Boa Noite, Cinderela. escrita por Ana Clara


Capítulo 28
Estresse pós-traumático


Notas iniciais do capítulo

Volteeei com capítulo novo que nos leva a reta final da história, espero que gostem.



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Não demoramos muito para chegar, pois era pouco tempo de viagem da praia até em casa. Noah e Benjamin me ajudaram a organizar minhas coisas e apesar de ter criado muitas “faíscas”, tudo ocorreu bem.

Assim que acabamos, Ben se despediu com um beijo em minha testa e um olhar feio para Noah, que também se despediu e foi para sua casa.

Entrei em casa e fui a procura de meus pais. Nas pontas dos pés e com muito cuidado abri a porta do quarto deles, o qual estava todo escuro. Apenas meu pai estava deitado na cama dormindo e nenhum sinal da minha mãe, o que me deixou preocupada já que ela não pode andar por ai nas condições que se encontra.

A porta se fechou bruscamente atrás de mim e eu coloquei as mãos na boca para não gritar. Me virei devagar e dei de cara com a minha mãe, que estava com um olhar sinistro e um cabelo desarrumado.

– Mãe! Você me assustou! – sussurrei.

– Me desculpe Carol, mas temos que nos esconder! Ele está vindo nos pegar. – disse me segurando nos ombros e me chacoalhando.

– Eu não sou a Carol, eu sou Le... – comecei a protestar, mas me dei conta do que ela havia falado. – Espera um pouco, o que você disse?

Sem resposta ela olhava para os lados como se procurasse uma saída ou um esconderijo.

– Não há muito tempo, temos que nos esconder. – disse me puxando pelo pulso e correndo pelo quarto.

De repente ela ficou imóvel e olhava para frente com os olhos cerrados. Se abaixou lentamente até chegar em meu ouvido.

– Tarde demais, ele nos achou. – ela sussurrou.

Com minha mãe apertando meu pulso e o medo me consumindo eu percebi que tinha alguém atrás da gente. Uma mão tocou no meu ombro e o pavor percorreu meu corpo, sem forças para me segurar gritei o mais alto que eu pude. Minha mãe colocou as mãos nos ouvidos perturbada pelo meu grito e a pessoa que me segurava me apertou mais ainda e eu lutei para tentar sair dos braços dela.

– Calma, calma. Sou eu, seu pai. Calma Leah. Você está segura. – era meu pai, afagando meu cabelos e me confortando.

– Eu pensei que fosse ... Eu achei que ... Ela me disse ... – sem conseguir completar nenhuma das frases devido ao meu coração estar quase saindo pela boca eu me aconcheguei no abraço dele e tentei conter as lágrimas.

Meu pai me levou até a cozinha e me deu um copo de água com açúcar para eu poder me acalmar, e o remédio que esqueceu de dar a mamãe para que ela pudesse ter seus momentos na realidade.

– Ok, agora que já está mais calma me conte exatamente o que aconteceu naquele quarto. – meu pai disse me olhando preocupado.

Contei para ele o que tinha acontecido, sobre minha mãe ter me chamado de Carol e que eu achava que ela estava com minha irmã no dia que ela foi assassinada e por isso perdeu a cabeça.

Ele passou a mão pelo rosto e me olhou entristecido.

– Você pode ter razão. Mas tem duas coisas que ainda estão incógnitas, primeira: se sua mãe sabe quem matou sua irmã, porque ela nunca contou antes?

– Deve ter bloqueado a memória por causa do trauma.

– Ok. E segunda: porque ela achou que eu era o assassino?

Eu olhei para meu pai e congelei por um momento, lembrei de um sonho antigo. Um sonho onde Carol aparecia e dizia “a ameaça pode estar mais perto do que você imagina”. Fixei meu olhar no rosto do meu pai que agora estava confuso, procurei por possíveis sinais de ... Não! O que eu estou pensando? Meu pai nunca seria capaz disso, meu pai amava Carol e não teria coragem de tocar em um fio de cabelo dela. Porém por outro lado talvez a memória da minha mãe finalmente estava voltando e ela tenha me dado uma dica. Respirei fundo e silenciei meus pensamentos antes que eu ficasse louca.

Dei um sorriso amarelo para meu pai que ainda me olhava como se não entendesse nada.

– Eu não sei pai. Talvez ela estava alucinando.

– Deve ser. – ele deu de ombros.

Peguei meu celular e mandei uma mensagem para Noah vir na minha casa urgente, e entrar pela sacada do meu quarto.

– Pai.

– Fala.

– Uma última pergunta.

– Pode fazer.

– Quando a mamãe acordar, ela estará normal?

– Sim, é para estar. Mas ela só vai acordar daqui uma, uma hora e meia.

– Ok. Obrigada. – falei e subi para meu quarto.

Me joguei na cama e coloquei o travesseiro na cara afastando o turbilhão de pensamentos. Percebi ter algo em baixo de mim e tirei das minhas costas um envelope preto. Meu sangue gelou e eu abri o envelope com cuidado.

“Cara, Leah.

Não sei se você lembra de mim...

A quem eu estou enganando? Obviamente você se lembra de mim. Foi eu quem causou esse caos na sua vida, eu que causei essa dor que você sente todo dia durante o tempo todo, eu que causei esse medo constante que você sente, foi eu que matei a sua irmã. Não tem como você não esquecer, já que carrega as marcas de tudo o que provoquei.

Porém por outro lado, fui legal com você. Por minha causa você tem Noah, Benjamin, Giulia e Andrew. Mas fique calma, não acontecerá nada com eles a minha dívida é com você.

Eu tinha prometido voltar e como sou uma pessoa que respeita promessas eu jamais me esqueci da nossa. É uma pena ter que acabar com você, você se tornou uma garota forte e muito bonita e está muito parecida com a sua irmã, maaaas promessa é promessa né.

Não fique apavorada. Isso não é culpa sua. É culpa da sua irmã, é tudo culpa dela. Sempre foi. Desde o início, isso sempre girou em torno dela e de sua mania de ser enxerida.

Ah, você não se lembra não é? Ela te contou que estava suspeitando de algo, e você estava lá quando tudo aconteceu. “Estresse pós-traumático”, é quando você passa por um trauma tão grande que seu cérebro bloqueia a memória para que você não enlouqueça. A versão da história que você conhece, foi eu que te contei e fiz você acreditar que as coisas foram daquele jeito.

Não chore, doce Leah. E lembre-se: não conte a ninguém sobre isso, só me dará o trabalho de ter que matar outra pessoa.

Com amor (ou não), a última pessoa que você verá antes de morrer”.

Terminei de ler e eu nem conseguia saber o que eu estava sentindo. O meu pior pesadelo estava acontecendo e eu não fazia ideia do que fazer. Sem conseguir me levantar da cama, gritar ou simplesmente chorar eu fiquei parada tremendo, tentando absorver as palavras que li e esperando que alguém aparecesse dizendo que foi apenas uma brincadeira terrível e que eu não precisava ficar com medo.

Porém ninguém apareceu, era só eu, meu quarto silencioso e aquela carta onde estava escrito a minha sentença de morte. Respirei fundo e tentei me acalmar. Desci as escadas e olhei para meus pais que estavam sentados no sofá assistindo televisão.

– Ele voltou. – sussurrei.

– Oque? Do que você está falando? – meu pai disse confuso.

– Quem voltou? – minha mãe disse logo em seguida.

– Ele voltou. E vai me matar. – falei tremendo e entregando o envelope para eles.

Após ler a carta umas três vezes para ter certeza que era real, meu pai a entregou para minha mãe e começou a chorar.

– Porque essa pessoa não nos deixa em paz? PORQUE? OQUE VOCÊ QUER DE NÓS? HEIN? NOS DEIXE EM PAZ! – ele gritou e se afundou em lágrimas.

Minha mãe leu e me abraçou.

– Temos que ligar para a polícia! – disse meu pai – Não deixarei que esse psicopata terrível toque um dedo em outra filha minha.

– Pai, não! Já arrisquei a vida de vocês contando.

– Filha, não temos escolha. – minha mãe disse em meio a um soluço.

Concordei em chamar a polícia que rapidamente estavam na minha casa.

– Fiquem calmos, deixarei dois de meus melhores homens protegendo a casa de vocês. – disse um policial forte – Ei, não se preocupe mocinha, não deixaremos ninguém tocar você. Eu prometo. – ele disse se dirigindo a mim e afagando de leve a minha cabeça.

– Levaremos esse envelope para a perícia procurar impressões digitais ou qualquer coisa que nos dê um suspeito. – um jovem policial disse.

Ainda aterrorizada, sorri para eles. Meu celular vibrou.

Mensagem de Noah: Leah, o que está acontecendo ai? Não me deixaram entrar mesmo eu dizendo que sou seu namorado. Estou preocupado.

Leah: Não fique preocupado, não é nada demais. É sobre minha irmã e toda aquela história que por mais tentamos fugir, está sempre nos perseguindo.

Noah: Entendi. Passa mais tarde aqui em casa para conversarmos sobre?

Leah: Tentarei ir.

Noah: Ok, te amo.

Leah: Também te amo.

Eu não podia arriscar contar para Noah, não queria que a vida dele estivesse em perigo também. Por mais que odiasse mentir para ele, se isso significasse a segurança dele eu estava disposta a passar por isso calada.

– Vem, filha. – disse minha mãe me abraçando por trás. – Vamos tomar um chá para acalmar.

Ficamos em silencio enquanto a água do chá fervia e enquanto tomávamos ele. Terminei o meu, e senti um longo cansaço. Minha emoções estavam esgotadas e eu precisava de uma boa noite de sono.

– Leah, se quiser conversar ou dormir com a mamãe estarei à disposição. – minha mãe disse ao perceber que eu estava indo em direção das escadas.

– Está tudo bem mãe, eu estou bem. Só preciso dormir.

– Durma bem, meu anjo.

Mandei uma mensagem para Noah dizendo que eu não iria até sua casa pois eu estava muito cansada, precisava dormir e que eu iria de manhã.

Com as pálpebras quase fechando, deitei em minha cama e sem muita demora adormeci.


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Notas finais do capítulo

E então?



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