Boa Noite, Cinderela. escrita por Ana Clara


Capítulo 27
Vodca com morango.


Notas iniciais do capítulo

Olá vcs. Depois de anos, aqui está o capítulo novo. Espero que gostem.



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Com um pouco de dificuldade abri meus olhos. A dor de cabeça intensa começou a incomodar, passei a mão nos olhos ainda embaraçados e firmei o olhar até conseguir ver claramente. Sentei na casa e fitei o quarto desconhecido onde eu estava. Meio confusa levantei e me olhei no espelho que estava ali. Eu estava apenas de lingerie, ou um biquíni, não consegui diferenciar pois tudo o que eu conseguia pensar era: o que raios eu estava fazendo ali.

Olhei para o chão e vi uma blusa de Noah, senti um alívio e peguei a blusa para vestir. Um barulho alto veio de fora do quarto e eu resolvi ver o que era.

Abri a porta com cuidado e caminhei no corredor seguindo o som, que parecia som de panelas batendo, e cheguei na cozinha. Noah levantou debaixo da pia com uma frigideira.

– Bom dia amor. - disse e abriu um sorriso enorme.

– Bom dia Noah. - respondi com minha voz péssima da manhã.

– Vou fazer panquecas. - disse com uma certa animação.

– Me parece uma ótima ideia. - sorri.

Observei ele por um momento.

– Ok. Vou ter que perguntar. Aonde nós estamos?

Ele me olhou meio surpreso e depois deu uma gargalhada.

– Você não lembra mesmo não é? - disse e riu mais um pouco - eu disse pra você não exagerar. É uma pena, a noite passada foi ótima!

Olhei pra ele mais confusa.

– Mas sobre isso - sorriu - eu vou deixar ela te contar.

Olhei e vi Giulia vindo do mesmo corredor.

– Eai vocês. - sorriu.

– O que estamos fazendo nessa casa? - falei ignorando o cumprimento dela.

Ela me olho meio confusa.

– Ela não lembra de nada da noite anterior. - Noah disse sorrindo.

– Vamos andar pela praia que eu te conto. Vá se vestir.

– Ok. - sussurrei e voltei para quarto que acordei e procurei um shorts meu.

Coloquei só meu shorts e voltei para a sala.

– Vamos.

– Você vai sair assim? - Noah disse - sem blusa?

– Ué, tô indo pra praia. Todos vão à praia só de biquíni.

Ele me olhou enciumado, mas depois deu de ombros.

Saímos e a casa literalmente era na beira da praia. Atravessamos a rua e começamos a caminhar pela areia.

– E então ...? - disse ficando irritada.

Giulia fitou o mar e depois olhou para mim.

– Bom vamos começar pelo o que você lembra.

Olhei para uma criança que fazia um castelo de areia e forcei a memória para tentar lembrar de algo. Alguns flashes bem fracos passaram pela a minha cabeça, estrelei meu dedo como quem lembra de algo.

– Já sei! Lembrei! - disse entusiasmada.

Giulia sorriu.

– Nós viemos para cá por causa do meu aniversário. - sussurrei - Então espera. Eu perdi meu aniversário de dezesseis anos?

– Na verdade, o fato de você ter esquecido é porque foi uma noite maravilhosa. - disse baixinho.

– Como isso pode acontecer? Como eu posso ter esquecido?

Ela riu.

– Querida, nós tentamos te impedir mas você não deu ouvidos. Você ficou muito bêbada ontem.

– Eu? Bêbada? Isso não faz sentido! Eu não bebo Giulia.

– Não era isso que você dizia ontem. Você está assim porque está de ressaca.

Parei de andar e sentei na areia meio desnorteada. Giulia sentou do meu lado e me encarou. Eu me concentrei em um pequeno barco e deixei minha mente vagar em procura de lembranças da noite passada.

Alguns flashes passaram em minha cabeça e eu me esforcei mais um pouquinho para conseguir lembrar, mas não consegui formar nenhuma memória inteira, só flashes distintos. Lembro do começo da festa quando pensei que não viria ninguém, depois da casa cheia de pessoas pulando e dançando no ritmo da música alta, lembro de alguns copos de uma bebida que estava amarga demais para ser refrigerante mas eu não me importava porque estava sendo uma das melhores noites da aminha vida, lembro também de olhar para a janela inúmeras vezes esperando que talvez Benjamin aparecesse, lembro de ter bebido mais quando finalmente caiu a ficha que ele não viria e depois eu não lembro mais de nada.

O barco que eu estava olhando já tinha virado apenas um ponto, olhei para Giulia e sorri.

– Benjamin, ele ...

– Não, não veio. Sinto muito. - me deu um beijo na testa.

– Tudo bem, eu já esperava que ele não viesse. - sorri entristecida.

Voltei a olhar para o mar por um momento.

– Ok então. - falei levantando - Eu lembro apenas de algumas coisas. Já está ótimo para mim. Vamos comer panquecas?

– Não quer ouvir a versão completa? - ela disse meio confusa.

– Não. Deve ter um motivo para eu não lembrar de nada.

– Claro. Batida de vodca com morango. - ela riu.

Ri também e empurrei ela na areia. Ela puxou meu pé e eu caí do lado dela rindo.

– Vamos para casa então?

– Vamos.

Ajudei ela a levantar e fomos em direção a casa. Abri a porta abraçada com Giulia e meu olhar foi de encontro ao dele.

Seus cabelos ruivos estavam bagunçados e um sorriso se formou em seu rosto de sono ao me ver.

– Benjamin. – sussurrei e sai correndo em encontro a ele para poder abraça-lo.

– Feliz aniversário, amorzinho. – falou me recebendo de braços abertos. – Desculpe por ...

– Não, nada de desculpas. – o interrompi. – Você está aqui agora, e é isso que importa.

Beijei o rosto dele e ele me abraçou mais forte.

– Sem querer interromper, mas já interrompendo ... Quem quer panquecas? – disse Noah.

Todos se ajeitaram na mesa e logo após Andrew apareceu.

– Eu amo panquecas. – ele disse com a voz rouca.

– Bom dia para você também amor. – Giulia disse.

– Claro que é um bom dia. Eu acordo e tem panquecas. Panquecas são vida.

– Não liguem, ele é retardado durante a manhã. – Giulia disse e comeu um pedaço da panqueca.

Ficamos em silencio por um tempo.

– AH! Leah! – Benjamin disse. – Eu esqueci de uma coisa.

Ele tirou um pacotinho de presente de sua mochila.

– Não precisava de presente. – falei sorrindo.

– Claro que precisava, agora cala a boca e abre.

Abri com delicadeza e segurei o que havia dentro.

– Ben! É lindo!

– Você gostou?

– Eu amei. – sussurrei ainda olhando para o colar cuja o pingente era uma raposa com os pelos vermelhos-alaranjados.

– É para você nunca esquecer de mim. Uma raposa me representando, sabe? Cabelo ruivo, pelo ruivo. Faz sentido.

Dei uma risadinha e segurei a raposa de novo.

– Eu nunca vou esquecer você, idiota. Você é umas das pessoas que está sempre presente em meus pensamentos. E a propósito, boa representação. Amei.

Ele sorriu torto e me abraçou. Foi só então que lembrei que não estávamos sozinhos e todos nos olhavam com diferentes expressões.

Benjamin voltou para seu lugar e se concentrou em comer suas panquecas assim como eu.

Meu celular vibrou no bolso do meu shorts, uma ligação do meu pai.

– Alô?

– Filha?

– Oi pai.

– Feliz aniversário anjo. Amo muito vc.

– Te amo também pai.

– Quando vocês pretendem voltar? Sua mãe está em casa, ela não está cem por cento mas seria bom para ela te ver. Ela fala muito de você quando tem ataques.

– Vamos voltar daqui a pouco pai, se a mamãe está em casa eu quero vê-la.

– Ok.

– Pai? - falei saindo da mesa e indo até o quarto.

– Oi?

– Eu não falei isso para ninguém mas - respirei fundo - eu estou com medo.

– Medo? Do que?

– Eu fiz dezesseis anos pai. Dezesseis. Exatamente a idade que a Carol tinha. E se ele voltar para me pegar? E se souber onde eu estou? E se ...

– Leah! - ele gritou - Nada disso vai acontecer, está me ouvindo? Ninguém vai te machucar. Ninguém. Eu prometo filha, pode ficar sossegada.

– Ok, pai. - suspirei - estaremos ai daqui uma hora. Te amo.

– Também te amo.

Ele desligou e eu me sentei na cama, ainda pensando no que eu havia falado. Meu pai parecia ter tanta certeza do que falava, mas eu não me sentia tão segura. Dei de ombros e voltei para a cozinha. Só estava na mesa Giulia e Andrew. Olhei para a janela e vi Noah e Benjamin conversando, me aproximei para ouvir sobre o que estavam falando.

– Oque você quer? - Benjamin disse seco.

– Só queria agradecer por ter vindo.

– Fiz isso pela Leah.

– Eu sei, e agradeço por isso. Você é muito importante para ela.

– Eu sei. Agora posso voltar para dentro?

– Porque você passou a me odiar tanto?

Benjamin riu, irônico.

– Por que você acha? Você tirou de mim a garota que eu amo.

– Pelo o que eu fiquei sabendo, quem largou ela foi você.

– Sim. Mas é que eu sabia que com você de volta, não demoraria muito para ela me deixar. Se você não tivesse voltado, provavelmente, ela já teria te esquecido e eu conseguiria fazê-la feliz novamente.

– Eu sei que conseguiria. Mas e a minha felicidade? Acha que eu estava feliz longe do amor da minha vida?

– Você só pensa em si mesmo. - Ben riu sarcasticamente - Como você acha que ela ficou depois que você foi embora? Ela ficou arrasada, sem chão. Eu tive que passar noites em claro com ela gritando por ter pesadelos demais. Demorou meses para ela conseguir sorrir novamente. Meses!

– Eu sei. Me arrependo profundamente por isso, mas eu não consigo viver sem aquela garota.

– Sério? E quer saber de uma coisa? Nem eu!!

– Vocês podem por favor parar? - gritei.

– Leah? - não sabia que você estava ouvindo. - Noah disse correndo até mim e me abraçando.

Soltei Noah e abracei Benjamin. Olhei para os dois.

– Parem de brigar.

– Paramos. - responderam juntos.

– Precisamos ir para casa. Minha mãe está lá. Já arrumei nossas coisas.

Eles assentiram e antes que eu pudesse sair, Benjamin segurou minha mão e me virou.

– Desculpe Leah. Por tudo, por só ter vindo hoje, por brigar com Noah, por ter sido um péssimo amigo, por...

– Chega Benjamin. Está tudo bem, tudo perfeitamente bem.

– Nem tudo. - ele falou e pegou minha mão e a beijou suavemente. – Eu sinto tanto a sua falta.

Sorri entristecida.

Ele se aproximou de mim e me deu um selinho demorado que logo virou um beijo calmo. Suas mãos desceram pelo meu corpo e foram parar em minha cintura onde ele me puxou para mais perto, colando nossos corpos. Eu sabia que retribuir o beijo era errado, mas mesmo assim eu o fazia e uma parte de mim dizia que eu devia isso ao Ben. O beijo aumentou de intensidade, passou de um beijo calmo para um beijo feroz porém carinhoso.

Ele sorriu com os olhos fechados ao terminar o beijo.

– Eu... - ele começou a falar.

– Não estrague o momento. - falei colocando um dedo em frente a sua boca.

Ele sorriu e me abraçou.

– Eu te amo. - ele sussurrou.

– Eu te amo também. - falei baixinho e sai.

Ajudei Noah a colocar as coisas no porta malas e seguimos caminho para a minha casa.

Me aninhei nos braços de Noah e enquanto ele afagava levemente meus cabelos, deixei o sono vir e se instalar.


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Notas finais do capítulo

E então?



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