Dilemas escrita por Paige Sullivan


Capítulo 21
Capitulo 21


Notas iniciais do capítulo

Enjoy it!



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SALÃO DE FESTAS - FORTALEZA

Enquanto o jantar era servido, negócios também eram tratados na mesa de Alberto. todos eram muito simpáticos e respondiam todas as perguntas referentes ao projeto.

– Então quer dizer que ele não vai demolir nada? – Malvina se surpreendeu.

– Acho que nem se ele quisesse. – Aline comentou – O lugar é lindo.

– E perigoso. – Alberto disse – Não estou interessado em vender apenas pelo fato de ser dispendioso demais, mas sim porque eu acho perigoso.

– Assim desanima a compra Alberto. – a esposa o alertou.

– Nós descobrimos isso pelos moradores locais. – Dennis comentou – Na verdade não é algo muito difícil de melhorar para falar a verdade.

– Voce acha?

– Bom, enquanto eu fiz minhas pesquisas, descobri que o delegado é amigo do meu primo, Charles. Ligamos para ele e ele disse que estaria disposto a ajudar com o prefeito caso nós tivéssemos uma proposta viável.

– Ou seja, se injetarem dinheiro na prefeitura. Já fiz isso. Mas não durou muito tempo.

– Ai que está. O projeto que pretendemos apresentar para o Stolt, o real interessado em comprar o local, pode dar uma abertura para o hotel, melhor do que eles podem imaginar. E claro, ficaria muito mal para o prefeito não estar presente e não olhar para uma situação assim.

– Afinal de contas, os bairros em volta são de pessoas de baixa renda não é?

– Só um bairro. Os outros são nobres, pessoas tão endinheiradas e inseguras quanto nós. – Malvina comentou – Falo isso, porque ficamos com medo de ser assaltados.

– Claro. – Aline concordou – Todos nos alertaram mesmo. Mas isso não é bom pra ninguém, afasta os turistas. O lucro poderia ser muito maior do que imaginam.

– Verdade.

Meia hora depois do jantar, eles continuavam conversando e Dennis e Aline perceberam que deixaram de ser apenas publicitário e assistente, para dois Relações Publicas. Já estavam acostumados mesmo a tomarem posições em certos projetos não muito condizentes com suas funções. Mesmo assim o papo era animado e descontraído.

Finalmente, chegou a hora de abrir a pista de dança e Alberto foi com sua mulher para o palco. O pianista parou a música e deram um microfone para ele.

– Boa noite. – ele sorriu e todos responderam – Bom, como todos devem saber hoje é um dia muito especial, não só estamos comemorando um aniversário muito especial, que é da Fusão dos Ramos e Moura Construtora, afinal estamos nos aturando há mais de vinte anos, não é Glauco? – o amigo dele apenas levantou a taça para assentir ao que o amigo dizia e as coisas iam se encaixando na mente de Aline e Dennis – Como também estamos aqui para nos felicitar com o noivado de nossos filhos, Matias e Daniele, para deixar essa fusão cada vez mais forte e unificada.

Todos bateram palmas e o casal mais novo do mundo das Construtoras subiu ao palco para receber os aplausos também.

– Essa noite eu acredito ser muito especial para os dois. – Alberto continuava seu discurso feliz e descontraído – Pois eles se conhecem desde pequenos e todos aqui sabem que eles mal se aturavam, mas agora se amam e vão nos dar muitos netinhos lindos e bochechudos. – todos riram do comentário dele – Todo mundo sabe como eu gosto de criança, principalmente aquelas bem gordinhas e fofinhas. – continuaram rindo na plateia e ele pigarreou – Bom, vou parar de falar besteira. – Malvina lhe entregou a taça e os outros três estavam ao lado dele – A duas uniões tão fortes, únicas e solidas. Que elas sejam assim eternamente e que sejamos lembrados como família e amigos felizes para sempre!

Todos brindaram com eles e Aline e Dennis se olharam de canto de olho. Ele a chamou com a cabeça para irem para fora da festa novamente, apenas para respirarem um ar puro e finalmente conseguir soltar o que tanto estava entalado.

– Me diz uma coisa... Isso tudo é verdade, ou eles estão querendo aparecer? – Aline comentou e ele já ria do mesmo pensamento que ele.

– Acho sinceramente que o problema está apenas com os filhos deles. – ele sentou e ela andou de um lado para o outro nervosa – Que foi?

– Ele teve a cara de pau de me cantar no noivado dele.

– Agora que caiu a ficha? – o olhar assassino fez ele fechar a cara, já que estava pronto pra rir – Eu falei isso antes.

– E a minha ficha não caiu agora. Mas algo fede. E é com o filho. E eu não quero ficar perto dele. Depois alguém o vê dando em cima de mim e ai não tem mais negocio e pra completar eu perco meu emprego.

– Quem manda dar em cima dele também.

– Olha só... – ela apontou o dedo na cara dele que deu um salto pra trás – Eu não sabia de nada, e não dei em cima dele, será que deu pra entender?

– Com todo esse jeito sutil, sim. Eu acredito em você. – ele parecia sincero – E você não vai perder seu emprego. Não vou deixar. Alem do mais, o cara não vai ficar perto de você.

– Como você garante isso?

– Porque eu não vou sair de perto. – ele falou seguro. Ela o olhou já meio perturbada com toda aquela proteção – E não vem me dizer que estou fazendo isso pelo meu irmão, senão eu te largo de mão. Ele é um imbecil, me desculpa, nada contra sua amiga, mas eu não deixaria você escorrer pelas minhas mãos...

– Já entendi Dennis. – ela o parou com a mão – Acho melhor pararmos por aqui?

– Por que? Tem medo de eu falar algo que você não esta preparada pra ouvir? – ele foi chegando perto, e ela tentou sair de perto, mas ele não deixou – Não precisa ficar com medo de mim. Não vou te morder.

– Não é isso. – ela tirou o braço dele de sua cintura – Não acho certo nos deixar levar a esse ponto. digo, eu fiquei com seu irmão tem tão pouco tempo. A gente mal se conhece, não sei quais são suas intenções... Estamos a trabalho. – ela já estava nervosa e foi andando de costas, até que ele a segurou pelas mãos.

– Só pra te deixar um pouco mais calma, porque acho que isso deve estar te incomodando. Não acho que você seja nenhuma aproveitadora... – ela o olhou estranho, pensou até se Dominique tinha ligado para ele para alertar sobre o que ela pensava – E se você ficar na defensiva, nunca vai saber quais são minhas reais intenções.

– Tudo bem. – ela se soltou novamente – Voce parece ser um cara legal e eu não quero que minhas atitudes te confundam. Eu me defendi naquela hora te dando um beijo na bochecha porque ele estava dando em cima de mim.

– Ok, eu não sou idiota pra achar que naquela situação você estava dando em cima de mim. – ele riu – Mas não precisa se afastar de mim como se eu tivesse alguma doença.

– Eu não estou fazendo isso. – ele riu e ela o olhou já nervosa – Que foi?

– Por que está andando pra trás sem parar?

Só então ela se deu conta de que estava se afastando devagar dele enquanto conversavam. Sentiu suas mãos suarem e assim que viu um banco perto, se sentou e colocou as mãos no rosto. Balançava a cabeça tentando colocar as ideias no lugar até que ele se agachou em frente a ela e tirou as mãos dela do rosto.

– Não precisa ficar nervosa Aline.

– Vou te contar uma coisa que é necessária saber. Eu... - ela o encarou e assim que os olhares se encontraram, ela vacilou um pouco ao falar – Eu... Estou apaixonada pelo seu irmão. Não era bem a noticia que ele queria ouvir, mas bem no fundo ele sabia que ouviria uma coisa dessas – E eu quero muito esquecê-lo, mas não acho certo insinuar algo que depois não serei capaz de corresponder.

– Voce não sabe disso.

– Verdade. – ela sorriu sem humor – Não sei mais nada de mim ultimamente. Mas não posso garantir que o vá esquecer. E mesmo que a gente fique, sei lá e no final não de em nada, não quero arriscar. Não vou atirar no escuro esperando por alguma resposta.

– Olha.. – ele sentou ao seu lado e continuou segurando suas mãos – Eu realmente me interessei por você. E também preciso ser sincero. No inicio achei que era só pra colocar ciúmes no meu irmão, mas depois percebi que não era nada disso. Não estou apaixonado, mas queria muito que soubesse disso. Só que sou adulto para ligar todas as situações. Não vou ficar me iludindo sabendo que você não é capaz de corresponder.

– Então...

– Eu queria uma chance. Não precisamos ficar juntos nem nada disso, mas no mínimo queria sua amizade. Seria muito importante pra mim.

– Não acho isso uma boa ideia. – ela riu novamente e ele acompanhou ainda meio perdido.

– Por que?

– Quer valer quanto que vamos acabar namorando?

– Olha... Se o premio final for realmente esse, eu fico feliz em entrar nesse jogo.

– Sem promessas? – ela olhou pra ele mais calma e relaxada.

– Nenhuma. Seremos amigos e vamos ver no que dá. Sem segundas, terceiras e quartas intenções.

– Promete?

– Não disse sem promessas? – ele riu e ela acompanhou.

– Ok, vamos prometer apenas isso e depois... Vamos ver no que dá.

– Ok. – apertaram as mãos e logo em seguida se abraçaram – Agora vamos voltar pra festa que eu preciso comer e você também.

– Mais?

– Claro. É de graça. Então pra beber tudo que temos direito, precisamos estar com o estomago mais forrado do que antes.

– Ai meu Deus!

RIO DE JANEIRO

Dominique e Leticia tinham levado os namorados para passear no shopping. Foram ao cinema e agora estavam em um bar conversando sobre o filme e assuntos diversos.

– Vem cá, Aline queria o que com você? – Leticia perguntou e Dominique a olhou de rabo de olho – Você saiu correndo de dentro da sala de cinema pra atender. Achei que alguém tivesse morrido, ou algo assim.

– Não. Ainda não morreu, mas eu posso garantir isso. – ela a fuzilou com os olhos e os meninos riram.

– Curiosidade hein Leticia. – Tiago comentou e ela o olhou emburrada.

– Poxa, ela é minha amiga também.

– E os segredos que vocês duas têm eu não sei quais são e nem me interessam. – o garçom chegou na mesa e perguntou se eles queriam mais uma rodada e aceitaram.

– Eu só queria saber como vão as coisas lá em Fortaleza. – Tiago comentou descontraído e Dominique o olhou bem, imaginando se ele estava preocupado com o projeto ou com o irmão tecnicamente furando o olho dele.

– Ah, depois eles contam pra gente. Aline com certeza vai chegar cheia das ideias pra contar.

– Fortaleza é uma cidade linda. Já fui lá. – Danilo comentou tentando mudar o rumo da conversa.

– Ficou muito tempo por lá? – Leticia perguntou.

– Não. Fiz um cruzeiro há dois anos e passei por lá. Mas não é nada que vá dizer que conheci a cidade muito bem, mesmo assim achei linda.

– Poderíamos aproveitar depois que o Stolt comprar o resort e passar um feriado por lá não é? – ela comentou e todos assentiram.

– Espero mesmo que ele compre. A conta dele vai valer a pena pra todo mundo. – Tiago concluiu.

Depois de muita conversa, todos decidiram ir pra casa. Enquanto Leticia e Tiago pegavam o carro deles do outro lado do shopping, Danilo e Dominique já entravam no dele e assim que fecharam a porta, ele a olhou quase rindo.

– Precisava ter sido grossa com ela?

– Eu não fui grossa. O problema é que ela esta insegura com a Aline. Tenho quase certeza que ela acha que Tiago a qualquer momento vai largá-la pra voltar pra Aline. Eu bem conheço Leticia, sei como ela é.

– E era realmente sobre ele que conversaram?

– Não necessariamente. – ela suspirou – Mas que se o resultado for o que eu estou pensando, vou ficar com uma vontade de apontar e rir na cara do Tiago.

– Não gosta dele não né?

– Não é isso. Ele parece ser uma cara legal, você vê, a conversa foi legal, ele é uma companhia agradável, mas não me aguento com o que ele fez com a Aline sabe? E o pior, com o que a Leticia está fazendo. Eu não quero me meter e tento dar os comentários mais superficiais, mas é chato demais ver a Aline sofrendo por conta de dois imaturos.

– Aline também procurou isso Dominique. – Danilo a alertou – Não é totalmente inocente.

– Sim, tudo bem, ela é outra anta, mas pelo menos uma que assumiu o que fez. E o que me irrita e me deixa feliz ao mesmo tempo, é que ela largou o imbecil de mão antes mesmo de tentar lutar por ele.

– Me perdi.

– É porque a Aline deixou de ser segura há muito tempo. Sempre teve namorados idiotas. E sofreu com isso, se retraiu. E quando teve a oportunidade do Tiago na vida dela, largou de mão sem mais nem menos. Se ele realmente valesse a pena, eu diria que ela estava sendo uma imbecil deixando ele de bandeja para a Leticia, mas como ele é um retardado, eu ate entendo o que ela fez mesmo que inconscientemente. Porque na cabeça dela, ela o deixou porque ele não a quis, pra ficar com a Leticia, porque ele gostava dela e tal. E na verdade, ele só ta com a Leticia para não dar o braço a torcer. E isso me irrita. Ta na cara que ele gosta da Aline.

– E não gosta da Leticia? Não me parece, eles se dão tão bem.

– Pode até ser, mas é porque eles pensam mais ou menos do mesmo jeito. Mas aquela coisa de paixão, de pele, de sentimento verdadeiro, ele sente pela Aline e ainda vai se arrepender muito de ter largado ela de mão.

– E por isso você quer que ela fique com o irmão dele? – ela o olhou abismada – Tá meio obvio não é não?

– Queria mesmo. Seria ótimo se ela aparecesse naquele apartamento e dissesse que estava namorando com o Dennis. Ia deixar os dois no chinelo. E eu ia rir maleficamente da cara dos dois. – ela já ria só de imaginar a cena.

– Você é muito ruim sabia disso? – ele riu, pegou sua mão e a beijou – Mas pelo pouco que eu sei, concordo com você.

FORTALEZA

O jantar transcorreu bem depois da conversa. Se antes eles já pareciam amigos, agora parecia que se conheciam desde a infância. Matias só olhava os dois de relance. Dançavam, riam e se divertiam mesmo. Afinal, se eles tinham sido convidados, porque se prender a formalidades?

– Vou ao banheiro. – Aline disse interrompendo a dança – Já volto.

Dennis sentou a mesa novamente e continuou conversando com os homens que já estavam ali. Alberto e ele ficaram bastante íntimos e conversaram sobre praticamente tudo. Pelo visto seria bom fazerem negócio.

– Rapaz, gostei muito de vocês dois, mas só queria entender uma coisa. – ele apontou para Aline que ainda estava parada perto do banheiro conversando com sua nora – Vocês dois não estão juntos mesmo?

– Bem que eu queria Alberto, pra ser sincero. – ele sorriu e os amigos balançaram a cabeça positivamente, como se concordando com algo dito anteriormente – Mas é que nosso caso é tão complicado.

– Ela trabalha pra Diana Montenegro não é isso?

– Sim, assistente pessoal dela. O projeto que estamos fazendo com o Stolt envolve as duas empresas.

– Ah, ainda vão ter muito tempo para se verem. – o amigo do Alberto comentou – Rapidinho vocês dois ficam juntos.

– Todo mundo fala isso. Espero que seja verdade.

Aline conseguiu finalmente ir para o banheiro. Depois de conversar um pouco com Daniele, ficou com pena pelo fato do noivo ser um safado de marca maior. Lembrava de Caio e de como ele tinha sido canalha com ela também, e respirou fundo para não contar a ela toda a verdade.

Assim que entrou no banheiro, a porta foi fechada bruscamente e trancada por alguém. Virou rapidamente e deu de cara logo com quem? Matias Ramos.

– O que você quer? – ela bufou e continuou mexendo em sua bolsa – Sua noiva não vai gostar nada de saber que você está trancado comigo dentro do banheiro.

– Não precisamos contar a ela. – quando ela se deu conta, ele já a prensava pelas costas no mármore da pia – Temos uns dez minutos antes que alguém venha e note que está trancado. – chegou perto do seu pescoço e ela tentou se afastar, mas ele a abraçou por trás e a prendeu ainda mais ao mármore – Não vê que eu estou louco por você?

– Não, eu percebi que você é louco de pedra isso sim. – tentou se soltar, mas ele era bem mais forte – Me solta, senão eu grito.

– Faz isso e eu digo pra todo mundo que você deu em cima de mim só pra poder me convencer a te ajudar a fechar negócio com meu pai.

– Ta de brincadeira não é? – ela se contorceu toda até virar de frente pra ele – Acha mesmo que vão cair nisso? – olhou para a cara de pau dele e aquele sorriso que se fosse em outra ocasião e talvez em outra vida, ela se derreteria toda.

– Por que não se deixa levar pela emoção gatinha? – ele foi chegando perto do seu cangote e Aline parou para avaliar a situação. O cara era bom de pegada, mas ela não era nenhuma vagabunda pra sair se esfregando com qualquer um que soubesse chegar nela. Principalmente naquela situação toda. Dennis estava lá fora esperando por ela, e se fosse pra sair se agarrando com alguém, ela daria prioridade pra ele não é? Ela precisava parar de beber isso sim, sua cabeça estava lhe dando pensamentos nada apropriados.

Foi soltando o corpo e fazendo-o achar que ela ia ficar com ele. Assim que ele afrouxou o abraço, e fez que ia beijá-la, ela colocou sua perna entre as dele e deu um chute muito forte.

– Sua louca. – ele caiu ao chão do banheiro segurando para não gritar de dor.

– Sequelado... – ela chegou perto dele – Se contar pra alguém o que aconteceu aqui, quiçá inventar uma mentira, eu juro por Deus que eu destruo a sua vida. Você não me pegou em um bom dia, e eu já estou de saco cheio de caras mimados e prepotentes que nem você. Ta me entendendo?

– Vem cá. – ele a puxou de novo e ela caiu ao chão do lado dele – Não vou desistir tão fácil.

– Você está me machucando.

– Eu poderia fazer muitas coisas a mais querida. Você não me conhece. E não adianta me ameaçar, não tenho medo de mulher. – Aline já estava possessa com aquilo. O cara além de abusado, era praticamente um pervertido, nojento e safado.

– E eu não tenho medo de homem! – ela rosnou e ouviram um barulho da porta tentando ser aberta do banheiro. Rapidamente os dois levantaram e ele correu pra dentro de uma cabine e se trancou. Aline olhava de um lado para o outro apavorada com a situação. Já não bastasse ser azarada, ainda tinha que ter um maluco daqueles na cola dela?

Chegou perto da porta e ouviu uns murmúrios das mulheres dizendo que iam procurar alguém responsável para abrir o banheiro. Assim que ela percebeu os vultos sumindo de perto da porta, deu uns vinte segundos e abriu devagar pra ver se tinha alguém por perto. Como não tinha, saiu correndo e fingindo que nada tinha acontecido.

– Meu Deus, eu pensei que ia demorar mais lá dentro. – Dennis olhou pra ela que tremia ao lado dele – Aconteceu alguma coisa? Está passando mal?

– Eu preciso contar uma coisa pra você.

Foram para um canto reservado e assim que ela terminou de contar, o rosto dele tomou todos os tons de vermelho possiveis: de raiva! Ele queria matar o infeliz!

– Ele é maluco? Como ele faz isso? Aqui?

– Calma. Vai dar tudo certo.

– Eu não vou fechar negocio com um doido desses rodando a situação.

– Hei! – ela se enervou – Não vou deixar de ganhar o meu bônus porque ele é safado não!

– O cara te agarrou e praticamente te forçou a ficar com ele. – ele chegou perto dela – Isso é quase um estupro. – sussurrou e ela se tremeu toda – E você ta preocupada com o bônus? – ele acabou rindo de nervoso – Só você mesma.

– Olha. A gente pode dar um jeito nisso. – assim que o garçom passou, pegou uma taça de champanhe e virou com tudo – Não é um maluco que vai me impedir de conseguir o que eu quero.

– Eu não vou é mais sair do seu lado isso sim. Nem que pra isso a gente tenha que ficar no mesmo quarto. – ele decretou – Vai que ele procura por você de madrugada pelo hotel? Eu poderia dar um soco bem dado, mas não vou fazer isso.

– Eu devo pensar mesmo que você quer ficar no mesmo quarto que eu por proteção ou por outra coisa? – ela já olhou desconfiada pra ele que já ria mais descontraido.

– Olha... Quem sugeriu que a gente ficasse no mesmo quarto antes de irmos para os nossos foi você. – ele comentou rindo e ela o olhou boquiaberta.

– Esta insinuando o que com isso?

– Nada Aline. – ele ria divertindo-se – Acalme-se. Não to dizendo e nem to insinuando nada. Respira! – ela percebeu que tinha prendido a respiração – Mas que você bem que me agarrou durante a noite, isso você fez.

– Calunia! – ele saiu andando e rindo e ela foi atrás dele querendo tirar satisfação – Volta aqui! Quero saber dessa historia toda.

DOMINGO

APARTAMENTO DIANA

Charles acordou feliz. Revirou-se na cama esperando sentir Diana ao seu lado, mas ao tatear e perceber que estava sozinho, levantou o olho e viu que estava realmente sozinho no quarto. Olhou para o relógio e viu que marcava 09:30h e ele ainda tinha coisas pra resolver com tio em Ponta Negra. Mas ele ia entender se ele contasse que estava com Diana. Colocou sua calça que estava jogada em um canto do quarto e foi dar um jeito no rosto e escovar os dentes.

Depois de uns dez minutos foi procurar por Diana. O tempo não estava tão frio como nos outros dias, provavelmente fazia uns 25ºC, e ela estava encostada no balcão de sua varanda, provavelmente pensando. Chegou perto dela e a abraçou por trás, sentido o cheiro do sabonete liquido que ele tinha reparado que ela tinha no banheiro. Ela continuou parada e olhando para longe.

– Bom dia. – falou perto do seu ouvido e mesmo tentando se manter fria ao comportamento dele que seria normal para qualquer um depois da noite que tiveram, ela não conseguiu. Seu corpo todo estremeceu só com aquela voz sensual e aquele ar quente em seu pescoço.

– Bom dia. – ela se afastou. Seria a única solução. Charles respirou fundo, sabia que ela ficaria assim no outro dia. E pra não mostrar um medo absurdo de que ouviria um não bem grande, entrou no apartamento.

– Vou me arrumar e nós conversamos.

Vinte minutos depois, ele surgiu na sala e Diana estava sentada na poltrona chorando. Não imaginou que ela fosse chegar a esse extremo, e assim que percebeu que ela tentava aguentar o sofrimento, sentou de frente pra ela, jogou sua mala no canto e respirou fundo.

– Eu não vou pedir pra você voltar pra mim. – ela o olhou surpresa – Mesmo sabendo que isso é a coisa que mais quero na vida. E eu sei que você deve estar arrependida do que aconteceu entre a gente.

– Eu... – ele a calou.

– Vou terminar de falar, mesmo que isso seja dolorido ao extremo. – ele segurou o choro também – O que aconteceu ontem foi consequência de uma quase perda. Você ficou sentida porque poderia ter sido eu a ter morrido e tentou se apegar a algo do passado para não entrar em parafuso. E eu também precisei muito disso. Na verdade eu sou louco por você desde sempre e não me conformo com o fato de você não dormir na minha cama todas as noites.

– Charles, por favor... – o choro dela só aumentava.

– Mas você não confia em mim. E isso mesmo que me doa muito por dentro, é normal depois de tudo o que aconteceu na nossa vida. Não vou te obrigar a nada, pode ficar tranquila. E não quero que isso afete mais o nosso trabalho do que a presença de um diante do outro já o faz. Eu sei como é difícil pra você se ver diante da minha pessoa sempre que tem um projeto e ainda mais com esse grande que está por vir. Eu também tento sempre me conter para não te empurrar na primeira porta a dentro e te roubar um beijo.

– Eu não agüento ouvir isso. – ela tentou levantar e ele a segurou na poltrona.

– Não acabei. – ele foi sucinto e respirou fundo – Para não irmos até o fundo do poço com essa historia, eu acho justo deixarmos o que aconteceu como um revival do nosso passado. Afinal a única coisa que esse final de semana está fazendo, é nos lembrar do nosso passado. Vamos deixar isso assim. Como apenas uma lembrança.

– Tá de brincadeira que você tá me pedindo isso? – ela não acreditou no que ouvia e levantou rapidamente, se livrando das mãos dele – Sabe como é difícil imaginar que depois de tantos anos eu me entreguei a você da maneira mais fácil possível?

– Acha mesmo que você foi fácil? – ele riu sem humor – Há anos que eu tento ter você de volta e só recebo patada, e só agora que eu consegui, você acha que foi fácil?

– Quer dizer que é isso? Você só me quer pra ficar na sua cama servindo de sua escrava sexual? Um premio depois de muitos anos? Algo para se vangloriar?

– Claro que não! – ele levantou revoltado – Eu quero que você seja minha mulher. – mais uma vez ele falou decidido.

– E me pedir pra deixar isso como lembrança é uma grande maneira de conseguir isso.

– Por que? Se eu for mais enfático e a fundo dessa historia você vai finalmente entender que me ama assim como eu te amo e vai voltar pra mim?

– Não. – ela respondeu rápido e ele se assustou – Eu não vou mais voltar pra você. Será que é difícil entender isso? – a voz dela foi afinando, quase que sumindo na ultima palavra.

– Mentira. – ele chegou perto dela – Não vou desistir de você, entende?

– Não vou reviver toda aquela historia de novo Charles, não quero mais...

– Para de pensar no passado. Eu não sou mais daquele jeito, eu mudei, tomo minhas próprias decisões... Quantas vezes mais preciso repetir isso pra você entender?

– Não sei, acho que não vale mais a pena.

– Mentira de novo. – ele levantou o rosto dela – Nem consegue me dizer isso olhando nos meus olhos. Eu só te garanto uma coisa Diana. Não vou te forçar a nada. Se for para passarmos mais uns dez anos sem ir pra cama, eu vou aguentar. E sabe porque? Porque eu te amo. E você é a única mulher que eu quero comigo, em todos os sentidos. Que isso fique bem claro.

Eles se encararam por alguns segundos e por mais que Diana quisesse que aquilo fosse uma mentira, ela sabia que ele estava falando a verdade. Mas a razão dela sempre falava mais alto e ela sabia que iria se arrepender se deixasse as coisas irem mais fundo do que já tinham ido.

– Acho melhor esquecermos o que aconteceu.

– Isso é impossível. – ele pegou suas coisas e abriu a porta do apartamento – Já disse que não vou desistir. E ontem foi apenas uma prova de tudo que eu já afirmei aqui. E eu vou dar um jeito de você se convencer disso por completo. Por enquanto, acho melhor deixarmos do jeito que esta. Tem muito mais coisa envolvida.

Charles saiu porta afora deixando Diana perturbada. Ele não ia desistir dela nunca. E ela já começava a se preocupar com sua sanidade tanto física quanto mental.

Assim que entrou em seu quarto e viu sua cama revirada daquela maneira, Diana resolveu que em casa não ficaria de jeito nenhum. Correu para o banheiro, tomou um banho e logo depois se arrumou. Foi para o shopping fazer umas compras e espairecer as ideias. Já que Aline não estava na cidade para lhe fazer companhia e ela não queria acordar a assistente em pleno domingo, ela resolveu ligar para uma amiga da faculdade. Elas não se falavam há meses, já que a mesma tinha ido morar na Europa com o marido.

– Ora, ora, quem me liga! Diana Montenegro!

– Como você está Helena?

– Melhor não poderia estar minha querida. Sumiu do mapa hein!

– Não fui só eu, posso garantir.

– Garanto que colocou outra no lugar de amiga.

– Mais ou menos. – elas riam – Fui abandonada no Brasil.

– Que nada. – Helena se continha do outro lado – Estou nessa ponte aérea a cada seis meses. Por sorte estou em São Paulo resolvendo algumas coisas na minha loja. Por que não vem aqui?

– Ate aceitaria, mas estou cheia de trabalho.

– Viu? – ela bufou do outro lado – Sempre cheia de desculpas. Mas eu te perdoo, trabalhando com o Charles sempre por perto, eu tambem gostaria de estar ocupada. – Diana chega capturou o sorriso maléfico da amiga do outro lado.

– Muito engraçada. Passam-se os anos e você não muda.

– E você que mudou tanto? – Diana revirou os olhos – Mas quem sou eu pra falar alguma coisa? Enfim, pra me ligar é porque quer conversar.

– Preciso de uma ajuda sua com relação a um projeto sim, umas ideias que sei que você vai ter pra me ajudar.

– E eu vou ganhar alguma comissão? – elas gargalharam – Por favor.

– Se vier me dizer que está precisando de dinheiro eu juro que atravesso o telefone e te esgano. A mais desfavorecida aqui com certeza sou eu.

– Quer apostar? Só isso?

– Tenho uma novidade pra te contar.

– Ih, essa eu quero saber. Também tenho uma pra te contar. Deixa-me ver aqui na agenda... – uns dez segundos depois e Diana aproveitava para entrar na loja da Mont Blanc. Sabia que o aniversário da empresa Palmas estava chegando e todo ano ela dava de presente alguma coisa para os meninos. Pensou em comprar um relógio para cada um e estava avaliando os preços, que pareciam um pouco salgados – Olha, terça feira eu estou no Rio. Passo na sua empresa e vamos almoçar? Só volto pra São Paulo na sexta feira, quem sabe não me alojo na sua casa mesmo?

– Pode ser. Preciso apenas ir ao mercado comprar algumas coisas.

– Nada que não possamos fazer juntas. Então está marcado. – Diana apontou para um relógio da coleção nova e se encantou. Era bem a cara de Manoel. Pelo menos ele tinha o direito de ganhar um relógio daqueles – Só vou te adiantar uma novidade ótima, antes de desligar.

– Diana? – ela ouviu a voz ao longe e virou-se para ver quem era quando tomou um susto – Diana Montenegro? É você mesma?

– O Marcelo está de volta no Brasil.

– Está atrasada Lena. – tirou o telefone do ouvido e chegou perto dele. Os dois sorriram e se abraçaram – Marcelo Santana, quanto tempo!

– Está com a Lena ao telefone?

– Estou. – colocou no viva voz.

– NÃO ACREDITO QUE ELE TE ENCONTROU PRIMEIRO. MENTIRA! ISSO SÓ PODE... – ela desligou o viva voz que já chamava a atenção de todos na loja – ... ino. E ele nem pra me deixar brincar um pouco, que saco isso viu?

– Ok Lena. Depois nos falamos. – Diana desligou a ligação antes que Helena a fizesse entregar o celular para ele.

– Isso sim é uma coincidência. – ele sorriu encantador.

– Pensei que não apareceria mais no Brasil.

– Estou supervisionando uma obra em Mato Grosso, mas aproveitei pra ver minha mãe. – ela assentiu – Olha, você está linda.

– Obrigada. Você também não está nada mal.

– Senhora, vai levar o relógio? – a vendedora os interrompeu e Diana virou para ela sorrindo.

– Vou sim, pode colocar pra presente?

– Claro. – ela sorriu e saiu levando o relógio para embrulhar.

– Que tal almoçarmos? Já comeu?

– Não. Podemos almoçar. Assim a gente conversa e se atualiza.

– Ok. – ele sorriu – Estou esperando lá fora.

Diana olhou para cima e respirou fundo. Parou para analisar o que tinha acontecido nesse pouco tempo porque tudo estava acontecendo em menos de tres dias. O que faltava mais


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