Boa Noite, Cinderela. escrita por Ana Clara
Notas iniciais do capítulo
Volteeei com capítulo novo que nos leva a reta final da história, espero que gostem.
Não demoramos muito para chegar, pois era pouco tempo de viagem da praia até em casa. Noah e Benjamin me ajudaram a organizar minhas coisas e apesar de ter criado muitas “faíscas”, tudo ocorreu bem.
Assim que acabamos, Ben se despediu com um beijo em minha testa e um olhar feio para Noah, que também se despediu e foi para sua casa.
Entrei em casa e fui a procura de meus pais. Nas pontas dos pés e com muito cuidado abri a porta do quarto deles, o qual estava todo escuro. Apenas meu pai estava deitado na cama dormindo e nenhum sinal da minha mãe, o que me deixou preocupada já que ela não pode andar por ai nas condições que se encontra.
A porta se fechou bruscamente atrás de mim e eu coloquei as mãos na boca para não gritar. Me virei devagar e dei de cara com a minha mãe, que estava com um olhar sinistro e um cabelo desarrumado.
– Mãe! Você me assustou! – sussurrei.
– Me desculpe Carol, mas temos que nos esconder! Ele está vindo nos pegar. – disse me segurando nos ombros e me chacoalhando.
– Eu não sou a Carol, eu sou Le... – comecei a protestar, mas me dei conta do que ela havia falado. – Espera um pouco, o que você disse?
Sem resposta ela olhava para os lados como se procurasse uma saída ou um esconderijo.
– Não há muito tempo, temos que nos esconder. – disse me puxando pelo pulso e correndo pelo quarto.
De repente ela ficou imóvel e olhava para frente com os olhos cerrados. Se abaixou lentamente até chegar em meu ouvido.
– Tarde demais, ele nos achou. – ela sussurrou.
Com minha mãe apertando meu pulso e o medo me consumindo eu percebi que tinha alguém atrás da gente. Uma mão tocou no meu ombro e o pavor percorreu meu corpo, sem forças para me segurar gritei o mais alto que eu pude. Minha mãe colocou as mãos nos ouvidos perturbada pelo meu grito e a pessoa que me segurava me apertou mais ainda e eu lutei para tentar sair dos braços dela.
– Calma, calma. Sou eu, seu pai. Calma Leah. Você está segura. – era meu pai, afagando meu cabelos e me confortando.
– Eu pensei que fosse ... Eu achei que ... Ela me disse ... – sem conseguir completar nenhuma das frases devido ao meu coração estar quase saindo pela boca eu me aconcheguei no abraço dele e tentei conter as lágrimas.
Meu pai me levou até a cozinha e me deu um copo de água com açúcar para eu poder me acalmar, e o remédio que esqueceu de dar a mamãe para que ela pudesse ter seus momentos na realidade.
– Ok, agora que já está mais calma me conte exatamente o que aconteceu naquele quarto. – meu pai disse me olhando preocupado.
Contei para ele o que tinha acontecido, sobre minha mãe ter me chamado de Carol e que eu achava que ela estava com minha irmã no dia que ela foi assassinada e por isso perdeu a cabeça.
Ele passou a mão pelo rosto e me olhou entristecido.
– Você pode ter razão. Mas tem duas coisas que ainda estão incógnitas, primeira: se sua mãe sabe quem matou sua irmã, porque ela nunca contou antes?
– Deve ter bloqueado a memória por causa do trauma.
– Ok. E segunda: porque ela achou que eu era o assassino?
Eu olhei para meu pai e congelei por um momento, lembrei de um sonho antigo. Um sonho onde Carol aparecia e dizia “a ameaça pode estar mais perto do que você imagina”. Fixei meu olhar no rosto do meu pai que agora estava confuso, procurei por possíveis sinais de ... Não! O que eu estou pensando? Meu pai nunca seria capaz disso, meu pai amava Carol e não teria coragem de tocar em um fio de cabelo dela. Porém por outro lado talvez a memória da minha mãe finalmente estava voltando e ela tenha me dado uma dica. Respirei fundo e silenciei meus pensamentos antes que eu ficasse louca.
Dei um sorriso amarelo para meu pai que ainda me olhava como se não entendesse nada.
– Eu não sei pai. Talvez ela estava alucinando.
– Deve ser. – ele deu de ombros.
Peguei meu celular e mandei uma mensagem para Noah vir na minha casa urgente, e entrar pela sacada do meu quarto.
– Pai.
– Fala.
– Uma última pergunta.
– Pode fazer.
– Quando a mamãe acordar, ela estará normal?
– Sim, é para estar. Mas ela só vai acordar daqui uma, uma hora e meia.
– Ok. Obrigada. – falei e subi para meu quarto.
Me joguei na cama e coloquei o travesseiro na cara afastando o turbilhão de pensamentos. Percebi ter algo em baixo de mim e tirei das minhas costas um envelope preto. Meu sangue gelou e eu abri o envelope com cuidado.
“Cara, Leah.
Não sei se você lembra de mim...
A quem eu estou enganando? Obviamente você se lembra de mim. Foi eu quem causou esse caos na sua vida, eu que causei essa dor que você sente todo dia durante o tempo todo, eu que causei esse medo constante que você sente, foi eu que matei a sua irmã. Não tem como você não esquecer, já que carrega as marcas de tudo o que provoquei.
Porém por outro lado, fui legal com você. Por minha causa você tem Noah, Benjamin, Giulia e Andrew. Mas fique calma, não acontecerá nada com eles a minha dívida é com você.
Eu tinha prometido voltar e como sou uma pessoa que respeita promessas eu jamais me esqueci da nossa. É uma pena ter que acabar com você, você se tornou uma garota forte e muito bonita e está muito parecida com a sua irmã, maaaas promessa é promessa né.
Não fique apavorada. Isso não é culpa sua. É culpa da sua irmã, é tudo culpa dela. Sempre foi. Desde o início, isso sempre girou em torno dela e de sua mania de ser enxerida.
Ah, você não se lembra não é? Ela te contou que estava suspeitando de algo, e você estava lá quando tudo aconteceu. “Estresse pós-traumático”, é quando você passa por um trauma tão grande que seu cérebro bloqueia a memória para que você não enlouqueça. A versão da história que você conhece, foi eu que te contei e fiz você acreditar que as coisas foram daquele jeito.
Não chore, doce Leah. E lembre-se: não conte a ninguém sobre isso, só me dará o trabalho de ter que matar outra pessoa.
Com amor (ou não), a última pessoa que você verá antes de morrer”.
Terminei de ler e eu nem conseguia saber o que eu estava sentindo. O meu pior pesadelo estava acontecendo e eu não fazia ideia do que fazer. Sem conseguir me levantar da cama, gritar ou simplesmente chorar eu fiquei parada tremendo, tentando absorver as palavras que li e esperando que alguém aparecesse dizendo que foi apenas uma brincadeira terrível e que eu não precisava ficar com medo.
Porém ninguém apareceu, era só eu, meu quarto silencioso e aquela carta onde estava escrito a minha sentença de morte. Respirei fundo e tentei me acalmar. Desci as escadas e olhei para meus pais que estavam sentados no sofá assistindo televisão.
– Ele voltou. – sussurrei.
– Oque? Do que você está falando? – meu pai disse confuso.
– Quem voltou? – minha mãe disse logo em seguida.
– Ele voltou. E vai me matar. – falei tremendo e entregando o envelope para eles.
Após ler a carta umas três vezes para ter certeza que era real, meu pai a entregou para minha mãe e começou a chorar.
– Porque essa pessoa não nos deixa em paz? PORQUE? OQUE VOCÊ QUER DE NÓS? HEIN? NOS DEIXE EM PAZ! – ele gritou e se afundou em lágrimas.
Minha mãe leu e me abraçou.
– Temos que ligar para a polícia! – disse meu pai – Não deixarei que esse psicopata terrível toque um dedo em outra filha minha.
– Pai, não! Já arrisquei a vida de vocês contando.
– Filha, não temos escolha. – minha mãe disse em meio a um soluço.
Concordei em chamar a polícia que rapidamente estavam na minha casa.
– Fiquem calmos, deixarei dois de meus melhores homens protegendo a casa de vocês. – disse um policial forte – Ei, não se preocupe mocinha, não deixaremos ninguém tocar você. Eu prometo. – ele disse se dirigindo a mim e afagando de leve a minha cabeça.
– Levaremos esse envelope para a perícia procurar impressões digitais ou qualquer coisa que nos dê um suspeito. – um jovem policial disse.
Ainda aterrorizada, sorri para eles. Meu celular vibrou.
Mensagem de Noah: Leah, o que está acontecendo ai? Não me deixaram entrar mesmo eu dizendo que sou seu namorado. Estou preocupado.
Leah: Não fique preocupado, não é nada demais. É sobre minha irmã e toda aquela história que por mais tentamos fugir, está sempre nos perseguindo.
Noah: Entendi. Passa mais tarde aqui em casa para conversarmos sobre?
Leah: Tentarei ir.
Noah: Ok, te amo.
Leah: Também te amo.
Eu não podia arriscar contar para Noah, não queria que a vida dele estivesse em perigo também. Por mais que odiasse mentir para ele, se isso significasse a segurança dele eu estava disposta a passar por isso calada.
– Vem, filha. – disse minha mãe me abraçando por trás. – Vamos tomar um chá para acalmar.
Ficamos em silencio enquanto a água do chá fervia e enquanto tomávamos ele. Terminei o meu, e senti um longo cansaço. Minha emoções estavam esgotadas e eu precisava de uma boa noite de sono.
– Leah, se quiser conversar ou dormir com a mamãe estarei à disposição. – minha mãe disse ao perceber que eu estava indo em direção das escadas.
– Está tudo bem mãe, eu estou bem. Só preciso dormir.
– Durma bem, meu anjo.
Mandei uma mensagem para Noah dizendo que eu não iria até sua casa pois eu estava muito cansada, precisava dormir e que eu iria de manhã.
Com as pálpebras quase fechando, deitei em minha cama e sem muita demora adormeci.
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E então?