aperto de urso.

Ouvi meu celular apitando no bolso de trás e peguei para ler a mensagem.

“Resolveu o problema? Ou vou ter que quebrar a cara da vassoura de salto com as minhas muletas? xx Pedí”

Ri da minha amiga e respondi enquanto Alexy se inclinava para olhar o que eu digitava.

“Quebrar a cara da Ambre fica por tua conta, Ninja das muletas! Mas resolvi o problema sim. xx Hally”

– Imagine ela batendo de muleta na Ambre! – Comentou o de cabelo azul e foi impossível não pensar na sena e rir.

– Hay! – Meu pai chamou, fazendo com que eu me aproximasse – Aqui ta o amplificador, e também duas caixas de som. – Falou apontando dois outros cubos pretos que eu não vi descer do carro.

– Pai, não precisa de tudo isso! Vai atrapalhar vocês...

– Que isso Hally, estava sobrando. Vocês podem ficar com isso tranquilamente e depois me contem como foi o show.

– Além disso – Alan se sentou em um dos cubos – Nós estávamos brincando de tetris. EU SOU PÉSSIMO NESSE JOGO!

Todos rimos e tia Fabi se pendurou no pescoço do irmão de novo.

– Você tem que me visitar mais vezes! – Ela choramingou.

– Eu sei. – Acho que ele sustentava todo o peso dela – Assim que a turnê acabar, eu venho passar uns dias com vocês.

Ela ficou toda feliz e se afastou dando pulinhos enquanto ele vinha me abraçar.

– Tchau princesinha, e boa sorte com o show.

– Tchau pai – Sorri retribuindo o abraço – Obrigada por tudo.

Depois de Alan correr para me apertar como se nunca mais fosse me ver, ele e meu pai entraram no carro e partiram. Tia Fabi me fez explicar direitinho toda a história de show enquanto colocávamos o amplificador no porta-malas do carro dela. Alexy concordou em guardar as caixas de som até o dia do show, já que na minha casa estava meio sem espaço (quem mandou a minha tia trazer um bando de caixas de material de festa pra enfeitar a loja??). Lembrei minha tia de que ela ainda estava de camisola (do Nemo) e a mulher foi se trocar para me levar pra escola (eu não daria conta de levar o amplificador sozinha, né?!). Assim que cheguei à Sweet Amoris, já fui sacando o celular.

– Alo? – Castiel atendeu com aquela voz séria.

– Oi chato, já chegou na escola? – Perguntei sentando sobre o amplificador (ele não era tão pequeno e eu não sou tão pesada, ok?!) e brincando com o cadarço do tênis. Eu estava de All Star azul, calça slim cinza e uma camiseta verde larga de gola canoa.

– To quase na esquina. – Respondeu – Mas e você? Chegou antes do sinal? ... Vai chover!

– (sarcasmo) Ha ha, engraçado. – Virei-me para ficar de olho na esquina – Estou com o amplificador. Você não tem mais desculpa, vai tocar no show!

– Ah droga, jurava que vocês iam desistir! – Ele falou rindo e aparecendo no meu campo de visão.

– Cass! – Exclamei repreensiva de brincadeira e desliguei.

Pude velo rir enquanto se aproximava (só que ele se aproximou muito mesmo, parando a centímetros do meu rosto).

– Desligou na minha cara.

– Você merece! – Respondi dando um tapinha em seu ombro para que ele se afastasse, quando o fez, me coloquei de pé atrás do amplificador – Então, aqui está o “precioso”. Acho que não tem problema guardarmos na sala do grêmio durante os períodos de aula, a Chino é super gente boa. Depois você pode levar pra casa. É meio pesado, mas...

– Lysandre me ajuda. – Castiel cortou de abaixando para olhar o equipamento – Caramba, este é um dos melhores do mercado.

– Ah é? – Fiz-me de desentendida (é claro que eu sabia).

– São usados por bandas profissionais – Seus olhos brilharam – Quanto custou?

(Ok, eu não esperava essa pergunta) Engoli em seco antes de responder.

– Ah, não lembro. Tem que olhar na nota fiscal. Olha, vamos entrar de uma vez? O sinal já está quase tocando, e eu ainda queria procurar a Chibi.

Castiel concordou e segurou em um dos lados do cubo enquanto eu segurava o outro (ele estava sustentando praticamente todo o peso sozinho, mas eu que não ia reclamar).

POV Pedí:

– Então Tali, você fala com a diretora? – Perguntei coçando a nuca.

– Bem, eu sei que ficaria sem graça, mas entendo que ela não está muito contente com você – Talixka riscava na folha do caderno um esboço de um sobretudo – Acho que posso falar sim, afinal precisamos de permissão para fazer o show.

– Valeu! – Sorri e sentei-me direito.

– Gente, alguém viu a Chibi? – Hally entrou na sala e se sentou na carteira ao lado da minha.

– Até agora não. – Dei de ombros.

– Falou com ela ontem? – Tali parecia preocupada (o que foi que eu perdi?).

– Falei – A morena baixou a cabeça – Ela não estava nada bem, não sei o que fazer.

– Volta a fita por favor – Falei mexendo o dedo como se rebobinasse – O que aconteceu com a Chibi?

Hally suspirou cansada e deitou a cabeça na mesa.

– Chibi me confessou que ela sempre gostou do Ken.

– QUE?! – Arregalei os olhos – Como isso é possível...? Ai! – Tali me deu uma cotovelada.

– Ele sempre foi um menino fofo, isso eu tenho que admitir. Mas os dois nunca se deram exatamente bem. Ela sempre o alfinetava com alguma coisa, e hoje eu sei o porquê. Chibi sempre teve uma imagem de “garota perfeita” que precisava passar para todos, tinha o que cobravam dela, o que esperavam. Já o Ken... Bem, mesmo que a Chibi jogasse tudo pro alto e contasse seus sentimentos, ele não ficaria com ela, porque era apaixonado por mim.

– Caramba! – Meu queixo caiu.

– Por isso ela nunca disse nada. – Continuou minha amiga – Mas agora, ela está em uma cidade nova, sem a carreira de modelo, sem os “amiguinhos” esnobes, sem a mídia... E sem o Ken, porque não importa o que ela faça, ele sempre vai achar que o que mudou a cabeça dela foi seu novo visual.

– Esqueceu a parte em que eu dei apelidos maldosos, peladas, e estraguei todas as chances dele de sair com você. – A garota de cabelo rosa falou se sentando atrás de Hally (que consequentemente era ao lado da Talixka) – Também tem outras coisas, mas minha ficha é extensa demais pra puxar agora.

Todas ficamos meio tensas por termos sido pegas falando dela, mas a garota não pareceu se importar.

– Chibi – A de cachinhos se inclinou na direção da outra – Você está usando lentes?

– Na verdade – Ela riu – Eu tirei as lentes.

– Ficou legal! – Completou Tali (embora eu não tenha visto diferença nenhuma) e todas sentamos direito para prestar atenção na professora.

Depois da aula, fiquei esperando do lado de fora da sala dos representantes enquanto Talixka falava com a diretora a respeito do show. Foi então que percebi Nathaniel vindo na direção da sala. Nós ainda não falamos mais do que o necessário desde a corrida de orientação, exceto quando fiquei sabendo dos roxos em suas costas. Ele murmurou um “Oi” e parou com a mão na maçaneta, mas sem gira-la.

– Nós vamos ficar assim? – Escutei sua voz perguntar e virei-me para olhar o seu rosto, mas Nath não me encarava.

– Não sei – Mordi o lábio inferior – Não gosto disso.

– Pedí – Ele suspirou e passou a mão pelos cabelos – Existe a chance de você esquecer o que eu falei na floresta?

– E-Eu...

– Olha, me desculpa, tá? – Ele prendeu o seu olhar no meu (parecia tão machucado) – Se eu soubesse que você ia se afastar de mim, eu juro que nunca teria dito nada. Tudo o que eu não quero é perder você, Pedí. Você é muito importante pra mim.

Ele suspirou cansado e baixou a cabeça. Meu coração estava apertado e batendo rápido ao mesmo tempo (isso é possível?). Por um lado eu ficava triste em saber que o Nath estava sofrendo, por outro... Ele disse que eu sou importante e que não quer me perder.

– Você não vai me perder. – Pus minha mão em seu rosto e reatamos o contato visual (Odin, como ele é lindo!) – Não tem ideia de quanto é importante pra mim também.

Nesse momento ouvimos a porta abrir e Talixka paralisou nos olhando, super sem graça. Recolhi a minha mão.

– D-Desculpa gente – Ela falou – juro que eu não queria interromper.

– Tudo bem. – baixei a cabeça sentindo as bochechas esquentarem.

– Senhor Nathaniel! – Ouvimos a diretora chamar e fazer um sinal para que ele entrasse.

Ele assentiu e deu um passo para dentro da sala, mas pareceu se lembrar de algo e se virou para nós.

– Rosalya estava procurando vocês, parece que ela encontrou um lugar para fazer o show.

– Que boa notícia! – Tali sorriu assim como eu e o vimos entrar na sala do grêmio.

POV Chibi:

– Parece que todos os alunos estão bastante animados com o show! – Comentei observando uns alunos do primeiro ano brincarem de “air guitar”. A notícia tinha se espalhado mesmo.

– Pois é – Concordou Hally – E isso me deixa muito feliz. Sinto que vamos nos divertir bastante com esse evento.

Nós duas estávamos sentadas nos degraus do pátio durante o intervalo, Hally não parava der comer seu cheetos enquanto eu brincava com o pacote do meu biscoito recheado (Preciso dizer quem foi que me viciou nisso? Exatamente... Ken!). Ouvimos a porta se abrir atrás de nós e vimos Kentin sair e parar ao nos encontrar.

– Ouvi dizer que estão organizando um show – Ele falou sentando em um degrau um pouco acima – Achei a cara de vocês!

– Vai ser divertido. – Falei estendendo o pacote de biscoito a ele, oferecendo, mas o rapaz apenas negou com a cabeça.

Ficamos os três em silêncio por um momento, até que minha amiga começou a virar o pacote de salgadinho na boca.

– Hally, por favor – Fiz uma careta – Joga esse farelo fora!

– Não posso – Ela fez cara de pidona e a voz esganiçada – São como flocos de felicidade, que devem ser consumidos até o fim para poder aproveitar essa delícia dos deuses!

Foi automático, assim como era em Paris, Kentin e eu nos entreolhamos com cara de “Quê?” e caímos na risada. A morena nos acompanhou, claro, ela não estava falando sério. Logo os três gargalhavam feito idiotas e algumas pessoas já começavam a olhar pra gente.

– Caramba, só vocês...! – Ele colocou a mão na testa.

O que aconteceu depois foi tão rápido que eu pulei de susto. Hally se virou, praticamente pulou os três degraus que a separavam de Kentin e se jogou em cima dele em um abraço pra lá de desajeitado. Ele também não esperava por essa, e ficou mais vermelho que sei lá o que.

– Desculpa – Ela falou com a voz abafada pelo ombro dele – Eu sei que fui uma péssima amiga nos últimos tempos. Dylan era um verdadeiro idiota, e por causa do que ele fez eu fui uma idiota com vocês! Devia ter ouvido o que tinham pra dizer, mas fui estúpida. Você nem imagina como foi quando encontrei a Chibi – A morena me olhou de canto e sorriu - A queimada nunca mais será a mesma. Pode acreditar!

Hally se soltou daquele abraço torto e se sentou feito gente ao lado do garoto sacando o seu celular.

– Eu tentei te ligar, tentei mandar mensagens, pode olhar – Ela mostrava algo no aparelho – Mas você nunca me respondia, cheguei até a ficar preocupada...

– Ambre estava me mandando umas mensagens meio terroristas – Ele deu de ombros – Nem sei como foi que ela conseguiu o meu número, mas achei melhor desligar o celular.

Hally suspirou e olhou séria pra ele.

– Você me perdoa? – Aos poucos, sua expressão foi se tornando a do gato de botas.

Ele riu e colocou uma mecha do cabelo dela atrás da orelha (Ok, to com ciúmes!).

– Eu não consigo ficar bravo com você.

– Legal! – Ela deu um soquinho pro alto e apontou pra mim – Sua vez Chibi!

– Minha vez de fazer o que? – Arregalei os olhos.

– É assim – Ela ficou de pé gesticulando com os braços – Você corre, abraça, dana a falar... – Ela foi interrompida pelos nossos risos – Ué, deu certo da primeira vez!

– Ok – Sorri de canto – Mas acho que eu prefiro arriscar a minha técnica.

– Vai em frente! – Ela fez um joinha.

Respirei fundo algumas vezes pensando no que falar, mas nada me vinha a cabeça, por fim estendi o meu lanche para ele mais uma vez.

– Tem certeza que não quer biscoito?

– Essa é a sua técnica? – O garoto arqueou uma sobrancelha.

– Ora Kentin, não sei o que dizer! Eu não sou como a Hallyane, não fui má com você por alguns dias, fui má a vida toda. Mas eu... eu... Sou assim, é a única forma que eu sei agir. E não consigo pensar em como pedir desculpas por quem eu fui todos esses anos.

– Então você acha que não esteve errada? – Ele fez uma cara de desaprovação.

– Eu não ACHO Kentin, eu SEI que estive errada, mas o que posso dizer? “Ah, eu não queria ter implicado com você, querido, desculpe”. Você acreditaria nisso? Eu não acreditaria!

Ele respirou fundo e travou o maxilar.

– Eu fui idiota, tentei agradar as pessoas erradas e acabei sozinha quando vocês saíram de Paris. Acha que eu gosto de ter todo mundo virando a cara pra mim? Sinto vergonha pelo passado, e te peço desculpa... Mas você não tem que aceitar.

Kentin suspirou e apontou para a embalagem do biscoito recheado para que eu lhe oferecesse novamente.

– Tem algo que eu quero te falar também. – Disse sério se servindo do meu lanche – Ainda bem que você se vestiu diferente hoje, aqueles seus vestidos eram muito estranhos!

Levei uns segundos pra processar o que ele estava falando, e então fiz uma falsa cara de ofendida.

– Ai, então agora ele entende de moda?!

– De moda não – Kentin fez uma careta – Mas parecia que você estava de camisola!

Hally soltou uma risada de bexiga furada e então começou a gargalhar feito uma hiena. Verdade, eu me vesti diferente hoje, calça jeans rasgada, blusa tomara-que-caia branca, e um sapato estilo botinha rosa e branco.

– Abraço em grupo? – Sugeriu a morena quando parou para respirar, e ele abriu os braços para nós duas.

Eu não poderia perder essa chance, avancei os dois degraus que nos separavam e o abracei enquanto Hally fazia o mesmo do outro lado. (Ok, este é um dos melhores momentos da minha vida, NINGUÉM PENSE EM ME BELISCAR!)

– Hallyane! – Alexy apareceu fazendo cara de indignado, mas dava pra ver que ele estava prendendo o riso – Você está me trocando?!

– Amor! – Ela deu um pulinho, se fazendo de “pega no flagra” – Não é o que você está pensando.

– Não quero ouvir as suas mentiras. – Ele fez uma cena, virando de costas e fazendo um bico.

– Ei, vem cá – Ela foi andando até ele – Você sabe que eu só tenho olhos pra você.

– UI, SAI FORA! – O garoto gritou e os dois começaram a correr pelo pátio que nem crianças, eu só pude rir.

Até o momento, eu ainda estava abraçada ao Kentin (logico, tenho mais é que tirar uma casquinha!), mas foi então que ele bruscamente tirou os meus braços do seu redor e eu o olhei assustada.

– A-Aconteceu alguma coisa? – Gaguejei confusa.

– Claro que aconteceu! – Respondeu sério – Uma coisa é a Hally pedir desculpas. Mas em você... Eu não acredito!

Com isso ele se levantou e voltou para dentro do prédio (É, eu esperava mesmo algo assim. E pelo jeito não vamos deixar a Hally perceber...)

POV Talixka:

Rosalya achou uma boa ideia fazermos o show no porão, Pedí e eu fomos lá ver durante o intervalo, é realmente um espaço bem grande. Está bastante bagunçado, mas Lysandre, Rosa e eu concordamos em chamar mais alguns colegas para ajudar a arrumar. Minha amiga ruiva precisou ir embora logo que a aula acabou, ela ainda está de castigo até retirar o gesso na sexta.

– Hally! – Chamei quando nos cruzamos no corredor – Rosalya, Lysandre e eu estamos precisando de ajuda para esvaziar o porão, é um espaço ótimo pra fazer o show.

– Ah, beleza, não to fazendo nada – Ela se virou para a outra que estava ao seu lado – Bora, Chibi?

– Ah, pode ser – Ela deu de ombros – Mas a gente não vai precisar de músculos? Digo, só tem o Lysandre de homem.

Hally fez uma cara pensativa antes de focar a sua atenção no corredor.

– ARMIN!!! – Chibi e eu tapamos os ouvidos com o grito da morena – Estamos querendo fazer o show no porão da escola. Ajuda a gente a tirar as tralhas de lá?

– Ah, precisa mesmo de mim? – Ele fez uma careta – Tava querendo ir pra casa.

– Ah, PRECISAR, não precisa – Hally deu de ombros – Mas com você terminaríamos mais rápido.

Ele ainda fez bico por um tempo, mas acabou por abraçar a minha amiga pelos ombros.

– O que ela pede chorando que você não faz sorrindo? – Chibi zoou o garoto e recebeu uma cara feia em resposta.

Por um momento Hally ficou olhando para os dois com uma expressão de quem não tinha entendido direito, até levar um cutucão na altura das costelas e pular com as cócegas.

– Viram o Lysandre? – Era Castiel parado bem ao lado da morena – Ele me mandou uma mensagem dizendo que ia precisar de ajuda, mas não disse o que era.

– Estamos juntando um grupo para ajudar a limpar o porão – Respondi – Deve ter sido por isso.

– Para que vocês querem limpar aquele buraco? – O ruivo arqueou uma sobrancelha e nos olhou como se fossemos loucos.

– É um ambiente grande, e ao mesmo tempo privado – Respondi – Parece o lugar ideal para realizarmos o show.

– Bora Cass! – Hally deu um soquinho de leve no braço dele.

O bad boy deu de ombros e puxou minha amiga pela cintura, livrando-a do braço de Armin.

– Não to fazendo nada mesmo! – Acrescentou enquanto arrastava a morena (vermelha como um tomate) até a escadaria. Armin os seguia sem saber se ria da cara da Hally ou se fazia de indignado só por brincadeira.

– Então – Virei-me para Chibi – Acha que já podemos ir para o porão também?

– Que mal pode haver se chamarmos o Nathaniel? – Ela olhou para os lados e eu ergui as sobrancelhas. (Sério que ela não vê problema em deixar Nathaniel e Castiel em um mesmo ambiente, sem nem janelas?!)

– Acho que talvez não seja uma boa ideia... – Tentei deixar claro o meu receio, mas ela pareceu não perceber... Ou não se importar.

POV Hally:

Não imaginei que limpar o porão pudesse ser tão divertido, e até mesmo o Nathaniel apareceu pra ajudar (lembre-me de perguntar à Chibi como ela fez isso), e nem tivemos desentendimentos (tirando a hora em que eu sem querer acertei a cabeça do Armin com a escada e ele tentou revidar, mas foi só brincadeira). Quando o lugar ficou finalmente vazio, fizemos um lanche entre amigos antes do grupo se dispersar cada um pra sua casa.

– Hally! – Chamou Castiel antes que eu cruzasse o portão – Vem aqui, quero falar contigo.

Pedi que Armin esperasse um pouco, já que iriamos embora juntos, e caminhei até o ruivo.

– Eu queria saber quem mais vai tocar no show. – Falou de braços cruzados.

– Como...? – Franzi as sobrancelhas confusa – Você, Lysandre e a banda de vocês! – O bad boy baixou a cabeça e começou a rir – Qual é a graça?

– “A banda de vocês” se resume a Lysandre e eu.

Engoli em seco.

– É, isso definitivamente atrasa um pouco os planos. – Suspirei.

– Então é isso – Castiel deu de ombros – Foi divertido, pena não ter dado certo. Tentamos de novo na próxima...

– Ei, ei, aguenta aí rapaz! – Segurei em sua jaqueta para tentar impedi-lo de se afastar – O sonho não morreu! Me dê até... O fim de semana e teremos uma banda.

– Tem certeza? – Ele arqueou uma sobrancelha – A semana está acabando.

– Confie em mim!

Gostaria de estar tão confiante quanto tentei parecer para o Castiel, a verdade é que assim que cheguei ao meu prédio, não entrei nem em casa e fui direto para o apartamento do lado, entrando no quarto do Alexy e me jogando em cima do mesmo, que estava estirado na cama foleando uma revista.

– Ah, o que foi, gorda? – Perguntou me empurrando para o lado.

– Preciso arranjar mais gente pra tocar no show. – Choraminguei me ajeitando no seu travesseiro.

– Ué, não tem a banda do Castiel e do Lysandre? – Meu amigo fez uma cara de quem não entende.

– Esse é o problema – Respondi – Eles SÃO a banda.

A expressão do de cabelo azul foi pra compreensiva e em seguida pensativa.

– Sabe – Começou brincando com as pontas do meu cabelo castanho – Quando alguém é filho de um músico famoso, a gente espera que essa pessoa saiba tocar alguma coisa...

– Só que essa pessoa anda fugindo dos palcos assim como o Cascão foge da chuva, e não quer falar a respeito. – Ele revirou os olhos, mas não disse nada – Armin disse que toca bateria, toca mesmo?

– Meu irmão? – Fez cara de incredulidade antes de gritar para o corredor – Ô boboca, Band Hero não conta!

– Como é que você sabe? – Questionou contrariada a voz do outro no andar de baixo.

Nós dois apenas ficamos rindo sem responder. Algum tempo depois eu pilei a janela para o meu quarto e joguei a mochila de qualquer jeito na cama, assustando Tiger que estava dormindo sobre o meu travesseiro (e espalhando pelos por lá). Digitei uma rápida mensagem para as meninas “Estamos sem baterista, quem achar que pode arranjar um, vai em frente xx Hally”, e me joguei no tapete avaliando as minhas alternativas enquanto encarava o teto que tinha algumas estrelas penduradas.

Falei sério quando disse que não quero nem chega perto do palco, eu tenho os meus motivos, mas se não tiver jeito, não vou deixar os meus amigos na mão. Fui baixando o olhar pela parede até encarar o quadro de fotos, parei bem em uma na qual Iris e eu estávamos na casa dela, minha amiga tinha uma guitarra no colo e me mostrava uma música que o irmão lhe ensinou (no momento ela tinha errado a nota e fazia uma careta). No mesmo instante levantei correndo e voei em cima do celular.

POV Pedí:

– Só mais um dia, só mais um dia... – Repetia para mim mesma enquanto mancava para a sala, já quase atrasada para o primeiro horário. Não me adiantou muito chegar mais cedo, passei tempo demais na sala dos representantes – Oi meninas. – Cumprimentei me jogando na cadeira e já puxando uma régua pra coçar por dentro do gesso.

– Pedí, não faça isso! – Repreendeu-me Talixka – O médico avisou que colocar coisas dentro do gesso pode dar problemas.

– AH, MAS EU NÃO AGUENTO MAIS!!! – Aquilo tava coçando muito!

– Só mais um dia, e isso vai sair da sua visa. – Chibi leu o meu pensamento.

Nesse momento Violett apareceu ao nosso lado lançando olhares incertos para Alexy que parecia incentiva-la do outro lado da sala.

– B-Bom dia meninas – Ela piscou longamente para se acalmar – É que o Alexy e eu estávamos pensando em fazer os cartazes para o show. E queríamos saber os nomes de quem vai tocar...

Quando a menina deixou a frase morrer, Hally se virou e mandou língua para o garoto, que caiu na gargalhada, (não entendi). Depois tornou a sentar direito para responder.

– No momento temos Castiel, Lysandre e Iris que também topou, mas ainda não temos um baterista.

Esperei que alguém se manifestasse, mas quando não aconteceu, abri um sorriso.

– Na verdade, nós temos – Dei de ombros – Falei com o Nathaniel antes da aula. Foi bem complicado, mas por fim ele aceitou tocar no show.

Hally fez uma careta incrédula enquanto Talixka e Chibi mais pareciam assustadas. Suspirei e cruzei os braços.

– No oitavo ano, tivemos uma excursão para um museu de música, e no final teve um momento para que os alunos tivessem contato com os instrumentos. Quando todos já tinham saído da sala, desafiei o Nath a tentar tocar a bateria. Acreditem, ele consegue!

Violett assentiu sem graça e se afastou, mas não sem antes tropeçar de leve no meu maldito gesso.

– Estão vendo?! – Reclamei – Só falta ele derrubar alguém!

Nesse momento senti um baque na perna e ouvi o barulho de algo se espatifando.

– MEU CELULAR!!! – Gritou Ambre desesperada olhando os estilhaços no chão.

– BENDITO GESSO!!


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Notas finais do capítulo

Sei que as minhas desculpas não são nem mais aceitas. Mas a faculdade ocupou todo o meu tempo, e eu não consegui fazer mais nada. Vamos ver se me saio melhor agora nas férias...



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