Após a visita à Bran, Rickon e Sansa em Winterfell, Arya e Jon voltavam à Muralha. Podia-se ouvir apenas os cascos dos cavalos afundando na neve.

– Percebi que você ainda tem Agulha.

– Ela se tornou uma coisa indispensável para mim.

Jon adorou ouvir aquilo, porém não tirou o semblante sério do rosto.

– Sabe, irmão... – disse Arya, com um sorriso divertido. – Quando eu era pequena tinha uma paixonite por você.

Jon a olhou surpreso.

– Eu costumava te idolatrar como um rei. Quando você foi embora, meu coração se estilhaçou em mil pedaços, mas não chegara nem perto da vez em que eu descobri que nunca poderia ser sua esposa. – Arya continuava sorrindo. – Afinal, somos irmãos, não é?

Arya deu um leve chute com o calcanhar na barriga de seu cavalo, fazendo-o cavalgar depressa. Jon ficou para trás, apenas refletindo no que sua irmãzinha havia dito.

[...]

Jon ao chegar à Castelo Negro, viu Nymeria e Fantasma correndo juntos, brincando como se fossem eternos filhotes. Não pode conter um riso. Alguns patrulheiros treinavam a esgrima no pátio, outros faziam seus afazeres. Mas Arya não estava entre eles. Jon desceu do cavalo e o levou até os estábulos.

– Irmão? – disse Arya ao pé de seu ouvido, fazendo este arrepiar-se inteiro e virar-se para ela, que estava com um sorriso ameaçador naqueles lindos lábios. – Concederia-me a honra desta dança?

Arya apontou Agulha para o rosto do irmão, que riu.

– Arya, eu não vou lutar...

– Com uma garota? – Ela pressionou Agulha na garganta do irmão.

– Com minha irmãzinha. – ele entrou no jogo, sorrindo-lhe maliciosamente.

– Não é uma luta. – ela pausou por instantes. – É uma dança.

Jon empunhou a espada, e lançou um ataque sobre Arya, esperando encostá-la ao pescoço da irmã. Mas ouviu apenas o som agudo das duas espadas se chocarem. Tim. E fora isso que ouvira pelo menos mais dez vezes.

– Ainda insiste, maninho? – Arya deu uma ênfase um tanto sensual na ultima palavra, fazendo Jon ter pensamentos impróprios. – Renda-se.

– Nunca. – Jon continuou a atacar, enquando Arya apenas esquivava-se de seus golpes.

– Não é da dança que estou falando.

Jon parou por um momento, vendo sua irmãzinha aproximar-se de uma forma sedutora. Ela sorriu maliciosa perto de seu rosto.

– Renda-se.

Jon nunca havia visto Arya daquela forma. Nunca havia pensado em vê-la daquela forma. Suas mãos tremeram e sua espada caiu no chão. Mas antes que o desejo o consumisse, os compromissos falaram mais alto. Jon afastou-se de Arya e saiu do estábulo, deixando sua pequena irmã para trás.