Um Novo Amor Doce escrita por N Baptista


Capítulo 27
Episódio 13 e 14 parte 1


Notas iniciais do capítulo

Oi gente :D Desculpa a demora T-T
Nossa, até a Chino ta postando antes de mim, me senti mal depois dessa!



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– AAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Pra quem não lembra porque eu estou gritando: As meninas e eu estávamos super animadas indo falar com o Lysandre sobre fazer um show na escola, quando vimos o garoto mais lindo do universo beijando... Não sei bem que coisa é essa, mas todo mundo chama de Ambre.

– Garoto, corre que ainda dá tempo de tomar soro antiofídico! – Zoou Hally vendo-os se separar meio assustados pelo meu grito.

– Muito engraçado Hallyane. – Ambre fez uma cara de poucos amigos – O que vocês querem aqui?

– É você que está no meio do corredor – Respondei Pedí – Que ceninha hein! Juro que eu passava sem.

A loira lançou um olhar mortal para a ruiva antes de focar seus olhos em mim e soltar um riso anasalado (acho que foi pela minha cara de :o).

– Ah, não faça essa cara – Ela jogou o cabelo para trás do mesmo jeito que eu faço (não sabia que isso era tão irritante!) – Um dia você também vai beijar um carinha.

– Acabou de perder o BV? – Descongelei (quem mandou cutucar a onça?) – Deve estar emocionada, mas não se preocupe comigo, já beijei uns carinhas na estrada até aqui!

A garota riu desdenhosa colocando as mãos na cintura.

– Cite um.

Pensei em Dake, um surfista que conheci na praia, mas isso não iria irritar a Ambre, preciso derruba-la, mesmo que não seja verdade.

– Castiel!

– QUE?! – Hally fez coro à garota e Pedí pisou no seu pé com a muleta.

– Surpresa? – Tentei parecer indiferente – Não imagino o por quê.

Dava pra ver a loira começando a espumar, e o gatinho olhava a cena com cara de quem se divertia. Nesse momento, Talixka deu um passo a frente e perguntou hesitante:

– C-Com licença, acho que ainda não tínhamos te conhecido. Qual o seu nome?

– Meu nome? – Ele pareceu um pouco surpreso.

– É – Ambre sorriu – Eu já ia perguntar a mesma coisa.

– VOCÊ BEIJOU UM GAROTO SEM NEM SABER O NOME?! – Pedí colocou a mão na testa e fez uma cara igual a do Nathaniel (hilária!).

– Precisei ser rápida – A outra contrapôs – Os dois últimos que entraram na escola, Hallyane pegou pra ela.

– É pra quem pode, queridinha! – Hally colocou as mãos nos bolsos da frente do jeans e deu um sorriso malandro.

– Não se ache, projeto de Polly Pocket, você não é nenhum exemplo de beleza!

Aí foi maldade, falar da altura da Polly, digo, da Hally! A morena já ia abrir a boca pra responder, mas o garoto foi mais rápido.

– Sabe Ambre, quanto mais eu te olho, mais eu vejo que você também não é essa beleza toda.

Escutei Hally resmungar (Ele concordou com ela?) enquanto fazia uma expressão meio nocauteada pelo “também”.

– O-O que? – A loira olhou para ele incrédula.

– Pois é, até que foi uma recepção interessante, mais seria melhor se pelo menos fosse uma menina que beija bem.

(Meu Deus, adorei esse menino!)

– COMO OUSA? VOCÊ NÃO PODE FALAR ASSIM...

– E VOCÊ NÃO GRITA COMIGO! – Ele pegou o celular da mão da garota – Deixe-me ver isso! – O moreno começou a andar de um lado para o outro enquanto Ambre ia atrás, desesperada por seu telefone – Achei o meu número! Então era você quem estava me mandando aquelas mensagens horríveis. Bem como eu suspeitava!

– Do que é que você está falando? – A garota bateu o pé no chão.

– Vamos resolver isso! – E aí ele balançou o braço para o lado sem nem virar o rosto ou desfazer o sorriso sínico. E foi assim que o celular da Ambre voou pela janela (do 2° andar!).

– NÃO! – Ambre e Pedí gritaram em coro, correndo pra janela (ou mancando no caso da segunda) e quase indo atrás do aparelho.

– QUAL É O SEU PROBLEMA? – Esbravejou a loira virando-se para o rapaz.

– Agora? Nenhum. Passar bem Ambre.

Quase quebrei o pescoço observando ele se afastar pelo corredor.

– Eu paguei por aquilo... – Pedí estava meio derrotada agarrando-se à perna de Talixka.

Ambre: - Meu celular!

Pedí: - Meu dinheiro!

Talixka: - Minha amiga!

Eu: - (Suspirando) Meu príncipe!

– Meu Deus gente! – Hally fez todas gargalharmos (menos a Ambre) – Vamos voltar ao plano inicial e procurar o Lysandre?

Concordamos com a cabeça e seguimos com a morena, enquanto a loira ainda se lamentava na janela. Quando chegamos do lado de fora, avistamos no portão um carro preto, brilhoso e imponente. Pedí estremeceu de leve.

– Nem vi o tempo passar – Balançou a cabeça cobrindo os olhos azuis com a franja vermelha – Ta na minha hora. Tchau gente!

Despedimo-nos enquanto ela mancava com as muletas até o carro, onde um motorista de uniforme e cap a ajudou a se acomodar no banco de trás e então partiram.

– Bem – Hally esfregou as mãos uma na outra – Vamos lá!

Rodamos juntas o pátio, depois Talixka e eu fomos procurar no clube de jardinagem. E então fomos atrás da Hally no ginásio, de onde eu tive que tira-la arrastada, pois a louca já ia começar um jogo de basquete com uns carinhas lá. Voltamos para dentro do prédio e fomos olhando de sala em sala em busca do Lysandre, mas o garoto não estava em lugar nenhum.

– Então Talixka, não se assustou com aquela cena, não é? – Perguntou o novato bonitinho quando chegamos à escadaria.

– Na verdade não – Sorriu a de cachinhos – Só espero que a Ambre tenha aprendido uma lição com tudo isso.

– É, eu também! – Ele sorriu (e que sorriso fofo!).

– Espera Mistery boy, como sabe o nome dela? – Hally arqueou uma sobrancelha em desconfiança.

– Não faz essa cara Hally. Vai dizer que eu não te lembro ninguém? – A interrogação na testa da minha amiga foi a resposta, então ele continuou – Vamos, se esforce. Não é possível que em tão pouco tempo já tenha esquecido alguém que se importava tanto com você... E mesmo assim você nunca ligou.

Essa expressão...

– Ken?! – Sobressaltei-me já cobrindo a boca (não pode ser!).

– Bingo! – Riu desdenhoso.

– Sem chance! – A morena também não estava acreditando.

– Incrível o que a escola militar pode fazer! Se soubesse que você não me reconheceria, teria brincado contigo assim como fiz com a Ambre.

– Não iria acontecer! – Hally estava ficando com raiva – Você pode até estar mudado, mas ainda não nasceu de novo!

O garoto (não vou chama-lo de Ken!) abriu a boca para responder, mas Talixka acabou sendo mais rápida mesmo com toda a sua hesitação.

– Não estou entendendo... Você não era apaixonado pela Hally? Por que beijou a Ambre?

– Aquilo foi uma vingança – Respondeu calmo e paciente, completamente diferente de quando falava com a outra – Contra tudo o que ela me fez quando cheguei aqui.

– E é assim que você se vinga? – A morena falou irônica – Não quero nem saber como agradece!

– K-Ken? – Finalmente falei alguma coisa, mas minha voz quase não saiu.

– O MEU NOME É KENTIN! KENTIN, OK?! Ken é só um apelido idiota que você e os outros imbecis de Paris criaram pra me zoar! Aliais... – Pela primeira vez ele pareceu me enxergar ali – O que você está fazendo aqui Chibi?

– Eu... – (Vamos Chibi) – Ora, senti saudade. A vida ficou chata sem vocês pra perturbar...

– Que pena – O garoto me cortou revirando os olhos e pondo as mãos nos bolsos – Pensei que essa escola já tinha gente desagradável o bastante!

Senti a minha garganta e os olhos arderem (Ai meu Deus, NÃO POSSO chorar agora!).

– Quanto mais os músculos crescem, mais o cérebro diminui? – Hally se colocou a minha frente – Como pode falar assim com a gente? Sempre fomos suas amigas!

– Você a NUNCA foram minhas amigas! Chibi sempre foi a primeira a me zoar! Sempre tinha um apelido novo, uma piadinha, um tapa na cabeça... Mas eu aguentava! E aguentava por sua causa! Mas nos últimos tempos, ninguém me tratou pior que você, nem mesmo a Ambre! Se essas são as minhas amigas... – “Kentin” deixou a frase morrer enquanto se afastava pelo corredor.

Meu peito está doendo, eu estou com falta de ar... eu... eu...

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Chibi jogou todos os livros que tinha em mãos no chão e correu para o banheiro feminino. Talixka e eu nos abaixamos para recolhe-los e foi assim que recuperei o caderno. Ainda não acredito que aquele era o Ken...

– Você devia ir atrás dela – A voz de Tali me fez despertar – Não conheço a Chibi a tanto tempo quanto você, mas ela não parecia nada bem.

– Deve ser o choque! – Suspirei olhando o corredor – Não é todo o dia que você descobre que o seu melhor amigo virou um idiota!

– Hally! – A de cachinhos azuis me lançou um olhar repreensivo – Vai atrás dela!

Não tinha o que contestar, apenas dei-me por vencida e fui em direção o banheiro feminino. Se fosse um surto de raiva, eu encontraria rolos de papel higiênicos jogados, as lixeiras viradas, e minha amiga chutando com força uma das portas das cabines. Mas estava tudo em ordem, e ISSO me deixou preocupada. Escutei os soluços baixos vindos da última cabine e me aproximei cautelosa.

– Chibi? Você... tá chorando?

– Hally, me deixe sozinha, por favor. – Sua voz estava embriagada pelo choro.

– Não fica assim, o Ken tá pilhado, ele não pensou antes de falar..

– NÃO É O KEN! – O grito dela me assustou e eu dei um pulo pra trás me distanciando – É Kentin, o bombado grosso que não gosta de nós.

A voz dela foi morrendo aos poucos e novos soluços surgiram.

– Chibi, abre essa porta agora! – Falei séria como nunca faço.

Num instante escutei o trinco se abrindo e empurrei a porta, revelando minha amiga de cabelo rosa abraçando a si mesma com o rosto cheio de lágrimas.

– O que está acontecendo? – Perguntei olhando em seus olhos verdes – E por favor, me fala a verdade.

– Eu sou uma idiota... – Ela fechou os olhos e apertou os próprios ombros – Uma completa idiota!

Permaneci em silêncio enquanto Chibi saia da cabine e caminhava até a pia para lavar o rosto.

– Lembra daquele churrasco na casa do Luke? Estávamos sentados na beira da piscina quando Lety apontou alguma coisa atrás de mim e falou “Olha lá aquele tal do Kentin, o que será que esse quatro olhos quer aqui?”. Eu olhei para ele por cima dos ombros e falei pra todo mundo “Quem? Ou melhor, Ken? Não vejo ninken importante!”. A partir daí todo mundo começou a me imitar e “Ken” virou o apelido dele. Não como o “Ken” da Barbie, mas como “Quem”, como se ninguém soubesse quem era.

– Eu... Não vi isso – Pensei por um instante –Tinha entrado com o Zack e a Hild pra pegar mais salgadinhos, quando voltei, todos já estavam falando “Ken”. Achei um apelido legal.

– E ele foi tão maduro – Ela ficou encarando o seu próprio reflexo no espelho – Até entrou na brincadeira...

Abri a minha boca para tentar falar alguma coisa, mas ela continuou.

– E quando ele tentava sair com você? Eu sempre dava um jeito de ir junto!

– Claro! Porque você é minha amiga e não queria me deixar na mão.

– Não! – Chibi mordeu o próprio lábio – Porque eu sou uma duas caras que não queria deixar os dois sozinhos... Você podia mudar de ideia...

– Mas, como assim? – (Não sei se eu não entendi ou não quero acreditar) – Por que você se importaria com isso?

– Naquela festa na sua casa, quando você começou a namorar o Dylan. Lembra que Kentin e eu sobramos e ficamos entediados, aí subimos pra jogar vídeo game no seu quarto? – Assenti com a cabeça – Qual é Hally, você me conhece! Acha mesmo que eu sobrei? Eu QUERIA estar com ele, era o que eu mais queria! Sempre Hay... Eu sempre fui completamente apaixonada por aquele garoto esquisito, nerd, atrapalhado, fofo, decidido, parceiro, e cegamente apaixonado pela minha melhor amiga.

Pisquei algumas vezes incrédula, isso não podia estar acontecendo, como eu nunca percebi nada? Será que eu sou tão egoísta a ponto de não ver nada além de mim?

– Chibi, por que você nunca disse nada?

– Pensa bem Hally – A garota finalmente olhou pra mim – Eu era uma das pessoas mais populares, uma modelo! Que tinha um amor platônico pelo cara mais zoado do colégio, e se falasse alguma coisa ia levar um NÃO muito do bem dado, porque ele gostava de outra.

– Chibi...

– Ele me odeia Hay! – Ela se jogou de costas na parede e foi escorregando até o chão – Me odeia e eu também!

Perdi a conta do tempo que passei consolando a minha amiga no banheiro, ela estava realmente triste, nunca imaginei que se sentisse assim. Quando finalmente saímos de lá, esbarrei em Armin que começou a me arrastar dizendo que estava louco pra jogar Timer Splyter 2, segundo ele, recebeu o resultado do exercício de história e precisava atirar em alguma coisa. Não prestei muita atenção, estava focada em lembrar de todos os sinais que indicavam o que Chibi sentia pelo Ken... E não eram poucos! Ela sempre fazia dupla com ele, as vezes reclamava, mas nunca mudava, dizia que era pra manter a nota alta, mas ela também sempre foi muito inteligente. Chibi ficava muito vermelha quando ele abraçava nós duas, e depois mudava de assunto quando alguém perguntava o que tinha acontecido. E ela perturbava muito ele, mas MUITO mesmo!

– Hally, olha a múmia! – Armin gritou me fazendo tomar um susto e jogar o controle pro alto (detalhe, quando ele caiu, acertou direto a minha cabeça).

– Hallyane, a concentração em pessoa! – Ele deu pause no jogo pra massagear o meu galo que ia ficar parecendo um chifre mais tarde – Tava onde?

– No meio de uma chuva de joysticks. – Respondi escondendo o meu rosto em seu peito.

– E nem trouxe um novo pra mim? Olha os meus, já estão até com botões caindo.

– Claro! – Levantei a cabeça para olhar o seu rosto – Você joga todo o dia, seu viciado!

– Ei, você está jogando também! – O garoto soltou do pause e a múmia terminou de me matar – Bom, pelo menos estava.

– Ah, não me quer aqui não? – Brinquei levantando da cama.

– Não, apelona, vem cá – Protestou Armin me puxando pra voltar a sentar entre as suas pernas (nem sei como é que eu sentei aqui no primeiro momento) – Você sabe que eu não consigo passar dessa fase sem você!

– É, pois é – Voltei a me acomodar – Sou imprescindível!

– Não é pra tanto – Ele me deu língua – Acontece que eu não consigo atirar nas algemas da mulherzinha, sem acertar a cara dela!

– Ruim de mira! – Gargalhei sendo espremida entre seus braços.

– Ei! Também quero esse amor! – Reclamou Alexy entrando no quarto do irmão e pulando em cima da gente.

– Ai seu gordo, sai de cima! – Reclamei rindo.

– Você não tinha ido fazer pipoca? – O moreno empurrou o outro para o lado.

– Tinha – Alexy deu de ombros – Mas não achei o milho.

– Então vamos continuar jogando. – Falou Armin recuperando o controle que tinha ido parar no pé da cama.

– Não! – O de cabelo azul tomou o objeto das mãos do outro – Vamos ouvir música que é mais interessante!

– Ou, falando em música – Lembre-me sentando direito – O que vocês iam achar se a gente fizesse um show na escola?

– Um show? – Perguntaram em coro.

– É, com uma banda mesmo, muita gente na plateia... Claro que vamos ter que cobrar o ingresso, afinal o objetivo é compensar o fiasco da corrida de orientação, mas se não ficar muito caro, da pra atrair um bom público...

– Princesinha? – Alexy estalou os dedos na frente do meu rosto, porque eu já estava viajando – Quando?

– Ah, não tem data ainda, foi só uma ideia que as meninas e eu tivemos hoje, mas ainda precisamos falar com o Castiel e o Lysandre, eles seriam a banda em questão.

– Eu acho ótimo! – O de cabelo azul levantou a mão – Conte comigo para o que precisar!

– É – Concordou o outro – Vai ser legal dar uma parada na rotina exaustiva da escola...

– Tadinho, ele estuda demais! – Dramatizei.

– Ô, estuda muuuito! – Alexy foi sarcástico.

Só então o gamer se deu conta que seu irmão e eu estávamos armados de travesseiros. Ele tentou fugir, mas o puxamos de volta e começamos a batalha.

Na manhã seguinte, acordei com uma patada no nariz e apertei Tiger contra o travesseiro, ele resmungou e pulou para a escrivaninha se enroscando no meu moletom de ginástica. Revirei os olhos chamando-o de folgado e fui me arrumar para a escola. Vesti uma blusa preta com um arco-íris (não é tão infantil quanto parece), um short preto e calcei minhas botas com cano dobrado. Durante o café da manhã, contei o lance da Chibi para a tia Fabi e ela ficou se lamentando por ser uma fada e não um querubin (sei lá que é isso!). Quando finalmente cheguei à escola, fui interceptada por Alexy, Iris, Kim e Talixka que me arrastaram até o pátio dizendo “Você tem que falar com ele!” então praticamente me jogaram em cima do Castiel (no sentido literal mesmo).

– Eh... Oi. – Falei me levantando do banco.

– Oi... – Respondeu o bad boy desconfiado (e com razão).

– O que é que eu tenho que falar? – Perguntei de lado pro Alexy.

– Castiel não quer tocar no Show. – Sussurrou de volta o de cabelo azul, empurrando Iris um passo a frente.

– Tudo bem Castiel? – Ela perguntou alegre.

–... Se vocês pararem de me olhar como se eu fosse uma bomba prestes a explodir a qualquer momento – Respondeu o rapaz – Tudo iria bem melhor.

(Ah ah... Estamos fritos...)

– A gente queria muuuito que você tocasse no show! – A ruiva continuou – Isto te deixaria de bom humor, tenho certeza! E sairíamos da rotina! A vida na escola é um pouco monótona, não acha?

–... Ai, ai... Parece um monte de criança. De qualquer maneira, mesmo que quisesse, não poderia. Eu não tenho mais amplificador e minha guitarra precisa. Digamos que sem amplificador ela é menos útil.

– Ninguém pode te emprestar um? – Perguntou Alexy.

– Que eu saiba não – Respondeu o outro – A não ser que algum de vocês toque guitarra.

– Eu não sei. – Respondeu Talixka.

Kim cruzou os braços dizendo:

– Eu tenho cara de quem toca algum instrumento? – (Pior que tem!).

– De vez em quando eu toco – Respondeu Iris – Mas não é minha, e meu irmão não vai querer emprestar a quem quer que seja.

– Não olhem pra mim – Alexy ergueu as mãos em rendição – Não é porque eu tenho um fone que saiba tocar instrumento, eu só sei ouvir.

Nesse momento todo mundo se virou pra mim.

– Eh... Quanto tá custando um amplificador? – Desconversei nervosa.

– Por que? – Cass ergueu uma sobrancelha – Você está pensando em quebrar o seu cofre de moedas pra comprar pra mim?

– Não só ela – Defendeu Kim – Mas podemos pedir pra todo mundo participar.

– Você acha? – Perguntei.

– Claro! Eu mesma participarei sem nenhum problema. Não é como se fizéssemos isso todos os dias. O que vocês acham?

– Vocês querem mesmo realizar esse show idiota? – Cass revirou os olhos.

– Sim! – Respondemos todos juntos.

– Como queiram então – Ele deu de ombros – Se eu tiver um amplificador, não vejo porque não.

– Legal! – Alexy se virou para Talixka e eu – Meninas, vocês se importam de ficar responsáveis pela coleta de fundos?

Olhei para a minha amiga e sorrimos dizendo que seria ótimo. Todos os presentes deram sua contribuição e então nós duas seguimos em direção o prédio.

– Vou chamar a Pedí pra vir conosco – Falou a de cachinhos – Ela estava bem empolgada.

– Tudo bem – Respondi – Eu vou atrás da Chibi.

– Eh, Hally... A Chibi não veio hoje...

– Não veio? Mas... Eu preciso falar com ela... Tali, eu vou na casa dela! – Afirmei.

– Mas... E a aula? E o lance do amplificador?

– Talixka, por favor, você estava certa. Chibi ficou arrasada ontem e eu preciso saber como ela está hoje. Você e Pedí podem cuidar da arrecadação e depois eu vou com vocês na loja?

– Tudo bem – Minha amiga sorriu – Mas tenta voltar antes do fim da manhã, eu vou falar para os professores que você não estava se sentindo bem.

– Obrigada.

Saí caminhando do colégio e já tinha andado um quarteirão inteiro quando... Me toquei que não sei onde a Chibi mora! A vantagem de ser pequena é que eu posso passar por pré-adolescente se quiser, e foi por isso que entrei sem problemas na Candy School, que é a principal escola de fundamental de Ville Kiss. Também não foi muito difícil achar a Korina, ela estava pendurada de cabeça para baixo em uma árvore do pátio, vestida com um moletom de gatinho que tinha até orelha e cauda.

– Oi Korina! – Cumprimente me aproximando e a garota abriu um sorriso tão grande que beirava o assustador.

– HALLYYYY!!! – Gritou pulando para o chão e correndo pra me abraçar – Que saudade! Você nos abandonou...

– Desculpe – Sorri culpada – Eu não estava em um bom momento. Mas Kori, agora é muito sério. Eu PRECISO falar com a sua irmã, mas ela não foi a aula hoje, e eu não sei onde vocês moram.

– É verdade, a Chibi não está muito bem desde ontem, eu estou meio preocupada... Ela só fica lá no quarto olhando umas fotos antigas...

– KORINA!!! – Uma garota vestida de Lolita, com o cabelo loiro preso em Maria Chiquinha de pontas rosas, chamou correndo em nossa direção – Você ouviu o boato de... Quem é essa garota?

– Ah, essa é a Hally – Sorriu a de cabelo verde – Amiga da minha irmã.

– Tá, não ligo! – A garota deu de ombros – Estão dizendo que vai ter um show na Sweet Amoris!

– Já estão falando disso aqui? – Arregalei os olhos – Mas ainda não acertamos nada...

– E o que você sabe sobre isso? – A loirinha fez uma cara desdenhosa.

– Bem, a ideia foi minha, mas ainda estamos combinando com Castiel e Lysandre...

– LYSANDRE?! – Ela gritou me interrompendo – Então é verdade? O Lysandre vai tocar? Ah, ah, ah, ah!!!!! Isso vai ser tão legal!!!

– A Nina gosta muito desse tal Lysandre – Comentou Korina – Você a deixou bem feliz.

– Ah, isso vai ser encrenca! – Comentei comigo mesma – Mas, Korina, me da o seu endereço por favor.

A garota assentiu e escreveu o endereço em um pedaço de papel que lhe entreguei. Dessa vez, embora a letra da Korina seja horrível, eu sabia para onde estava indo, e logo encontrei a casa amarela.

– Hally? – A Chibi que abriu a porta parecia outra pessoa.

Minha amiga estava com um pijama de blusa rosa chinesa e short se morangos, calçava pantufas de coelhinho, seu cabelo estava todo bagunçado e seus olhos estavam inchados de choro, mas tinha uma coisa ainda mais estranha.

– Chibi, o que aconteceu com o seu olho? – Perguntei encarando-a.

– Meu olho? – Perguntou confusa.

– Por que é que você está com um olho verde e o outro AZUL?

– Ah – Deu de ombros indo para a sala de estar – Eu sou assim mesmo.

– Desde quando? – Eu estava meio em choque, mas caminhei atrás dela – Eu nunca te vi assim.

– Eu uso lente – Chibi se sentou no sofá abraçando uma almofada – Desde criança na verdade, por causa da carreira de modelo. As pessoas da agência disseram que ninguém iria me contratar se eu fosse heterocrômica, então eu resolvi o problema. No início a minha mãe foi contra, disse que eu era nova demais pra me preocupar com essas coisas, mas eu insisti, porque era o que queria.

– Mas os seus olhos são tão bonitos, assim desse jeito... Bom, pelo menos EU achei...

A de cabelo rosa sorriu sem mostrar os dentes e indicou com a cabeça uma travessa na mesa de centro.

– Quer brigadeiro?

Ela pegou uma colher pra mim e ficamos um bom tempo conversando e comendo brigadeiro de colher. Chibi passou a vida inteira tentando se encaixar... Ela escondia seus olhos, escondia suas notas, escondia seus sentimentos... Escondia quem era! Isso não pode fazer bem a uma pessoa! E agora que ela está sem a carreira, e em uma cidade nova, onde toda aquela imagem cuidadosamente esculpida não serve pra nada? Preciso ajudar a minha amiga, ela é uma ótima pessoa, só precisa que as outras pessoas também vejam isso. Despedi-me fazendo-a prometer que descansaria bastante hoje, mas amanhã iria pra escola como uma nova Chibi.

Não parei de refletir enquanto voltava pra escola, e percebi... Que eu passo muito tempo refletindo! Acabei demorando mais que o previsto na casa da Chibi, e por isso não vou conseguir voltar antes do final das aulas, mas vou procurar as minhas amigas pra saber como foi a arrecadação. Quando dobrei a esquina, vi Ambre e a gangue cercando alguma coisa (Aquilo nas mãos da Charlote são as muletas da Pedí?).

– Hei, vocês! – Chamei correndo em direção a elas.

Cada uma das quatro vacas (Bia estava com elas) correu para um lado e então eu pude ver Pedí sentada o chão e Talixka jogada contra um poste de telefone. Ambre gritou “Obrigada pelo telefone novo” antes de sumir de vista.

– O que foi isso? – Perguntei confusa, e um pouco chocada, recuperando as muletas que estavam jogadas no meio fio.

– Aquela vassoura de vestido chegou aqui com uma história de que o que aconteceu com o seu celular novo foi culpa nossa – Respondeu Pedí se referindo ao telefone que Kentin jogou pela janela – Hally, elas pegaram todo o dinheiro da arrecadação!

– O QUE?! – Gritei de susto – COMO ASSIM???

– Não vamos poder comprar o amplificador pro Castiel. – Talixka estava com uma cara bem triste.

– O show já era. – Resmungou Pedí se apoiando nas muletas.

– Não falem assim. Ainda... Ainda dá pra resolver!

– Como Hally? – A ruiva me encarou – Não dá pra pedir dinheiro de novo, todos já deram tudo o que podiam.

Já era, todos vão ficar decepcionados. Por que a Ambre tem que ser tão filha da mãe? Estragou uma coisa que era pra todo mundo. Sairíamos da rotina, tenho que... Tenho que dar um jeito!

– Deixem comigo – Afirmei – Amanhã estará tudo resolvido!

– Hum, misteriosa – Pedí arqueou uma sobrancelha – Vai fazer o que?

– Preciso ligar para uma pessoa.

Cheguei em casa bem nervosa com o que iria fazer, talvez não de certo... Mas não posso desistir sem tentar, todos os meus amigos estão contando com esse show. Tia Fabi ainda estava no trabalho, então eu teria que esperar ela chegar para me dar o número. Larguei minha mochila em cima da cama (nem abri ela hoje) e arranquei as botas. Tiger estava com fome, e ficou se enroscando nas minhas pernas até que eu colocasse comida pra ele, aproveitei e procurei qualquer coisa que pudesse comer também. Tomei um banho, arrumei o quarto, desenrolei Tiger de uma bola de lã. O tempo não passava. Organizei os CDs, lavei a louça, limpei a caixa de areia. Cadê a tia Fabi???

– Hally? – FINALMENTE ela chegou – Que estranho chegar em casa e encontrar você brincando com Tiger... É bom ver que estão se dando bem!

– Tia – Levantei do sofá – Me passa aquele número que o papai te deu?

– V-Você vai ligar? – Ela abriu o maior sorriso que já vi.

– Preciso da ajuda dele.

Demorou só alguns segundos pra minha tia disparar para o andar de cima, trocar de roupa e descer com um short jeans, uma camiseta larga do Mickey Mouse e um caderninho de telefones nas mãos. Agradeci pegando o caderno e subindo para o meu quarto para falar com mais liberdade.

– Vamos Hally, você consegue! – Falei pra mim mesma sentada na cama, encarando de um lado o caderno, do outro meu celular –... Consigo não! – Amarelei.

– Pedí me contou o que aconteceu! – Anunciou Alexy entrando pela minha janela – Aquela peste da Ambre!

– Pedí contou pra todo mundo? – Arqueei uma sobrancelha.

– Não, só pra mim, eu pressionei quando vi que vocês estavam estranhas. – Ele se sentou ao meu lado – Então, qual é o plano?

– Eu preciso ligar para uma pessoa... Mas não tenho coragem.

– Por que?... Não é aquele seu ex guitarrista, né?!

– NÃAAAO!!! Eu não to tão desesperada assim, mas... Quem te disse que o Dylan era guitarrista?

– Kentin me contou – Deu de ombros – Além disso, faz seu tipo.

– Você fala com o Kentin?... EU NÃO TENHO UM TIPO!

–Não muda de assunto Hallyane, vai ligar pra quem?

–... M-Meu pai. – Falei suspirando de insegurança e voltando a olhar para o caderno.

– E qual é o problema? – Alexy passou um braço sobre os meus ombros.

– Nós não nos falamos há um tempo – Mordi o lábio – Tenho medo de como vai ser essa conversa.

– Você não vai saber se não tentar Princesinha – Ele abriu um daqueles sorrisos que te faz sorrir junto – Quer que eu saia?

– Não, prefiro que fique, mas... – Olhei no fundo dos olhos rosa que ele tem – Preciso que me prometa que o que ouvir dessa conversa vai morrer aqui. É MUITO sério, Alexy, NINGUÉM pode saber de nada que for falado aqui.

– Tá bem senhorita mistério, eu prometo.

Respirei fundo algumas vezes antes de finalmente pegar o telefone e discar aquele número. Chamou algumas vezes disparando o meu coração.

– Alô? – Uma voz conhecida atendeu.

– Oi Raymond, é a Hally, meu pai tá aí?

– Princesinha! Seu pai tá no backstage. Eu vou chamar.

Alexy me olhou com as sobrancelhas franzidas, mas não disse nada (estava no viva voz).

– Hally? Filha? – A voz do meu pai saiu toda afobada.

– O-Oi Pai. – A minha saiu meio estranha.

– Meu Deus, é tão bom ouvir a sua voz! Eu tentei falar com você, mas você nunca estava em casa. Sua tia disse que você estava com seus amigos... é bom saber que você fez amigos! Então, eu deixei o número novo com a Fabi, pra ela dar pra você... Mas você sabe disso, foi você que ligou... Eu to usando muito a palavra “você”!

O de cabelo azul deu uma risada baixa e sussurrou no meu ouvido.

– Vocês são iguaizinhos!

– Você queria que eu ligasse? – Ignorei o comentário do meu amigo – Pensei que não quisesse falar comigo...

– Por que eu não iria querer falar contigo? – Ele pareceu em pânico.

– Pelo que eu disse no tribunal – Suspirei – Mamãe não fala comigo...

– Sua mãe é muito ocupada, ela... deve ter um bom motivo pra... Hally, eu... – Ele ficou sem ideias e suspirou – Hay, não tenho raiva de você por ter ido morar com a minha irmã. Você não estava se sentindo bem na casa da sua mãe, e eu não tinha como te arrastar comigo nas turnês... Mas isso não te faz menos minha filha, e não faz com que eu te ame menos. Eu sempre estarei aqui pra você querida, para o que você precisar.

Alexy limpou com o polegar uma lágrima que eu nem tinha percebido que escorria pelo meu rosto. Respirei fundo e balancei a cabeça para tentar voltar ao foco inicial.

– Então, pai – Sentei-me direito – Eu estou precisando de um favor...

Ele caiu na gargalhada.

– Pode pedir!

– Vocês estão perto de Ville Kiss, né? – Empurrei minha franja pra trás.

– Aqui do ladinho, se quiser vir ver o show...

– OU VER A GENTE! – Gritou alguém no fundo.

– Ou ver a gente – Concordou o meu pai – Os três idiotas estão aqui do lado tentando ouvir a conversa!

– Vou querer sim depois – Ri – Mas antes, preciso de um amplificador. Acontece que estamos organizando um show de rock lá no meu colégio, com uma banda dos próprios estudantes. Mas não temos um amplificador e, até tentamos fazer uma vaquinha, mas teve uns problemas e não deu certo. Tia Fabi comentou no outro dia que vocês fizeram uma campanha publicitária para uma loja de música e ganharam uns amplificadores e caixas de som que agora estavam sobrando e não sabiam o que fazer. Se puderem me arranjar um...

– Princesinha, você está pedindo um favor ou fazendo um? – Escutei a voz de Raymond ao fundo.

– A gente tá brincando de Tetris pra encaixar tudo no ônibus! – Gritou Marvin.

– Eu passo aí amanhã antes da sua aula querida. – disse meu pai.

– Beleza, boa sorte aí Winged Skull!

– See ya! – Falaram todos antes de desligar.

Comecei a rir, colocando o celular na escrivaninha.

– Agora que eu estou entendendo – Alexy se jogou no travesseiro – Fala sério, você é filha do Chris?! TEM que contar pro Castiel, o cara fica andando por aí com uma camiseta da banda do seu pai e acha que VOCÊ não entende nada de música...

– Para Alexy! Você prometeu que não contaria pra ninguém.

– Mas Hally, qual é a graça de saber de uma bomba dessas e não contar pra ninguém? – Cruzei os braços e fiquei encarando-o – Tá bem, relaxa, eu não sou nenhuma Peggy! Seu segredo está seguro, minha boca é um túmulo!

– Por isso cheira mal assim?! – Fiz uma careta.

– Engraçadinha! – Ele me lançou um travesseiro – Vem cá! – Começou a me perseguir pelo quarto – Você está cheirando a areia de gato!

– Eu estava limpando a caixinha!


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