Boa Noite, Cinderela. escrita por Ana Clara


Capítulo 26
Talvez eu tenha conseguido ser forte. Talvez.


Notas iniciais do capítulo

Volteeeeeeeeeeeei com capítulo novo, espero que gostem.



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Faz um mês que meu irmão morreu, um mês que minha mãe não conseguiu se recuperar e está em uma clínica, um mês que meu pai fica mais lá com minha mãe do que em casa, um mês que por incrível que pareça as coisas estão bem. Eu sei que não deveria estar, mas me sinto bem. Tenho conseguido ser forte.

– O que foi? - falei para Noah que estava rindo e balançando a cabeça.

–Nada. - ele falou e sorriu - é que eu queria as vezes poder ler mentes só pra saber no que tanto você pensa.

– Não precisa ler mentes. Eu posso te contar - falei, olhei pra ele e sorri - Estava pensando que apesar de tudo, eu estou bem.

– Ah! - ele exclamou e refletiu no que eu disse - Isso é ótimo, amor - ele disse segurando meu rosto e beijando a ponta do meu nariz.

Sorri e beijei o canto da boca dele.

Era de manhã. Estávamos sentados no jardim dos fundos da minha casa.

–Dia oito está chegando, faltam só três dias. - ele disse e beijou meu ombro.

–E então? - dei de ombros.

– Com assim "e então"? É seu aniversário amor.

Fiz careta.

– Dia oito de novembro. O dia mais infeliz do mundo. - falei.

– Ah, fica quietinha vai. Dia oito é o dia mais feliz do mundo, até devia ser feriado, não é todo dia que a princesa mais linda do mundo nasce. - ele falou e me beijou.

Deitei na grama e Noah deitou ao meu lado.

– Vamos pra praia? Comemorar seu aniversário?

Virei rapidamente e deitei em cima dele apoiando meu queixo em seu peito.

– Isso seria tão legal! - falei entusiasmada.

– Seria, não seria? Fica só quarenta minutos daqui e meu tio tem uma casa na beira da praia, podíamos chamar umas pessoas e passar o fim de semana lá. - ele sorriu com a ideia. Engraçado era como eu ainda me derretia quando via aquele sorriso.

– Isso com certeza seria ótimo! Vou ligar pro meu pai e ... - comecei a falar mas Noah segurou minha mão.

– É terça-feira de manhã Leah, não acha que deveríamos estar na escola? - ele falou pacientemente sobre minha decisão estúpida.

– Verdade. - sussurrei meio que envergonhada - Talvez eu deva ligar mais tarde.

–Talvez deva. - ele deu de ombros.

Levantei e sentei. Noah levantou também, sentou e me abraçou por trás. Tentei me aprofundar nos meus pensamentos, mas era difícil com ele beijando meu pescoço e provocando leve arrepios. Deixei de lado meus pensamentos e foquei minha atenção na boca de Noah. Ela se movia lentamente pelo meu pescoço e ia até meu ombro, ele percebeu que tinha minha atenção e sorriu, ainda em minha pele.

Noah segurou meu rosto para poder me beijar, para facilitar virei completamente para ele. Seus lábios moldavam os meus de uma forma lenta mas feroz, suas mãos seguraram minhas coxas e de uma forma suave ele me puxou para perto, até eu entrelaçar minhas pernas em sua cintura. Parei de beijá-lo e apoiei minha cabeça no seu peito.

– Amanhã vamos para a escola falar com as pessoas. - sussurrei.

– Vamos sim!

Fez silêncio por um tempo. Mas eu não me preocupava com isso, era confortável o silêncio. Noah não era do tipo de pessoa que somos obrigados a falar o tempo todo. Ele respeitava o silêncio e entendia que as vezes precisamos de um momento quietos, pensando.

– Vai convidar a Mel? - trinquei os dentes e olhei furiosa para ele.

– Se for pra você ficar de gracinha com ela, não. - respondi, seca.

Ele riu.

– Isso não vai acontecer.

– Hm, duvido.

Noah beijou minha testa.

– E a Sophia? - ele disse e sorriu maleficamente. Gostava de me ver com ciúmes.

Fuzilei ele com o olhar.

– Vou.

Ele me olhou surpreso.

– Vai?

– Sim. – Dei de ombros – Vou convidar bastante gente da minha sala.

Ele ficou pensativo por um instante.

– E o Benjamin? - ele sussurrou.

Olhei para ele, mas ele estava com os olhos fechados esperando a resposta.

– Talvez. - minha voz era baixa - Se você deixar, é claro.

Ele abriu os olhos e me olhou confuso.

– Como assim? É sua festa, você que decide quem vai chamar.

– Ok então. Vou chamar ele. - falei decidida - Mas duvido que ele irá - sussurrei quase inaudível.

Ele me abraçou.

– Tenho certeza que ele vai.

– Espero que esteja certo.

Ele me olhou com uma certa dor no olhar.

– Ele é muito importante para você né?

– Muito.

Ele suspirou e deu um beijo na minha testa.

Ficamos um tempo em silêncio. Levantei, me espreguicei e fui até a cozinha. Abri a geladeira e procurei oque iriamos comer no almoço. Peguei um pacote de lasanha, tirei da geladeira e coloquei na bancada.

– Vai fazer a comida? - ele sussurrou bem pertinho da minha orelha me assustando.

– Noah! - gritei - Que susto! - bati no ombro dele. - Sim eu vou fazer a comida, se você parar de me dar sustos. Ele sorriu.

– Desculpa - disse e olhou para baixo - Me empresta seu celular?

– Sim - peguei no bolso e entreguei para ele - mas o que é que você vai fazer com meu ... Parei de falar quando percebi que ele já não estava mais na cozinha.

Tirei o plástico da lasanha e a coloquei no forno. Encostei na bancada e observei uma pequena formiga carregando uma migalha enorme em cima de si. De vez em quando eu me sentia como a formiga, carregando coisas tão pesadas sobre meus ombros que parecia que uma hora ia tudo despencar ou apenas cambalear como acontecia com a migalha da formiga. Sorri ao ver que outra formiga veio ajudar a primeira e assim elas equilibraram o peso entre si e conseguiram, sem dificuldades, carregar a migalha. Então por um momento entendi que quem me ajudava como a outra formiga era Noah e eu me senti grata por ter ele em minha vida.

Ele voltou e beijou minha bochecha.

– Oque você queria com meu celular? - perguntei quando ele me devolveu.

– Nada. - ele deu de ombros. Olhei desconfiada para ele mas depois dei de ombros também.

Tirei a lasanha do forno e sentamos na mesa pra comer. Depois de comermos e lavarmos os pratos fomos pra sala e passamos o resto do dia lá, deitados. A noite chegou tão rápido que eu nem percebi. As horas ao lado de Noah passam voando.

– Amor, vou tomar um banho. - sussurrei.

– Ok, vai lá que depois eu tomo também. Levantei e fui pro banheiro. Fiquei mais ou menos meia hora no banho e depois sai de camisola e com a toalha na cabeça.

Noah estava parado encostado na parede perto da porta e sorriu ao me ver.

– Você está linda. - sussurrou.

– Ah, para com isso. Estou de pijama.

– Você fica linda de qualquer jeito.

Sorri timidamente.

– Vai tomar banho e para de falar besteira. - empurrei ele para dentro do banheiro e deitei na cama pra esperar ele. Não passou muito tempo e ele voltou. Estava só de shorts e secava o cabelo com a toalha.

– Deita aqui. - falei baixinho.

Ele sorriu e concordou com a cabeça. Noah deitou ao meu lado e eu me aninhei em seus braços. Olhei ao relógio e vi que já eram dez e meia, me surpreendi por ser tão tarde e então me aconcheguei e a última coisa que eu me lembro é de nossas respirações em sintonia.

Acordei com o som do despertador agredindo meus ouvidos. Olhei para Noah e sorri ao ver que ele já estava acordado.

– Nós vamos pra escola hoje? - perguntei em um sussurro.

– Sim, temos pessoas pra convidar pro seu aniversário. - ele respondeu, sua voz grossa por causa da manhã.

– Ok. Vamos levantar então.

Levantei, tirei a camisola e fui procurar uma roupa qualquer no armário.

– Uau, eu não sabia que você era tão maravilhosa assim. - Noah sussurrou bem pertinho do meu ouvido me arrepiando. Virei pra ele. - Quero dizer, eu imaginava que fosse assim, mas você superou todas as minhas expectativas. - ele disse e passou as mãos ao redor da minha cintura.

– Para de ser bobo e me deixa trocar de roupa, precisamos ir para a escola.

– Aaah - ele fez bico - Mas você está tão linda assim.

– Quer que eu vá assim pra escola? - perguntei sarcasticamente.

– É, pensando bem, vai colocar uma roupa vai. - ele respondeu rapidamente e deu um beijo no meu pescoço.

Me soltei de seus braços e peguei uma roupa qualquer na gaveta e me vesti.

Desci as escadas e coloquei leite e cereal em duas tigelas e logo Noah desceu também com nossas bolsas. Comemos em silêncio e então fomos para fora.

Andamos abraçados até a escola porque fazia muito frio. Chegamos na escola rapidinho por ser perto. O sinal logo tocou e eu entrei na minha sala, avistei Benjamin e senti uma dor no coração, uma tristeza enorme e abraça-lo mas eu não sabia se ele ainda seria o meu Benjamin, se ainda seriamos amigos.

O alívio percorreu pelo meu corpo quando ele me viu e sorriu e fez sinal pra eu sentar ao lado dele. Sentei e puxei minha cadeira pra mais perto, ele me surpreendeu com um abraço.

– Leah, que saudades. - disse enquanto me abraçava - Faz tanto tempo que tu não vem pra escola, você vai acabar repetindo. Aconteceu tantas coisas, nem sei por onde começar a te contar. Você tem trilhões de trabalhos pra fazer e as provas começam semana que vem. Ai meu Deus, senti muita a sua falta. - disparou as palavras pra mim que eu nem consegui responder.

– Senti sua falta também Ben. - sussurrei.

– LEEEEEEEEEEEEEAH - me gritaram na porta da sala, levantei a cabeça pra ver e era a Giulia. - AMOR DA MINHA VIDA - ela saiu correndo e me abraçou forte. - faz mais de um mês que eu não te vejo, que saudades.

– Meninas, sentem por favor. - disse a professora que já estava na sala.

A aula passou correndo por ter Giu e Ben pra conversar e logo chegou o primeiro intervalo.

– Ben, eu preciso falar com você.

Ele me olhou confuso, peguei a mão dele e o puxei para um lugar mais privado.

– Leah, você está me deixando assustado. - ele sussurrou.

Parei em frente a ele e o olhei no fundo dos olhos.

– Não é nada demais, é que meu aniversário é daqui dois dias e Noah teve a ideia de chamar algumas pessoas e irmos para praia comemorar. E você está convidado.

Ele sorriu gentilmente.

– Eu agradeço o convite mas acho que não poderei ir. Não estou pronto ainda e com certeza Noah não está nada de acordo com isso. Leah, você precisa entender que meus sentimentos por você não mudaram, eu só deixei você ir porque cedo ou tarde você ia me deixar. Farei de tudo pra continuar sendo teu amigo mas para isso deverei fazer algumas exceções para o meu bem, entende? Desculpe. - ele falou e saiu.

Senti uma imensa dor em meu peito. Sai desorientada no meio das pessoas e de longe avistei Noah, apressei o passo e o abracei ignorando os amigos que estava com ele. Noah retribuiu o abraço e aproximou sua boca do meu ouvido.

– O que aconteceu, princesa? - sussurrou fazendo cócegas em meu ouvido.

– Ele recusou o convite. Eu sabia que isso ia acontecer, não sei porque estou tão triste.

– Eu sei. - ele disse olhando pra mim e sorrindo - Você o ama. - disse depois de algum tempo.

– Claro que eu o amo. Ele é meu melhor amigo. - disse sabendo exatamente o que ele quis dizer.

Ele sorriu e balançou a cabeça lentamente.

– Não se faça de ingênua. Você o ama, mas não como melhor amigo.

Olhei para ele por um tempo sem saber o que responder. Ele estava certo.

– Mas eu amo você mais.

Ele deu uma risadinha.

– Eu sei disso. - beijou minha testa. - Agora fica aqui um pouquinho que eu já volto.

Olhei para os amigos de Noah que me encaravam de um jeito que me deixou envergonhada.

– Oi. - decidi dizer depois de um tempo.

– Oi. - eles responderam em coral.

– Leah! - vi Andrew vindo em minha direção com um sorriso de orelha a orelha. Ele chegou até mim e me abraçou forte. - Que saudades.

– Pois é, estava morrendo de saudades.

– Vamos parar com essa palhaçada ai? Tenho ciúmes... - Giu falou e riu - ... Da Leah.

Andrew olhou incrédulo pra ela e depois fez com a mão que seu coração estava partido.

O sinal bateu e toda a multidão voltou pra suas salas, procurei não deixar muito aparente que eu estava mal e continuei conversando com Bem normalmente. Durante as aulas, falei com alguns professores sobre o que houve e a maioria me deu um prazo pra entregar as lições e trabalhos que eu não havia feito, outros deram um sorriso triste e disseram coisas do tipo “Eu entendo” e marcaram o ponto mesmo que não tendo feito.

Por fim a última aula chegou e eu me despedi de Giulia e sai para procurar Noah. Uma mão tocou meu pulso e me girou bruscamente. Era Benjamin. Ele me abraçou.

– Eu sinto muito. – disse, beijou minha bochecha e saiu.

Fiquei meio confusa, mas mesmo assim fui atrás de Noah. Ele estava na frente da escola com uma roda de amigos, sorriu ao me ver. Acenei pro amigos deles que sorriram para mim.

– Então quer dizer que vai dar um festão no fim de semana. – um garoto alto, moreno e forte falou. Se eu não me engano o nome dele é Scott.

– Sim. – respondi. – E todos vocês estão convidados.

Eles festejaram ao saber da notícia.

– Estamos indo então gente. Tchau. – Noah disse e puxou minha cintura.

– Falou. – responderam em coral.

Então começamos a caminhar calmamente até nossas casas.

– Convidou a Sophia? – ele perguntou e deu uma risadinha.

– Convidei. Ela me olhou com uma cara de nojo e depois sorriu sendo super falsa e agradecendo. – respondi

– Quando chegarmos vou ligar pra Mel.

– Ok. – sorri.

Logo chegamos em casa e fui procurar algo pra comermos, almoçamos em silencio e depois Noah foi ligar pra Melody. Deitei no sofá e fechei os olhos, desejando que o tempo passasse rápido e que o fim de semana finalmente chegasse.


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Notas finais do capítulo

Oque acharam? Falem comigo.



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